Gilberto Natalini relatou as torturas que sofreu pelo aparato de repressão do regime militar. Segundo ele, falta uma educação sobre a história do país
por Hermínio Bernardo em 02/04/21 11:24
O golpe militar de 1964 completou 57 anos nesta semana. O regime destituiu o então presidente João Goulart e instalou uma ditadura que durou 21 anos.
Houve censura à imprensa, perseguição a opositores, tortura e mortes. Em entrevista ao MyNews, o médico, ambientalista e ex-vereador por São Paulo, Gilberto Natalini, contou que não tem ódio.
“Com sofrimento, com tristeza, eu falo sobre isso. Eu falo porque eu não tenho ódio dessa gente, na verdade tenho um sentimento de pena. São seres humanos que passaram para um lado de sub-raça, são bestas feras que perderam a identidade com a alma humana”, contou.
Natalini disse que tem problemas de audição como sequelas da tortura que sofreu. Ele foi preso em 1972, quando era estudante de medicina e nunca participou da luta armada.
“A mim, o Ulstra colocou duas latas de Neston vazias de cabeça para baixo, botou água na sala e me pôs sem roupa em pé naquelas latas, com fios ligados no corpo inteiro. E ficou horas e horas de uma madrugada dando choque, me batendo com um pedaço de madeira para eu dizer o que ele queria. E eu não disse. Aquilo era extremamente doloroso. Eram umas quinze pessoas numa sala, eu no meio, e cada um batia um pouco”, relatou Natalini.
O Ulstra citado por Natalini é o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI de São Paulo na década de 70. O torturador foi condenado pelas práticas e morreu em 2015.
Natalini acrescentou: “Eu vi gente que entrou lá viva, falando, subiu e gritou por três noites, e saiu arrastado e morto. A cela dava visão para o corredor e a gente via a movimentação e os próprios carcereiros contavam”.
Confira a entrevista na íntegra no Café do MyNews:
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