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CRISE HUMANITÁRIA

Ao menos 350 afegãos pediram ajuda ao Brasil

Cidadãos tentam fugir do Talibã, que tomou o poder após 20 anos de ocupação norte-americana. Brasileiros foram retirados e afegãos dependem de vistos do Governo do Brasil

por Hermínio Bernardo em 02/09/21 19:19

Cidadãos afegãos tentam deixar o país após a retirada das tropas americanas e a tomada de poder pelo grupo extremista Talibã. Ao menos 350 afegãos entraram em contato com a representação diplomática brasileira e demostraram interesse em deixar o Afeganistão e seguir para o Brasil.

A embaixada do Brasil em Islamabad é responsável por Paquistão, Afeganistão e Tajiquistão. Ao menos 80 pessoas de alguma forma contataram a embaixada diretamente, e outras 270 mulheres que atuam no Poder Judiciário do Afeganistão – juízas, promotoras e mulheres que exercem outras funções judiciárias – procuraram a Associação Internacional de Juízas, alegando perseguição.

Olyntho Vieira - embaixador do Brasil para o Afeganistão
Embaixador do Brasil para Paquistão, Afeganistão e Tajiquistão, relata a situação na região e como brasileiros conseguiram deixar o país/Imagem: Reprodução Canal MyNews

Em entrevista ao Jornal do MyNews, o embaixador do Brasil Olyntho Vieira explicou que a situação depende de um entrave burocrático. Como não são brasileiras, essas pessoas dependem de um visto do governo para chegar ao Brasil.

“Há casos de pessoas que tem parentes e gostariam de ir para o Brasil. Eu contabilizo 80 pessoas que de alguma forma teriam interesse de ir ao Brasil, mas não se encaixam nesse esquema de repatriação de cidadãos brasileiros. Na verdade, eles teriam de pedir um visto, decisão que depende de Brasília e não é uma decisão automática”, disse o embaixador.

O grupo de 270 profissionais da justiça afegã procurou a seção do Brasil da Associação Internacional de Juízas, alegando perseguição. Olyntho Vieira relatou que elas estão se movimentando pelo Afeganistão na tentativa de fugir do Talibã.

“Elas estão se movimentando por meio de organizações internacionais, organizações de juristas. Há contatos com vários países, conversei com colegas e outros embaixadores de países da OTAN, e eles entendem o problema da mesma forma. Há uma enorme simpatia por essas pessoas, por outros grupos também, como defensores de direitos humanos. Não há uma política definida. Os países da OTAN estão extremamente envolvidos na retirada das pessoas que de alguma forma tiveram participação na missão militar que durou 20 anos. Esse é um grupo especial. O assunto está sendo discutido no Brasil e há interesse das autoridades brasileiras para atender essas pessoas”, explicou.

Situação dos brasileiros no Afeganistão

O Itamaraty informou que cinco brasileiros estavam no Afeganistão. Entre eles, três fazem trabalho social e querem continuar lá mesmo depois de o Talibã tomar o poder. Os três atuam na organização internacional Médicos Sem Fronteiras. A organização informou que os três brasileiros estão bem e continuam trabalhando em diferentes locais do Afeganistão.

Os outros dois brasileiros conseguiram sair do país. No total, 13 pessoas foram retiradas: os dois brasileiros e seus familiares. Uma família conseguiu pegar um dos voos de retirada no aeroporto de Cabul. A outra saiu pela fronteira com o Paquistão, depois de não conseguir chegar ao aeroporto.

“Um deles, com seus familiares, conseguiu embarcar e partiu num voo para a Espanha. E até curioso que naquela confusão no aeroporto, eles acharam que estavam indo para a Alemanha e foram parar em Madri. Veja como a situação era caótica. Há uma segunda família que não conseguiu chegar ao aeroporto. Então, eles conseguiram se deslocar por terra até a fronteira com o Paquistão. Chegando lá, a embaixada conseguiu providenciar para que eles fossem internados no país”, contou o embaixador.

Veja a íntegra do Jornal do MyNews, de segunda a sexta, a partir das 18h40, com apresentação de Myrian Clark e Hermínio Bernardo

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