Diniz não perdeu a oportunidade para dar início a uma renovação do elenco, que já vinha capengando faz tempo
Em 07/11/23 13:01
por Balaio do Kotscho
Ricardo Kotscho, 75, paulistano e são-paulino, é jornalista desde 1964, tem duas filhas, 5 netos e 19 livros publicados. Já trabalhou em praticamente todos os principais veículos de mídia impressa e eletrônica. Foi Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (2003-2004). Entre outras premiações, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Direitos Humanos da ONU, em 2008, ano em que começou a publicar o blog Balaio do Kotscho, onde escreve sobre a cena política, esportes, cultura e histórias do cotidiano
Foto: CBF/Divulgação
Ser técnico da seleção brasileira é uma barra, sabemos todos; ser técnico interino, sem saber até quando fica, é mais difícil ainda.
Num país onde se espera resultados imediatos, mesmo que o técnico não tenha tempo de treinar o time, o psicólogo Fernando Diniz teve um começo capenga na seleção, mas esta semana já deu bons motivos para a gente voltar a acreditar na seleção brasileira.
Com a contusão de Neymar, que ficará afastado do futebol por um bom tempo, Diniz não perdeu a oportunidade para dar início a uma renovação do elenco, que já vinha capengando faz tempo. Faz 21 anos que não ganhamos um título mundial e nas últimas Copas não chegamos nem às fases decisivas.
Se não é pelos resultados, por que então temos que jogar um futebol tão burocrático, previsível, sem imaginação, sem alegria, sem beleza?
A convocação de Endrick, do Palmeiras, e de Paulinho, do Atlético Mineiro, pela primeira vez na seleção, além de outros novatos chamados para disputar a nova etapa das eliminatórias da Copa, são o primeiro sinal de que o interino Diniz está iniciando uma nova era, sem medo de ser feliz.
E, se de repente, com outros jovens como Vitor Roque, do Athetico, e Marcos Leonardo, do Santos, que ficaram de fora desta vez, a seleção voltar a encantar a torcida, o que a CBF vai fazer? Terá coragem de tirar Diniz para cumprir o misterioso acordo com o italiano Ancelotti para assumir a seleção no meio do ano que vem?
O sempre atilado José Trajano, cronista do futebol e da vida, nosso entrevistado no “Segunda Chamada”, do My News, nesta segunda-feira, levantou uma intrigante questão em que eu não tinha pensado.
No final do ano, o Fluminense deve disputar pela primeira vez o mundial de clubes, depois de conquistar o inédito título de campeão da Libertadores, provavelmente contra o Real Madri, campeão europeu, o novo time de Endrick no ano que vem.
À primeira vista, trata-se de missão quase impossível derrotar o poderoso time espanhol de Vinicius Jr. e Rodrygo, duas estrelas da seleção de Diniz. Mas no futebol, como estamos vendo agora com o Botafogo correndo o risco perder o título nacional que parecia ganho há duas semanas, depois de ficar na liderança do Brasileirão o ano inteiro, nada é impossível. Que o diga o José Trajano, que torce para o Ameriquinha carioca, time da segunda divisão, que agora foi comprado pelo Romário.
Quem podia prever que o Bragantino fosse disputar o título nacional nas rodadas finais, com boas chances de ganhar?
Sim, e daí? Daí que, se a psicologia de Fernando Diniz, com um time bem mais barato, surpreender o bilionário e poderoso Real Madri, trazendo a taça, quem na CBF terá coragem de demitir o técnico com data marcada tanto tempo antes?
O bonito do futebol é a sua imprevisibilidade, para o bem ou para o mal. Ninguém ganha jogo só com a camisa, antes da bola rolar em campo. Quem não arrisca, não petisca. O elétrico treinador interino, enquanto cuida agora da seleção na data Fifa, que vai parar o Brasileirão, já botou o Fluminense para treinar pensando na decisão do mundial.
Assim como seu êmulo, o espanhol Josep Guardiola, 52, o mineiro Fernando Diniz, 49, não reinventou o futebol, mas devolveu-lhe a beleza, com a bola tocada de pé em pé como num balé, sempre na vertical, em busca do gol. Para esses dois símbolos da nova geração de treinadores, o importante não é só ganhar jogos e títulos, mas dar espetáculo e encantar a torcida até dos adversários, como fazia a antiga seleção brasileira de tantas glórias e tradições, única penta campeã mundial.
O hexa já não será tão impossível assim, como nos tempos de Tite, Neymar e cia. bela. Diniz pode nos devolver a alegria de vestir a camisa amarela e voltar a vibrar com a seleção brasileira. Como o Trajano, eu também sou otimista.
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