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Posição do Brasil sobre conflito na Ucrânia é incerta

Professor do curso de Ciência Política na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lucas Rezende criticou posicionamento do governo federal. 'O Brasil mantém uma postura em cima do muro em um momento extremamente grave da política internacional'.

por Suzana Souza em 24/02/22 13:09

O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão, em imagem de arquivo de 2019. Foto: Valter Campanato (Agência Brasil)

A posição do Brasil frente ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, deflagrado na noite da quarta-feira (23), ainda é incerta. O governo federal tem mantido uma postura que poder ser considerada dúbia para a política internacional, apontou o cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Lucas Rezende.

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“O Brasil se coloca em cima do muro em um momento extremamente grave. […] Por mais que haja diversas questões que impactam na causa dessa invasão russa, a gente tem que lembrar que estão quebrando o status quo político que foi definido desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, afirmou em entrevista ao Almoço do MyNews desta quinta-feira (24).

O vice-presidente do Brasil Hamilton Mourão disse, ao chegar no Palácio do Planalto nesta quinta, que o país não está se mantendo neutro em relação ao conflito. “O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, declarou o vice-presidente.

O presidente da república Jair Bolsonaro (PL), no entanto, não se pronunciou sobre a invasão, mesmo após participar de evento público no interior de São Paulo e discursar por cerca de 20 minutos.

Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “o governo brasileiro acompanha com preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia”.

O órgão também disse que o país é membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas e que permanece “engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias”.

Para o professor da UFMG a declaração ainda não é o bastante para definir um claro posicionamento do país frente ao conflito.

“Há duas posições divergentes atualmente no governo brasileiro. De um lado a nota do Itamaraty que fica em cima do muro e do outro Bolsonaro que foi até a Rússia, esteve próximo do presidente Putin e se solidarizou com ele. Até o momento eu imagino que nos bastidores estejam acontecendo muitas discussões sobre qual seria o posicionamento que o Brasil deveria ter”, disse Rezende.  

Presidente da República, Jair Bolsonaro acompanhado do Presidente da Federação Russa, Vladmir Putin durante declaração à Imprensa.

Presidente da República, Jair Bolsonaro acompanhado do Presidente da Federação Russa, Vladmir Putin durante declaração à Imprensa em fevereiro de 2022. Foto: Alan Santos (PR – Planalto)

Na terceira semana de fevereiro Bolsonaro esteve com Putin e chegou a insinuar que havia sido responsável por suposto recuo da Rússia nas fronteiras com o território ucraniano.

“O apoio que o presidente Bolsonaro deu ao Putin no momento em que ele estava prestes a quebrar a soberania de um outro estado e quebrar com as bases do direito internacional, isso tem consequêncioas. A gente viu a porta voz do governo Biden [dos EUA] dizendo que o Brasil está se aliando ao lado errado, por exemplo”, afirmou Rezende. 

Outras figuras políticas se pronunciaram

Os pré-candidatos às eleições de 2022 que figuram na frente das pesquisas de intenção de voto se pronunciaram sobre a invasão russa. Ciro Gomes (PDT) criticou o governo atual e disse que “no mundo atual não existe mais guerra distante e de consequências limitadas”. “Precisamos nos preparar, portanto, para os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Muito especialmente por termos um governo frágil, despreparado e perdido”, completou em sua conta do Twitter.

Na mesma rede social, o ex-juiz Sérgio Moro disse repudiar a violação da soberania da Ucrânia. “A paz sempre deve prevalecer”, escreveu.

Por meio de nota, a pré-candidata e atual senadora Simone Tebet disse que “o governo federal precisa deixar claro que nosso respeito é à soberania e aos princípios de não intervenção territorial, e que estaremos lutando por uma solução de paz, por meio do diálogo e da diplomacia”.

Confira a entrevista completa do cientista político Lu

cas Rezende na edição do Almoço do MyNews desta quinta-feira (24):

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