Incertezas provocada pelas crises energética e hídrica também devem fazer o investidor apertar o cinto, pensar em diversificação da carteira e olhar para alternativas da renda fixa
por Tatiana Nascimento em 14/10/21 22:04
Os preços do petróleo não param de subir. O barril fechou a quinta-feira (14) negociado a US$ 84, podendo chegar a US$ 90 até o fim de dezembro, segundo os analistas. Já é a maior cotação dos últimos três anos. E o que dizer do aumento do gás natural, que na Europa já chega a 1.000% só em 2021. É a crise energética batendo à porta do mundo. E do Brasil também, claro, que ainda tem uma crise hídrica pra chamar de sua.
A alta nos preços do petróleo e do gás deve impulsionar a inflação, reduzir a produção das indústrias e desacelerar a recuperação mundial pós-pandemia de Covid-19. O mais recente alerta foi dado nesta quinta pela Agência Internacional de Energia (IEA). Para falar sobre o impacto das crises do momento na economia e nos investimentos, o MyNews Investe recebeu na edição das 18h Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, e Guilherme Assis, CEO da Gorila.
Assis reforçou que o investidor não tem refresco e, no Brasil, menos refresco ainda. Em abril do ano passado, o barril do petróleo estava sendo negociado a US$ 20. “Hoje está com esse preço alto. Temos a crise hídrica aqui, incerteza política, inflação, que puxa os juros. Isso acaba impactando toda a carteira dos investidores.” Para o CEO da Gorila, quem investe precisa apertar um pouco o cinto e pensar em diversificação da carteira, não investir só no Brasil e olhar para alternativas da renda fixa.
Sérgio Vale chamou atenção para o “cenário bastante complicado” que se avista no horizonte para 2022, com pressão na taxa de câmbio, mais aumento da taxa de juros, mais inflação e, consequentemente, menos crescimento. Ele também destacou um outro aspecto: o período eleitoral, marcado por incertezas. “A gente não sabe o que vai sair da eleição. Há riscos muito concretos do que a gente pode ter de política econômica de 2023 para frente.”.
Segundo o economista-chefe da MB Associados, o mercado antecipa todos os riscos e olha o que está acontecendo no momento. E o que vê é um Banco Central muito isolado e sozinho na condução da política monetária, uma inflação muito alta, acima dos 10%, uma política fiscal que vai na contramão. Somem-se a isso reformas que deveriam acontecer, mas não vão, um Centrão dominante na política e um presidente enfraquecido. É quase uma tempestade perfeita.
Na busca por uma “boa notícia”, sobram os desempenhos das commodities agrícolas – sempre elas – e o mercado do petróleo. “Tem o efeito positivo de preço, tende a ter uma repercussão positiva para a Petrobras como um todo na arrecadação. Mas é suficiente para cobrir as dificuldades pelas quais estamos passando agora?”, questionou Sérgio Vale. Aparentemente, não.
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