Integrantes do G7 acreditam que ato final pode desviar o foco das investigações e caracterizar falta de isenção
por Juliana Braga em 14/09/21 10:40
A cerimônia de encerramento da CPI da Pandemia, com a participação de familiares de vítimas da covid-19, está dividindo os integrantes do G7. Alguns dos senadores acreditam que o ato pode tirar o foco das investigações e, ainda, caracterizar falta de isenção do relatório. O receio é de que o tiro saia pela culatra e a ação acabe enfraquecendo em vez de fortalecer o relatório final.
O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), apresenta o seu parecer na próxima semana. Ele tem defendido um grande ato para marcar o final da CPI, que começou com bastante holofote, mas chega ao final mais morna.
A ideia, no entanto, não é consenso entre os parlamentares do grupo majoritário do colegiado. Segundo um deles, o assunto ainda será debatido entre eles essa semana e pode ser engavetado caso não haja maioria.
Segundo o colunista do Metrópoles Guilherme Amado, o presidente e o vice do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), convidaram Paula Lavigne para a cerimônia final. Segundo conta, seria pró-bono, ou seja, de maneira voluntária. Ela está em Portugal, onde acompanha a turnê do cantor Caetano Veloso, e retorna na próxima semana.
A cúpula pretende fazer uma homenagem aos quase 600 mil mortos pela pandemia no país. A ideia é convidar um familiar de vítima pela covid de cada unidade da federação e cada um leria uma mensagem, conforme detalhe Guilherme Amado. Há previsão ainda de ser interpretada a música “Aos nossos filhos”, de Ivan Lins, famosa na voz de Elis Regina.
Com previsão de leitura do relatório final no próximo dia 24, a CPI da Pandemia terá nesta semana os últimos depoimentos. Apesar de formalmente poder seguir até novembro, segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), em participação no ‘Segunda Chamada‘, a previsão é de conclusão dos trabalhos pelo timing político. O parecer de Renan Calheiros deve sugerir o indiciamento de autoridades, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por crimes comuns, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade.
“A gente acabou de receber o relatório dos juristas. A comissão que é comandada pelo Miguel Reale e que fez uma análise de documentos que a gente foi revelando. A gente deve ter o indiciamento de autoridades, inclusive do presidente da República, por crimes comuns, de responsabilidade e contra a humanidade. Tudo isso devidamente comprovado nos autos da CPI”, detalhou.
Alessandro, no entanto, destacou que algumas linhas de investigação não foram concluídas. “Tem coisas que se chegou a pensar em fazer na CPI e que por conta da experiência – eu sou delegado de polícia – eu já alertava que a gente não conseguiria fazer. Você não vai conseguir investigar lavagem de dinheiro e crime organizado numa CPI. Não pode fazer uma interceptação, não pode fazer uma busca, não pode fazer um acordo de delação. Como vai fazer isso numa CPI?”, explicou o senador, acrescentando que apesar de haver indícios, esses crimes demandam uma investigação mais aprofundada.
O senador destacou que o objetivo da CPI era apurar ações e omissões do Governo Federal e apurar também desvios de verbas federais dos estados – mas essa parte o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que não era da alçada do Senado. “A primeira parte, que era ações e omissões do governo, foi exaustivamente apurada. A gente comprovou que Bolsonaro, deliberadamente, escolheu um caminho equivocado no combate à pandemia. Escolha política dele, que foi a todo tempo testada pelos técnicos, que informavam o caminho correto. Bolsonaro fez o contrário e até hoje ele desinforma, até hoje ele ataca as vacinas. É difícil encontrar algo mais grave para qualquer pessoa, ainda mais para um presidente da República. Isso tudo vai estar no relatório”, disse o senador.
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