A farra do “imbrochável”

Na festa de comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre primeiras-damas, fez campanha, motociata, disse que os solteiros eram felizes, mas poderiam ser ainda mais felizes se achassem uma princesa. O presidente disse ainda que era “imbrochável” e atacou a esquerda e o presidente Lula. Enfim, fez com dinheiro público uma campanha eleitoral jamais vista. Mas sobre esses 200 anos e os desafios futuros ele não falou nada, nem mesmo sobre os 600 reais que promete em sua campanha, mas não apareceu no orçamento de 2023.

No dia 31 de agosto o poder Executivo encaminhou a proposta orçamentária para o Congresso e não nela não está prevista o benefício de 600 reais a partir de 2023. E nem poderia, porque esse benefício não existe. O que existe é um benefício de 400 reais que foi estabelecido de forma extraordinária para 2022 e depois aprovado para outros anos.

Os 600 reais de benefício não existem, não estão na legislação. “Você está usando o orçamento, uma peça importantíssima, como o panfleto para uma campanha eleitoral e eu lamento muito”, diz Daniel Couri, presidente da Instituição Financeira Independente (IFI). “Isso não é um assunto para o orçamento que vai tramitar agora enquanto não virar uma proposta para indicar a fonte, de onde virão os recursos aí sim pode inserir no debate”.

Ou seja, o presidente poderia ter aproveitado a oportunidade para falar de 200 anos de orçamento público, um assunto tão caro a população brasileira, carente de políticas públicas e sobrecarregada de tributos. Um assunto que interessa a todos e pouco entendido.

No vídeo a íntegra da entrevista de Daniel Couri e Clara Marinho ao Café do MyNews.