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COMÉRCIO INTERNACIONAL

Entenda como as ameaças de Trump contra o Brics pode ser um tiro no pé

Presidente eleito dos EUA prometeu taxar produtos do bloco em 100% caso criem uma moeda para substituir o dólar nas transações entre os países membros

por Camilla Lucena* em 03/12/24 17:27

Presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca, em Washington (EUA) | Foto: Isac Nóbrega/PR - 19/03/2019

O presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou no último sábado (30) que deve impor tarifa de 100% sobre os produtos importados dos países do Brics caso o bloco crie uma nova moeda ou invista em uma moeda já existente para substituir o dólar norte-americano.

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics, nem a apoiar qualquer outra moeda [..], caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, declarou Trump em sua rede social, Truth Social.

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O desenvolvimento de um mecanismo de compensação das transações em moedas locais foi debatido durante a cúpula do grupo deste ano em Kazan, na Rússia, e é uma das prioridades do Brasil, que assume a presidência do bloco a partir de 2025.

Limites e possíveis consequências da estratégia de Trump

As declarações de Trump antes do retorno à Casa Branca reforçam as propostas protecionistas que o Republicano defendeu durante a campanha eleitoral. Também marca uma mudança política em relação ao primeiro mandato, quando o empresário adotou medidas para enfraquecer o dólar e impulsionar as exportações dos EUA.

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No entanto, as ameaças ao Brics pode prejudicar os laços com as economias emergentes e de rápido crescimento, que também são alguns dos principais parceiros comerciais do EUA, podendo desencadear retaliações.

Por outro lado, o aumento das tarifas sobre os produtos importados poderia aumentar a inflação a nível local e global, desacelerando o crescimento econômico.

O poder do dólar norte-americano

O dólar norte-americano é a moeda padrão circulante no merco internacional, usada principalmente na comercialização e negociação de commodities – como soja, petróleo e café -, além de ser considerada uma espécie de porto seguro dos investidores devido a sua estabilidade. Em entrevista à Agência Brasil, o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni, destacou que que Trump se preocupa com a principal arma dos EUA para a dominação geopolítica que exerce no mundo.

“A perda do poder do dólar implica uma perda do poder dos Estados Unidos, do poder imperial sobre o mundo. Se a gente pensar que os Estados Unidos são uma potência militar, financeira e política que impõe o seu modo de vida através do cinema, da TV e de bens de consumo, a gente tem que perceber que o centro disso é a hegemonia que o país tem sobre a moeda padrão circulante no mundo inteiro, que é o dólar”, explicou. “Isso dá um poder imenso ao país porque ele pode fixar taxas de juros que serão as taxas de juros base das economias mundiais. Quando o FED [Banco Central dos EUA] mexe nas taxas de juros, isso impacta as taxas de juros no Brasil e outros países da periferia.”

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De forma imediata, as ameaças do presidente eleito nas redes sociais resultaram em um fortalecimento do dólar nos mercados financeiros na segunda-feira (2) e um enfraquecimento do ouro, bem com do yuan chinês, da rúpia indiana e o rand sul-africano.

O Brics e a ideia de uma moeda conjunta

O Brics é um bloco que reúne economias emergentes originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China em 2006. Alguns anos depois, em 2009, a África do Sul passou a integrar o grupo, completando o acrônimo que hoje identifica o bloco. Em 2024, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã ingressaram formalmente como membros plenos.

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Há mais de uma década, o Brics discute regularmente o plano de criar uma moeda conjunto para facilitar, principalmente, suas transações internas. No entanto, a proposta progrediu pouco.

Em outubro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que os esforços para a criação de meios de pagamento alternativos ao dólar avançassem. Mas, na segunda-feira (2), o governo sul-africano afirmou que não há planos de criar uma moeda própria do bloco, pois a discussão entre se concentram, na verdade, em ajudar o comércio interno do Brics usando as moedas nacionais dos países membros.

Assista abaixo ao Segunda Chamada de segunda-feira (2):

*Sob supervisão de Sofia Pilagallo

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