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Onde estão os que querem mudar o mundo?

Hoje, grande parte das pessoas que conheço está apenas preocupada em construir um patrimônio. Não que isso seja desimportante ou ilegítimo, mas seria triste que a vida se resumisse a dinheiro

Em 08/08/22 10:37
por Mara Luquet

Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.

“Não vim ao mundo para brincar. Nem para resolver meus problemas. Estes teriam

sido resolvidos há muito, muito tempo. Faço o teatro que faço para fazer história. Meu

ego, admito, é grande, muito grande. Já disse e afirmo: não quero mudar minha vida;

quero, sim, mudar o mundo”.

“Entre o nada e o infinito” – Ivan Cabral (Giostri/2022)

Tenho a impressão de que, nos dias de hoje, são poucas as pessoas que querem mudar o mundo. Na minha adolescência, eu, meus amigos (ao menos era o que eu acreditava à época), queríamos mudar o mundo. Criamos um jornal no colégio que, na minha mente, seria um instrumento de mudança. Vivíamos os primeiros anos da redemocratização. Teríamos eleições em breve. Acompanhávamos debates calorosos pela TV.

Demos ao jornal o nome Solidariedade, inspirados mais no movimento social e político de mudança que representaria do que propriamente em Lech Walesa (fundador do sindicato Solidariedade e presidente da Polônia, entre 1990 e 1995). Era nosso jeito de dizer: queremos um mundo melhor.  Hoje, grande parte das pessoas que conheço está apenas preocupada em construir um patrimônio. Não que isso seja desimportante ou ilegítimo, mas seria triste que a vida se resumisse a dinheiro.

Acredito ser possível conciliar as duas coisas. No entanto, me parece que a utopia está desbotada, esquecida em algum canto do cérebro das pessoas. Converso com os jovens de hoje e não enxergo aquele brilho em seus olhos. Sinto que, para eles, o sucesso não passa por aquele lugar da minha turma do Solidariedade. Ainda que tenhamos passado e ainda estejamos passando por momentos difíceis nos últimos anos, mais do que nunca, precisamos ter esperança para mudar, construir um mundo melhor. Um mundo com menos distopia e mais utopia.

Na minha conversa com Ivam Cabral (se escreve assim mesmo com ‘m’), você conhecerá um pouco desse cara que sabe muito como mudar o mundo. Vai ter certeza de que há outras métricas, além da financeira, para medir o sucesso. Ivam trocou uma carreira promissora no mercado financeiro para criar o Satyros, uma companhia de teatro que nasceu na Praça Roosevelt, em São Paulo, e ganhou o mundo.

Já eu … bem, eu não tenho a poesia e a teatralidade do Ivam, mas, desde o final dos anos 1980, ainda adolescente no colégio, tento criar canais de notícias com informações e conexões que deixem bem-informados aqueles que, cada um a seu modo, querem um mundo melhor.

O MyNews é meu jeito de tentar melhorar o mundo. Provavelmente, estaria ganhando mais dinheiro se aplicasse no mercado financeiro a grana que já investi no canal. Mas, parafraseando o Ivam, o mercado financeiro nunca me daria o que o MyNews me dá.

A íntegra da conversa você pode ver no vídeo abaixo.

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