Aumento da taxa de desocupados foi fomentado pela pandemia, mas afetou principalmente as mulheres
por Vilma Pinto em 10/03/21 11:52
Anteontem foi comemorado o Dia Internacional da Mulher e hoje foram divulgados os dados de emprego do último trimestre de 2020. O dia 08 de março, é visto por muitos como um dia de homenagens e comemorações, mas para tantos outros também é momento para reflexão. Para refletir sobre este assunto e aproveitando os números recém-divulgados pelo IBGE sobre o mercado de trabalho, vou tentar explorar a questão da desigualdade de gênero no mercado de trabalho, neste período de pandemia.
Para atingir o objetivo proposto, e sem querer esgotar o assunto, é importante fazer uma análise prévia sobre como se comportou a economia em 2020 para, então, traçar seu paralelo com o mercado de trabalho e os diferentes impactos sobre os homens e as mulheres.
A pandemia afetou a atividade econômica de maneira desigual, conforme demonstrado na minha coluna de 16 de dezembro. O setor de serviços, principalmente aqueles serviços prestados às famílias, enfrentam dificuldades para retomada até hoje. As escolas fechadas e o home office trouxeram um desafio adicional no ano de 2020.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), a taxa de desemprego em dezembro de 2020 foi de 13,9%, o que representa aumento de 3 pontos percentuais em relação ao observado em 2019 (11,0%). Quando decompomos os dados entre gênero feminino e masculino, vemos que a taxa de desemprego entre as mulheres foi de 16,4%, ao passo que o observado no gênero oposto foi de 11,9%.
Infelizmente, as discrepâncias entre as taxas de desemprego por gênero não é uma exclusividade da pandemia, de forma que é possível observar o mesmo fenômeno se comparado com anos anteriores. Contudo, quando olhamos para a população na força de trabalho vis-à-vis fora da força de trabalho, vemos que a pandemia acabou afetando ainda mais as mulheres.
A quantidade de pessoas ocupadas em 2020 foi de 86,1 milhões, o que representa uma queda de 8,4 milhões em relação a 2019. A quantidade de mulheres que mantiveram seus empregos (ocupadas) foi de 37,5 milhões, enquanto que este número entre homens foi de 48,7 milhões. Já a quantidade de mulheres desocupadas ficou em 7,4 milhões, enquanto que a quantidade de homens desempregados ficou em 6,6 milhões de pessoas.
Contudo, quando olhamos para a quantidade de pessoas fora da força de trabalho, os números saltam aos olhos. Isso porque houve uma saída desproporcional das mulheres do mercado de trabalho em 2020. Em 2020, a quantidade de mulheres fora da força de trabalho foi de 48,9 milhões (aumento de 6,6 milhões em relação a 2019), ao passo que a mesma medida entre os homens foi de 27,3 milhões, representando aumento de 4,2 milhões de pessoas em relação ao ano imediatamente anterior ao período analisado.
Infelizmente, a pandemia contribuiu para agravar as desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Estudo recente do IBGE sobre estatísticas de gênero, mostra que o nível de ocupação no mercado de trabalho é menor entre mulheres com crianças de até 3 anos frente àquelas que não tem. A pesquisa também mostrou que as mulheres que se dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens.
Assim, a dinâmica desigual da recuperação da atividade econômica – afetando majoritariamente os serviços prestados às famílias e a necessidade de conciliar, em muitos casos, o trabalho (home office ou não) e os cuidados dos filhos em período maior, que por conta da pandemia ficaram sem escola presencial – fez com que aumentasse muito a quantidade de mulheres fora da força de trabalho.
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