Falta de material pode parar produção de veículos, alerta Anfavea

Diante da falta de insumos na cadeia industrial, a produção de veículos no país pode sofrer mais neste final de ano com paralisações. O alerta vem de Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), durante entrevista coletiva para apresentação do balanço mensal do setor. “A situação está ficando mais preocupante”, segundo ele.

Em novembro, segundo a Anfavea,  a produção de veículos teve alta de 4,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Comparado a outubro, o avanço foi de 0,7%. Mas 2020 ainda amarga resultado negativo: a produção de pouco mais de 1,8 milhões de unidades no acumulado do ano é 35% inferior ao mesmo período do ano passado.

Em entrevista ao programa Dinheiro na Conta, Luiz Carlos Moraes explica que o mês de novembro foi o melhor desde o início da pandemia para o setor, mas os desafios para 2021 ainda são muitos e incluem a falta de insumos nacionais e importados, de peças e matérias-primas.

Segundo ele, o problema na cadeia produtiva já tem gerado ‘microparadas’, que podem continuar durante o mês de dezembro. As paradas pontuais acontecem durante um ou dois dias, com a falta de insumos. A perda, depois, é compensada com jornadas adicionais e horas extras.

Segundo Moraes, presidente da associação que representa as montadoras, os principais gargalos  para o setor têm sido na compra de aço, materiais de plástico e borracha. “A gente entende que talvez tenha dificuldade em um determinado modelo de veículo durante o mês de dezembro”, explica. 

Ele afasta, no entanto, o risco de uma paralisação generalizada no setor. “Existe o risco de uma determinada montadora parar, sim, por um ou dois dias. Isso pode acontecer. Não é uma parada generalizada do setor”, explica.

Alta para o consumidor?

O problema tem efeito que pode chegar ao consumidor final: a alta dos preços. Apesar da aposta de que a cadeia produtiva possa se normalizar em 2021, Moraes não descarta o repasse desse reajuste para os consumidores.

Ele lembra que o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), já acumula alta de 21,97% no ano, com alta do dólar e avanço dos preços das commodities. “É bem provável que as montadoras tenham que repassar pelo menos parte do aumento dos custos”, afirma.