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Natália Fernandes

Google vai parar de vender anúncios com base nos seus dados de navegação

Medida é resposta às crescentes preocupações dos usuários com questões relacionadas à privacidade

por Natália Fernandes em 08/03/21 17:43

Nesta semana o mundo da tecnologia voltou os olhos para a notícia: o Google não vai mais usar os dados de navegação dos seus usuários para venda de publicidade.

Se você entendeu o que isso significa, sabe que a notícia impacta bastante esta indústria. 

Se isso não está claro, vou contextualizar com base em algumas experiências que provavelmente você já viveu para entender a decisão de uma das maiores empresas de publicidade digital do mundo.

O que significa usar dados de navegação de usuários para venda de publicidade?

Se você já notou que estava vendo anúncios de um produto que acabou de procurar na internet, saiba que não era coincidência. Trata-se de tecnologias que rastreiam a navegação de perfis de usuários em sites enquanto estão na internet e que combinam estes dados para venda de anúncios mais eficientes.

Isso garante que tanto a publicidade seja mais eficiente ao mostrar anúncios para pessoas certas, quanto você veja produtos que estejam mais alinhados com os seus interesses.

Por que o Google está mudando esta abordagem?

A tecnologia para entrega de anúncios evoluiu muito ao longo dos anos e trouxe a proliferação de inúmeras práticas para uso de dados. Por maior que fosse o cuidado para realização de práticas seguras por algumas empresas, os escândalos com uso indevido de dados levaram a um problema de confiança na internet. 

Segundo dados do Pew Research Center divulgados pelo próprio Google, 72% das pessoas sentem que quase tudo o que estão fazendo na internet está sendo monitorado, enquanto 81% entendem que o potencial risco enfrentado ao expor seus dados não valem os benefícios que encontram na internet.

A resposta do Google está em usar tecnologias que analisem os hábitos de navegação dos usuários em seus dispositivos e permite que os anunciantes tenham como alvo grupos agregados de usuários com interesses semelhantes, em vez de usuários individuais. Por enquanto, a mudança não afeta ferramentas de anúncios e identificadores exclusivos para aplicativos móveis, vale apenas para sites.

O que isso indica para o mercado?

Isso pode acelerar uma revolução da indústria da publicidade digital como conhecemos hoje por dois motivos principais. 

O primeiro é que este aceno ao mercado veio de uma empresa de peso, o Google foi responsável por 52% dos gastos globais com publicidade digital do ano passado. Ao adotar esta postura, ele pressiona toda uma cadeia que sustenta parte da publicidade que conhecemos hoje e que movimenta bilhões de dólares anualmente que é composta, inclusive, por seus concorrentes.

O segundo é que ao firmar este posicionamento ele reitera o compromisso com uma internet que atenda às crescentes preocupações que as pessoas têm sobre suas privacidades. Firmando um caminho sem volta rumo à segurança de dados e maior responsabilidade. 

Ao dar este passo, fica evidente que a privacidade cada vez mais se sobrepôs à má gestão e uso dos dados individuais que vêm sendo feitos na internet como conhecemos hoje. Ufa! Que mais e mais posicionamentos nesta magnitude venham nos próximos meses. 

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