Pesquisa divulgada nesta terça-feira entrevistou 2.000 pessoas e traz aspectos que merecem destaque para o cenário político eleitoral de 2022
por Rodrigo Augusto Prando em 09/02/22 20:07
A pesquisa da Genial/Quaest divulgada em 09/02/22, cuja coleta foi realizada entre 03/02 a 06/02, com 2.000 entrevistas e com margem de erro de 2 pontos percentuais traz alguns aspectos que merecem destaque. Vejamos.
Em relação à avaliação do Governo Bolsonaro, temos que 51% consideram negativo, 25% consideram regular, 22% positivo e 2% não sabem ou não responderam. Em termos de região, a maior desaprovação, de 61%, é da Região Nordeste, seguido do Sul com 49%, Norte 48%, Sudeste 47% e Centro-Oeste com 42%. No quesito sexo, as mulheres (54%) desaprovam mais que os homens (48%). Questionados de como o presidente está lidando com determinados problemas, temos o seguinte: combate à corrupção (62% desaprovam e 36% aprovam); redução da violência/criminalidade (61% desaprovam e 35% aprovam); geração de novos empregos (63% desaprovam e 33% aprovam); combate à Covid (65% desaprovam e 32% aprovam) e combate à inflação (80% reprovam e 18% aprovam) – as somas não chegam aos 100%, pois, aqui, desconsiderei os percentuais dos que não sabem ou não responderam.
Os dados acima já são conhecidos de Bolsonaro e, especialmente, dos líderes do Centrão. A reprovação de seu governo é altíssima no Brasil todo, mas é maior no Nordeste e entre o eleitorado feminino. O Nordeste sempre foi espaço de maior aceitação e intenção de voto de Lula e, no caso, Bolsonaro buscará ações que lhe possibilitem diminuir sua rejeição. Em relação às mulheres, pesquisas para consumo interno dos partidos, demonstram que, especialmente, as mães reprovam as atitudes do presidente em relação à vacinação das crianças, cujos atrasos e desdém lhe renderam esses números. Além disso, na dimensão temática há 80% que desaprovam o combate à inflação e isso significa, ao menos neste momento, que a econômica terá mais peso e importância nesta eleição. O custo de vida, preço de alimentos, combustíveis, entre outros, mudou o humor do brasileiro e o cenário econômico deteriora os índices de Bolsonaro.
Nas intenções de voto de forma espontânea, na qual os respondentes não têm acesso aos nomes dos candidatos, temos que 48% estão indecisos, 28% votariam em Lula, 16% em Bolsonaro e 4% nos outros candidatos. Já quando temos as respostas estimuladas, com a visualização dos nomes dos candidatos, temos Lula com 46%, Bolsonaro 24%, Sérgio Moro com 8% e Ciro Gomes com 7%. Todos os cenários, acima, são para o primeiro turno. Há um aspecto positivo e outro negativo para os candidatos abaixo de Lula e Bolsonaro. É positivo que, na espontânea, há um universo de 48% de indecisos a serem conquistados, contudo, um ponto negativo é que 58% afirmam que sua escolha do candidato é definitiva e 40% de que podem mudar essa escolha caso algo aconteça.
Em qualquer dos cenários – espontânea ou estimulada – Lula encontra-se bem à frente de Bolsonaro. Lula está, direta ou indiretamente, nas disputas à presidência desde 1989. Perdeu para Collor, para FHC duas vezes, foi eleito duas vezes, fez Dilma sua sucessora duas vezes e levou, mesmo estando preso, Haddad ao segundo turno em 2018. O esforço do petista e sua estratégia, com Alckmin de vice e um aceno ao centro político, é para faturar a eleição de outubro no primeiro turno. Um sonho para os petistas, pois, no primeiro turno, foram derrotados duas vezes por FHC e, quando se sagraram vitoriosos, sempre foi no segundo turno.
Outros dados da pesquisa merecem destaque. Quando questionados como se informam sobre política, principalmente, os entrevistados afirmaram que pela televisão (51%), redes sociais e WhatsApp (24%) e sites e blogs (10%). Em relação a isso, a avaliação do Governo Bolsonaro tem elementos interessantes. Dos que se informam sobre política pela televisão, 59% são avaliações negativas; 24% regulares e 15% positivas. Já daqueles que se informam por meio das redes sociais, 43% de negativas, 25% de regulares e 31% de positivas. E, por último, os que se informam por sites, blogs e portais de notícias temos 52% de negativas, 17% de regulares e 30% de positivas.
Depreende-se, dos números acima, que, desde 2018, na campanha, Bolsonaro apresenta força nas redes sociais. Não à toa que, à época, enquanto adversários montavam suas equipes de campanha digitais, Bolsonaro, há tempos, já era chamado de mito. O presidencialismo de confrontação assumido por Bolsonaro, com ataques cotidianos a inimigos, reais e imaginários, internos e externos, cumpre seu papel de manter sua base de apoio coesa e, especialmente, nas redes sociais, cuja aprovação é melhor se cotejada aos que se informam pela televisão, com quase 60% de reprovação do atual governo.
Enfim, os números da Genial/Quaest apresentam, na intenção de voto, proximidade com outros institutos (Lula em primeiro, Bolsonaro em segundo e a “terceira via” ainda na casa de um dígito com Moro e Ciro). Entretanto, as novidades acerca dos temas (inflação, corrupção, violência e Covid) são importantes para a construção das estratégias discursivas e para os planos de governo dos candidatos. No que tange à fonte de informação política (televisão, redes sociais, WhatsApp, blogs) a situação de Bolsonaro é péssima para quem acompanha televisão, mas não é tão confortável quanto se imaginaria nas redes sociais. Aguardemos as próximas rodadas.
Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia pela Unesp.
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