Expectativa é pela reeleição de Rebelo, de centro-direita. Mas desempenho de André Ventura, de extrema-direita, chama a atenção
por Rodrigo Borges Delfim em 23/01/21 17:52
Portugal vai às às urnas no domingo (24) escolher seu próximo presidente. A expectativa é para uma reeleição do atual mandatário, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda em primeiro turno. Mas há atenções voltadas para a questão da abstenção em razão da pandemia e quanto ao desempenho eleitoral de André Ventura.
Deputado eleito pelo partido de extrema-direita pelo partido Chega!, Ventura é considerado uma “versão portuguesa” do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Em seu discurso, promete governar “para os portugueses de bem” e tem ideias de rechaço a imigrantes e a minorias sociais. Também se notabiliza por polêmicas que geram grande repercussão no meio político e nas redes sociais.
“Ventura sabe bem o que vai gerar reação nos jornais e protestos. Ele quer notícia, ele quer polêmica”, resume André Azevedo Alves, cientista político da Universidade Católica Portuguesa, em conversa durante edição especial do Almoço do MyNews que foi ao ar neste sábado (23) e tratou da eleição portuguesa.
Embora se apresente como outsider, o candidato do Chega! não é um novato na política e surgiu dos quadros do PSD, partido de Rebelo.
“[Ventura] é oriundo do PSD e habituado à política e percebeu que o populismo acabam por lidar o protagonismo que ele procura”, complementa o professor Ricardo Ribeiro, do Instituto Universitário Atlântica, que também participou do programa.
Além de Ventura e do favorito Rebelo, outro nome que chama mais a atenção na disputa é o de Ana Gomes, militante histórica do movimento socialista e ex-eurodeputada. O Partido Socialista, ao qual pertence o premiê António Costa, no entanto, apoia Rebelo na disputa.
Segundo a pesquisa SIC/Expresso, divulgada na sexta-feira (22), Rebelo de Sousa tem 58% de intenções de voto, contra 14,5% de Ana Gomes. Ventura aparece logo atrás, com 12,3%.
Embora a tendência seja de uma vitória de Rebelo já no domingo, uma grande abstenção no pleito deixaria no horizonte uma possibilidade de segundo turno.
Isso porque Portugal está sob lockdown, em razão de uma alta nos casos de Covid-19. O país europeu contabilizou na sexta-feira um total de 609 mil infectados pelo vírus, com 9.920 vítimas fatais.
A eleição foi mantida por questões constitucionais. Para facilitar e fomentar a participação dos cerca de 9,8 milhões de eleitores portugueses, foi possível votar à distância entre os dias 12 e 20 janeiro.
Quase 250 mil pessoas se inscreveram para votar antecipadamente.
O sistema de governo em Portugal é o semi-presidencialismo, cabendo a chefia de governo ao primeiro-ministro. Já o presidente exerce a função de chefe de Estado, de caráter mais moderador, além de ser o comandante das Forças Armadas.
Sete candidatos concorrem ao cargo de presidente em Portugal. Veja abaixo quem são eles, por ordem alfabética:
Ana Gomes: 66 anos, é jurista, foi deputada no Parlamento Europeu e diplomata — inclusive participou do processo de independência do Timor Leste. Ela é do partido socialista e tem o apoio de dois partidos: o Livre, que também é socialista, e o PAN, que significa pessoas, animais e natureza e está muito ligado, claro, às causas ambientais.
André Ventura: 37 anos, é deputado, professor universitário e foi comentarista de política e esportes na televisão portuguesa. Ele foi o fundador do Chega, um partido político considerado populista e nacionalista, criado em 2019 e que possui um assento na Assembleia —ocupado por ele próprio.
João Ferreira: 42 anos, biólogo, deputado do Partido Comunista Português, o PCP, no Parlamento Europeu, vice-presidente do grupo Esquerda Unitária Europeia, que reúne os partidos de esquerda da Europa no Parlamento Europeu.
Marcelo Rebelo Sousa: 72 anos, é o atual presidente e tenta a reeleição (em Portugal é possível se reeleger uma vez). Filiado ao Partido Social-Democrata, ele é professor universitário, jurista, jornalista e comentarista político.
Marisa Matias: 44 anos, é eurodeputada, socióloga e pesquisadora licenciada da Universidade de Coimbra. É do partido Bloco de Esquerda.
Tiago Mayan: 43 anos, advogado, ele é membro fundador da Iniciativa Liberal, partido que foi fundado em 2017 e elegeu um deputado nas últimas eleições legislativas, no ano passado.
Vitorino Silva: conhecido como Tino de Rans – 49 anos, empreiteiro — ou como dizem em Portugal, calceteiro — e fundador do RIR. A sigla do partido, criado em 2019, significa “reagir, incluir e reciclar”, e que se apresenta como sincrético, humanista, pacifista, ambientalista e europeísta.
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