Ex-presidente também fala sobre Lula, Ciro Gomes e João Doria em entrevista exclusiva ao Café do MyNews; Tucano afasta risco de “ruptura institucional”
por Thales Schmidt em 18/03/21 15:10
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) faz críticas aos “arroubos militaristas” de Jair Bolsonaro (sem partido), mas não acredita que o impeachment seja a melhor alternativa para o país. FHC diz que prefere que Bolsonaro saia por escolha das urnas.
“Se o povo quiser a continuidade, vai votar pela continuidade. Vou fazer o que? Eu sou contra golpes, inclusive impeachments”, afirmou o ex-presidente em entrevista ao Café do MyNews. “Quando a população começa a se manifestar e os jornais começam a dar eco a essas manifestações e o governo paralisa. Esse é o timing [para o impeachment], quando o governo deixa de ter a capacidade de governar, não creio que seja o caso disso, ainda. Nem espero que haja, porque é ruim para o país”.
Em entrevista ao Segunda Chamada do MyNews, o ex-presidente Michel Temer (MDB) também disse ser contra ao afastamento de Bolsonaro.
Perguntado sobre seu voto em um possível segundo turno entre Lula (PT) e Bolsonaro em 2022, FHC afirma que prefere que este cenário não aconteça e que não tem “horror” a Lula, embora afirme que o petista tenha seus “pecadinhos, todo mundo tem”. “Se ficar entre ele [Lula] e o Bolsonaro, o que eu posso fazer? Espero que não, não é meu voto, meu voto para a volta do PT, porque já mostrou o que faz, não creio que seja o que o Brasil necessita hoje”, avalia o tucano.
Em entrevista à revista Época, FHC disse que sente “certo mal-estar” por ter votado nulo no segundo turno das eleições presidenciais de 2018.
FHC afirma que não acredita que a prisão de Lula após condenação da Lava Jato tenha sido injusta. “Não creio que tenha sido injusta, eu acho que faltou o procedimento legal seguir, como agora vão seguir, mas ele vai ter que outra vez responder o processo, não sei o quê, enfim. Espero que a justiça se cumpra com objetividade, não é para perseguir porque foi presidente, não é isso não, não estaria certo. Mas eu acho que, no caso, houve coisas objetivas, eu não estava lá, não sou julgador da história, mas eu acho que houve, não foi um atropelo da justiça, o processo está formalmente errado.”
O governo federal “não esteve à altura da simbolização desse momento, que é um momento difícil para o Brasil e para o mundo”, acredita FHC. O ex-presidente afirma que as constantes trocas no Ministério da Saúde não transmitem a segurança necessária para o momento.
O tucano afirma que não há uma dicotomia entre economia e vidas, e que é necessário salvar vidas “para salvar a economia”.
Para FHC, o Brasil não vive o risco de uma ruptura institucional, embora o tucano reconheça um cerceamento ao espaço de críticas ao presidente em episódios como a intimação do youtuber Felipe Neto. O ex-presidente criticou fala recente de Bolsonaro, quando o presidente afirmou: “Meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”.
“Eu acho que ‘meu exército’ é um exagero da parte de Bolsonaro, o Exército é nosso, não é dele, não é de ninguém. Meu pai foi general, foi marechal, não, nada contra, ao contrário, os militares. Agora, eu não vejo que exista risco de ruptura, porque eu não vejo que os militares estejam apostando em outra coisa senão na democracia.”
FHC também criticou a facilitação do acesso à armas de fogo, bandeira do Palácio do Planalto: “Eu não sou favorável a esses arroubos militaristas do presidente, nem creio que os militares tenham esse sentimento, eles sabem que a arma é perigosa, é para matar o inimigo, defender o amigo e matar o inimigo. Não é para ter em casa e usar na rua.”
FHC crê que o governador de São Paulo, João Doria, está na frente do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, na disputa para ser o nome do PSDB nas eleições presidenciais.
“Quem é governador de São Paulo tem mais condições, porque já chegou em um estado que é grande, tem mais eleitores. O sul tem capacidade, isso não quer dizer que Eduardo Leite não possa, de repente, surgir, mas depende da capacidade que ele tem de, primeiro, definir o inimigo. Veja o que fez o Lula agora ao sair: definiu logo o inimigo, é o governo. Atacou. Política não tem essa coisa de neutralidade, o centro não pode ser anódino.”
O ex-presidente ainda destacou que Ciro Gomes (PDT) “fala bem”, mas é “instável” e disse que outros nomes podem surgir, como o do apresentador Luciano Huck.
Para FHC, o Brasil tem um “dado positivo” de que “não há corrupção como houve em outros momentos”, mas falta ao país “acreditar que tem um caminho para o Brasil”.
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