Meirelles diz não trabalhar com hipóteses, mas que analisaria na oportunidade, caso convite fosse feito por Lula
por Juliana Braga em 05/11/21 21:51
O secretário de Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, Henrique Meirellles, não fechou as portas para uma eventual composição de chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Café do MyNews, Meirelles disse não trabalhar com hipóteses e relatou só ter aceitado o convite para presidir o Banco Central quando ele foi formalizado. “Se acontecer [o convite], será analisado na oportunidade”, afirmou.
O ex-ministro da Fazenda, hoje filiado ao PSD, anunciou nesta quinta-feira (4) sua candidatura ao Senado pelo estado de Goiás. Segundo ele, o objetivo é eleger-se senador justamente porque lá é onde a agenda econômica está emperrada.
Ele mencionou a reforma tributária e a administrativa como as agendas fundamentais para decidir o destino da economia brasileira e a taxa de crescimento do país. “É um momento do Parlamento, momento no qual de fato o Brasil precisa de aprovação de reformas fundamentais e de uma atuação de quem tem essa experiência na economia, de quem já foi presidente do Banco Central, ministro da Fazenda, [experiência} falando com o mercado internacional”, pontuou.
Lula chegou a acalentar a expectativa de ter Meirelles como vice em sua chapa à presidência. O ex-ministro tem o perfil prioritário para a composição petista: um economista, respeitado pelo mercado, para sinalizar responsabilidade fiscal e estabilidade na economia. Recentemente, chegou a declarar ter muita gratidão. “Vamos ver o que vai acontecer. Como o mundo é redondo, a gente pode dar a volta e pode se encontrar outra vez”, insinuou.
Questionado se aceitaria fazer parte dessa chapa, o ex-ministro não negou. “Hoje o que tem de concreto é: eu sou secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, estou executando o meu trabalho com todo empenho e estou construindo minha candidatura ao Senado. O que acontecer além disso, se acontecer, será analisado na oportunidade”, respondeu.
O secretário enfatizou que não trata de hipóteses e, para dar “um exemplo concreto”, relatou o convite feito pelo ex-presidente para assumir o Banco Central. Ele contou ter sido sondado ainda no meio do ano, em 2002, por interlocutores do petista, solicitando que abandonasse uma candidatura à Câmara dos Deputados. Ele não abandonou e foi procurado novamente em dezembro, com Lula já eleito.
“Discutimos aí na base concreta. Ele me perguntou o que era possível fazer, eu mostrei que era possível sim. Ele me perguntou quais seriam as condições de trabalho, o que eu queria para assumir o cargo. Eu disse que queria autonomia funcional do banco, expliquei como funcionava em outros países, ele aceitou e eu aceitei o convite”, detalhou.
Meirelles também comentou as alterações em debate na Câmara ao teto dos gastos, criado quando ele comandava o Ministério da Fazenda na gestão de Michel Temer. A PEC dos Precatórios foi aprovada em primeiro turno na última quarta-feira (3), em placar bastante apertado, e precisa ser analisada novamente pelos deputados.
Pelo texto, a regra para o cálculo do teto muda e passa a considerar a inflação de janeiro a dezembro do ano anterior, impondo dificuldades técnicas. “Nós só vamos saber de fato qual será o teto para despesas de 2022 em janeiro de 2022, já mais para o final do mês de janeiro, quando nós saberemos de fato qual terá sido a inflação de 2021.”
Ele criticou também a solução adotada de parcelar os precatórios, dívidas criadas por decisões judiciais. Na sua avaliação, trata-se de um calote técnico, mesmo com base jurídica e aval do Congresso Nacional.
Ele comentou ainda o desempenho do ministro da Economia, Paulo Guedes, que recentemente o acusou de não ter feito nada enquanto estava no governo. “Nós fizemos em pouco tempo o que ele não fez, e eles não fizeram nada até agora. Nós aprovamos o teto e eles estão correndo o risco de nem conseguir manter:, afirmou, lembrando que a gestão Temer teve apenas dois anos.
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