Juliana Braga

PT revê estratégia após atos esvaziados do dia 2

Adesão às manifestações de 2 de outubro frustrou o PT, que agora quer segmentar para fortalecer Lula em 2022

por Juliana Braga em 18/10/21 11:56

Depois dos atos de 2 de outubro, quando a adesão foi abaixo do esperado mesmo com o protagonismo do PT, lideranças da legenda querem mudar de estratégia, de olho em 2022. Em vez de organizar grandes manifestações, nos quais a comparação com atos bolsonaristas sempre estará presente, a ideia é segmentar e propor diálogos mais próximos com setores do eleitoral com os quais perderam interlocução. Acreditam que, dessa forma, conseguem retomar um trabalho de base e reorganizar a militância petista, com a qual sempre contaram.

Embora o discurso oficial seja outro, a baixa participação no dia 2 de outubro surpreendeu negativamente lideranças do partido.  Analisando os motivos, chegou à conclusão de que os insatisfeitos com o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) são, principalmente, os desempregados e os que tiveram perdas econômicas, pessoas com menos disponibilidade para frequentar esse tipo de evento. 

Segundo pesquisa Datafolha, Lula venceria o segundo turno contra o atual presidente, Jair Bolsonaro.
Segundo pesquisa Datafolha, Lula venceria o segundo turno contra o atual presidente, Jair Bolsonaro. Foto: Ricardo Stuckert (Agência PT)

Avalia-se também que desestimula a participação as baixas chances de o impeachment de Bolsonaro avançar. Como não veem uma consequência imediata, as pessoas acabam não comparecendo. Esses já foram impactados pelo discurso e, manter as convocações, não agregaria novos eleitores. Pelo contrário, poderia acabar passando uma imagem de falta de apoio, de fraqueza. Fora isso, acredita-se que a organização errou ao pulverizar os eventos – teria sido melhor concentrar em Brasília e São Paulo.

Com esse diagnóstico em mãos, a ideia a partir de agora é reduzir, fazer pequenos comícios, e em vez de chamar para os grandes centros, ir às comunidades. O PT quer retomar o diálogo com as periferias, com as lideranças eclesiásticas, com os sindicatos menores, que sempre fizeram parte da base de sua militância. À medida em que foi crescendo, afirma um de seus dirigentes, o partido acabou se afastando de suas raízes e perdeu a força nas urnas. O resultado das eleições municipais de 2020 mostrou que, ao contrário do que projetavam, o fundo do poço ainda não havia chegado.

Na semana que passou em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já fez um teste do que deve ser, a partir de agora, a atuação política da legenda com a militância. Reuniu-se com um pequeno grupo de catadores de lixo na capital federal. Na ocasião, fez um discurso direcionado e afirmou que poderia ter feito mais pelos pobres.

PT quer reorganizar a base

Faz parte desse esforço, também, um curso oferecido pelo partido de formação de base. Batizada de Nova Primavera, a iniciativa já teve 3 mil inscritos para receber o conteúdo que pretende repensar a forma de fazer política em um Brasil diferente daquele no qual o PT nasceu.

Depois do 7 de setembro, quando o presidente Jair Bolsonaro foi às ruas com seus apoiadores e fez um discurso forte antidemocrático, estimulando o não cumprimento de decisões judiciais, por exemplo, a oposição elaborou um calendário a de manifestações como reação. A ideia era manter pressão contrária a Bolsonaro em um momento em que sua popularidade se mostrava em queda.

O primeiro aconteceu logo na semana seguinte, em 12 de setembro, em pelo menos oito capitais.  Inicialmente com o lema “Nem Lula nem Bolsonaro” – os organizadores mudaram o tom da manifestação na tentativa de atrair partidos e militância de esquerda –, mas essa adesão não aconteceu de fato neste domingo. No Rio de Janeiro foi possível ver faixas com a frase. Além do MBL e do Vem pra Rua, participaram o Novo, o Livres e segmentos de alguns partidos como PDT, Cidadania, Rede, PCdoB, PSB e PV.

Em 2 de outubro, foi a vez dos partidos mais de esquerda convocarem os atos. Além da saída de Bolsonaro, os manifestantes pediam vacina para todos e comida no prato. Também houve mobilização contra a PEC-32, que implementa a reforma administrativa do serviço público.  A expectativa dos organizadores era de que os atos fossem os maiores até então, pois reuniam 21 partidos e diversas frentes políticas e representações da sociedade civil.

Íntegra do programa ‘Café do MyNews‘ de sexta-feira (15), que abordou a mudança de estratégia do PT para convocar manifestantes.

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