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Após morte de homem negro, Minnesota tem a segunda noite de protestos

Chefe de departamento policial mantém tese de que o episódio foi acidental

por Vitor Hugo Gonçalves em 13/04/21 16:04

Pelo segundo dia consecutivo, manifestantes ignoraram a forte chuva e o toque de recolher (que visa frear a escalada de violência na região) imposto pelo governador do estado de Minnesota, o democrata Tim Walz, e foram às ruas nesta segunda-feira (12) para protestar contra a morte de Daunte Wright, homem negro de 20 anos baleado pela polícia no domingo (11) em meio a uma abordagem por infração de trânsito.

Em frente à sede do departamento policial de Brooklyn Center, cidade com cerca de 31 mil habitantes, localizada a menos de 20 quilômetros de onde George Floyd foi assassinado no ano passado, centenas de pessoas se reuniram, portando cartazes contra o racismo e entoando palavras de ordem – frases como “prendam todos os policiais assassinos racistas”, “sem justiça não há paz” e “eu sou o próximo?” delinearam o compasso dos protestantes.

Protesto em Brooklyn Center contra a morte de Daunte Wright.
Protesto em Brooklyn Center contra a morte de Daunte Wright. Foto: Reprodução (Redes Sociais).

Em entrevista ao jornal Star Tribune, maior veículo do estado, Matt Branch, um dos manifestantes, afirmou que “as injustiças que ocorreram nas últimas 24 horas não foram apenas dolorosas, mas também calculadas e metódicas, sem remorso ou consideração pela dor que nossa comunidade está experimentando coletivamente”. […] “Estamos aqui hoje em nome de Daunte e de todas as vidas perdidas nas mãos da polícia.”

Para conter a aproximação da multidão, os oficiais ergueram uma cerca de metal no meio da via. Houve confronto direto, com ataques dos dois lados: enquanto parte dos manifestantes lançavam garrafas de vidro, pedras e fogos de artifícios contra os policiais, os agentes respondiam com bombas de lacrimogênio e tiros de borracha.

Abaixo da bandeira estadunidense, localizada no entorno da delegacia, outra bandeira conhecida como ‘Thin Blue Line’ (Linha Azul Fina, em tradução livre), símbolo de apoio às forças de segurança, também empregada por grupos de extrema direita em oposição ao movimento antirracista, também estava hasteada.

Manifestantes registram a presença da bandeira 'Thin Blue Line'.
Manifestantes registram a presença da bandeira ‘Thin Blue Line’. Foto: Reprodução (Redes Sociais).

Por volta das 22h (horário local), três horas depois do início do toque de recolher, grande parte dos manifestantes deixou o local.

De acordo com o relatório oficial do departamento policial local, três agentes sofreram ferimentos leves, uma loja de departamentos foi vandalizada e 40 pessoas foram presas por crimes incitação à tumulto e violação do lockdown – outros 13 indivíduos foram detidos mediante acusação de ataques a lojas. Quanto aos feridos entre os manifestantes, não há dados públicos.

Na tarde desta segunda, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em pronunciamento, solicitou que as cidades tenham “paz e calma”, além de autorizar o envio de policiais federais para a região – cerca de mil soldados da Guarda Nacional patrulhavam as ruas durante a noite.

O caso

A ação que ocasionou na morte de Wright foi considerada um acidente pelo chefe de polícia de Brooklyn Center. O jovem foi parado devido a duas infrações de trânsito: placa do veículo irregular e um desodorizador pendurado no retrovisor (proibido por lei estadual).

Após a verificação dos documentos, os agentes constataram que Wright tinha um mandado de prisão pendente em decorrência do não comparecimento a uma audiência judicial. Segundo o registro, a vítima respondia por porte ilegal de arma e por fuga policial em outra abordagem, ocorrida em 2020.

Os oficiais, então, deram voz de prisão ao homem e, como é possível verificar nas imagens das câmeras acopladas às fardas dos policiais, tentaram algemá-lo do lado de fora do veículo; Wright não acata e volta a entrar no carro.

Em seguida, ouve-se a voz da agente Kimberly Potter, 48, com 26 anos de experiência na corporação, dizendo “taser, taser”, em referência à arma de choque utilizada para imobilizar fugitivos. Entretanto, em vez de disparar o armamento não letal, Potter realiza um tiro de revólver contra Wright – na sequência é possível ouvir a mulher exclamando “Puta merda, atirei nele!”.

Vídeo captado por câmara acoplada à farda de agente policial. Vídeo: Departamento Policial de Minnesota.

Após o incidente, o jovem ainda conseguiu sair do acostamento e dirigir por algumas quadras, até que, inconsciente, bateu o carro. Os policiais tentaram reanimá-lo, mas não obtiveram sucesso, e Wright foi declarado morto no local.

De acordo com o Departamento de Apreensão Criminal (BCA, na sigla em inglês), órgão responsável por investigar o caso, a agente é Kimberly Potter foi afastada e está em licença administrativa até, pelo menos, o fim do inquérito.

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