Alexander Lukashenko é conhecido como o último ditador da Europa. Ele está no comado de Belarus há quase 30 anos
por Hermínio Bernardo em 29/05/21 09:50
Em agosto de 2020, Alexander Lukashenko foi reeleito mais um vez presidente de Belarus com mais de 80% dos votos. A fraude nos resultados é evidente e manifestantes foram às ruas. A polícia agiu com truculência, milhares de pessoas foram presas. Há denúncias de torturas nas prisões do país, além da prisão arbitrária de jornalistas e opositores.
Nesse cenário, o regime autoritário de Belarus ordenou que um avião comercial da empresa Ryanair, que saiu da Grécia com destino à Lituânia, desviasse a rota e fizesse um pouso de emergência em Minsk, capital de Belarus.
Um caça acompanhou o avião até o aeroporto. O governo bielorrusso alegou que havia uma ameaça de bomba para o pouso. Não havia nenhum explosivo e a polícia prendeu o jornalista Roman Protasevich que estava na aeronave.
A oposição e a comunidade internacional acusam Lukashenko de sequestrar uma aeronave comercial. Protasevich estava em uma lista de procurados do governo de Belarus pelos protestos de 2020.
A Otan e a União Europeia repudiaram a ação e exigiram explicações. Companhias aéreas passaram a evitar o país. Os Estado Unidos anunciaram sanções econômicas.
Em Belarus, as mulheres estiveram na linha de frente nos protestos a favor da democracia. Elas fizeram cordões de isolamento para tentar impedir a violência policial. Com mulheres como as principais opositoras políticas, Lukashenko já fez inúmeros comentários machistas e misóginos.
Personalidades públicas e ativistas formaram Conselho de Coordenação, que se opõe à ditadura e busca uma transição democrática. Neste grupo está Svetlana Aleksiévitch, a escritora mais celebrada do país e vencedora do Nobel de Literatura em 2015.
Em “A guerra não tem rosto de mulher”, Svetlana Aleksiévitch traz relatos da Segunda Guerra Mundial a partir do olhar feminino. A revolução é uma palavra feminina.
“A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram.”
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