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REFORMA TRABALHISTA PARA QUEM?

Madalena da Silva viveu meio século em regime análogo à escravidão

Madalena Santiago da Silva tem 62 anos e durante cerca de cinco décadas viveu em regime análogo à escravidão em casa de família na Região Metropolitana de Salvador.

Em 04/05/22 10:18
por Mara Luquet

Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.

O trabalho escravo no Brasil é muito mais sério do que se pensa. Madalena Santiago da Silva viveu cerca de 50 dos seus 62 anos em regime de escravidão! MEIO SÉCULO! Ela chegou à casa da família de Sônia Leal, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, ainda criança e nesse meio século ninguém, NINGUÉM, notou que tinha alguma coisa de errado.

O caso ainda está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia, mas Madalena relata ter chegado à casa da família aos 8 anos de idade, já Sônia, a ex-patroa, diz que ela teria começado a trabalhar com 16 anos. Isso não descaracteriza o horror da história.

Preste atenção aos números:
com 8 anos começou a trabalhar,
aos 62 anos foi resgatada,
há 80 anos foi criada a CLT.

Na campanha eleitoral fala-se muito em reformar a reforma trabalhista do então presidente Michel Temer, mas a verdade é que a legislação antes e depois de Temer não foi suficiente para proteger Madalena. É preciso aplicar a lei.

O que a história de Madalena mostra é que o Brasil precisa de reformas profundas. Reformas políticas, sociais, culturais e econômicas.

A proposta de reforma trabalhista de Temer acenava com geração de empregos, deixando a carga mais leve para que o capital pudesse investir na produção. Na prática, a reforma aliviou o fardo trabalhista cortando a remuneração do fator trabalho, a criação de vagas não se confirmou e o arcabouço de proteção se deteriorou.

Madalena Santiago da Silva. Foto: Ministério Público do Trabalho da Bahia (Divulgação)

Quantas Madalenas ainda precisam ser resgatadas? Ou você realmente acha que este é um caso isolado? Senhores candidatos ao executivo e ao legislativo, o que vocês propõem para conseguirmos eliminar a escravidão no Brasil?

A pequena Madalena chegou à casa da família do cidadão de bem em Salvador para ser escrava. E nenhum vizinho, amigo ou parente estranhou o fato dessa criança estar servindo aos patrões sem perspectiva de futuro, sem proteção, sem sequer salário.

Não acredito em salvadores da pátria, o mito da ação pessoal como motor da história. Mas, como reconhecem os professores Pedro Paulo Zahiuth Bastos e Pedro Cezar Dutra Fonseca, organizadores do livro “A Era Vargas”, em certas circunstâncias históricas, sobretudo em momentos de crise profunda do modelo econômico, social e político de um país, a ação política assume papel crucial para encaminhar soluções emergenciais e rotas estratégicas para o desenvolvimento nacional.

Nessas conjunturas, o papel de estadista é fundamental para delinear linhas de ação e liderar forças políticas em direção a novos rumos.

Encontrar um estadista não é uma tarefa simples, mas é possível. Agora ainda mais relevante é fazer bom uso da oportunidade que temos este ano de contratar gente competente no legislativo e executivo, com diagnóstico e prescrições que consiga tratar este país tão doente.

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