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Política

“Infeliz coincidência”

Desfile militar na Esplanada é bravata, diz ex-ministro da Defesa

Para Aldo Rebelo, a exibição de tanques militares em Brasília é uma coincidência infeliz; ele não acredita que Forças Armadas embarquem em discurso golpista para empoderar Bolsonaro

por Juliana Braga em 10/08/21 12:32

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, que comandou a pasta no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, defende que o Congresso Nacional não pode se intimidar pelo desfile de tanques militares na Esplanada dos Ministérios. A passagem do equipamento acontece no mesmo dia em que será analisada a PEC do Voto Impresso, bandeira do presidente Jair Bolsonaro. Para ele, trata-se de uma infeliz coincidência.

Ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo em entrevista ao programa 'Café do MyNews' desta terça-feira (10).
Ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo em entrevista ao programa ‘Café do MyNews‘ desta terça-feira (10). Foto: Reprodução (MyNews)

“A coincidência é infeliz porque tem essa votação marcada para o mesmo dia, que transformou-se também numa guerra – uma coisa que poderia ser uma decisão técnica sobre a segurança do voto virou uma guerra entre governo e oposição – e também pelo uso que o presidente da República tenta fazer, lamentavelmente, das Forças Armadas“, afirma. 

Referindo-se ao contexto de um possível desrespeito ao princípio democrático das eleições, Rebelo criticou o simbolismo imposto por intermédio da exposição militar: “As Forças Armadas vão ser pautadas pelas intempéries do presidente da República? Porque o presidente da República é uma pessoa que não controla o seu próprio temperamento. […] Isso não é valentia, pois a valentia e a coragem são virtudes geralmente acompanhadas de outras, que é a temperança e a modéstia. A coragem não é exibida como uma bravata, e isso é bravata!”, explicou.

Ele acredita que Bolsonaro, dessa maneira, captura a atenção da oposição e da mídia para desviar a atenção das dificuldades que ele vem enfrentando na Presidência. Na sua avaliação, o presidente terá de lutar pela sobrevivência do seu mandato, porque colhe insucessos na economia, na questão social, na inflação para os mais pobres e pela ameaça de uma terceira onda de coronavírus.

Até mesmo por isso, sustenta, as Forças Armadas não aderem ao discurso golpista.  “Não embarcarão em nenhuma aventura para empoderar uma pessoa que se mostra despreparada para exercício da sua elevada função. A falta de controle verbal enfraquece o Executivo e expõe as Forças Armadas”, declarou.

Por isso, diante da atual situação, o ex-ministro acredita que não há ameaça e que o Congresso precisa fazer o seu papel. “As Forças Armadas não têm o objetivo nem a finalidade de intimidar o Congresso, e o Congresso não deveria também se deixar intimidar por nada. O Congresso é um poder soberano.” 

Ele relata ter exposto equipamentos militares na época em que era ministro também. Ele trouxe o KC 390, um avião cargueiro, para que Dilma pudesse visitar e para entregar os recursos para concluir a experiência com esse avião cargueiro.

Voto Impresso

O Ministério da Defesa marcou para esta terça-feira (10) o desfile na Esplanada dos Ministérios de carros blindados de passagem por Brasília. Eles saíram do Rio de Janeiro no dia 8 de julho, a caminho de Formosa (GO), cidade próxima à capital. Os veículos participarão de um treinamento militar, a Operação Formosa, que acontece anualmente desde 1988. É a primeira vez, no entanto, que o convite para participar do exercício é entregue ao presidente da República em uma parada militar.

O evento acontece no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Arthur Lira, marcou a análise em plenário da PEC do Voto Impresso. Bandeira de Bolsonaro, a proposta foi derrotada na comissão especial que analisa o assunto, mas, mesmo assim, será apreciada pelos 513 parlamentares, em uma iniciativa pouco comum. Interlocutores de Lira afirmam que, dessa forma, o assunto poderá ser enterrado de forma definitiva, já que cabe ao Congresso a definição sobre o uso da urna eletrônica. O voto impresso tem sido o principal motivo de ataques do presidente a ministros do Supremo.

Íntegra do ‘Café do MyNews’ desta terça, com a participação do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo

Quando foi informado do exercício militar, Lira afirmou se tratar de uma trágica coincidência. Mas admitiu que poderia adiar a análise do assunto

Bolsonaro já reconhece a grande chance de o texto ser rejeitado pela maioria dos deputados. Ele atribui uma eventual derrota à articulação do presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, seu alvo mais recorrente nas últimas semanas.

O presidente disse por diversas vezes ter provas de fraude nas urnas eletrônicas e chegou a declarar que, se as eleições fossem limpas, ele teria sido escolhido presidente no primeiro turno em 2018. Instado pelo TSE a apresentar tais provas, Bolsonaro disse ter apenas fortes indícios. Depois de ter elevado a temperatura da tensão entre os Poderes, o TSE abriu um inquérito administrativo, que pode acabar tornando-o inelegível. Além disso, pediu também a inclusão de Bolsonaro no inquérito das Fake News, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), por divulgar informações falsas sobre o sistema de votação.

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