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Juliana Braga

Militares temem que Lula mexa na Lei de Anistia

Militares sustentarão Lula caso o petista seja eleito em 2022, mas há receio de que haja uma postura revanchista do ex-presidente

por Juliana Braga em 10/08/21 10:42

Procurados por emissários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, militares de alta patente têm resistido em abrir um canal de diálogo com o petista. O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim e o ex-governador do Acre Jorge Viana têm feito contato com os fardados, mas, até o momento, têm encontrado pouca abertura. Generais ouvidos pelo MyNews afirmam que darão sustentação a seu governo, caso seja eleito, mas temem que, no poder, Lula reveja a Lei de Anistia e decida puni-los por crimes cometidos na ditadura.

Ex-presidente Lula durante formatura da Academia Militar das Agulhas Negras.
Ex-presidente Lula durante formatura da Academia Militar das Agulhas Negras. Foto: Ricardo Stuckert (PR)

A Lei de Anistia foi sancionada em 1979 pelo então presidente João Baptista Figueiredo. Concedeu perdão aos perseguidos políticos, permitindo que exilados retornassem ao país, e também aos militares que tivessem cometido crimes em nome do Estado. Abriu caminho para a redemocratização do Brasil, que viria anos depois.

A desconfiança dos militares com Lula vem da postura com a qual a ex-presidente Dilma Rousseff lidou com a Comissão Nacional da Verdade, criada por ela em 2011. Na avaliação majoritária no Exército, a comissão foi parcial ao só perseguir crimes praticados pelos militares e não os poupou no relatório final. 

Por isso, após o governo de Jair Bolsonaro, no qual as Forças Armadas se envolveram diretamente, inclusive ocupando cargos de destaque, há receio de que em uma postura revanchista, a Lei de Anistia seja revista, permitindo a punição pelos crimes cometidos após 1964. Os generais afirmam que tal hipótese seria “inadmissível”.

Terceira via

Em conversas reservadas, os fardados expressam preferência por uma via alternativa, fora da polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro. O discurso de enfrentamento de Bolsonaro e a sucessão de crises institucionais também desagrada, embora seja mais “tolerável”. 

A preferência é por um candidato civil, mas não está descartada a possibilidade de o vice-presidente Hamilton Mourão disputar as eleições como cabeça de chapa.

A tentativa de Lula de se aproximar da ala militar foi tema do programa ‘Café do MyNews‘ desta segunda-feira (9).

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