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‘Me sentia uma criminosa’, diz rapper afegã que andava com partituras na mochila

Sonita Alizadeh começou a fazer música quando morava no Irã, onde, assim como no Afeganistão, as mulheres são oprimidas pelo Estado e têm seus direitos ignorados

por Sofia Pilagallo em 22/08/24 17:40

Rapper afegã Sonita Alizadeh | Fotos: Arquivo pessoal

Uma criminosa. É assim que se sentia a rapper afegã Sonita Alizadeh, que conversou com o MyNews, quando morava no Irã, país para onde fugiu com a família ainda na infância.

O motivo? Ela tinha começado a fazer música e, por isso, andava com partituras na mochila. No Irã, assim como no Afeganistão, as mulheres são oprimidas pelo Estado e têm seus direitos ignorados. Hoje, Sonita mora em Nova York, nos Estados Unidos, e faz de sua música uma forma de resistência, compondo e cantando sobre questões de gênero.

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“Todos ficaram preocupados comigo quando comecei a escrever música. Quando ia ao estúdio de gravação, com minha mochila e minhas partituras, me sentia como se fosse uma traficante de drogas, por causa das limitações impostas às mulheres e às suas vozes na música”, contou Sonita.

“Mas eu frequentemente pensava sobre quais outras opções eu tinha. Nenhuma. Era falar ou simplesmente me entregar ao casamento infantil e à sociedade que diz: ‘Seja uma boa garota, que não fala, que não faz perguntas.’ Meus sonhos eram muito maiores do que o medo de ser presa. Eu precisava me manifestar”, acrescentou.

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O rap abriu muitas possibilidades para Sonita, que, hoje, tem no currículo uma graduação em direitos humanos e música pela Bard College, em Nova York. Ela conta que, ainda no Irã, conheceu a diretora iraniana Rokhsareh Ghaemmaghami, que a acompanhou durante três anos e produziu um documentário sobre a trajetória dela.

Rokhsareh ajudou Sonita na criação da música Daughters for Sale (Filhas à Venda), que viralizou e ultrapassou a marca de 1 milhão de visualizações no YouTube. Por meio da música, a afegã recebeu uma bolsa de estudos, e foi cursar o ensino médio em uma escola em Utah, nos EUA.

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Na última quinta-feira (15), a retomada do poder pelo Talibã no Afeganistão completou três anos. Em 15 de agosto de 2021, o grupo destituiu o então presidente do país, Asharf Ghani, assumiu o controle da capital, Cabul, e voltou ao poder depois de mais de 20 anos de ocupação americana.

Desde então, o país vive à sombra de um regime fundamentalista, onde até a música é proibida, por ser considerada pecaminosa. As mulheres foram as principais afetadas, tendo sido excluídas das universidades, do mercado de trabalho e dos espaços públicos.

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