Em primeiro ato, Lira anula votação de cargos da Mesa Diretora

O novo presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP/AL) foi eleito na noite desta segunda-feira (1º) e como primeiro ato anulou a votação dos demais cargos.

A definição dos candidatos da Mesa Diretora (vice-presidentes, secretários e suplentes) é feita de acordo com a proporcionalidade entre os blocos partidários formados para a eleição. Esse cálculo é feito pela Secretaria-Geral da Câmara.

Na eleição, foram formados dois blocos: de Arthur Lira e o de Baleia Rossi (MDB-SP). Lira foi eleito com 302 votos, Baleia teve 145. Pela divisão, Lira ficaria com cinco cargos e Baleia com quatro.

O prazo para inscrição se encerrava às 12h desta segunda-feira. Lira argumenta que o PT – um dos partidos do bloco de Baleia – fez o registro fora do prazo, às 12h06.

Apesar disso, o então presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM/RJ) aceitou a inscrição do PT. Essa aprovação foi revogada por Lira.

Os dois blocos ameaçam recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Com a decisão de Lira, partidos de oposição perdem espaço na divisão de cargos.

Carlos Melo, cientista político do Insper, explica que o movimento do novo mandatário é consequente de uma natureza administrativa arrojada. “Arthur Lira é um deputado com perfil muito forte, impetuoso, advindo das hostes de Eduardo Cunha; é da política de Alagoas, que é bastante competitiva, até mesmo violenta em alguns momentos. Ou seja, é um homem de disputa: uma vaga na mesa pode ser estratégica para seus planos, para a tentativa de controlar os processos”, explicou.

Melo concluiu afirmando que Lira agiu de acordo com essa caracterização: “Mesmo que pareça contraditório ao discurso de união que ele fez logo quando se apresentou como candidato, a mim não causa surpresas”.