“Lina Bo Bardi foi uma grande pensadora”, diz biógrafo Premio internacional
  • du
  • 22 de maio de 2021
  • 0 comentários
  • Cultura

“Lina Bo Bardi foi uma grande pensadora”, diz biógrafo


Para o arquiteto e professor da Escola da Cidade, Francesco Perrotta-Bosch, a importância de Lina Bo Bardi vai além das obras que ela projetou, como o Masp, Sesc Pompeia em São Paulo e Solar do Unhão em Salvador, por exemplo. Autor do livro “Lina: uma biografia”, da Editora Todavia, Perrotta-Bosch diz que ela pensava para o Brasil, o projeto de um país.

Na última quinta-feira, o secretário especial da Cultura, Mário Frias, participou da abertura do pavilhão brasileiro da 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, que homenageia Lina Bo Bardi com o prêmio póstumo “Leão de ouro”. Em entrevista à Folha de São Paulo, Frias afirmou que desconhece o trabalho da importante arquiteta.

“A Lina tem a importância como arquiteta em si, como mostram essas obras, principalmente na cidade de São Paulo, de Salvador, também se encontra em Uberlândia e em outros pontos, mas a Lina também foi uma grande pensadora. O livro perpassa um projeto econômico, um projeto político, um projeto social, projeto antropológico, um projeto que mistura várias disciplinas, sobretudo para pensar como o Brasil poderia ser, um projeto de país, é um projeto de uma estrutura social, muito próprio e muito singular do Brasil. É fundamental dar valor hoje em dia à alma intelectual de uma mulher do século 20 que pensou Brasil. Quem está se propondo a isso em 2021?”, comenta Perrotta-Bosch.

O arquiteto explica o tema desse ano do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, entitulado “Utopias da vida comum”, que aborda projetos como a rodoviária de Brasília que fica bem no encontro da Asa Sul e da Asa Norte, com eixo monumental ou o projeto do Hidroanel, que é um projeto que foi feito dentro da Universidade de São Paulo, projetos que vão demonstrando o cotidiano do Brasil, com todos as dificuldades e com um viés muito crítico.

“A Bienal de Veneza é composta por vários pavilhões nacionais e o do Brasil é um dos projetos mais bonitos e de maior destaque, no Jardim da Bienal de Veneza. Com curadoria dos Arquitetos Associados, um escritório de Minas, foi uma escolha muito acertada, tem um viés crítico e muito interessante da situação atual brasileira”, explica o professor da Escola da Cidade.

Perrota-Bosch lembra que Lina Bo Bardi foi uma pessoa muito espitiruosa e costumava dizer o que pensava. Um dos episódios, foi na inauguração do Sesc Pompeia, no governo do General Figueiredo: “depois da solenidade e dos discursos oficiais, assim que Lina foi apresentada ao General, ela de chofre, fala: ‘Presidente é preciso chamar todos os arquitetos para fazer projetos de habitação popular em todo o Brasil’. O Figueiredo tomou um susto e assim que entendeu, deu uma resposta assim política, ‘é uma ideia’. A Lina não teve menor dúvida respondeu ‘não é uma ideia, é uma obrigação’. Então Lina não se intimidava com pessoas, com figurões políticos” relata o arquiteto.

Compartilhar:

Relacionados