Cultura

QUINTA CHAMADA

Combate ao aquecimento global precisa de medidas imediatas, sob risco de ameaçar vida no planeta

Com a temperatura média da terra 1,1 grau acima da era pré-industrial e as iminentes tragédias ambientais, nações mais industrializadas precisam ser chamadas à responsabilidade pelo aquecimento do planeta

por Juliana Cavalcanti em 13/08/21 18:32

O desafio colocado pelo último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) não é nada fácil de ser alcançado. Com a temperatura média da terra 1,1 grau acima da era pré-industrial e as iminentes tragédias ambientais que já se avizinham em várias regiões do globo, as nações mais industrializadas precisam ser chamadas à responsabilidade para assumirem compromissos reais com a conservação do meio ambiente e com o desenvolvimento e a adoção de energias sustentáveis e alternativas.

Indústria emitindo gases poluentes
É preciso enfrentar a necessidade urgente de mudar a matriz energética global para uma forma mais sustentável de habitar o planeta/Foto: Pixabay

A tarefa de casa precisa ser iniciada imediatamente – sob o risco de prejudicar a produção de alimentos para a própria humanidade, agravar as situações de êxodo de populações e provocar a extinção de várias espécies. “Algumas coisas já não têm volta. O que o planeta aqueceu até agora, não retorna mais. O que é preciso fazer é uma curva, cortar metade das emissões de gases até 2030, para em 2050 a gente conseguir neutralizar o carbono que a gente emite”, explicou Márcio Astrini – do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e secretário-executivo do Observatório do Clima, em participação no programa Quinta Chamada Ciência, no Canal MyNews.

Astrini ressalta que estabelecer uma nova matriz energética para o mundo é essencial para que essa meta ousada seja alcançada e seja possível chegar ao final deste século com uma estabilidade climática. “Os prazos são longos, mas o tempo de fazer isso já acabou. Qualquer tonelada de calor que a gente jogue na atmosfera faz a diferença. O Brasil é um país-chave nesse processo. Se, por exemplo, derreter a cobertura de gelo na Groelândia – dificilmente vai se alcançar a meta. Se as geleiras dos polos derreterem, dificilmente alcançamos. A Amazônia tem estocado 10 anos do que é emitido hoje pela humanidade. Se a gente perde a Amazônia, todos os dados que a gente fala vão para o beleléu”, acrescenta o especialista, alertando que “se todos os líderes do planeta tivessem o comportamento do governo Bolsonaro, eu diria que estávamos perdidos”. “Ele luta veemente para promover o problema. Seja no combate à covid-19, seja no meio ambiente”, destacou.

Aquecimento global é generalizado e acontece de forma rápida

O relatório do IPCC é assinado por mais de 200 pesquisadores que consultaram pesquisas realizadas em diversos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU). A conclusão do relatório é clara: as mudanças climáticas são generalizadas e acontecem de forma rápida, por responsabilidade da ação humana, do uso de combustíveis fósseis, do desmatamento e de um estilo de vida de consumir o planeta de forma desordenada.

O Quinta Chamada Ciência tem apresentação da jornalista Cecília Oliveira, com convidados especiais a cada semana. Às quintas, a partir das 20h30, no Canal MyNews

Ainda segundo Márcio Astrini, existem cinco cenários possíveis. Os dois primeiros cenários estimam um aquecimento do planeta em até 1,5 grau em comparação à era pré-industrial, com um certo grau de adaptação às repercussões desta situação. Cenários de catástrofes climáticas, desertificação de regiões, falta de água e extinção de espécies não estão descartadas nestas duas primeiras situações. As outras possibilidades falam de um futuro em que várias regiões da terra ficariam inabitáveis, com fluxos migratórios constantes, em busca de alimentos e sobrevivência.

O jornalista Salvador Nogueira pontuou que não dá para salvar o mundo sem o apoio de todos os países. “O Brasil era um líder e agora é um mal exemplo pra o resto do mundo e perdeu o protagonismo. Óbvio que nós somos um exemplo para o resto do mundo. Precisa de todos os governos? Não, talvez não todos. Tem os grandes emissores, os países que pesam mais. Mas é uma mudança global; não dá pra dizer na minha fronteira não tem mudança climática. O Brasil tem um peso enorme por causa da Amazônia, por ser uma potência agrícola. Não dá pra resolver sem governo, nem só com alguns países. É preciso uma governança global, tem que chamar a China e os Estados Unidos – os maiores poluidores – a União Europeia e o Brasil, que era líder, o quanto vai recuperar o respeito perdido nos últimos anos?”, questiona Nogueira.


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