Para a cientista política Mayra Goulart, eleitor está 'enredado uma economia de atenção limitada' que anseia por discursos vazios e violentos
por Sofia Pilagallo em 17/09/24 14:19
Cientista política Mayra Goulart participa do programa de análise do MyNews sobre o debate Rede TV/UOL, realizado na manhã desta terça-feira (17) | Foto: Reprodução/MyNews
A decadência do debate político é um assunto que está em alta. Desde o primeiro debate televisionado entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Bandeirantes em 8 de agosto, as campanhas vêm girando em torno de ofensas e ataques pessoais. O ápice dessa tensão culminou em um episódio de violência física, que marcou o último debate, promovido pela TV Cultura no último domingo (15).
É indiscutível que tais posturas são condenáveis e devem ser criticadas. Em paralelo, é preciso observar também que existe uma demanda da sociedade por discursos vazios e violentos. Essa é a análise da cientista política Mayra Goulart, que participou do programa de análise do MyNews sobre o debate Rede TV/UOL, realizado na manhã desta terça-feira (17).
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“A mediadora do debate [a jornalista Amanda Klein] falou para os candidatos evitarem a violência e o baixo nível, porque ‘não é isso que o eleitor quer, ele quer um debate programático’. E aí eu me pergunto: ‘É isso mesmo que o eleitor quer?'”, afirmou Mayra, acrescentando que o eleitor está “enredado uma economia de atenção limitada” que anseia por frases “lacradoras” que rendem memes.
“É preciso olhar para a demanda. Quem está demandando esses discursos, essa redução da política a frases e memes? O que fica para trás é o debate sobre política pública, que não parece ser o que o eleitor quer. Não dá para falar de política pública numa frase lacradora”, acrescentou.
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Em sua análise, Mayra apontou também uma questão paradoxal, que ela chamou de “paradoxo da tolerância”. Ela observa que, em toda eleição, a Justiça Eleitoral faz a impugnação de milhares de candidaturas, restringindo, assim, o escopo de opções da soberania popular. Ao mesmo tempo, não fazer nenhuma restrição à dinâmica da soberania popular também não parece ser o caminho. A cientista política questiona se a instituição não deveria intervir na candidatura de políticos como Pablo Marçal (PRTB), que só obtém ganhos enquanto todos os demais perdem.
“Pablo Marçal só ganha ao rebaixar o debate a esse nível. Mesmo que ele não ganhe a eleição, ele ainda sai ganhando”, disse. “Quem perde somos todos nós, que acabamos retroalimentando esse vício em bravatas completamente desamparadas de respaldo na realidade.”
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