Governo ainda finge que tenta incorporar um grau de realismo na divulgação da fatura, mas isso fica na tentativa, ou apenas nos pensamentos
por Deysi Cioccari em 06/08/24 12:30
Quase R$ 5 bilhões foram destinados ao Fundo Eleitoral nas eleições de 2024| Foto: Pixabay
Enquanto escrevo este texto sobre o rombo nas contas públicas, a ginasta Rebeca Andrade faz algo impensável para os padrões brasileiros: ganha o ouro no solo, deixando a americana Simone Biles, com toda a máquina dos Estados Unidos, em segundo lugar. Uma notícia positiva, finalmente, num país mergulhado no caos, na falta de incentivo e de prioridades. Me pergunto como essa atleta de Guarulhos consegue fazer milagre num país que parece fadado ao desfiladeiro. Fosse economista, mesmo com todo seu brilhantismo, acho que nem Rebeca teria a solução para as contas públicas do Brasil.
E é nesse momento que deixo minha euforia de lado e volto ao tema desse texto: o abismo chamado Brasil. Caso você não esteja acompanhando o programa Além das Manchetes, aqui mesmo no MyNews, você está perdendo informações fundamentais para entender o que está hoje nas capas dos jornais: o rombo das contas públicas, que deve chegar a R$ 28,8 bilhões em 2024. Como assim, num país que arrecada tanto? Nunca foi uma situação boa, mas andamos a passos largos rumo ao desfiladeiro desde o governo Dilma Rousseff. De lá para cá, só piorou. A coisa desandou feio com os últimos governos, e nenhum deles deve ser eximido de responsabilidade.
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E por quê falei no MyNews? Porque um dos maiores problemas é, justamente, o déficit da previdência que foi tema de um Além das Manchetes, com o economista Raul Velloso. Ele fez alertas importantes e fundamentados, com gráficos e gráficos sobre o estouro que isso vai dar em poucos anos.
Há também o fato de o teto de gastos ter sido revogado e substituído pelo arcabouço fiscal, que acabou sendo alterado, fazendo com que os gastos crescessem num ritmo acima do permitido e agora se tornando insustentável. Esse é o Brasil.
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O governo Lula se vangloriou de ter feito a economia apresentar uma leve melhora, que não chegava na população por um “erro de comunicação”, mas agora não há explicação que chegue a tempo.
O governo ainda finge que tenta incorporar um grau de realismo na divulgação das contas, mas isso fica na tentativa, ou apenas nos pensamentos. Já que falei tanto na Previdência, um pequeno exemplo é a estimativa do governo subestimada em relação aos gastos com a previdência: o número, segundo especialistas, está errado em mais de R$ 10 bilhões.
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Some-se a isso falas desastradas do presidente como “o problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”, declaração dada em entrevista ao UOL. O cenário perfeito para o caos está montado.
Vamos combinar que esse papo de déficit zero é “para inglês ver”. E com um Estado obeso, inchado, gastão e que nunca, nem em Lula 1, nem em 2, se preocupou com a meta fiscal, não vai ser agora que vai se endireitar. E por que sou tão pessimista? Pelos sinais. Por todos eles. Porque Lula ataca o mercado dia sim, dia não, como se fosse seu inimigo, ataca o Banco Central, não se preocupa com o impacto de suas falas e não demonstrou, até agora, quase dois anos depois da posse, qualquer sinal de mudança. Analistas indicam gastos subestimados, receitas superestimadas. Tudo isso somado aos bloqueios no orçamento, que nem é mais tão secreto. A história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. E, felizmente, com algumas Rebecas no meio.
Qual é o papel dos memes na política e como refletem no mercado?
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