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Enfermeira é a primeira pessoa a receber a Coronavac e Doria e Pazuello trocam acusações

Mônica Calazans foi vacinada em São Paulo logo após a aprovação do uso emergencial da Coronavac

por Fabiana Novello em 17/01/21 19:32

A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira a receber a Coronavac. Foto: Gov/SP https://fotospublicas.com/enfermeira-monica-calazans-recebe-a-primeira-dose-da-vacina-contra-o-covid-19/

A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada com a Coronavac. Ela recebeu o imunizante em São Paulo logo após a aprovação do uso emergencial pela Anvisa. Mulher, negra, Mônica trabalha na UTI do hospital Emílio Ribas, na capital paulista, foi voluntária nos testes clínicos e tinha recebido placebo. Ela contou que a UTI do hospital está lotada de pacientes e pediu que a população acredite na vacina. “Eu tô falando agora como brasileira, mulher, mulher negra que acredite na vacina”.

O governador de São Paulo, João Doria, acompanhou a vacinação. Em discurso ele atacou o governo federal e os que negam a Ciência. “É o triunfo da Ciência, triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte”, declarou.

Doria também deu início a imunização no estado. Neste domingo, segundo ele, foram vacinados profissionais de saúde do Hospital das Clínicas, na capital paulista. Nesta segunda-feira (18/01), doses da Coronavac, seringas e agulhas, começarão a ser distribuídas para a vacinação de profissionais de saúde de hospitais de referência do interior.

Na coletiva, o diretor do Instituto Butantan disse que já assinou o termo de compromisso solicitado pela Anvisa e o devolveu para Agência. Segundo ele, 4.636.936 doses foram levadas para o centro de logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, para serem distribuídas para outros estados. Em São Paulo, ficaram 1.357.640 vacinas que serão distribuídas no estado.

Enquanto João Doria concedia entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também falava no Rio de Janeiro. Ele disse que o ministério tem em mãos as vacinas do Butantan e da AstraZeneca e criticou o governo paulista. “Nós poderíamos num ato simbólico ou numa jogada de marketing iniciar a primeira dose em uma pessoa, mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing”, afirmou.

Sobre a aplicação da primeira dose já feita em São Paulo ele disse que “é uma questão jurídica”. “Tudo o que tem no estado de São Paulo, no Butantan, é contratado pelo Ministério da Saúde, pago pelo SUS, pago pelos senhores. E o contrato é claro, ele é de exclusividade de 100% das doses”.

Ao saber das declarações do ministro Pazuello, o governador João Doria rebateu. “Estou atônito com as declarações do ministro da saúde do Brasil”, disse . “Ministro Eduardo Pazuello, é inacreditável como ministro de estado de saúde, sem o menor zelo com a saúde, sem ser médico, sem ter conhecimento algum da saúde, sem planejamento, um desastre completo na saúde, ainda mente ao dizer isso. A vacina do Butantan só está em São Paulo e no Brasil porque foi investimento do governo do estado São Paulo”, completou.

Questionado sobre o ministro Pazuello ter falado em “golpe de marketing”, Doria respondeu que “o governo federal já 11 meses faz golpe de morte contra os brasileiros, com negacionismo, com a recomendação para o uso da cloroquina, com a falta de vacina”.

Sobre a possibilidade de haver uma discussão legal, levantada pelo ministro Pazuello, por São Paulo ter iniciado a vacinação neste domingo, antes do plano nacional, o diretor do Butantan, Dimas Covas, respondeu que respeita o ministro, mas “como todo general, como todo soldado, ele foi preparado a vida inteira para matar, para lutar, para derrotar o inimigo com uso de força bruta. Ao contrário de quem trabalha na saúde, nós somos preparados a vida inteira para salvar vidas”.

Em sua coletiva, o ministro Pazuello informou que a distribuição das vacinas para todos os estados e Distrito Federal começa nesta segunda-feira, às 7h, e que a vacinação começa na quarta-feira (20/01).

Apesar de o ministro ter dito que tem em mãos também a vacina da AstraZeneca, as doses ainda não estão no Brasil. As vacinas foram importadas de uma fábrica da Índia. O governo federal chegou a anunciar o envio de um avião, que sairia do Brasil no último dia 14/01, em direção a Mumbai. No entanto, o envio foi cancelado. Segundo ele, as doses ainda não foram entregues por causa do início da vacinação na Índia. O general Pazuello afirmou que a entrega das doses deve ser negociada no início da semana.

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