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Anúncio de Mourão sobre Amazônia repercute negativamente entre ambientalistas

Mourão confirmou a implementação do Plano Amazônia 21/21, que substituirá Operação Verde Brasil 2, dirigida por militares

por Vitor Hugo Gonçalves em 11/02/21 15:31

O pronunciamento do vice-presidente Hamilton Mourão, dirigente do Conselho Nacional da Amazônia, sobre a substituição da Operação Verde Brasil 2, comandada por militares, pelo Plano Amazônia 21/21, teve repercussões negativas dentro dos setores ambientalistas. As opiniões contrárias são referentes às falas de Mourão sobre a participação efetiva das Forças Armadas para o combate aos crimes ambientais.

Órgãos ligados ao meio ambiente, como o Observatório do Clima e a Comissão Pró-índio, se posicionaram publicamente, afirmando que as tropas enviadas pelo planejamento federal não possuem o mesmo treinamento que os agentes de entidades ambientais, além de que as ações para frear o desmatamento também foram dificultadas pelos discursos de afrouxamento da legislação corroborados pela gestão Jair Bolsonaro.

Nas redes sociais, houve contestação sobre o emprego das Forças Armadas em detrimento dos profissionais competentes ao setor ambiental. “E se eu falar pra vcs que as “fontes de inteligência” que deram esse dado foram servidores do IBAMA?”, argumentou um usuário crítico à medida, referindo-se ao discurso de Mourão.

A união de diferentes instituições, como a proposta de incorporar o Instituto Chico Mendes (ICMbio) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), catalogada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em outubro de 2020, também retornou às pautas de discussão: “um atraso sem igual…”, afirmou um perfil do Twitter em resposta à publicação oficial do general Mourão.

Crimes ambientais

As 11 cidades que mais sofreram com o desmatamento na região amazônica representam 40,5% do total de mata perdida entre agosto de 2019 e julho de 2020, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).

A informação foi veiculada após o pronunciamento do vice-presidente Hamilton Mourão, o qual afirmou nesta quarta-feira (10) que 70% dos crimes ambientais na Amazônia ocorrem nesses 11 municípios, divididos por quatro estados: Pará (Itaituba, Rurópolis, Portel, Pacajá, São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso); Amazonas (Apuí e Lábrea); Rondônia (Porto Velho); Mato Grosso (Colniza).

“Levantamos que 70% do desmatamento, ou dos crimes ambientais, vamos colocar assim, ocorrem em 11 municípios”, comunicou o vice.

Mediante esse cenário, Mourão disse que os locais serão considerados “áreas prioritárias” do governo para a condução da fiscalização na região, principalmente depois do término das ações com militares das Forças Armadas, previsto para 30 de abril.

O vice-presidente se manifestou publicamente após comandar a reunião do Conselho Nacional da Amazônia. Durante o encontro, o general da reserva apresentou o Plano Amazônia 21/21, substituto da Operação Verde Brasil 2, dirigida pelos militares.

O vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Hamilton Mourão.
O vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Hamilton Mourão. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom (Agência Brasil).

A fiscalização voltará, então, a ser exercida majoritariamente pelos órgãos civis, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Como essas entidades compreendem um número menor de agentes em comparação direta com as Forças Armadas, o desenvolvimento das ações será concentrado.

“Esses 11 municípios foram elencados como as áreas prioritárias, uma vez que concentrando os nossos esforços nessa região, temos condições de obter uma redução significativa desses crimes ambientais”, complementou Mourão.

Ainda de acordo com o vice, o governo pretende dispor da cooperação de órgãos voltados para o meio ambiente, como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além da presença das polícias locais.

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