Reajuste da Selic não tem sido eficaz, pois a inflação no Brasil não é decorrente do aumento no consumo das famílias, mas de fatores internacionais, agravados pelo cenário de instabilidade política
por Luciana Tortorello em 23/09/21 19:42
Em entrevista ao MyNews Investe, a economista e professora do Insper Juliana Inhasz avaliou como o aumento da taxa básica de juros (Selic) impacta na economia e como as expectativas em relação a esse reajuste não estão sendo alcançadas. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quinta (23) o reajuste de um ponto percentual na taxa Selic, que passou de 5,25% para 6,25 ao ano. Este é o quinto aumento consecutivo e o maior patamar da Selic desde julho de 2019.
A decisão do Copom, que foi unânime, já era esperada pelo mercado, e dá sequência a uma tentativa de conter a inflação no país, que já está na casa dos dois dígitos. Para a professora Juliana Inhasz, a medida pretende a redução do consumo, a partir do aumento dos preços dos produtos. Entretanto, como a inflação no Brasil não é decorrente do aumento do consumo interno, mas de uma recuperação mais rápida da economia de outros países, num cenário pós-pandemia, o reajuste da taxa básica de juros não tem sido suficiente para conter a inflação.
Além de questões referentes à economia internacional, um cenário de aumento da cotação do dólar e desvalorização do real, torna os produtos brasileiros mais baratos no mercado internacional – estimulando as operações de exportação, especialmente de commodities, reduzindo a oferta de produtos dentro do país – ocasionando o reajuste de preços. Outro efeito deste cenário é a valorização dos importados – produtos prontos e matérias-primas – o que encarece também as cadeias produtivas que dependem de importação de insumos do exterior.
Juliana Inhasz pondera que aumentar a taxa de juros não é a única forma de baixar o câmbio. “O risco político no país está alto e isso influencia diretamente. Então o ideal seria baixar o risco político também, para ajudar a baixar o câmbio”, pontua.
Pelo menos por enquanto, a indicação do Copom é de manter a mesma estratégia. Em nota divulgada no anúncio da nova taxa Selic, o Comitê informou que “antevê outro ajuste da mesma magnitude”, ou seja, na reunião de outubro podemos esperar mais um aumento na taxa básica de juros do Brasil. A expectativa de investidores e analistas financeiros é que a Selic chegue ao final de 2021 em 8,5%.
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