Bolsonaro pode ser acusado de muitas coisas, mas não de esconder suas reais intenções. E foi neste cidadão que a população brasileira votou para conduzir os destinos do país.
por Maria Aparecida de Aquino em 14/06/22 08:52
O brilhante jornalista Chico Pinheiro em recente entrevista a Juca Kfouri observou que, nas próximas eleições de outubro de 2022, estaria em jogo a “civilização X barbárie”, sendo que a segunda hipótese seria representada pelo atual presidente brasileiro Jair Messias Bolsonaro. Afirmou ainda sua consternação e incredulidade quanto à atual situação em que o Brasil se encontra depois de um longo processo de luta pela recuperação das liberdades democráticas após o sofrimento de partilhar de 21 (vinte e um) anos de Ditatura militar brasileira (1964-1985).
Aliás sua incredulidade é a de todos nós. Como chegamos a esse ponto? Uma coisa é vivenciarmos um processo ditatorial no qual fomos jogados contra nossa vontade após um ilegal e ilegítimo (nunca canso de afirmar) golpe de Estado pela articulação de militares e civis, forças nacionais e internacionais, que derrotou nosso Estado Democrático de Direito, instituído a duras penas após o processo ditatorial de Getúlio Vargas, em 1946. Outra, muito diferente, é a situação em que nos encontramos, por obra e graça de eleições livres e democráticas que levaram ao poder um ser humano que, antes de assumir, dizia, em entrevista, ser preciso matar 30.000 pessoas no Brasil e já se posicionava favorável à tortura.
Pois é, Bolsonaro pode ser acusado de muitas coisas, mas não de esconder suas reais intenções. Depois dessa memorável entrevista de 1999 quase teve seu mandato cassado, pois, se posicionou favoravelmente ao fechamento do Congresso Nacional do qual fazia parte. E foi neste cidadão que a população brasileira votou para conduzir os destinos do país. O Brasil ficou literalmente dividido. Não conheço família e amigos que não tiveram suas relações estremecidas entre os que se posicionaram a favor da barbárie e os que teimaram e teimam ainda em defender a civilização.
Entretanto, o lado mais brutal do status quo atual se manifestou – e é apenas um dos exemplos – quando, no dia 06/06/2022, uma senhora de 47 anos, de origem paraguaia, ao fazer compras no Brás, em São Paulo – para quem não sabe é uma região de comércio popular para onde se dirigem pessoas de baixa renda ou comerciantes interessados em revenda – foi brutalmente agredida, sob acusação, não comprovada, de roubo em uma loja de uma galeria. Teve sua roupa rasgada ficando seminua e desprotegida. Além disso, sua cabeça foi raspada e apanhou bastante. Uma pessoa se compadeceu e lhe arrumou uma roupa para que se protegesse minimamente. Foi quase um linchamento. Se deixassem, a turba enfurecida e enlouquecida teria matado a senhora que ficou sem compreender o que de fato acontecia.
Esse é o resultado desses anos terríveis que temos vivido com a exaltação da Ditadura Militar – alguns incautos e ignorantes bolsonaristas pedem o seu retorno –, do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra e da própria tortura. Não só votaram em Bolsonaro, também compraram suas ideias (se é que se pode chamar assim). O resultado está aí para que todos vejamos. O que os incautos e ignorantes não sabem é que o “feitiço se vira contra o feiticeiro” como nos contos infantis.
Como são incautos e ignorantes não conhecem as frases do pastor Martin Niemoller a respeito dos nazistas: “Primeiro vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, me calei. Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, não protestei… Então, quando vieram me buscar…Já não restava ninguém para protestar.”
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