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Covid-19 e educação: pandemia aumenta inadimplência e fecha escolas

Estudo do Banco Mundial indica que pandemia e fechamento de unidades de ensino deve afetar índices de leitura

por Fernanda Oening em 23/03/21 15:15

De acordo com relatório do Banco Mundial, duas a cada três crianças brasileiras na faixa dos 10 anos não conseguirão ler e entender um texto simples com o fechamento prolongado das escolas durante a pandemia. América Latina e Caribe são as regiões que mais preocupam porque podem ter um dos maiores aumentos absolutos de pobreza de aprendizagem do mundo. No Brasil, antes da pandemia, o número de alunos com dificuldade de leitura era de 50%. Com a suspensão das aulas presenciais por mais de um ano, podemos chegar a 70%.

No Rio de Janeiro, a pandemia já resultou no fechamento de estabelecimentos de ensino. Ao menos 150 escolas particulares já fecharam suas portas e aquelas que conseguiram se manter durante a pandemia enfrentam problemas financeiros com o aumento da inadimplência. A avaliação é de Leonardo Nascimento, sócio-fundador da Urca Capital Partners. Ele explica que, além de todo o impacto negativo que a pandemia causou, como o desemprego e suspensão de contratos de trabalho, existe uma lei que permite que os responsáveis financeiros dos alunos fiquem inadimplentes durante o ano letivo. 

“O boleto da escola se tornou o melhor para deixar em atraso. Então, as escolas ficaram com uma inadimplência muito alta desde 2020 e vem aumentando muito na medida que a incerteza também aumenta. As escolas estão com muita dificuldade de caixa. Em 2021, estamos vendo o reflexo disso tudo, com muitas escolas fechando. A incerteza do ano passado passou para esse ano. Muitos alunos estão migrando para as escolas públicas também”.

Em São Paulo, não foi diferente. Benjamim Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP), conta que pelo menos 30% das escolas particulares de educação infantil, que recebem alunos de 0 a 3 anos, não conseguirão sobreviver à pandemia. Nesta idade a criança ainda não é obrigada a frequentar a escola, o que fez com que muitos pais as retirassem das unidades. E a preocupação é grande para um futuro muito próximo. Segundo Silva, teremos muitos problemas pela frente. “Nós vamos ter um atraso muito grande na educação. A educação pública no Brasil já é muito deficiente. Hoje, nós já temos o dobro dos alunos que desistem da escola, principalmente, aqueles que não trabalham e nem estudam. A nossa preocupação é com o jovem, com o futuro. Não vai adiantar reclamarmos de criminalidade no futuro, se não dermos uma educação adequada”.

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