Na contramão do aumento de casos de Covid-19 no Brasil e da recomendação de distanciamento social. diversas cidades turísticas brasileiras têm recebido festas ligadas ao Réveillon, muitas delas clendestinas. E a realização desses eventos têm rendido disputas judiciais entre organizadores de festas, promotores do Ministério Público e governos.
Para o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho, que já atuou como empresário no setor de eventos, esses episódios são exemplo de falta de bom senso generalizada — tanto de representantes do setor de entretenimento quanto do próprio Judiciário.
“Num momento de pandemia sequer deveria haver discussão sobre fazer ou não festa no Réveillon. Não deveria ter que judicializar absolutamente nada disso porque é uma questão de bom senso, que evidentemente falta a esses produtores, às pessoas que participam e principalmente daqueles que ganham dinheiro com isso”, disse ele em participação no Almoço do MyNews de quinta-feira (31).
Segundo Botelho, os lucros eventualmente obtidos a partir desses eventos serão superados pelos efeitos posteriores, que devem envolver gastos para para atender a população local que vir a ser infectada.
“A população dessas cidades é que vai pegar o preço pela irresponsabilidade”.
O advogado vê ainda a judicialização das festas clandestinas como parte de um protagonismo excessivo assumido pelo Judiciário brasileiro, o que não é considerado positivo. Ele cita como um exemplo o Supremo Tribunal Federal, corte judicial máxima do Brasil, que tem sido chamado a intervir em disputas diversas entre governadores e governo federal.
“Me preocupa bastante o Judiciário assumir um protagonismo que, muitas vezes, não é necessariamente dele. Na imensa maioria das vezes ele assume esse protagonismo diante da inércia de outros poderes”.