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“A arte tem nos salvado de não enlouquecer”, diz Elizandra Souza

Escritora comenta o papel dos saraus para promover a arte e a literatura

por Luciana Tortorello em 06/05/21 10:29

“Periferias são lugares que são menos assistidos de políticas públicas, culturais, de instituições”. É falando isso que Elizandra Souza, jornalista, escritora e editora, fala do saraus que acontecem nas periferias de zona sul de São Paulo.

Elizandra organiza saraus literários nas periferias e publica livros de escritoras negras.

Ela explica que esses grupos de saraus em São Paulo datam em torno de 20 anos. Os principais são: sarau do Binho, da região do campo Limpo, e o sarau da Cooperifa, na Chácara Santana, ambos na zona Sul de São Paulo.

“Hoje, a gente tem saraus espalhados na cidade inteira, inclusive pelo Brasil, e já tem até experiências internacionais. Pensando nesses dois saraus, o sarau da Cooperifa e o sarau do Binho, os dois começaram em bares, transformando os bares em um centro cultural, pensando que as periferias são os lugares que são menos assistidos de políticas públicas, culturais, de instituições, ressignificando o espaço do bar e promovendo a literatura, a literatura negra, a literatura periférica”, comenta a escritora.

Com a pandemia, os saraus, que eram em sua maioria presencias, se tornaram obrigatoriamente virtuais. Mas a pandemia também mostrou quanto a cultura e artes são importantes. “A arte tem nos salvado de não enlouquecer, tenho percebido que as pessoas têm lido mais, têm visto mais filmes. Com os saraus não foi diferente. Tivemos que nos adaptar, fazer sarais virtuais participar de palestras”, relata a editora.

Em seus livros, Elizandra trata de temáticas como combate à violência, combate ao feminicídio, combate ao racismo, pensando em todas as desigualdades.

“Punga é o primeiro livro, feito em dupla com o poeta Allan da Rosa. Punga é uma palavra banto, que significa um convite para entrar na roda. Mas punga também é usada como gíria, para ‘batedores de carteira’, seria o ato de roubar. Depois, eu descobri que punga era uma palavra indígena, que significava diarreia e indigestão. E aí punga é esse convite para roda, essa diarreia, essa indigestão, porque a gente está falando de literatura periférica, literatura feita por nós, os invisíveis”, conta a jornalista.

Seus outros livros publicados são “Águas da Cabaça”, publicado em 2012. É um projeto feito por sete mulheres negras. Elizandra tentou ter nesse projeto mulheres negras, desde as ilustrações, projeto gráfico e até a revisão. Ele é separado por capítulos com referências de outras escritoras negras, como Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus. O mais recente, “Filha do Fogo”, é um livro de contos, com 12 histórias que falam de ancestralidade e memórias afetivas.

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