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Natália Fernandes

Humanos virtuais podem aumentar a conexão com marcas?

Com milhares de fãs e contratos milionários, representações virtuais de seres humanos já fazem parte do seu dia a dia

por Natália Fernandes em 23/04/21 10:32

O cinema já faturou milhões de dólares com histórias em que humanos desenvolvem conexões emocionais com robôs. O que parecia parte de um enredo de ficção científica tem se aproximado cada vez mais da realidade com os “humanos virtuais”, que estão presentes nas redes sociais, Youtube e até produção musical, colaborando com marcas e gerando engajamento com milhares de seguidores.

O termo “humanos virtuais” inclui qualquer representação virtual realista de um ser humano, ficcional ou não, e ainda é alvo de curiosidade e desconforto entre muitos. Por sua fisionomia, linguagem e forma como se apropriam dos nossos hábitos e desejos, podem transformar a maneira como nos conectamos com marcas e nosso ambiente social de maneira única.

Sophia, robô humanoide desenvolvido pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, capaz de adaptar-se ao comportamento humano e trabalhar com seres humanos.
Sophia, robô humanoide desenvolvido pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, capaz de adaptar-se ao comportamento humano e de trabalhar com seres humanos. Foto: ITU Pictures (Flickr).

Poder de conexão e as marcas

Dependendo do contexto em que estão inseridos, também são chamados de influenciadores virtuais. E neste segmento já existem dezenas de perfis que podem ser contratados para cumprir um senso de conexão com marcas e potencializar as vendas.

Uma das mais conhecidas é a Lil Miquela, que acumula no Instagram mais de 3 milhões de seguidores. Quem pesquisar na plataforma pelo perfil @lilmiquela poderá encontrar uma jovem “humana virtual” que já fez campanhas para marcas como Givenchy e Prada, lançou hit no Spotify e até “veio” para o Carnaval de Salvador no Brasil em 2020 para um trabalho com a artista (da vida real) Pabllo Vittar.

Cenário brasileiro 

Visando a possibilidade de se vender sentimentos, produtos e criar trocas significativas com seus públicos, a empresa Magalu tem dado força à sua personagem virtual “Lu da Magalu”. Ela já foi considerada uma das maiores influenciadoras digitais do Brasil e fala com propriedade sobre tecnologia, conquistando 2.5 milhões de inscritos no Youtube e 5 milhões de seguidores no Instagram, além de ter presença ativa no TikTok, por exemplo.

Na mesma linha, vieram também as criações “Nat da Natura” e “CB” das Casas Bahia, este último, a versão atualizada do conhecido mascote da marca Bahianinho. Estes influenciadores são capazes de se comunicar por meio da linguagem corporal e pistas não-verbais – como contato visual – provocando respostas emocionais mais fortes nas pessoas e permitindo experiências mais significativas.

A personagem 'Lu da Magalu' é considerada uma das maiores influenciadoras digitais do Brasil.
A personagem ‘Lu da Magalu’ é considerada uma das maiores influenciadoras digitais do Brasil. Foto: Reprodução (Redes Sociais).

Considerações éticas

Por um lado, os humanos virtuais possibilitam cenários controlados e muito mais customizados para geração de conteúdo com as marcas. É quase zerado o risco de comportamentos inesperados das celebridades que possam ferir as marcas e gerar quebras de contrato, como frequentemente vemos no mundo das celebridades. Por outro lado, há ainda um custo alto para manutenção destes personagens e equipe altamente especializada que exige habilidades ainda pouco pulverizadas no mercado.

Além disso, considerações éticas precisam ser lembradas. Não apenas são apropriadas as fisionomias humanas para criação de novos humanos virtuais, como celebridades falecidas têm voltado às telas por meio de computação gráfica ou simulações de celebridades já conhecidas.

Nem sempre a tecnologia caminha com a mesma velocidade dos debates éticos e consolidação de legislação que pode amparar a sociedade para uso benéfico destes recursos. Diante disso, se faz necessário uma sociedade ciente e educada para navegar em meio a um cenário digital para que tanto empresas, quanto sociedade possam usufruir dos caminhos tecnológicos.

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