A ascensão de Arthur Lira reabre os diálogos da Câmara com o Planalto
por Vitor Hugo Gonçalves em 19/10/21 17:37
A posse do líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), como presidente da Câmara dos Deputados despertou a atenção – bem ou mal – acerca da cooperação estrutural entre a Casa e o Planalto.
Nos últimos dois anos, o Palácio do Planalto culpou a relação com o ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelos entraves das agendas políticas e econômicas defendidas pela base do governo.
Apesar da escolha agradar os interesses de Bolsonaro, o novo cenário ainda é de incertezas. A maior delas está na manutenção da coalizão de apoio a Lira, essencial para o prosseguimento de reformas administrativas, bem como para atenuar ou inflar a pressão sobre um processo de impeachment presidencial. Essa é a avaliação do cientista político, professor da FGV EBAPE e colunista do Estadão, Carlos Pereira
“O Centrão está dominando o governo, mas isso não significa que esteja dominando o Congresso. Essa maioria que se forjou em torno do Lira e do Pacheco não necessariamente vai ser reproduzida em ações concretas do governo Bolsonaro, pois os partidos do Centrão não conseguem dar maioria para o governo, são uma coalizão minoritária”, analisa Pereira.
O professor explica que o jogo está aberto e as negociações, fomentadas pela tramitação de projetos, devem prosseguir no modelo tradicional.
“O Centrão vai funcionar muito mais como um ator de veto contra iniciativas que o governo identifique como não bem-vindas do que propriamente como um ator proativo”, concluiu.
A dificuldade será manter essa coalizão estável, com as promessas eleitorais do novo presidente da Câmara, além das negociações e alocações de cargos nos ministérios. “Para que essa coalizão se sinta engajada com o governo, ela precisa ser recompensada proporcionalmente ao peso político que ela representa. Não está claro ainda se Bolsonaro será capaz de manter essa coalizão de maneira tranquila e consistente”, esclareceu o cientista político.
Receoso, o mercado assiste a ascensão de Lira tentando encontrar manifestações comerciais positivas nos discursos do parlamentar, como afirm Fábio Passos, CIO da companhia Indosuez.
“A grande dúvida é se Lira será realmente capaz de entregar aquilo que ele prometeu. Essa lua de mel durou muito pouco tempo, a paciência do mercado está relativamente curta em relação à Câmara e ao Congresso como um todo. Para mim, por enquanto, há um grande ponto de interrogação, não compro esse cenário que a gente está vendo, onde uma base vai entregar uma série de reformas. Muito pelo contrário, acredito que continuará havendo muitas negociações, mudando somente o agente que está à frente delas”.
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