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Acompanhe ao vivo: Mandetta depõe na CPI da Pandemia

Ex-ministro da Saúde responde a perguntas dos senadores sobre a covid-19 e as políticas adotadas por Jair Bolsonaro

por Redação em 04/05/21 18:33

Luiz Henrique Mandetta em depoimento da CPI da Pandemia. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) começa a receber depoimentos nesta terça-feira (4) com Luiz Henrique Mandetta, que foi ministro até o dia 16 de abril de 2020.

No pedido de convocação do ex-ministro, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirma que Mandetta “foi exonerado do cargo de ministro da Saúde justamente por defender as medidas de combate à doença recomendadas pela ciência”.

O Brasil registra, nesta terça-feira, 408.622 óbitos causados pela covid-19 e 14.779.529 casos confirmados da enfermidade. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).

A CPI da Pandemia tem como relator Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) como presidente e Randolfe Rodrigues como vice-presidente.

Acompanhe ao vivo

-Após cerca de sete horas, termina o depoimento de Mandetta.

-Nenhum ministro sabia de fala em cadeia nacional de Bolsonaro classificando a covid-19 como “gripezinha”. Ex-ministro sugere influência dos filhos de Bolsonaro no episódio.

-Mandetta diz que defendeu uma campanha de comunicação com explicações sobre a covid-19, mas o então ministro da Secom, Fábio Wajngarten, apostou em uma campanha “ufanista”. “Eles não queriam dar a informação de que se você entrou em contato [com uma pessoa contaminada], fique em casa, não circule, não aglomere”.

-Mandetta afirma que auxílio de R$ 600 pode ter sido aceito porque Governo Federal acreditava que população alcançaria uma suposta imunidade de rebanho em poucos meses.

-“O distanciamento da equipe econômica era real. Eu dialogava um pouco com o segundo escalão sobre algumas questões, mas entre ministros, telefonemas, recados para conversar com o ministro [Paulo Guedes] não eram respondidos”, diz Mandetta.

-Mandetta afirma estar com “a consciência tranquila” por suas decisões enquanto ministro da Saúde. Em referência indireta ao general Eduardo Pazuello, Mandetta diz que Ministério da Saúde não deveria não ser ocupado por profissionais que não são médicos.

-Mandetta afirma que escolha entre economia e saúde é um “falso dilema”.

-Paulo Guedes é “desonesto intelectualmente” e “um homem pequeno para estar onde está”, afirma Mandetta. Ex-ministro diz que o atual ministro da Economia “não ajudou nada”.

-O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) defende o uso da cloroquina contra a covid-19.

-CPI determina que Pazuello será ouvido no dia 19 de maio.

-Mandetta afirma que o ministro da Economia, Paulo Guedes, nunca se interessou em analisar os dados da Saúde. Mandetta diz que Guedes o ouviu pela primeira vez em meados de março.

-“Hoje, 410 mil vidas me separam do presidente”, diz o ex-ministro.

-“Cada vez que se conversava com o presidente, ele compreendia, a gente falava: ‘Não pode aglomerar, não vamos aglomerar, vamos usar máscara, álcool gel’. Então a gente saía de lá animado porque era um corpo total que falava ‘OK’ e ele compreendia, ele falava que iria ajudar. Só que passava dois ou três dias e ele voltava para aquela situação de aglomerar, de fazer as coisas. Isso foi indo até que chegou uma hora que ficou realmente muito difícil para ele me manter no cargo já que eu deixei claro que não abandonaria o cargo jamais”.

-Mandetta afirma que Brasil parou de fazer inquéritos epidemiológicos e mapeamento. “Nós paramos de fazer, esses casos de Manaus, essa cepa, ela foi captada no Japão, por seis japoneses que visitaram Manaus e voltaram para o Japão. Porque nós não fizemos a testagem”.

-“O Brasil não fez nenhum lockdown, o Brasil fez medidas depois do leite derramado, depois que a gente chega e fala assim ‘vai entrar em colapso o sistema de saúde’, então fecha”, diz Mandetta. “A gente foi sempre um passo atrás desse vírus”.

-Ex-ministro afirma que viu papéis tratando da alteração da bula de cloroquina, para prever seu uso contra covid-19, em documentos de reunião ministerial. “Era uma sugestão de minuta, eu perguntei, estava o ministro [Luiz Eduardo] Ramos: ‘Mas ministro, isso daqui é um decreto para quem? Para o presidente?’. Ele disse: ‘Não, não, isso daqui foi pensado, mas está fora de questão, já falei que juridicamente isso daqui não existe’”. Mandetta diz não saber identificar quem teve a ideia de alterar a bula, mas suspeita de origem externa.

-Mandetta afirma que “no mínimo” o principio da cautela, que deveria guiar a medicina, não foi considerado ao prescrever o uso da cloroquina.

-O senador Otto Alencar (PSD-BA) retoma o tema das barreiras sanitárias e destaca origem entre os ricos da enfermidade. Alencar questiona uso da cloroquina sabendo que a maioria dos pacientes de covid-19 tem modalidades leves da doença.

-O senador Marcos Rogério (DEM-RO) defende a “isenção” da CPI e pergunta sobre o papel da OMS na atual pandemia. Mandetta critica o que entende ser uma demora da OMS em declarar que o novo coronavírus era uma pandemia. “Eu acho que eles [OMS] demoraram muito tempo para fazer isso”, diz Mandetta.

-O senador Eduardo Braga (MDB-AM) pergunta qual a razão de barreiras sanitárias não terem sido instaladas nos aeroportos brasileiros no início da pandemia. Mandetta cita a extensão das fronteiras brasileiras e diz que a fiscalização de portos e aeroportos são responsabilidade da Anvisa. “Eu cobrava da Anvisa”, diz o ex-ministro.

-Mandetta diz ter perdidos amigos por não reconhecer usos de remédios sem eficácia comprovada contra covid-19. “Eu tenho um amigo meu que não vacinou pai e mãe, de 95 anos e 90 anos de idade”, diz o ex-ministro.

-Ciro Nogueira (PP-PI) começa a fazer perguntas e Mandetta afirma ter recebido o mesmo questionamento do ministro das Comunicações Fábio Faria. “Acho que ele [Fábio Faria] inadvertidamente mandou para mim a pergunta e quando eu ia responder, ele apagou a mensagem”.

-Girão indaga se Mandetta acredita que “errou” por se opor ao “tratamento precoce”. “Aqui é ciência, aqui é estudo. Eu jamais em minha vida tomei decisões sem estudar”, diz o ex-ministro ao criticar o uso de cloroquina e ivermectina contra a covid-19.

-Girão pergunta se o Consórcio do Nordeste comprou 300 respiradores da “indústria da maconha, empresas que comercializam produtos a base de maconha” e indaga se o ministro sabia da “festa” feita na compra destes equipamentos médicos.

-O senador Eduardo Girão afirma que Bolsonaro pediu que o carnaval não fosse realizado em 2020. Mandetta diz que não teve conversa nesse sentido com o presidente da República.

-Em evento para inauguração de hospital de campanha, Bolsonaro falou em tom de brincadeira “vamos contaminar logo todo mundo”, diz Mandetta. Ex-ministro diz que tese da “imunidade de rebanho” pode ter balizado ações do Palácio do Planalto.

-Bolsonaro foi alertado sobre mortes que aconteceriam por não seguir as recomendações da ciência, diz Mandetta.

-Mandetta diz que foi impedido de fazer reunião presencial com o embaixador da China no Palácio do Planalto e acabou realizando conversa com o representante diplomático de Pequim por telefone.

-Mandetta diz que tinha “dificuldades” com o Ministério das Relações Exteriores e sua postura diante da China porque o Brasil dependia de um bom relacionamento com Pequim para conseguir insumos. “O outro filho do presidente, o deputado Eduardo [Bolsonaro] tinha rotas de colisão com a China”.

-O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) participou de reuniões ministeriais tomando notas, diz Mandetta. Havia “assessoramento paralelo”, diz o ex-ministro. Alterar a bula da cloroquina para prever seu contra a covid-19 foi um assunto tratado pelo governo, afirma Mandetta.

-“Chegou-se uma hora que era um dilema: vou optar pela economia e não pela saúde. Seria natural que o ministro da Economia [Paulo Guedes] tivesse um contato maior com o ministro da Saúde, o que não ocorreu”, diz Mandetta ao ser perguntado sobre quais ministros eram contrários aos seus posicionamentos sobre a pandemia. Ex-ministro também falou que o Governo Federal pediu que ele não falasse em coletivas de imprensa.

-Bolsonaro “compreendia” e aprovava as propostas de Mandetta, mas mudava de posição dentro de dois ou três dias, diz ex-ministro. Bolsonaro defendia cloroquina e isolamento vertical. “Ele [Bolsonaro] tinha, provavelmente, aí eu não saberia dizer, mas provavelmente uma outra fonte”.

-Mandetta diz que fez três projeções sobre o número de mortes causadas pela pandemia em 2020 e que estas estimativas foram entregues a Bolsonaro. Cenário mais pessimista previa 180 mil mortes em 2020.

-Aumento da produção de cloroquina não passou pelo Ministério da Saúde, diz Mandetta.

-Mandetta diz que Presidência da República não apresentou nenhuma “proposta técnica” ao Ministério da Saúde durante sua gestão. “O que havia ali era um mal-estar” e que era “constrangedor” o ministro da Saúde explicar o caminho da sua pasta.

-Mandetta afirma ter escrito uma “carta pessoal” a Bolsonaro no dia 28 de março de 2020. Ex-ministro diz ter entregue a carta nas mãos do presidente da República em reunião no Palácio do Planalto.

-Calheiros pergunta a origem da resistência contra medidas de isolamento social. “Todas as recomendações, as fiz com base na ciência, vida e proteção”, diz Mandetta.

-“Esta doença, ela entrou, diferente de outras doenças infecciosas, ela entrou pelos ricos, ela era uma doença que, no início, estava no Einstein, no Sírio, ela estava no Leblon, na Barra da Tijuca, ela estava em Ipanema, não estava no povão”, diz Mandetta.

-“O SUS é o melhor sistema para aplicar as vacinas, basta tê-las e basta ter os insumos. Fazendo com organização, nós temos histórico de megacampanhas de vacinação”, diz Mandetta.

-Mandetta diz que estratégia de testagem em massa foi interrompida por Nelson Teich, seu sucessor no cargo.

-“Em situação de pandemia, você cria muitas falsas versões, nós combatíamos naquela época, por exemplo, teoria de que cidades quentes, tropicais, não vão ter problema, em me lembro dessa teoria, ela era uma cantilena. Eu alertava Manaus, tinha uma preocupação com Cuiabá. Nós tínhamos a teoria de isolamento vertical, isole só os idosos, não é verdade”, diz Mandetta.

-Mandetta faz relato sobre as normas técnicas editadas em sua gestão no Ministério da Saúde. Ex-ministro cita regras para fluxo de entrada, organização de UTIs e telemedicina.

-Renan Calheiros diz que o “Brasil e o mundo” acompanham a CPI e que o colegiado precisa saber o que criou o quadro “dantesco” da pandemia no Brasil. Calheiros pergunta a Mandetta sobre como foi feito o diálogo com estados e municípios.

-Mandetta segue fazendo uma recordação de suas atividades no Ministério da Saúde antes e durante a pandemia de covid-19.

-Mandetta diz que enviou carta para o ministro da Saúde da China, com quem o ex-ministro diz ter “estreitado relações de amizade”. “A China, nesse momento, havia fechado as exportações de todos os equipamentos de proteção individual, de todos os respiradores, deixando somente para consumo interno”.

-Mandetta afirma que o Brasil questionou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre rumores de um novo vírus em 3 de janeiro. “Somente no dia 24 de janeiro é que a Organização Mundial da Saúde faz a sua reunião para fazer análise da informação da China. A informação que tínhamos era muito primária, nós tínhamos uma informação: trata-se de um vírus novo da classe coronavírus, que faz uma pneumonia e que tem transmissão comunitária e entre humanos”.

-Mandetta faz comentário inicial sobre sua atuação no Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS).

-Mandetta começa a falar na CPI às 11:05. Ex-ministro está com máscara com duas bandeiras do Brasil.

-Aziz defende que Mandetta pode ser o único depoimento nesta terça-feira, com Teich na quarta-feira (5) já que Pazuello não participará.

-“O ministro [Eduardo] Pazuello teve contato com dois coronéis auxiliares dele, nesse final de semana, que estão com covid. Segundo a informação que eu tenho, ele vai entrar em quarentena e não virá depor amanhã”, diz Aziz.

-“Quem decide, no final, sempre será o plenário, e eu vou poder mostrar isso no decorrer do tempo, acontece que nós mal começamos, a gente ia ouvir a primeira pessoa hoje, o ex-ministro Mandetta, nós nem ouvimos ainda”, diz Aziz sobre críticas à sua condução.

-O senador Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), também critica o plano de trabalho do colegiado. Depoimento de Mandetta ainda não começou.

-Rodrigues diz que Nogueira conta com assessoria do Palácio do Planalto. “É uma tropa de choque atrapalhada”.

-“O Palácio do Planalto está tranquilo, não precisa ficar desesperado em nome deles não”, diz Rodrigues em crítica à intervenção de Girão. Rodrigues defende o início do depoimento de Mandetta e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirma que Rodrigues pretende “encobrir os desvios dos governadores.

-“Vossa excelência me pega, no início da sessão para fazer uma questão de ordem de meia hora, aí fica difícil”, diz Aziz sobre a intervenção de Eduardo Girão.

-O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) destaca o papel da CPI na investigação de governadores. Girão é interrompido por Aziz, que pede objetividade do senador.

-Aziz começa os trabalhos do colegiado ao ler os requerimentos do dia.

-Os senadores já estão na sala do colegiado e aguardam Aziz para o início dos trabalhos.

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