O Brasil tem a peculiaridade de possuir matriz energética três vezes mais limpas do que a média mundial, o que não afasta a urgência de discutirmos os desafios da transição energética
Como sabemos, o mundo está passando por um período de transição energética, diante de um cenário de mudanças climáticas com consequências trágicas. A cada dia, discute-se com ainda mais afinco qual será – ou deverá ser – ao futuro da matriz energética mundial.
O Brasil tem a peculiaridade de possuir matriz energética três vezes mais “limpas” do que a média mundial, o que não afasta, porém, a urgência de discutirmos como atuaremos em face dessa transição energética, que certamente nos trará enormes desafios.
Especificamente no setor de transporte, vemos uma transição rápida caracterizada pela substituição dos veículos a combustão interna para veículos elétricos. Isso exige que os países tracem a melhor estratégia para suprir essa nova demanda por eletricidade.
Mas como o Brasil fica neste cenário? Primeiramente, precisamos comparar a sustentabilidade de nossa matriz energética com a média mundial: Brasil 44% x 15% mundo. Isso mesmo, somos quase 30% mais sustentáveis que o mundo. Parte deste desempenho se dá pelo uso de biocombustíveis. Etanol, biodiesel, bioquerosene vêm sendo uma alternativa brasileira para a segurança energética, competindo com os derivados do petróleo.
Como falavam os desenhos animados dos anos 1990: se não podemos ganhar, juntemo-nos a eles (um tanto trágico, eu sei). Isso significa: não podemos dizer ao setor de transporte que usem veículos com biocombustíveis, mas podemos ajudar o mundo a tornar esse elétron sustentável.
Explico: o mundo precisa da transição energética porque sua matriz é extremamente emissora de gases de efeito estufa e precisa substituir sua atual matriz por um combustível de transição – o gás natural (fonte fóssil e não renovável). Nós, brasileiros, já utilizamos o etanol (fonte renovável) como alternativa viável (infelizmente elástica) à gasolina, por exemplo.
“E que horas o seu título vai fazer sentindo neste artigo?” – pergunta @ leitor(a) mais atento. Agora mesmo, precisamos fazer uma transição trágica como o mundo? Não! Precisamos, sim, entender o papel relevante do país e do agronegócio para a eletromobilidade que já está aí, queiramos ou não.
Por isso, pontuo que no Brasil deveríamos buscar a BIOELETROMOBILIDADE. Podemos gerar eletricidade (no posto de combustível) a partir do etanol, utilizando célula a combustível para veículo puramente elétrico. Com o mesmo etanol podemos produzir (no posto de combustível) hidrogênio verde para abastecer os veículos elétricos com célula a combustível. E sabe o que é melhor? A logística do etanol já está pronta, as questões de segurança já estão testadas e ainda podemos gerar créditos de carbono a partir do programa Renovabio, tornando o preço do kWh também sustentável.
O que precisamos é que o agronegócio veja a eletromobilidade como mais uma oportunidade de mostrar ao mundo que temos uma tecnologia viável e sustentável. E que o futuro poderá ser BIOELÉTRICO com o Brasil na vanguarda das tecnologias.
Engenheiro agrônomo (Universidade Federal do Ceará), com mestrado e doutorado em Planejamento Energético pela UNICAMP. Atualmente, é assessor técnico no projeto internacional que estuda o Hidrogênio eletrolítico a partir de fontes renováveis no Paraguai
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