Negociação era 3 vezes mais cara que as doses produzidas no Instituto Butantan
por Gabriela Lisbôa em 17/07/21 12:31
Em uma reunião fora da agenda, no dia 11 de março, enquanto ainda era ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello teria negociado a compra de 30 milhões de doses da vacina Coronavac. Essa negociação teria sido feita com representantes da empresa catarinense World Brands, que faz comércio exterior. As doses, portanto, viriam da China e seriam compradas pelo triplo do preço cobrado pelo Instituto Butantan, que produz a coronavac no Brasil.
As informações foram publicadas pelo jornal Folha de São Paulo, que teve acesso a um vídeo gravado no fim do encontro.
A reunião teria sido marcada pelo gabinete do então secretário executivo do ministério da Saúde, o coronel da reserva Elcio Franco e, apesar de contar com a presença do ex-ministro Pazuello, não foi registrada na agenda oficial.
A proposta apresentada pela World Brands oferecia cada dose de coronavac por 28 dólares. Dois meses antes da reunião, o Governo Federal já tinha anunciado a compra de 100 milhões de doses da mesma vacina por um custo de 10 dólares a dose, essa compra foi feita do Instituto Butantan. As vacinas produzidas na China custariam 18 dólares a mais por doses do que as produzidas no Brasil.
A demissão do general Pazuello foi anunciada quatro dias depois da reunião, em 15 de março.
O vídeo obtido pela Folha de São Paulo mostra o clima de descontração entre o ex-ministro e os representantes da empresa depois da reunião. Pazuello afirma que já estaria com o memorando de entendimento assinado e se comprometeu a assinar o contrato de compra no menor tempo possível. Como resposta, um dos empresários que participaram da reunião, identificado apenas como John, agradece Pazuello pela oportunidade da parceria “com tanta porta aberta que o ministro nos propôs”.
O vídeo contradiz o que Pazuello afirmou em depoimento à CPI da Covid. Quando questionado pelos senadores, ele afirmou que não tinha liderado negociações para a compra de vacinas e alegou que ministros não podem negociar diretamente com empresas, quem deve fazer essa negociação é o “nível administrativo”.
Segundo a Folha de São Paulo, três pessoas que acompanharam a reunião disseram que o vídeo foi gravado mesmo antes de Pazuello conhecer o preço da vacina. A ideia, naquele momento, seria fazer uma propaganda do ministro negociando vacinas, já que o governo estava sendo pressionado para comprar imunizantes. Depois da gravação, Pazuello teria sido alertado de que a proposta era incomum, acima do preço e que a empresa poderia não ser a representante oficial do fabricante da vacina.
Em nota publicada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, o ex-ministro Pazuello negou que tenha participado de qualquer tipo de negociação para a copra da vacina. Ele disse que “Enquanto estive como ministro da Saúde, em momento algum negociei aquisição de vacinas com empresários, fato que já foi reiteradamente informado na CPI da Pandemia e em outras instâncias judicantes”.
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