Autoridades do Benin, país da África Ocidental, firmaram um acordo com o governo da França para que a nação europeia devolva 26 artefatos históricos saqueados pelo exército francês durante os anos de colonização do continente africano, no século XIX.
Conhecidas como “Os Tesouros de Abomey”, as peças compostas por altares, ícones e estátuas foram roubadas em 1892, e estavam em exibição no museu parisiense Quai Branly há 18 anos. Com a decisão, a exibição da coleção será prontamente encerrada, e os itens seguirão para Benin, onde um museu está sendo construído na cidade de Abomey com auxílio do governo francês.
A universidade Jesus College, de Cambridge, também anunciou que devolverá uma escultura de um galo, retirada do Reino de Benin por tropas britânicas em 1897 – a obra faz parte do acervo de peças comemorativas criadas pelos povos Edo, grupo étnico da Nigéria descendente dos fundadores do Império Benin.
“Esta é a coisa certa a fazer por respeito à herança e história única deste artefato”, disse Sonita Alleyne, professora da instituição à Reuters. O governo nigeriano agradeceu o ato “pioneiro” e afirmou que está aguardando ansiosamente o retorno de outros artigos por parte de novas entidades.
Historiadores e especialistas em arte concluem que cerca de 90% do patrimônio cultural da África está na Europa. Como parâmetro, apenas o Museu do Quai Branly, abriga cerca de 70.000 objetos provenientes de terras africanas.
A entrega dos itens será realizada nesta quarta-feira (27) em uma cerimônia especial dirigida pela presidente da França Emmanuel Macron. As 26 peças fazem parte de uma lista composta por outras 5.000 solicitadas pela Nigéria.
Será a primeira vez que o país europeu devolverá objetos artísticos à África. Macron indicou que a iniciativa de devolução temporária ou permanente da herança africana teve início em 2017.