Política

Troca de cadeiras

Em tentativa de coordenação política, Bolsonaro faz mudanças ministeriais

Principal mudança ocorre na Casa Civil, com objetivo de melhorar articulação com o Senado

por Vitor Hugo Gonçalves em 21/07/21 15:51

Em uma tentativa de coordenação política e interlocução com o Senado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou, nesta terça-feira (20), pela realização de três mudanças ministeriais: a entrada do senador Ciro Nogueira (PP-PI) no comando da Casa Civil, substituindo o general Luiz Eduardo Ramos; o repasse da Secretaria Geral da Presidência a Ramos, destituindo assim Onyx Lorenzoni do cargo; a criação do Ministério do Emprego e da Previdência Social, pasta desmembrada da Economia, que ficará sob a gestão de Lorenzoni.

Trocas e criação de ministério são tentativas de coordenação política e interlocução com o Senado.
Trocas e criação de ministério são tentativas de coordenação política e interlocução com o Senado. Foto: Reprodução (MyNews).

A decisão efetiva o desejo de Bolsonaro, evidenciado desde o início de seu mandato, de colar um político governista na Casa Civil – Ciro Nogueira é caracterizado como um dos senadores mais fiéis ao Planalto. Dessa maneira, para além do comando geral dos ministérios, Nogueira terá como principal encargo o desenvolvimento de uma relação mais articulada com o Senado.

Essa manobra de Bolsonaro expressa uma tentativa de comunicação efetiva com a Casa presidida por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), uma vez que, apesar de haver um entendimento entre o chefe do Executivo e o regente do Congresso, é notável o enorme desgaste que o Senado impõe sobre a imagem presidencial – a CPI da Pandemia, por exemplo, evidencia a questão. A indicação de Nogueira, então, visa solucionar ou ao menos amenizar esse embate.

A deliberação sobre os novos ocupantes dos cargos foi tomada em uma reunião na qual participaram Fábio Faria, Onyx Lorenzoni, Luiz Eduardo Ramos, Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Paulo Guedes (Economia) e José Vicente Santini (secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República).

Nova pasta

A fim de manter Onyx Lorenzoni em um cargo relacionado ao poder Executivo, Bolsonaro decidiu pela criação do Ministério do Emprego e da Previdência Social – Paulo Guedes concordou plenamente em ceder parte de sua pasta ao deputado.

Substituto do Ministério do Trabalho, o órgão manterá os programas de criação de emprego, com o governo bancando até metade do salário-mínimo para essas vagas.

A pasta irá desenvolver também um projeto denominado provisoriamente “Alistamento Civil Voluntário”, que promoverá oportunidades de trabalho financiadas pelo poder público, para incluir os cidadãos no mercado e oferecer qualificação profissional.

Ramos derrotado

Nessa troca de cadeiras, o prejuízo maior recaiu sobre o general Luiz Eduardo Ramos. Ainda nesta terça-feira, Ramos se disse satisfeito por ter coordenado a liberação de aproximadamente R$ 7 bilhões em recursos para investimentos governamentais, montante extra que estava bloqueado. Agora, o valor deverá ser consumido pelos ministérios até o final deste ano.

Ramos foi comunicado da decisão após o encerramento das conversas. Chamado ao gabinete presidencial, o general demonstrou insatisfação com o ocorrido, alegando que estava animado com sua atuação frente à Casa Civil.

Como consolo ao militar, Bolsonaro afirmou que Ramos seguiria junto dele, no Planalto, participando ativamente de todas as decisões relevantes. “Tu vai ficar comigo. Tu vai para o céu, vai ter tempo para pensar na Secretaria Geral”, disse o presidente.

No órgão, o general participava ativamente da Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável pelo assessoramento direto ao Presidente da República na condução da política fiscal do governo. Há, agora, um movimento interno para sua permanência no grupo, que visa mitigar a perda de poder de Ramos.

A interlocutores, o militar afirmou que o resultado da troca que implicou em sua saída da Casa era culpa de José Vicente Santini, a quem classifica como “fofoqueiro” e “fazedor de intrigas”.

As trocas ministeriais foram pauta do programa ‘Café do MyNews’ desta quarta-feira (21).

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