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FESTA COM DINHEIRO PÚBLICO?

Falta olhar para o aspecto moral da questão, diz jornalista sobre benefício fiscal

Vantagem tributária está prevista na lei e, portanto, quem se beneficia dela não está cometendo crime; apesar disso, para Pedro Menezes, política precisa ser revista

por Sofia Pilagallo em 21/11/24 08:03

Ministro Fernando Haddad tornou de conhecimento público a origem dos R$ 9,7 bilhões concedidos em incentivos fiscais em 2024 | Foto: Pixabay

Falta olhar para o aspecto moral da questão, afirmou ao MyNews o jornalista e economista Pedro Menezes, repórter do jornal A Tarde, de Salvador, sobre o benefício fiscal concedido a empresas multimilionárias. A vantagem tributária está prevista na lei e, portanto, quem se beneficia dela não está cometendo crime. Apesar disso, para Menezes, é preciso revisar essa política e analisar se ela tem servido aos interesses da população.

“É importante não perder o lado moral da coisa. Acho que é um pouco o que falta no Brasil. Falta olhar para o lado moral e entender que somos membros de uma mesma comunidade”, disse Menezes. “Às vezes, existem políticas públicas inefetivas, que podem estar beneficiando certos grupos da população. Ferramentas como o Portal da Transparência são a oportunidade de a sociedade aumentar a vigilância sobre esse tipo de benefício e discutir o assunto coletivamente.”

Leia mais: Ricardo Cappelli rebate argumento de que Brasil tem ‘alto risco fiscal’: ‘Não existe isso’

O benefício fiscal foi tema do Segunda Chamada de quarta-feira (20) e um dos assuntos mais comentados desta semana, depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tornou de conhecimento público que o governo federal concedeu R$ 9,7 bilhões em incentivos fiscais em 2024 por meio do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O programa foi criado em maio de 2021, em meio à pandemia de covid-19, para aliviar os prejuízos enfrentados pelo setor de eventos, prevê renegociação de dívidas, indenizações e isenção total de quatro tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) até 2027.

Cerca de 15 mil empresas foram beneficiadas pelo Perse, sendo as principais delas o iFood (R$ 336 milhões), a Azul Linhas Aéreas (R$ 303 milhões) e a Enotel Hotel Resorts (R$ 171 milhões). O top 100 inclui ainda companhias de famosos e influenciadores, como Gusttavo Lima (R$ 18 milhões), Felipe Neto (R$ 14 milhões) e Ana Castela (R$ 9 milhões).

Atualmente, o Perse é alvo de investigações da Receita Federal por suspeita de irregularidades. O programa foi criado com o intuito de ajudar empresas dos setores de evento, turismo e restaurantes. Apesar disso, companhias de outros segmentos — como segurança privada, construções e reforma e até mesmo o mercado varejista de embarcações e acessórios — também foram beneficiadas pelas isenções fiscais, ainda que não tenham tido suas atividades paralisadas durante a pandemia.

Saiba os detalhes da lista de benefícios fiscais divulgada pelo ministro Fernando Haddad:

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