Arquivos diplomacia - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/diplomacia/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Tue, 11 Feb 2025 13:05:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Mauro Vieira: retirada de embaixador da Venezuela não é definitiva https://canalmynews.com.br/brasil/mauro-vieira-retirada-de-embaixador-da-venezuela-nao-e-definitiva/ Thu, 14 Nov 2024 01:47:46 +0000 https://localhost:8000/?p=48471 Venezuela convocou o seu embaixador no Brasil para consultas como manifestação de repúdio a declarações feitas por porta-vozes do governo brasileiro

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse hoje (13) que a retirada do embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos ao governo de Nicolás Maduro, não é definitiva. Vieira disse que o procedimento é comum na diplomacia.

“Ele [o embaixador] foi chamado para consultas. E quando ocorre isso é por um período”, disse. “Não ha indicação que a partida do embaixador seja definitiva”, completou o chanceler, que participou nesta quarta-feira (13) de audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para tratar da Venezuela.

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No dia 30 de outubro, a Venezuela convocou o seu embaixador no Brasil para consultas como manifestação de repúdio a declarações feitas por porta-vozes brasileiros, citando especificamente o assessor especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim.

“Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável diminuição do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa de forma alguma que o Brasil deva romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento são a chave para a construção de qualquer solução pacífica e duradoura na Venezuela”, avaliou.

O chanceler disse ainda que a crise política na Venezuela não deve ser resolvida com sanções e isolamento impostas de fora. Vieira defendeu que a resolução da crise no país vizinho, após a eleição presidencial do dia 28 de julho, que resultou na reeleição ao presidente Nicolás Maduro, seja resolvida através do diálogo pelos próprios venezuelanos.

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“A solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos e não imposta de fora com mais sanções e isolamentos. Isso nós já vimos que não funciona. Não podemos cometer os erros que cometemos na época da autoproclamação de Juan Guaidó como presidente”, disse o ministro durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para tratar da Venezuela.

Na avaliação do ministro, a relação com o país vizinho, que compartilha cerca de 2200 km de fronteiras terrestres, com o Brasil, a maior fronteira compartilhada depois da Bolívia e do Peru, foi esvaziada a partir de 2017.

Naquele ano, após 53 dias de protestos violentos, o presidente Nicolás Maduro convocou a eleição de uma assembleia constituinte que funcionou de forma paralela à Assembleia Nacional, o parlamento daquele país, então dominada pela oposição. A tensão política permaneceu no ano seguinte, com o boicote da oposição às eleições presidenciais de 2018, culminando com a autoproclamação de Guaidó, que presidia o parlamento, como presidente interino do país em 2019.

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“Ao longo desse período, o governo brasileiro tinha outro direcionamento político e estimulou apenas um dos lados, em detrimento do diálogo”, avaliou Vieira, afirmando que, atualmente, a diplomacia brasileira tem como princípios a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de controvérsias.

Aos deputados, Vieira lembrou que a defesa do diálogo já havia sido expressa pelo embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, em outra audiência no colegiado. Na ocasião, Amorim disse ser necessário que o Brasil permaneça como um interlocutor junto à Venezuela, apesar dos atritos diplomáticos ocorridos após a eleição presidencial.

Ainda de acordo com o ministro, o interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual o Brasil foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.

Atritos

A eleição da Venezuela foi contestada pela oposição, por organismos internacionais e países, entre eles, o Brasil, pelo fato de os dados eleitorais por mesa de votação não terem sido apresentados.

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No final de outubro, Venezuela acusou o Brasil de vetar a participação dela no Brics, que deve convidar 13 novos países como membros associados. A Venezuela, apesar de querer entrar no bloco, ficou de fora da nova lista, anunciada durante a 16ª cúpula do grupo, realizado em Kazan, na Rússia. O Itamaraty, no entanto, sustenta que o grupo apenas definiu os critérios e princípios para novas adesões.

Israel

Durante a audiência, o ministro também abordou o conflito no Oriente Médio, envolvendo Israel e o Hamas. Veira criticou os ataques do grupo terrorista Hamas que, em outubro do ano passado, mas disse que a reação de Israel é desproporcional. Os ataques do Hamas levaram à morte 1.163 pessoas e 251 foram tomadas como reféns, das quais, segundo o ministro, 100 pessoas ainda são mantidas em cativeiro.

“O que se assiste é uma reação desproporcional que busca ganhos geopolíticos concretos, que nada têm a ver com mera defesa nacional”, criticou. “O que começou como uma ação de terroristas contra civis israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino com, indícios plausíveis de constituir a prática de genocídio, segundo decisão preliminar da Corte Internacional de Justiça”, afirmou.

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Vieira disse que a reação israelense tornou a região de Gaza “um lugar inabitável” e lembrou que Israel já matou mais de 42 mil pessoas, das quais 70% são mulheres e crianças, além de promover incursões na Cisjordânia.

“Hoje Gaza é um lugar inabitável, 66% dos edifícios foram destruídos ou danificados; 85% de suas escolas foram destruídas e 96% de sua população passa fome, incluindo 50 mil crianças em situação de desnutrição aguda. Na Cisjordânia Israel passou a empregar, cada vez mais, a truculência utilizada em Gaza, com o número cada vez maior de assentamentos ilegais, condenados pelo direito internacional e pela comunidade internacional”, lamentou o chanceler que citou ainda a expansão da ofensiva israelense no Líbano, país que abriga a maior comunidade brasileira no Oriente Médio.

“Hoje já se contam 3.189 mortos no país, incluindo dois adolescentes brasileiros e um bebê de 14 meses que embarcaria no dia seguinte em um dos voos de repatriamento para o Brasil. Além disso, há 14.079 feridos e cerca de 1,2 milhão de pessoas deslocadas”, disse. “O Brasil alertava, desde o princípio, contra o risco do alastramento regional do conflito. Infelizmente, esse triste prognóstico se confirmou”, afirmou o ministro.

Assista abaixo ao Segunda Chamada sobre falas de Donald Trump sobre a Venezuela:

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‘Não podemos normalizar isso’, diz jornalista sobre conduta de Milei em relação a Lula https://canalmynews.com.br/internacional/nao-podemos-normalizar-isso-diz-jornalista-sobre-conduta-de-milei-em-relacao-a-lula/ Thu, 04 Jul 2024 15:45:57 +0000 https://localhost:8000/?p=44404 Para Marcos Magalhães, líderes mundiais de extrema direita, como o presidente da Argentina e Donald Trump, não têm jogo de cintura, educação e cortesia

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Não podemos normalizar esse tipo de comportamento, afirmou ao Segunda Chamada de quarta-feira (3) o jornalista Marcos Magalhães, ao comentar a conduta que teve nesta semana o presidente da Argentina Javier Milei em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em meio à tensão crescente entre os dois líderes, Milei decidiu não participar da próxima Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que acontece em 8 de julho, no Paraguai. Em vez disso, confirmou presença na reunião da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), a ser realizada neste fim de semana, dias 6 e 7 de julho, em Balneário Camboriú (SC). O ex-presidente Jair Bolsonaro deve estar presente.

“Estamos normalizando hoje muitos comportamentos políticos, e isso se explica por esse movimento da extrema direita em vários países, como na Argentina, com Milei, nos Estados Unidos, com Trump, e como já houve no Brasil, com Bolsonaro. São pessoas que não têm muito jogo de cintura, jogo diplomático, ou mesmo educação, e o mínimo de cortesia. Eles simplesmente vão e chutam a canela”, diz.

O ex-embaixador da Argentina no Brasil Juan Pablo Lohlé, que também participou do programa, acrescenta que Milei não se importa com as críticas que fazem a ele. Na realidade, tanto não se importa que faz delas uma estratégia de marketing político. Para ele, Brasil e Argentina terão que trabalhar muito para restabelecer essa cultura democrática que se construiu a tanto custo, em termos de vocabulário, protocolo e tantos outros aspectos.

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O professor de Relações Internacionais James Onnig, da Facamp (Faculdades de Campinas), que também participou da conversa, concorda. Ele lembra que Brasil e Argentina têm um histórico de aproximações e afastamentos que acabaram fortalecendo a democracia no final dos anos 1980.

Onnig avalia que, neste momento, Lula fez bem em desistir de uma viagem que faria a ao Porto de Itajaí (SC), a cerca de 20 quilômetros de distância de Balneário Camboriú, neste fim de semana. Para ele, é preciso ter muito cuidado nessa hora para não elevar o nível de tensão. Ao mesmo tempo, é importante que a situação evolua futuramente para um entendimento pela via diplomática.

“Brasil e Argentina construíram pontes que não podem ser destruídas por comportamentos partidários de forma unilateral. Estamos falando aqui de valores civilizacionais que, mal ou bem, nos trouxeram até aqui”, pontua.

Assista abaixo ao Segunda Chamada de quarta-feira (3):

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Crise entre México e Equador impacta em toda a região https://canalmynews.com.br/coluna-da-sylvia/crise-entre-mexico-e-equador-impacta-em-toda-a-regiao/ Thu, 11 Apr 2024 00:34:36 +0000 https://localhost:8000/?p=42884 A polícia equatoriana, a mando do presidente Daniel Noboa, invadiu a embaixada mexicana para prender o ex-vice equatoriano Jorge Glas, violando tratados internacionais

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Uma crise diplomática de grande envergadura abre um terrível precedente na América Latina. No último dia 5 de abril, a polícia equatoriana invadiu a embaixada mexicana em Quito e retirou, literalmente carregado, pelos braços e pelas pernas, o ex-vice-presidente do país, Jorge Glas, que está condenado por atos de corrupção. O episódio levantou uma corrente de repúdio da comunidade internacional, mas o governo do presidente Daniel Noboa não se importou, pois crê que Glas é um “delinquente comum”, e que portanto não merece as benesses de ser um asilado político.

Vamos aos fatos e porque isso se trata de um verdadeiro escândalo.

Jorge Glas, é certo, não é nenhum santo. Durante seu período como vice-presidente de Rafael Correa, cometeu vários crimes de corrupção, entre eles o desvio de verbas da petrolífera nacional. A gestão Correa, aliás, não foi um modelo neste sentido. O próprio ex-mandatário hoje vive entre Bélgica e México e não pode retornar a seu país-natal, uma vez que está também condenado por delitos de corrupção. Ambos falam em perseguição política e “lawfare”, e algum elemento disso de fato existiu nesses julgamentos. Mas que ambos têm explicações a dar à Justiça e à sociedade equatoriana é um fato.

Hoje quem governa o Equador é o empresário de direita Daniel Noboa. Com uma peculiaridade, seu mandato é de apenas 15 meses, se trata de um “mandatário tampão”, eleito para completar o ex-presidente Guillermo Lasso, que saiu depois de fricções intensas com o Congresso.

Por conta disso e por conta de a violência estar batendo recordes no Equador, Noboa carrega a bandeira do presidente linha-dura com a criminalidade, em certos momentos imitando o salvadorenho Nayib Bukele e sua política de tolerância zero. O que Noboa tem em mente é passar a imagem de alguém que está resolvendo o tema de segurança dos equatorianos. E sua intenção é reeleger-se, desta vez para um mandato completo, quando este se termine. Daí fazer de todas suas ações um espetáculo midiático.

Pois Noboa resolveu posicionar-se como um anti-correísta engajado em demonstrá-lo publicamente. Ordenou a invasão da embaixada sem tentar esconder que estava cometendo esse ato que vai contra todos os tratados internacionais de diplomacia que garantem a inviolabilidade das embaixadas. 

A tropa que invadiu o local era numerosa, desproporcional à tarefa, e levou Glas para uma prisão local agredindo o ex-vice e também representantes do corpo diplomático mexicano. O país do norte, historicamente conhecido por dar asilo a perseguidos políticos, chiou alto, e as relações entre os dois países estão cortadas.

Por que a atitude de Noboa está tão errada? Porque só é possível entrar numa embaixada estrangeira com uma decisão judicial e com aviso prévio, além disso, jamais durante a noite.

A comunidade internacional rejeitou com veemência o ocorrido, e tanto governos de direita e de esquerda emitiram notas de protesto, como o Brasil de Lula e a Argentina de Javier Milei. Também os EUA e a Organização dos Estados Americanos.

Por que a rejeição? Porque embaixadas estrangeiras são, entre outras coisas, uma garantia para que nacionais de determinado Estado que sintam que seus direitos estão sendo violados peçam refúgio. É absolutamente inadmissível que uma embaixada seja violada para interferir num pedido de asilo político iniciado por outro país. 

Embora o mundo ficasse boquiaberto, muitos equatorianos elogiaram a atitude de Noboa e ele ganhou ainda mais apoio, principalmente entre anti-correístas. Em seu julgamento, um “delinquente” não poderia ter direito de pedir asilo. 

O caso foi o grande assunto do ambiente diplomático da região. É bastante saudável que a rejeição tenha sido praticamente unânime. Por outro lado, o rompimento de relações entre México e Equador terá reflexo nas relações entre os países e prejudicará os cidadãos de ambos.

Do ponto de vista regional, não é nada positivo que justamente esses dois países estejam de costas um para o outro, num momento em que o crime internacional cruza fronteiras. No Equador, tem atuado cartéis mexicanos, enquanto o México é país de passagem dos imigrantes equatorianos que fogem da violência em seu país e buscam refúgio nos EUA, tendo de passar por seu território.

Ambos os problemas, a imigração e o crime organizado transnacional, podem se agravar em toda a região se esses dois países deixam de ter uma boa relação.

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“Existe um massacre acontecendo”, diz Padilha no programa Roda Viva https://canalmynews.com.br/politica/existe-um-massacre-acontecendo-diz-padilha-no-programa-roda-viva/ Tue, 20 Feb 2024 15:49:36 +0000 https://localhost:8000/?p=42462 Nesta segunda-feira (19), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, falou sobre a declaração do presidente Lula a respeito do conflito na Faixa de Gaza - que se tornou uma crise diplomática

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No domingo 18 de fevereiro de 2024, numa coletiva de imprensa na Etiópia, o presidente Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, extermínio judeu feito pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler. Ao responder à pergunta de jornalista sobre o governo brasileiro ser doador para a Agência da ONU de repasses para garantias de direitos humanitários após suspensão de outros países, disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus

A repercussão da fala foi imediata e rodou as manchetes do Brasil e do mundo de forma polêmica e, em geral, negativa. O governo de Israel tratou classificou Lula como “persona non grata”, uma repreensão grave no mundo da diplomacia e a conversa ocorre, tradicionalmente, a portas fechadas. O embaixador brasileiro em Israel e o Itamaraty foram surpreendidos, porém, com o aviso de que o encontro se daria com a presença da imprensa e no Museu do Holocausto.

Se instalou uma crise diplomática entre Brasil e Israel desde a fala do presidente Lula e a proporção que tomou o caso. A primeira dama e socióloga, Janja Lula, se pronunciou em sua rede social em defesa do presidente “a fala se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises”


O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também se pronunciou sobre a declaração no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar nesta segunda. Padilha comentou todo o caso e também o pedido de impeachment contra Lula, protocolado por 90 parlamentares – sobre este afirmou que “não vai progredir”.

Ao fazer referência a Benjamin Netanyahu, afirmou que é ele o isolado em suas posições e que não se preocupa que a repercussão atrapalhe o lugar do Brasil na política internacional, pois “Netanyahu é passageiro” e as relações de solidariedade entre os países ultrapassam o primeiro-ministro. Reafirma também para os jornalistas da bancada o posicionamento do presidente Lula:

“Existe um massacre acontecendo e tem que acabar o mais rápido possível. Eu torço para que a posição nova dos Estados Unidos mobilize e acabe com qualquer tipo de obstáculo dentro da ONU para que a gente migre para o cessar-fogo o mais rápido possível”

O MyNews debateu o assunto no programa Segunda Chamada e abaixo você pode acessar o trecho já disponível – não deixe de comentar:

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Netanyahu reage a fala de Lula sobre holocausto e convoca embaixador https://canalmynews.com.br/noticias/netanyahu-reage-a-fala-de-lula-sobre-holocausto-e-convoca-embaixador/ Tue, 20 Feb 2024 03:15:18 +0000 https://localhost:8000/?p=42448 Presidente brasileiro classificou as mortes em Gaza como genocídio

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Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.

Reação

Israel reagiu duramente às declarações de Lula. No domingo (18), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a fala do presidente brasileiro equivale a “cruzar uma linha vermelha”.

“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender.”

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, pelas redes sociais, declarou Lula persona non grata em seu país.

“Nós não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que se desculpe e se retrate por suas palavras.”

 

Alckmin diz que posição do presidente Lula é pela paz na Palestina

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira (19) que a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é pela paz na Palestina. “O que ele defende é a paz. O que ele quer é a paz, que haja aí um cessar-fogo no sentido da busca pela paz”, enfatizou após participar de encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Alckmin comentou as declarações de Lula, que lembrou as mortes dos judeus na Segunda Guerra Mundial ao comentar sobre às mortes de palestinos, sobretudo mulheres e crianças, vítimas de ataques israelenses na Faixa de Gaza. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente no último fim de semana.

O vice-presidente enfatizou ainda que, por diversas vezes, Lula condenou os ataques do Hamas contra a população civil de Israel em outubro do ano passado.

Em relação à colocação do presidente Lula, eu acho que é clara a sua posição. De um lado, deixou claro que a ação do Hamas foi uma ação terrorista, isso eu ouvi dele em vários pronunciamentos.

 

Governo chama embaixador do Brasil em Israel para consultas

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chamou para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, que embarca para o Brasil nesta terça-feira (20). Também foi convocado o embaixador israelense Daniel Zonshine para que compareça ainda nesta segunda-feira (19) ao Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro. 

Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, as medidas foram tomadas “diante da gravidade das declarações desta manhã do governo de Israel”. Mauro Vieira está no Rio de Janeiro para a reunião do G20.

Na manhã desta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suas declarações sobre operações israelenses na Faixa de Gaza e declarou Lula persona non grata no país.

A declaração de “persona non grata” é um instrumento jurídico reconhecido e utilizado nas relações internacionais. É uma prerrogativa que os estados têm para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo como tal em seu território.

Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio e criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.


No Segunda Chamada desta segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024, Afonso Marangoni e o comentarista político João Bosco Rabello recebem o mestre em relações internacionais Marcos Magalhães e o filósofo Joel Pinheiro para debater a repercussão do assunto. Confira:

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Lula e Xi Jinping assinam 15 acordos de parceria em Pequim https://canalmynews.com.br/politica/lula-e-xi-jiping-assinam-15-acordos-de-parceria-em-pequim/ Fri, 14 Apr 2023 14:16:12 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37040 China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, assinaram, nesta sexta-feira (14), em Pequim, 15 acordos comerciais e de parceria. Lula está em viagem ao país asiático e foi recepcionado no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês.

Os mandatários participaram de reunião ampliada com os ministros e assessores de ambos os países e tiveram encontro privado. Nessa conversa, além de temas bilaterais, eles trataram do diálogo e negociação para encerrar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Um jantar em homenagem a Lula também foi oferecido por Xi Jinping.

Os termos assinados entre os dois países incluem acordos de cooperação espacial, em pesquisa e inovação, economia digital e combate à fome, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de comércio.

Um dos acordos prevê o desenvolvimento do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos na parceria bilateral. De acordo com o governo brasileiro, o diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica, mesmo com nuvens.

Certificação
Outros documentos assinados tratam de certificação eletrônica para produtos de origem animal e dos requisitos sanitários e de quarentena que devem ser seguidos por frigoríficos para exportação de carne do Brasil para a China. O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina para o país asiático e 60% da produção brasileira são vendidos para a China.

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No contexto da visita do presidente brasileiro, o setor empresarial também anunciou 20 novos acordos entre os dois países em áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, esses acordos somam-se àqueles anunciados durante o Seminário Econômico Brasil-China, realizado em 29 de março, totalizando mais de 40 novas parcerias. Lula deveria ter feito essa viagem no fim do mês passado, ocasião do seminário, mas um quadro de pneumonia o obrigou a adiar o compromisso.

“No setor turístico, destaca-se a inclusão do Brasil na lista de destinos autorizados para viagens de grupos de turistas chineses, o que representa grande oportunidade para o crescimento do fluxo de visitantes entre os dois países”, destacou o Itamaraty.

Antes da assinatura dos atos, Lula e a comitiva brasileira participaram de cerimônia de deposição de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial.

Outros encontros
Mais cedo, também no Grande Palácio do Povo, Lula teve encontro com presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji. Segundo a Presidência da República, eles trataram da parceria estratégica entre Brasil e China, da ampliação de fluxos de comércio entre os países e do equilíbrio da geopolítica mundial.

“Lula ressaltou que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a China como economia de mercado. Reforçou que o país asiático foi parceiro essencial para a criação dos Brics [bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e que a relação bilateral entre as nações tem o potencial de consolidar uma nova relação sul-sul no âmbito global”, informou o Palácio do Planalto.

Os dois líderes também ressaltaram a intenção de ampliar investimentos e reforçar a cooperação em setores como educacional e espacial.

Já o primeiro compromisso do dia de Lula e integrantes da comitiva foi a reunião com o presidente da State Grid, Zhang Zhigang. A empresa é líder do setor elétrico na China e tem investimentos no Brasil, com 19 concessionárias e linhas de transmissão em 14 estados.

De acordo com o Planalto, Lula reforçou a importância dos investimentos chineses no Brasil, a confiança na economia nacional e o foco do governo federal em investimentos em energias renováveis e na ampliação da rede de transmissão integrando projetos de geração eólica e solar com a rede convencional.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009 . O volume comercializado entre os dois países em 2022 foi de US$ 150,4 bilhões. O ano de 2023 marca o cinquentenário do início das relações comerciais entre Brasil e China. A primeira venda entre os dois países aconteceu em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras.

Essa viagem é a quarta visita internacional de Lula após a posse neste terceiro mandato. O presidente já foi à Argentina, ao Uruguai e aos Estados Unidos. Ele também recebeu, em Brasília, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, no fim de janeiro.

Nessa quinta-feira (13), Lula cumpriu agenda em Xangai, onde participou da posse da ex-presidenta Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de fomento dos Brics, teve encontro com empresários e visitou o centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa de tecnologia Huawei.

A comitiva do presidente Lula deixa a China amanhã (15). No retorno ao Brasil, o avião presidencial pousará em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para uma visita oficial.

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O presidente não entende de diplomacia e o ministro não o impede de dizer bobagens https://canalmynews.com.br/paulo-totti/o-presidente-nao-entende-de-diplomacia-e-o-ministro-nao-o-impede-de-dizer-bobagens/ Sat, 26 Feb 2022 15:05:44 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=24767 O prepotente e autoritário Bolsonaro decidiu mandar sozinho no Itamaraty

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Escrevo ao anoitecer de quinta-feira, 24, e até agora não sei como o Brasil se posiciona ante a guerra no Leste Europeu. O presidente Jair Bolsonaro, em Moscou na semana passada, disse que se solidarizava com o “irmão” Vladimir Putin. E, agora, diante do mundo que se levanta em protesto contra a escandalosa invasão – flagrante desacato ao estabelecido na Carta das Nações Unidas – o mambembe tzar brasileiro não sabe o que dizer. Esteve duas vezes em público, no cercadinho do Alvorada e na inauguração de um arremedo de obra pública no interior de São Paulo. Falou até de futebol (a camiseta vermelha que ostentava era do América, time da cidade) mas nada sobre a guerra.

“Putin escolheu a guerra”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 16 horas depois de a Rússia invadir a Ucrânia por terra, mar e ar. “Bolsonaro escolheu seu irmão”, diria o mesmo Biden se, em meio às atribulações causadas por Putin, tivesse tempo de preocupar-se com o Brasil e com o ex-capitão. Este, aliás, ocupado com a difícil reeleição, também não se preocupou em providenciar previamente a proteção dos cidadãos brasileiros esquecidos em Kiev e outras cidades, especialmente jovens jogadores de futebol. Na semana anterior à invasão, o embaixador brasileiro, Nestor Rapesta, declarou diversas vezes à Globonews que a situação era tranquila e seus compatriotas não corriam perigo.

O mutismo de Bolsonaro, até agora, não é surpresa. Ele nada entende de política internacional (política nacional também não, como tem demonstrado nos três anos e dois meses de governo. Afinal, de que entende sua excelência?). Em Moscou falou por falar, por estar sem assunto ou inebriado por sentar-se meio metro ao lado de Putin, sem ter de respeitar a distância destinada a Emmanuel Macron e Olaf Scholz, políticos europeus que certamente considera de menor expressão.

Jair Bolsonaro em visita à Rússia.

Jair Bolsonaro em visita à Rússia. Foto: Alan Santos/PR (Flickr)

Outros brasileiros exerceram a presidência ou o ministério de Relações Exteriores sem dominar a prática da diplomacia, entre eles, Itamar Franco e Olavo Setúbal. Mas se socorriam da competência de profissionais da casa de Rio Branco.

O prepotente e autoritário Bolsonaro decidiu mandar sozinho no Itamaraty e estreou na chefia de governo querendo fazer de seu filho o embaixador do Brasil em Washington. “Eduardo morou nos Estados Unidos e aprendeu a fritar hambúrguer”. Com tais atributos reunia méritos para a função. Felizmente, a ideia foi abortada pela oposição no Senado. Mas sobreviveram um dinossauro na chancelaria e Filipe Martins na assessoria especial. Este último continua assessor com o único mérito explícito de ter intimidade com o cumprimento secreto dos supremacistas brancos americanos.

Ainda não está muito claro o que Bolsonaro foi fazer em Moscou. E também, no dia seguinte, o que foi fazer em Budapeste, a não ser para um abraço afetuoso em seu companheiro de extremismo Viktor Orbán, ou acompanhar o filho Carluxo em visita ao grupo neonazista, o ucraniano Right Sector (denominação em inglês), que desfilou nas avenidas de Brasília durante as manifestações de bolsonaristas com uma faixa que revelava suas pretensões: “Ucranizar o Brasil”.

Quase às 20 horas desta quinta, o presidente apareceu ao lado do ministro do Exterior, Carlos Alberto França, não para condenar a invasão ou mais uma vez confirmar a solidariedade a Putin (ou, ainda, lamentar que a Ucrânia tenha sido largada sozinha nesta guerra, apesar de muito discurso e ameaças com sanções cujas consequências só se conhecerão daqui a um ano). Bolsonaro veio a público para desautorizar o vice, general Hamilton Mourão, que, pela manhã, declarara que “o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano”. Bolsonaro foi categórico: “Quero deixar bem claro que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final”. Em outro momento, o presidente disse que, autorizados por ele, só o ministro França ou o ministro Braga Neto, da Defesa, poderiam falar ”sobre esse assunto”.

Como se percebe, o Brasil está à deriva, perdido num mar de incompetências. Sem governo para enfrentar as crises internas e sem chanceler para impedir o presidente de dizer bobagens comprometedoras. O chanceler, por sinal, é outro paspalhão. Melhor do que o antecessor, é verdade. Mas qual é a vantagem de ser um pouco melhor do que Ernesto Araújo?

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O apequenamento do Brasil aos olhos do mundo https://canalmynews.com.br/creomar-de-souza/o-apequenamento-do-brasil-aos-olhos-do-mundo/ Sat, 11 Dec 2021 18:38:12 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/o-apequenamento-do-brasil-aos-olhos-do-mundo/ O apequenamento da participação do Brasil em diálogos internacionais de alto nível é fruto de uma dinâmica que atende interesses eleitorais de curto prazo. Contudo, os custos desta postura podem afetar interesses e negócios até mesmo daqueles que hoje apoiam o governo Bolsonaro

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O Brasil de 2021 é uma referência política desglobalizante. O esforço empreendido pelo governo em desconstruir as estratégias de inserção internacional que linearmente foram conduzidas desde o início da Nova República foram bem-sucedidas. Diante desta constatação, cabe a pergunta: qual o impacto disto perante a vida de milhões de brasileiros? Aqueles menos afeitos ao cotidiano das relações internacionais podem dizer que esta correlação é inexistente; porém, se o olhar for um pouco mais atento, uma resposta distinta pode aflorar como fruto desta reflexão.

Em primeiro plano, parece ser importante lidar com alguns preconceitos que rondam um número considerável de formadores de opinião no Brasil acerca do impacto de alguns temas sobre tomadores de decisão estrangeiros. Aqui, do ponto de vista explicativo, a ausência do Presidente da República na COP26 é um bom ponto de partida. De saída, é importante considerar que Presidentes não decidem nada sozinhos, e que uma decisão como esta – de não participar de uma conferência bastante relevante – é fruto de um processo de aconselhamento daqueles que cercam a liderança política.

Se de um lado, a decisão resguarda um componente ideológico de rejeição às estruturas de governança global, de outro, ela beira a ingenuidade ao considerar que a não presença diminuiria o tom de crítica reservado ao governo brasileiro. A saída de cena de Bolsonaro não só facilita a criação de constrangimentos ao país, como passa a mensagem de que o Brasil é o inimigo a ser combatido nos temas ambientais. A omissão acaba sendo punida com a transformação do país e do seu Chefe de Governo em tudo aquilo que é visto como errado por uma parcela crescente do eleitorado em países da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.

Em reunião do G20, Bolsonaro é isolado e ironizado pela mídia internacional.
Em reunião do G20, Bolsonaro é isolado e ironizado pela mídia internacional. Foto: Alan Santos (PR)

O crescimento do voto ambiental em democracias de alta qualidade e o próprio amadurecimento da agenda em países não democráticos, coloca o Brasil em uma situação que talvez não seja vista desde meados dos anos 1980. Naquele momento, graças ao arrefecimento dos embates da Guerra Fria, constituiu-se uma verdadeira onda de debates ambientais. Assim, o Brasil recém redemocratizado, viu-se acuado diante de uma conjuntura marcada pelo amadurecimento de uma temática em que os dados e as políticas públicas davam indicações negativas acerca do status do país no mundo.

Graças ao esforço louvável do corpo diplomático brasileiro e de respostas efetivas em políticas públicas, o país conseguiu reverter essa imagem e entrou nos anos 1990 – mais precisamente a partir da ECO-92 sediada no Rio de Janeiro – como um campeão nas pautas ambientais. O ganho de relevância veio acompanhado de boa vontade de outros atores e de créditos internacionais que viabilizaram programas de combate à degradação ambiental. A transformação da imagem internacional do país neste tema permitiu que olhares positivos fossem lançados sobre outras pautas e necessidades nacionais.

Este engrandecimento facilitou créditos, negociações, e avanços também em outras áreas. É possível, inclusive, estabelecer uma relação causal entre a boa reputação do país em termos ambientais e o controle de ofensivas e ameaças ao agronegócio nacional. Não por acaso a transformação do agronegócio e o avanço de nossos produtos em mercados com crescente preocupação ambiental está diretamente relacionada à tese aqui descrita. E em sentido contrário, o crescimento de restrições comerciais e sanitárias, certamente irá se apoiar nos equívocos negociais e de gestão que possamos cometer daqui por diante.

Nesse sentido, é fundamental entender que a ausência em debates internacionais ou a tentativa de circunscrevê-los a uma lógica meramente eleitoral é um erro que tenderá a afligir até aqueles que hoje apoiam o Presidente. Se o apequenamento do país em termos internacionais é útil como plataforma eleitoral pensando em 2022, os efeitos concretos deste processo terão impactos fortíssimos na condução do país a partir de janeiro de 2023.

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Política externa de Bolsonaro é “desastre nunca visto”, diz ex-chanceler https://canalmynews.com.br/politica/politica-externa-de-bolsonaro-e-desastre-nunca-visto-diz-ex-chanceler/ Thu, 04 Nov 2021 13:26:29 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/politica-externa-de-bolsonaro-e-desastre-nunca-visto-diz-ex-chanceler/ Para Celso Amorim, Bolsonaro desrespeita a concepção de que algumas instituições, como as Forças Armadas e o Itamaraty, precisam estar a serviço do Estado

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“Desastre nunca visto.” É com essas palavras que o ex-ministro da Defesa e de Relações Exteriores dos governos petistas Celso Amorim define a política externa do governo do presidente Jair Bolsonaro. Na sua avaliação, o presidente se vale de instituições que deveriam estar à serviço do Estado como instrumentos de política pessoal. 

Ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista ao Café do MyNews.
Ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista ao Café do MyNews. Foto: Reprodução (MyNews).

“Isso é o fotograma de um filme, e o filme é desastroso. Nunca houve uma percepção tão ruim a respeito do Brasil. Do governo americano de Joe Biden, passando pela China (por tudo que se ouve, inclusive das reclamações em relação ao fornecimento de vacina e os ataques ao país), passando por qualquer outra relação que o Brasil tenha internacional. É um desastre”, afirma.

Para ele, a comparação é ruim até se forem levados em conta os governos militares, quando ele já estava no Itamaraty. “Discordava de muita coisa que se passava no brasil, me envergonhava das torturas e de outros fatos, mas da política externa, nunca vi tamanho desapreço pela noção de Estado”, pontuou.

Segundo Amorim, o problema é que Bolsonaro trata determinadas instituições que deveriam ser de Estado, como o Itamaraty e as Forças Armadas, como se estivessem a serviço de seus próprios interesses e convicções ideológicas. O episódio envolvendo o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello é um exemplo.

“A questão é saber o seguinte: diante de uma infração ao regulamento, isso pode ser ignorado? Não, e nunca foi a visão militar, pelo o que eu saiba. Pode haver um abrandamento da pena, um agravamento, dependendo da situação, mas ignorar, considerar normal e colocar um sigilo de 100 anos é uma coisa totalmente absurda e revela um certo desapreço a uma instituição fundamental do estado brasileiro, que são as Forças Armadas.”

Programa ‘Café do MyNews‘ desta quinta-feira (10), que teve a participação do ex-ministro Celso Amorim.

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Ernesto Araújo usou Itamaraty para conseguir cloroquina https://canalmynews.com.br/politica/sob-a-gestao-de-ernesto-araujo-itamaraty-foi-usado-para-a-obtencao-de-cloroquina/ Thu, 04 Nov 2021 13:26:04 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/sob-a-gestao-de-ernesto-araujo-itamaraty-foi-usado-para-a-obtencao-de-cloroquina/ Telegramas revelam mobilização do corpo diplomático brasileiro para conseguir importar o medicamento. Para embaixador, Ernesto “é um fiel capacho de seus chefes”

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Mesmo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter interrompido testes clínicos com a cloroquina, e depois de associações médicas terem alertado para a ineficácia e o risco de efeitos colaterais provenientes do uso contínuo do medicamento, Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, direcionou os esforços da máquina diplomática brasileira para garantir o fornecimento do fármaco ao país.

Ernesto Araújo, ex-chanceler brasileiro, mobilizou os esforços do Itamaraty para importar cloroquina ao país.
Ernesto Araújo, ex-chanceler brasileiro, mobilizou os esforços do Itamaraty para importar cloroquina ao país. Foto: Marcos Corrêa (PR).

Esse planejamento foi descoberto por intermédio de telegramas obtidos pela Folha de S. Paulo, além de dados e informações fornecidos por pessoas envolvidas nas negociações.

Exonerado no final de março, Ernesto Araújo, que será ouvido na CPI da Covid na próxima quinta-feira (13), deverá prestar esclarecimentos sobre possíveis prejuízos na aquisição de insumos e vacinas devido à política externa praticada em sua gestão.

A busca do Itamaraty pela cloroquina começou em março de 2020, dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mencionar uma “possível cura para a doença” nas redes sociais: “Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com Covid-19. Agora há pouco os profissionais do hospital Albert Einstein me informaram que iniciaram um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da cloroquina nos pacientes com Covid-19”, escreveu ele.

Em pronunciamento durante reunião do G-20, em 26 de março, relatada em telegrama, o presidente falo em “testes bem-sucedidos, em hospitais brasileiros, com a utilização de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19, com a possibilidade de cooperação sobre a experiência brasileira”. No mesmo dia, o Ministério das Relações Exteriores pediu, também via telegrama, que os diplomatas tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas e outras que se encontrem em igual condição, cujo desabastecimento no Brasil teria impactos muito negativos no sistema nacional de saúde”. Na época, o governo indiano havia limitado a exportação da cloroquina.

Em outra comunicação, no dia 15 de abril, o ministério pede que a embaixada na Índia faça gestões junto ao governo indiano para liberar uma carga de hidroxicloroquina comprada pela empresa Apsen antes de a exportação ser vetada por Déli e para que a venda da droga seja normalizada.

Assegurando “resultados animadores”, a chancelaria brasileira promoveu inúmeros pedidos do para obtenção do remédio. Um dos telegramas, por exemplo, afirma que o Itamaraty teria solicitado à Organização Pan-Americana de Saúde um contato com o governo indiano para conseguir a liberação de um lote contendo milhões de doses de hidroxicloroquina.

Mesmo depois de a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira desaconselharem o uso do medicamento, o Itamaraty continuou acionando a estrutura diplomática para garantir o fornecimento de hidroxicloroquina.

Efeito Ernesto Araújo

Para o diplomata brasileiro Paulo Roberto de Almeida, “o Itamaraty é um pouco como o Exército, pois a base do trabalho é a hierarquia e a disciplina, fazendo com que os diplomatas cumpram funções”. O embaixador explica que o funcionamento das relações internacionais do Brasil é, em parte, exercido por orientações estruturais.

“Há uma grande diferença entre telegramas puramente de informações, de envio de notícias e boletins, e telegramas que dão instruções… Quando chega um telegrama com instruções, os diplomatas têm que cumprir imediatamente”, elucida Almeida.

Embaixador Paulo Roberto de Almeida em entrevista ao canal MyNews.
Embaixador Paulo Roberto de Almeida em entrevista ao canal MyNews. Foto: Reprodução (MyNews).

“Chegou um telegrama em Nova Deli, como pode ter chegado em outros lugares, para outras vacinas, com instruções para contatar o governo e auxiliar na exportação de medicamentos junto a empresas privadas, numa época em que já havia tido um primeiro estresse, em janeiro, quando se tentou importar vacinas da fábrica autorizada pela AstraZeneca, mas depois verificou-se que se tratava de importar cloroquina, devido a demanda do Bolsonaro”, remonta o diplomata. “Acredito que Nova Deli fez os contatos, mas que o governo indiano já devia estar estressado com as demandas brasileiras, porque elas se anteciparam, inclusive, à vacinação na própria Índia”.

De acordo com Paulo, o relacionamento de Ernesto Araújo com a família do presidente da República explica a corrida pelo medicamento ineficaz estimulada pelo Itamaraty: “A divulgação pela Folha desses telegramas não causa surpresa a nós, pois confirma o que já sabíamos – não só os diplomatas como os observadores externos, a exemplo de vocês, jornalistas: o Ernesto Araújo é um capacho da família Bolsonaro, submisso total. […] Ele faz tudo, até mais do que é pedido, para provar que é um fiel capacho de seus chefes”.

Questionado sobre a participação do ex-chanceler na CPI da Covid, o embaixador afirma que Araújo “será ridicularizado mais uma vez”, tendo em vista a compreensão pública e científica da inutilidade da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.

“Como já há um embate entre o atual ministro da Saúde e a CPI da Pandemia, o Ernesto deve estar muito preocupado, porque ele será obrigado a mentir ou a dizer a verdade, falar que ele cumpriu funções do Bolsonaro mesmo tendo evidências de todas as partes, não só do Brasil, de que não era adequado [o uso da cloroquina]. Ele estará em maus lençóis, e é muito possível que ele invente uma desculpa para se ausentar”, completou Almeida.

Posicionamento da Apsen

Em nota enviada ao MyNews, a Apsen afirma que entrou em contato com o Ministério da Saúde e o consulado na Índia para garantir o seu fornecimento de medicamentos. Confira a íntegra da nota.

“A APSEN Farmacêutica produz hidroxicloroquina no Brasil há 18 anos, com indicação no tratamento de pacientes crônicos com lúpus e artrite reumatoide. Em abril de 2020, com as dificuldades de importação impostas pela pandemia, os esforços da companhia foram concentrados na manutenção do tratamento sem prejuízos à saúde dos mais de 100 mil pacientes crônicos em uso contínuo do medicamento; e em segundo momento, na contribuição com os estudos em andamento na época para análise da possível eficácia para o tratamento da COVID-19. Reforçamos que, os pedidos de compras de insumos são realizados a cada final de ano para atendimento do ano seguinte, portanto os pedidos referentes ao ano de 2020 haviam sido feitos em novembro de 2019 junto aos fornecedores indianos. Com a proibição das importações por parte do governo indiano em abril de 2020, a Apsen trabalhou com estoque reduzido e comercialização racionalizada durante os meses de abril, maio, junho e julho. Diante do cenário de possível desabastecimento, contatamos o Ministério da Saúde e o consulado da Índia para auxiliar com importação dos insumos adquiridos em novembro de 2019, assegurando assim o tratamento dos pacientes que fazem uso contínuo dessa medicação, conforme indicação em bula e prescrição médica.”

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Série especial ‘Política no Oriente Médio’ exclusiva para membros do MyNews https://canalmynews.com.br/mais/serie-especial-politica-no-oriente-medio-exclusiva-para-membros-do-mynews/ Thu, 04 Nov 2021 13:25:38 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/serie-especial-politica-no-oriente-medio-exclusiva-para-membros-do-mynews/ Com a explicação de profissionais, especial dividido em cinco capítulos desvenda detalhes e nuances de uma das regiões mais complexas do mundo

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O programa MyNews Traduz, popular por sua abordagem esclarecedora e didática dos temas abordados, apresenta uma série exclusiva para quem é membro do canal no YouTube.

Composto por cinco capítulos, o especial “Política do Oriente Médio” destrincha toda a complexa geopolítica da região, trazendo detalhes e nuances das culturas, histórias, crises, sistemas administrativos, conflitos, economias e muito mais dos principais países que integram leste e sul do mar Mediterrâneo.

 

Teaser da série “Política no Oriente Médio”, exclusiva para membros do canal MyNews.

Os vídeos são apresentados pelos jornalistas Hermínio Bernardo, Juliana Causin e Gabriela Lisbôa, e cada capítulo conta com a presença de um especialista na pauta, que explica os principais acontecimentos (bem como seus desdobramentos) que marcaram cada região e a sucessão de contextos histórico-sociais.

Quem é membro, é claro, participa ao vivo dos programas, tendo a oportunidade de interagir com o convidado enviando questionamentos, considerações e opiniões sobre o assunto. Além de rever a série na íntegra.

Ficou interessado em aprender mais sobre o Oriente Médio e expandir os conhecimentos sobre uma das regiões mais magníficas e inquietas do mundo? Seja membro MyNews e aproveite!

Série exclusiva “Política no Oriente Médio”

EP 1 – Tudo sobre a Arábia Saudita: história, religião, petróleo e Estados Unidos (convidada: Silvia Ferabolli, professora de Relações Internacionais da UFRGS)

 

EP 2 – Tudo sobre o Irã: Revolução de 79, aiatolás, sistema político e história (convidado: Gunther Rudzit, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios do Oriente Médio ESPM)

 

EP 3 – Tudo sobre o Líbano: história, sistema político, crise e explosão de Beirute (convidado: Murilo Melhy, professor de História Contemporânea da UFRJ)

 

EP 4 – Tudo sobre a Turquia: história, política, golpes, curdos e refugiados (convidado: Heitor Loureiro, professor de História e Relações Internacionais)

 

EP 5 – Tudo sobre a Israel e Palestina (convidado: Arturo Hartmann, jornalista)

 

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O Brasil Entre Gigantes https://canalmynews.com.br/creomar-de-souza/o-brasil-entre-gigantes/ Thu, 22 Jul 2021 21:12:15 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/o-brasil-entre-gigantes/ O tempo presente reserva um grande desafio para a diplomacia brasileira, a retomada de uma inserção internacional pragmática e descomprometida com interesses ideológicos de ocasião. Somente isto permitirá a retirada de vantagens comparativas do crescente embate entre os Estados Unidos e a China

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A disputa hegemônica no século XXI tem se acirrado e o seu principal campo de batalha é a tecnologia. O governo Biden já declarou a China como a adversária mais formidável pela liderança mundial, constituindo-se, na visão norte-americana, na principal ameaça à segurança e à prosperidade dos Estados Unidos. Os chineses estão sendo acusados de promover ataques cibernéticos, inclusive o que afetou a empresa Microsoft e usuários de seus produtos. O atual governo americano também proibiu investimentos em 59 empresas chinesas de alta tecnologia, tais como as maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações e de semicondutores.

O tempo presente reserva um grande desafio para a diplomacia brasileira, a retomada de uma inserção internacional pragmática e descomprometida com interesses ideológicos.
O tempo presente reserva um grande desafio para a diplomacia brasileira, a retomada de uma inserção internacional pragmática e descomprometida com interesses ideológicos. Foto: Reprodução (Flickr).

Nesta semana, o embaixador da China no Brasil, em entrevista a um órgão de imprensa brasileiro, acusou os EUA de praticarem “bullying” tecnológico. No entender do diplomata chinês, o governo americano vem usando da desculpa da segurança nacional para pressionar pelos seus interesses econômicos na disputa tecnológica mundial. Astuto como é, o embaixador não perdeu a oportunidade de recordar episódios de espionagem praticadas pelas agências de inteligência dos EUA, em particular os que tiveram como alvos autoridades brasileiras e de outros países “aliados”.

O analista Gideon Rachman, do Financial Times, publicou artigo interessante em que pergunta se a China realmente quer se tornar uma superpotência. Ele nota que, para a administração Biden, não há dúvida de que os chineses querem esse status e pretendem deslocar os EUA, inclusive de maneira agressiva, da posição de líderes mundiais. Mas Rachman também observa que há custos imensos em assumir uma posição de superpotência e que a China tem sido relutante em assumir certos ônus relacionados a manter presença e bases militares mundo afora, intervir em assuntos que não afetam diretamente seus interesses, bancar o policial do mundo, entre outros quesitos.

De fato, a retórica oficial do Partido Comunista Chinês tem sido a ascensão pacífica da China. O embaixador, na citada entrevista, ressalta que seu país não pretende exportar seus sistema e ideologia, busca convivência harmônica com o Ocidente e respeita a soberania dos parceiros. Claro que isso tudo tem de ser tomado com grão de sal, mas o fato é que os chineses costumam reservar a demonstração de força para o seu entorno, em questões que tocam diretamente a questão territorial e atiçam o nacionalismo chinês, como Taiwan, Hong Kong e as disputas que mantêm no Mar do Sul da China, inclusive com o Japão, além da disputa na fronteira com a Índia.

A China já é a segunda economia mundial e em breve será a primeira. Apesar disso, os EUA seguem sendo a primeira potência, porém com a sensação de declínio relativo. Do padrão de interação e do grau de animosidade entre EUA e China dependerão, em grande medida, os contornos de ordem internacional nas próximas décadas. Em geral, grandes mudanças no sistema internacional derivam de redistribuição de poder na esteira de conflitos armados, mas talvez hoje a disputa, sem excluir a dimensão militar e estratégica, tenha adquirido facetas distintas, com o predomínio da alta tecnologia, em particular “big data”, inteligência artificial, pesquisa quântica, 5G e Internet das coisas. Em todas essas, a China tem capacidade de disputar liderança.

Interessa ao Brasil que a disputa entre titãs não saia do terreno administrável e nem gere rupturas que possam desestruturar cadeias de valor inteiras, produzir desorganização econômica e impactar negativamente o comércio e a economia mundial, já abalados pela epidemia da covid-19. Ainda que o conflito não degenere em algo mais grave, tampouco interessa ao país ser forçado a optar por um dos lados. Com o aumento da tensão, porém, a manutenção de boas relações com ambos os parceiros vai exigir boa dose de pragmatismo e habilidade negociadora. Nada mais urgente, portanto, do que recuperar a boa e velha tradição da diplomacia universalista, vilipendiada nos últimos dois anos pela política externa ideológica que vinha sendo implementada.

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Itamaraty escondeu dados sobre cloroquina https://canalmynews.com.br/politica/itamaraty-escondeu-dados-sobre-cloroquina/ Wed, 16 Jun 2021 14:46:07 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/itamaraty-escondeu-dados-sobre-cloroquina/ Informações foram retiradas de solicitações via Lei de Acesso à Informação pela agência Fiquem Sabendo

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O Ministério das Relações Exteriores ocultou informações de e-mails e telegramas que mostram as negociações do governo por cloroquina. Os dados foram omitidos em solicitações feitas via Lei de Acesso à Informação pela agência Fiquem Sabendo.

Os telegramas e e-mails apontam que o governo brasileiro apoiou empresas para importar hidroxicloroquina, além de insumos para fabricação do remédio da Índia. O medicamento não tem eficácia para a covid-19.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil).

A Fiquem Sabendo solicitou a íntegra da troca de comunicação entre as embaixadas brasileiras, o governo indiano e as empresas interessadas na importação de cloroquina. Os documentos originais não continham datas e horários das conversas e havia cortes nos e-mails. A Lei de Acesso à Informação prevê punição a quem ocultar informação. 

Os detalhes dessa negociação foram divulgados pelo jornal O Estado de São Paulo nesta terça-feira (15). Os documentos mostram a agilidade do governo nas negociações, com mensagens respondidas em 15 minutos, à noite e até durante finais de semana.

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“Atritos diplomáticos não interferem nos negócios”, avalia empresária brasileira na China https://canalmynews.com.br/economia/atritos-diplomaticos-nao-interferem-nos-negocios-avalia-empresaria-brasileira-na-china/ Sat, 29 May 2021 00:04:53 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/atritos-diplomaticos-nao-interferem-nos-negocios-avalia-empresaria-brasileira-na-china/ Para conselheira do cônsul-geral do Brasil em Xangai, conflitos políticos não prejudicam ambiente de negócios “pragmático” dos chineses com o Brasil

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Apesar dos atritos diplomáticos do governo federal com a China, as relações comerciais e econômicas de brasileiros com Pequim continuam promissoras. Essa é a avaliação de Thais Moretz, gerente geral e representante legal da Comexport trading na China e conselheira do cônsul-geral do Brasil em Xangai.

“O Brasil é um país amigo do ponto de vista chinês e do ponto de vista das prioridades das relações diplomáticas da China isso também não é um atrito dos mais graves”, afirma a empresária, que também é CEO do canal de negócios e-FeitoNaChina. “Do ponto de vista do empresário, atritos diplomáticos não interferem nos negócios”, avalia.

 Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, ela explica que os chineses ainda enxergam no Brasil uma oportunidade para construção de relações a longo prazo, a despeito de problemas recentes. “Um político de quatro anos não é muito para um país que tem uma história milenar. Fora que a China precisa do Brasil”, avalia a empresária que é mestre em Economia Política em Xangai pela ECNU (East China Normal University). “O chinês é pragmático nos negócios”, acrescenta. 

Impacto da diplomacia na pandemia

Se a inimizade de figuras do governo brasileiro não interfere nas relações econômicas, Thais acredita que os atritos têm, no entanto, efeitos para a aquisição de vacinas e insumos para a pandemia.

 “A gente chama de diplomacia da vacina porque é um assunto político. A China de fato controla os insumos e também projeta o seu soft power para os outros países não só no fornecimento de insumos, mas também mostrando toda a tecnologia que têm para fabricar os insumos”, diz.

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Ernesto Araújo será ridicularizado entre os colegas por defender cloroquina, diz diplomata https://canalmynews.com.br/mais/ernesto-araujo-sera-ridicularizado-entre-os-colegas-por-defender-cloroquina-diz-diplomata/ Tue, 11 May 2021 01:11:38 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/ernesto-araujo-sera-ridicularizado-entre-os-colegas-por-defender-cloroquina-diz-diplomata/ Paulo Roberto de Almeida comenta os telegramas diplomáticos enviados pelo ex-chanceler para garantir a chegada de cloroquina ao Brasil

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Para o diplomata Paulo Roberto de Almeida, os telegramas enviados pelo ex-chanceler Ernesto Araújo vão fazer com que ele seja mais uma vez ridicularizado pelos colegas.

Reportagem da Folha de S. Paulo indicou que o ex-ministro das Relações Exteriores agiu para garantir a chegada de cloroquina no Brasil, apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado para a ineficácia do medicamento contra a covid-19.

Almeida explica que o Itamaraty é um pouco como o Exército, tem regras rígidas quando o assunto é hierarquia e disciplina, que os informais tem que cumprir instruções e que há diferenças entre telegramas puramente de informações e de telegramas de instruções. O telegrama do Itamaraty que chegou em Nova Delhi pedia que os diplomatas fizessem contatos com o governo indiano para auxiliar na importação de medicamentos como a cloroquina.

“Quando chega um telegrama de instruções, os diplomatas têm de cumprir imediatamente. A primeira fase do telegrama de respostas é cumprir instruções. Então, chegou um telegrama em Nova Delhi, como pode ter chegado em outros lugares, em Pequim, na Alemanha, nos Estados Unidos, o telegrama de dar instruções pede que os diplomatas façam contatos ou na chancelaria ou com empresas ou com outras agências. Os diplomatas são obrigados a cumprir instruções e eles fazem os contatos, informam se eles foram exitosos ou não”, esclarece o diplomata.

Almeida diz que Araújo tem uma fidelidade cega ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que o Itamaraty estava sob uma administração negacionista e esquizofrênica tendo ele no comando.

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A longa jornada de reconstrução da imagem internacional do Brasil https://canalmynews.com.br/creomar-de-souza/a-longa-jornada-de-reconstrucao-da-imagem-internacional-do-brasil/ Thu, 06 May 2021 13:44:37 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/a-longa-jornada-de-reconstrucao-da-imagem-internacional-do-brasil/ Nos últimos dois anos e meio, o poder argumentativo do Brasil, condutor da política externa, foi abandonado e substituído por leituras ideológicas da realidade internacional

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O Embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero, em seu livro monumental “A Diplomacia na Construção do Brasil”, lembra que uma diplomacia, para ser eficaz, depende de três ingredientes essenciais: uma leitura correta da realidade internacional, a existência de uma visão de país, e a capacidade de compatibilizar as necessidades e interesses nacionais com o contexto e as possibilidades internacionais. Ricupero relembrou a fórmula em sua aula no curso sobre história da diplomacia organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Na ocasião, o Embaixador constatou que, nos últimos dois anos e meio, a nossa política externa ficou à deriva, justamente pela leitura totalmente equivocada da realidade internacional e a ausência de uma visão estratégica coerente de país.

O Embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero, autor do livro “A Diplomacia na Construção do Brasil”, de 2017.
O Embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero, autor do livro “A Diplomacia na Construção do Brasil”, de 2017. Foto: José Cruz (ABr).

Mesmo com a mudança recente de chanceler, que deu algum alento à nossa diplomacia, o conteúdo da política externa ainda carece daqueles três elementos para voltar ao leito tradicional de onde nunca deveria ter saído. Ao longo dos anos, argumenta Ricupero, o Brasil consolidou uma identidade ancorada nos interesses e valores do país. A nossa diplomacia projetou um país que se vê como fator de moderação, construção de consensos, construtor de pontes e amante da paz e do direito internacional. Ressalta Ricupero que Brasil não tomou esse caminho apenas por virtude, mas por absoluta necessidade. Desprovidos de poder militar e econômico, tivemos de usar a força do argumento em vez do argumento da força para perseguir objetivos nacionais, como é o caso da consolidação de nossas fronteiras.

Em dois anos e meio, contudo, parte importante do nosso poder brando – baseado no argumento, no conhecimento, na negociação e no exemplo – foi desperdiçado. Ao abandonar linhas mestras de nossa diplomacia e guiar-se por uma leitura ideológica da realidade internacional, o país saiu ao mundo em busca de monstros a destruir, e estes na verdade não passavam de moinhos de vento. Em nome da guerra cultural contra o comunismo globalista, perdeu-se a capacidade de enxergar a realidade dos interesses. Nossa diplomacia tomou um desvio feito de improvisações, queima de pontes, conflitos artificiais e oportunidades perdidas. Com isso, o prejuízo à reputação e à credibilidade do país podem ser irrecuperáveis no curto prazo. Afinal, sempre haverá a dúvida se o país não terá uma recaída, mesmo que volte a ter uma diplomacia normal no curto prazo.

Diante desse panorama, o mais urgente é reconstruir o que puder ser reconstruído, retomando a diplomacia pautada pela Constituição Federal. O presidente do Conselho de Relações Internacionais dos EUA, Richard Haas, tem um livro intitulado “A política externa começa em casa”. De fato, é muito difícil ter eficácia em política externa se o contexto doméstico for dominado por confusão, negacionismo, política ambientais destrutivas, desprezo por valores universais. Na ausência de um projeto de país capaz de galvanizar forças políticas diversas e a população, é impossível ganhar projeção internacional. Da mesma forma, é preciso que a identificação de tendências, desafios e oportunidades no campo internacional não seja ditada pelo sectarismo e por teorias conspiratórias sem base na realidade. É essencial ter uma visão das forças reais que movem o mundo, em busca de oportunidades para o crescimento, a prosperidade e a segurança dos brasileiros.

A ponte entre o projeto de país e a leitura sóbria da realidade internacional é uma diplomacia moderna, bem treinada, prestigiada e com capacidade de interlocução com a sociedade e com o Parlamento. A nossa política externa foi quase sempre profundamente “diplomática” porque prestigiou os organismos internacionais, a solução pacífica das controvérsias, o relacionamento diplomático universal e o direito. No entanto, a leitura ideológica do mundo e o caos interno que predominaram nos últimos anos tiveram como consequência a cristalização de uma política externa anti-diplomática.

Nossos diplomatas profissionais, coitados, foram instruídos a cortar diálogo com certos governos, protestar em cartas ridículas contra críticas na imprensa, enfim, tiveram de adotar o tom dos militantes, tomando partido em decisões e embates políticos de outros. A relutância em aceitar a vitória de Biden em nome da afinidade com Trump foi a cereja do bolo. Em síntese, parte de nossos diplomatas desaprenderam a fazer diplomacia. A reconstrução da nossa política exterior e da excelência da diplomacia exigirão um reaprendizado. Felizmente, há recursos humanos qualificados para se tocar essa obra, desde que disponham como argamassa de um diagnóstico pragmático do cenário internacional e um consenso mínimo sobre o país que queremos.

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“Mundo deve ter medo do Trump”, diz ex-embaixador https://canalmynews.com.br/politica/mundo-deve-ter-medo-do-trump-diz-ex-embaixador/ Fri, 30 Apr 2021 13:58:37 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/mundo-deve-ter-medo-do-trump-diz-ex-embaixador/ Rubens Barbosa, que foi embaixador em Washington, afirma que Trump ainda tem influência

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, completa nesta sexta-feira (30) 100 dias no cargo. Algumas medidas marcaram o início da gestão do democrata. Na posse, Biden anunciou a meta de aplicar 100 milhões de doses da vacina nos primeiros cem dias de governo. A dose foi batida na metade do tempo, foi dobrada e atingida novamente.

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Casa Branca (Domínio Público).

O democrata também anunciou pacotes de estímulo da economia que chegam a US$ 4 trilhões, determinou medidas para restringir o acesso às armas e realizou a cúpula do clima para apresentar compromissos com o meio ambiente.

Em entrevista ao Café do MyNews, o ex-embaixador do Brasil em Washington e em Londres, atual diretor-presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), Rubens Barbosa lembrou que o ex-presidente Donald Trump continua influente na política americana apesar da mudança política do país.

“Nós não devemos ter medo do Trump, o mundo deve ter medo do Trump. O Trump hoje está ainda com influência. O republicano que falou depois do Biden mostra a influência do Trump no Partido Republicano. Certamente haverá algum grupo mais moderado que queira ocupar o espaço do Trump. Mas, por exemplo, se na eleição do ano que vem o Biden perder a maioria no Senado, vai ser uma vitória do Trump”, afirmou.

Rubens Barbosa ainda destacou que o Brasil ficou isolado e está se adaptando ao novo governo de Joe Biden.

“Com a eleição de Biden, o Brasil ficou na contramão. Estávamos alinhados às políticas do Trump, inclusive na questão ambiental. No começo do governo, o presidente Bolsonaro ameaçou se retirar do acordo de Paris, como tinha feito Trump, ele foi dissuadido disso e felizmente ele ficou no acordo. Então, agora com essa nova política americana, o Brasil está tendo que se ajustar e para isso foi muito importante a mudança do Ernesto Araújo para o Carlos França”, disse.

Confira a entrevista completa no Café do MyNews:

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“Enquanto Bolsonaro estiver no poder, não haverá acordo com a União Europeia”, diz diplomata https://canalmynews.com.br/politica/enquanto-bolsonaro-estiver-no-poder-nao-havera-acordo-com-a-uniao-europeia-diz-diplomata/ Fri, 16 Apr 2021 22:18:10 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/enquanto-bolsonaro-estiver-no-poder-nao-havera-acordo-com-a-uniao-europeia-diz-diplomata/ Paulo Roberto Almeida questiona as chances de um acordo entre o bloco europeu e o Mercosul na atual conjuntura

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Negociado há mais de duas décadas, o acordo entre Mercosul e União Europeia não deve deslanchar com Jair Bolsonaro (sem partido) no poder. A imagem negativa do Brasil e o protecionismo europeu devem fazer com que a parceria fique apenas no papel, acredita o diplomata e ex-presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) Paulo Roberto de Almeida.

“Já temos três ou quatro, ou talvez cinco ou seis [países], decididos a não aprovar a entrada em vigor [do acordo]. Enquanto Bolsonaro estiver no poder, não haverá acordo com a União Europeia”, afirma ao Almoço do MyNews.

O presidente Jair Bolsonaro apresenta caixa de cloroquina na posse do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Foto: Carolina Antunes/PR
O presidente Jair Bolsonaro apresenta caixa de cloroquina na posse do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Foto: Carolina Antunes/PR

Para o diplomata, que foi afastado do Ipri em uma medida que classifica como retaliação do governo Bolsonaro, a imagem brasileira está arranhada no exterior. Antes da eleição, o atual presidente era lembrado pela imprensa internacional como um “saudosista da ditadura militar”. Após a vitória no pleito de 2018, contudo, a situação não mudou.

“Desde o início de 2019, quando começou aquele desmatamento sem controle na Amazônia, ataques a jornalistas no cercadinho do Alvorada, atentados contra os direitos humanos e mudanças de posição da diplomacia brasileira em grandes esforços multilaterais, a imagem despencou e o Bolsonaro há muito tempo vem recebendo críticas de parlamentares de esquerda, evidentemente progressistas, mas também dos conservadores.”

Além de divergências políticas, o diplomata destaca que há, também, uma oposição por motivação protecionista ao acordo entre o bloco europeu e o sul-americano. Entre os opositores, afirma Almeida, estão os criadores de porcos da Irlanda, os produtores de carne da França, os agricultores de grãos e de outros produtos agrícolas.

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Sem provas, embaixador brasileiro diz que África controlou covid-19 com cloroquina https://canalmynews.com.br/politica/sem-provas-embaixador-brasileiro-diz-que-africa-controlou-covid-19-com-cloroquina/ Wed, 14 Apr 2021 23:04:57 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/sem-provas-embaixador-brasileiro-diz-que-africa-controlou-covid-19-com-cloroquina/ Luiz Fernando Serra defende tese bolsonarista de suposto “tratamento precoce” e critica a imprensa

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O embaixador do Brasil na França, Luiz Fernando Serra, afirmou em entrevista ao Almoço do MyNews nesta quarta-feira (14) que a imprensa usa critérios diferentes para divulgar notícias positivas e negativas sobre a pandemia no Brasil e disse, sem apresentar provas, que a África teria controlado a covid-19 com ivermectina e hidroxicloroquina.

Serra chegou a ser cotado para substituir Ernesto Araújo no ministério das Relações Exteriores, mas acabou preterido por Carlos Alberto França. Alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o embaixador do Brasil na França afirma que o suposto tratamento precoce é um “ponto de vista muito interessante”.

“Não sou médico e não sou cientista, mas me chama atenção o fato de que na África não haja essa hecatombe que se previa no começo da pandemia. Eu atribuo essa resistência dos africanos à covid ao fato de que eles tomam antiparasitários, tomam ivermectina e hidroxicloroquina há muito tempo. Eu não sou um cientista, mas estou dizendo que muitos cientistas sustentam que o tratamento precoce pode funcionar”, diz Serra.

O diplomata Luís Fernando de Andrade Serra no Senado, em 2016. Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O diplomata Luís Fernando de Andrade Serra no Senado, em 2016. Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Não há evidências científicas de que o continente africano teria controlado a pandemia e também não há fatos que sustentem que os remédios citados por Serra sejam efetivos para deter o novo coronavírus. Pelo contrário, seu uso sem supervisão médica pode causar graves efeitos colaterais.

Também em entrevista ao Almoço do MyNews, o jornalista Jamil Chade afirma que ficou fácil para governos europeus e de outros lugares do mundo criticarem o Brasil por conta da fragilidade causada pela pandemia, pela fragilidade da credibilidade internacional e pela fragilidade da própria diplomacia brasileira. “ Os diferentes governos brasileiros, inclusive durante a ditadura militar, eram conhecidos por dialogar com todos. Desde o começo do governo Jair Bolsonaro, essa não foi a realidade”.

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Novo ministro no Itamaraty pode colocar Brasil de volta nos trilhos, diz ex-embaixador https://canalmynews.com.br/politica/novo-ministro-do-itamarty-pode-colocar-brasil-de-volta-nos-trilhos-diz-ex-embaixador/ Thu, 08 Apr 2021 00:11:33 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/novo-ministro-do-itamarty-pode-colocar-brasil-de-volta-nos-trilhos-diz-ex-embaixador/ Substituto de Ernesto Araújo destacou a crise sanitária, econômica e ambiental em seu discurso de posse

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O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, pode colocar a diplomacia brasileira de volta nos trilhos, acredita o diplomata e ex-embaixador Marcos Azambuja.

França tomou posse na terça-feira (6) em evento fechado, sem a participação da imprensa e sem transmissão ao vivo. Em seu discurso, o ministro afirmou a importância do diálogo na sua área e disse ser “um construtor de pontes”. Ele substituirá Ernesto Araújo, defensor da suposta tese de um globalismo e crítico contumaz da China.

Durante o seu pronunciamento, o chanceler destacou três urgências a serem combatidas pelo Governo com o auxílio do Itamaraty: a sanitária, a econômica e a ambiental. Ela também lembrou que o Brasil sempre teve papel relevante no diálogo multilateral como método diplomático.

“Um discurso, de certa maneira, exemplar, porque volta a colocar o Brasil em diálogo com o mundo. O Brasil volta a ter a linguagem que se espera dele: racional, moderada e construtiva. O discurso me deu a melhor impressão e eu desejo que seja o início de um novo ciclo”, diz Azambuja ao MyNews.

Embaixador do Brasil na França e Argentina, Azambuja considera o discurso do novo ministro como “breve, construtivo e que usa a linguagem que a diplomacia brasileira sempre soube empregar”. Ele afirma que está confiante que o Itamaraty volte “aos trilhos” e à racionalidade para lidar com o restante do mundo.

Já o cientista político e professor de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Mauricio Santoro destaca que o novo ministro fez um discurso positivo, mas tem dúvidas quanto à possibilidade de França colocar em prática o que foi dito.

“Combater a pandemia, modernizar a economia fazendo o país voltar a crescer e lidar com a questão climática. Mas, há uma distância grande entre este discurso que foi muito bem escrito e o que é, hoje, a conjuntura política do país. E a grande pergunta é se o ministro, que não tem força política própria, teria condições de, realmente, implementar essa mudança na diplomacia ou se ele estará muito suscetível àquilo que o presidente e seus filhos querem fazer”.

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Chanceler Ernesto Araújo e Filipe Martins estão na corda bamba https://canalmynews.com.br/politica/chanceler-ernesto-araujo-e-filipe-martins-estao-na-corda-bamba/ Thu, 25 Mar 2021 22:18:15 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/chanceler-ernesto-araujo-e-filipe-martins-estao-na-corda-bamba/ Congressistas defendem troca no Itamaraty e criticam diplomacia brasileira

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Congressistas pressionam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a demitir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Alguns senadores chegaram a defender a troca durante sessão virtual do senado que contou com a presença do próprio chanceler.

Na visão dos políticos, as posições da diplomacia brasileira estão prejudicando a busca por vacinas contra covid-19, além de outros problemas com os parceiros internacionais.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) disse em discurso que “a pandemia é vacinar, acima de tudo”, mas que para isso acontece as boas relações diplomáticas devem ser mantidas, principalmente com a China. A sessão, que durou mais de cinco horas, seguiu bem acalorada.

Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) foram alguns nomes a se pronunciarem pedindo que Araújo deixe o cargo de ministro.

Outro nome que entrou para a lista de pedidos de demissões foi o de Filipe Martins, Assessor Especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República. Ele foi flagrado, durante a sessão, fazendo um gesto associado a supremacistas brancos nos Estados Unidos.

O flagra aconteceu enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Dem-MG), falava. Filipe estava sentado ao fundo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) entendeu o gesto com uma obscenidade e chegou a pedir que o assessor fosse retirado da sessão pela Polícia Legislativa.

Rodrigo Pacheco decidiu instaurar uma investigação para apurar o episódio.

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Gesto de assessor de Bolsonaro é “linguagem codificada” para extremistas, diz analista https://canalmynews.com.br/politica/gesto-de-assessor-de-bolsonaro-e-linguagem-codificada-para-extremistas-diz-analista/ Thu, 25 Mar 2021 20:10:51 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/gesto-de-assessor-de-bolsonaro-e-linguagem-codificada-para-extremistas-diz-analista/ Professor da USP explica que “OK” de Filipe Martins é uma forma de se comunicar com a extrema-direita

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O gesto do assessor especial da presidência da República Filipe Martins não é um episódio banal. Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) Felipe Loureiro, o acontecimento é um “episódio muito triste na história do Itamaraty”.

Loureiro afirma que o gesto foi um “apito de cachorro”, termo cunhado nos Estados Unidos e usado para designar ações que só são entendidas por seguidores de determinado movimento. Quem não conhece a simbologia ou a linguagem da mensagem, pode não perceber o real significado.

No fundo da imagem, o assessor especial da presidência Filipe Martins. Foto: Reprodução TV Senado.
No fundo da imagem, o assessor especial da presidência Filipe Martins. Foto: Reprodução TV Senado.

De acordo com a Liga Antidifamação, organização dos Estados Unidos que monitora e estuda o extremismo, o gesto de OK é associado a grupos de extrema-direita desde 2017. A gesticulação tem usos no yoga e pode ser usada como um equivalente de um “ok”, mas também é usada por grupos racistas.

Loureiro lembra que o gesto foi utilizado por Breton Tarrant em audiência judicial. Tarrant matou 51 muçulmanos ao atacar duas mesquitas na Nova Zelândia, em 2019. O assassino, que transmitiu seus homicídios ao vivo no Facebook, publicou um manifesto nas redes sociais em que fala de um suposto “genocídio branco” e ataca imigrantes.

Diante da repercussão do episódio, Martins alegou que estava apenas arrumando seu paletó e que não poderia ser “simpático ao supremacismo branco” porque é judeu.

“Em um contexto que é evidentemente crime você fazer qualquer manifestação racial explícita, você cria todo um conjunto de símbolos e gestos que permitem um tipo de negação plausível. Que foi exatamente o que o assessor Felipe Martins fez”, diz Loureiro.

Este não é a primeira vez que Martins utiliza símbolos ligados à extrema-direita. O assessor de Bolsonaro ilustra seu Twitter com uma frase citada no manifesto de Tarrant e também já usou uma frase ligada ao ditador espanhol Francisco Franco para cumprimentar o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) nas redes sociais.

Para o professor da USP, Martins e o ministro das Relações Internacionais, Ernesto Araújo, prejudicam a população brasileira em um momento que um bom relacionamento com a comunidade internacional é chave para conseguir vacinas.

“[Araújo] chegou a manifestar, em 2020, que o vírus seria uma forma de tolher a liberdade humana e de instaurar a uma sociedade totalitária nos diversos países, inclusive ele escreveu um texto no ano passado chamando a covid-19 de “comunavírus”, que as medidas de isolamento social e o uso de máscaras ,entre outras coisas, seriam uma espécie de antessala para o início de uma de uma sociedade totalitária em vários países. Recentemente, inclusive na comissão de direitos humanos da ONU, ele repetiu o mesmo discurso, dizendo que não se pode fazer um lockdown do espírito humano, então é muito mais do que inação ou negligência”, diz o analista ao Almoço do MyNews.

O presidente do Senado determinou a apuração do gesto de Martins pela Secretaria-Geral da Mesa (SGM) e a Polícia Legislativa.

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Brasil é visto internacionalmente como “ameaça a médio e longo prazo”, diz professor da FGV https://canalmynews.com.br/mais/imagem-do-brasil-se-dissolve-no-exterior-comprometendo-recuperacao-economica/ Tue, 09 Mar 2021 12:11:55 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/imagem-do-brasil-se-dissolve-no-exterior-comprometendo-recuperacao-economica/ Professor de relações internacionais explica como a postura de Bolsonaro afeta o desenvolvimento e a diplomacia do país

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O derretimento da imagem brasileira perante a comunidade internacional é um dos reflexos mais eminentes da administração negacionista do governo Bolsonaro. A avaliação é de Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP, e estudioso da geopolítica.

Seja pela desastrosa condução frente a maior crise sanitária do século ou pela recusa em efetivar planejamentos capazes de frear a devastação da Floresta Amazônica, Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos principais personagens responsáveis por caracterizar o Brasil como uma pária mundial, avalia o analista internacional.

O presidente Jair Bolsonaro, que parabenizou Joe Biden pela vitória na eleição nos EUA mais de um mês após o pleito
O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil).

Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP e colunista dos jornais ‘EL PAÍS’ e ‘Americas Quarterly’, a decadência diplomática do país foi agravada “desde que Bolsonaro se tornou presidente”: “Acompanho, há 15 anos, todos os dias, a reação e reputação do país, e confesso que nunca vi uma deterioração tão brusca como essa que estamos vendo”.

Referindo-se aos embates entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e Bolsonaro acerca das políticas ambientais e consequente devastação amazônica, Stuenkel afirma que o momento atual do país é evidenciado no exterior como uma ameaça imediata.  

“Há uma percepção de que o Brasil representa não só uma ameaça a médio e longo prazo, no caso do meio ambiente, mas, também, devido a incapacidade em lidar com a situação, somada à postura do presidente, há a impressão internacional de que o país não tem a vontade política para lidar com esse desafio [pandemia], concebendo um espaço em que o vírus corre solto, podendo provocar mutações que ameaçam países. Para mim, é a pior crise da reputação brasileira em muito tempo – o Itamaraty não cumpre a função de mitigar os acontecimentos ruins, o que faz com que essas notícias cheguem ao mundo de maneira direta, não filtrada.”, explica o professor.

"É tudo apenas histeria e conspiração", charge publicada no jornal alemão Stuttgarter Zeitung, por Luff.
“É tudo apenas histeria e conspiração”, charge publicada no jornal alemão Stuttgarter Zeitung, por Luff. Foto: Reprodução (Redes Sociais).

“Não é só o aumento de infecções. Afirmações do presidente geram uma insegurança grande, comentários defendendo cloroquina, pauta que deixou de ser discutida em abril lá fora, ataques ao uso de máscara… Bolsonaro é um dos poucos presidentes do mundo que tem essa retórica. […] Em momentos de crise, o ministério de relações exteriores é uma espécie de assessoria de comunicação, um gestor de crise. Hoje é o oposto: o chanceler compartilha teorias conspiratórias, apoia o presidente em afirmações escandalosas… Ele, de certa maneira, está piorando a imagem internacional do país. O Itamaraty, que pode servir como um escudo, atualmente é inoperante”, completa.

Questionado sobre a possibilidade de sanções contra o Brasil, Stuenkel cita o desenvolvimento da pauta ‘ecocídio’ como justificativa para a ratificação de penalidades, uma vez que o tema já é tratado por muito países como uma investida contra nações de todo o mundo, além de reprovações não oficiais estabelecidas por diferentes populações.

“Ações de boicotes iniciados por consumidores, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, onde a imagem do Brasil é péssima, não havendo atores que consigam de maneira alguma mitigar essa situação. Para políticos europeus e norte-americanos bater no Brasil é muito popular, pois não há mais nenhum elemento que defenda o presidente Bolsonaro. […] Esse isolamento tem um impacto muito ruim para a economia e para o turismo brasileiro, atrasando a recuperação econômica do país”.

Íntegra da entrevista com Oliver Stuenkel no programa ‘Dinheiro na Conta’ do canal MyNews

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Governo de Portugal planeja voo para repatriar cidadãos retidos no Brasil https://canalmynews.com.br/mais/governo-de-portugal-planeja-repatriar-cidadaos/ Thu, 18 Feb 2021 15:34:31 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/governo-de-portugal-planeja-repatriar-cidadaos/ Plano inclui pessoas com problemas de saúde, em dificuldade financeira e com necessidades de caráter familiar

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O Governo de Portugal coordenará um voo de repatriamento para cidadãos portugueses retidos no Brasil. Devido ao agravamento no número de casos da Covid-19, as viagens entre os dois países estão suspensas desde o dia 29 de janeiro – inicialmente, a proibição era válida até 14 de fevereiro, mas foi estendida até 1º de março e há expectativa de uma nova prorrogação.

Augusto Santos Silva, ministro de Negócios Estrangeiros (equivalente a pasta de Relações Exteriores no Brasil), declarou em sessão no Parlamento que solicitou à embaixada portuguesa a identificação dos residentes que necessitam regressar ao país europeu “por razões humanitárias”.

Governo de Portugal pretende repatriar ao menos 70 cidadãos retidos no Brasil.
Governo de Portugal pretende repatriar ao menos 70 cidadãos retidos no Brasil. Foto: Pixabay (Reprodução).

Sem informar maiores detalhes sobre o planejamento, incluindo a data prevista para o embarque, o ministro disse ter constatado 70 pessoas que se enquadram nos critérios estabelecidos pelo governo para a repatriação.

“Há 70 portugueses que se encontram no Brasil, mas que não residem no Brasil, que, por razões de saúde, precisam regressar a Portugal”, afirmou.

Junto ao poder Executivo, Santos Silva estuda indicações acerca da classificação dos casos compreendidos como passíveis à repatriação – além dos problemas de saúde, portugueses com dificuldades financeiras para custear uma permanência estendida, bem como aqueles com necessidades de caráter familiar, também podem ser beneficiados.

Mesmo categorizando a intenção de apoio aos compatriotas, o ministro criticou os indivíduos que viajaram sem dar importância à atual circunstância sanitária mundial.

“Em maio do ano passado, ainda havia cidadãos europeus que aproveitavam para fazer viagens de cruzeiro. Temos de desertificar comportamentos que não podemos ter agora. Temos de ter muito cuidado na circulação internacional do vírus, em particular de mutações que ainda não conhecemos bem”, declarou.

Questão diplomática

Embora a pasta portuguesa de relações internacionais tenha afirmado que identificou 70 perfis como válidos para a repatriação, um grupo bem maior de pessoas solicitou o auxílio oficial das autoridades para conseguir regressar à Europa. Até o momento, cerca de 150 cidadãos, entre portugueses e brasileiros com residência legal em Portugal, assinaram uma carta aberta pedindo ajuda para o retorno.

Mediante a situação, Santos Silva afirmou ter conversando com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, para explicar a proibição de tráfego entre os dois países, fundamentando-se nos dados referentes à pandemia no país luso.

Ministro português de Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Ministro português de Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Foto: Arno Mikkor (EU2017EE).

“Falei com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, a quem expliquei que era uma medida que tomávamos não por qualquer avaliação negativa da situação epidemiológica do Brasil, mas porque vivíamos uma situação epidemiológica muito difícil em Portugal e tínhamos de tomar medidas desta natureza”, ponderou.

Sob o atual decreto português, com exceção das viagens de caráter excepcional, podem embarcar para o país cidadãos ou residentes legais de todas as nações componentes da União Europeia.

O documento permite ainda o retorno por meio de voos com conexões em outros países. No entanto, muitos dos impactados se queixam que o alto preço dos bilhetes inviabiliza a opção.

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Os resultados que precisamos e aqueles que temos da Política Externa Brasileira https://canalmynews.com.br/creomar-de-souza/os-resultados-que-precisamos-e-aqueles-que-temos-da-politica-externa-brasileira/ Thu, 11 Feb 2021 11:01:27 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/os-resultados-que-precisamos-e-aqueles-que-temos-da-politica-externa-brasileira/ Uma política externa descolada do eixo tradicional das políticas públicas, é incapaz de gerar resultados e corresponder aos desafios impostos pelas dinâmicas da geopolítica das vacinas globalmente

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Um dos primeiros textos desta coluna discutiu o que é Política Pública e a sua utilidade. Longe de esgotar o assunto, aquela reflexão ressurge com força no atual momento. Seja pelas discussões bizantinas que envolvem a vacinação, seja pelos limites geopolíticos impostos ao governo brasileiro. O fato é que políticas públicas devem buscar resultados e soluções para a coletividade e que Política Externa, ao ser Política Pública, está enquadrada neste axioma.  

Se no passado tal concepção de realidade era um truísmo, hoje, é preciso reafirmar essa noção já que o domínio diplomático parece ter sido colonizado pela ideologia. A principal resultante deste fenômeno é a expulsão do cálculo tradicional de ganhos e benefícios e a exclusão do pragmatismo saudável da projeção de interesses nacionais no contexto de um cenário internacional cada vez mais competitivo.

Obviamente, este dilema não é exclusividade do Brasil. Ao contrário, o avanço do populismo mundo afora teve o condão de usar a Política Externa como um de seus alvos prediletos na busca de bodes expiatórios, numa manobra daninha para uma ordem internacional baseada no direito e na solução negociada para problemas comuns. No caso da Europa, a política de integração seria a culpada pelo desemprego, pela imposição de valores democráticos contra a vontade de regimes “iliberais”, pela suposta invasão de imigrantes, mesmo em países com números irrelevantes de imigrantes.

Nos EUA, Trump representou fenômeno semelhante. Manipulou a situação difícil de parcelas da população e seus temores mais recônditos em relação ao outro e ao diferente. Atribuiu a imigrantes os males sociais, culpou a China pela decadência da manufatura tradicional no país, acusou ambientalistas de inventar uma conspiração global para matar a indústria do carvão e retirar o poder do setor de hidrocarbonetos.

Em suma, o populismo tem como subproduto uma visão maniqueísta, que reduz o mundo a um roteiro cinematográfico de uma batalha as forças do bem – não coincidentemente ocidentais, conservadoras, nacionalistas – contra as forças do mal – o comunismo, o globalismo, a ONU, a OMS. Esse amálgama simplista distorce a realidade para fabricar soluções imaginárias. E como resultante, realiza-se um processo de fuga das Políticas Públicas baseadas em evidência e aposta-se em soluções baseadas em sectarismo.

Como exemplo deste processo, percebe-se a ideologização de Políticas Públicas, que se tornam um campo de embate desproporcional diante da gravidade das situações a serem enfrentadas. Neste país, vimos isso na questão da vacina, no relacionamento subserviente em relação aos EUA de Trump e na prática de pisar no calo da China, ignorando a relevância deste país para a economia nacional. Desta maneira, o populismo que hoje dá as cartas na nossa Diplomacia tornou-se um estudo de caso na busca de ganhar pontos com uma base eleitoral radicalizada em detrimento dos interesses concretos da população.

O fato é que se anteriormente, a lógica de ideologização não possuía resultados concretos, na atual conjuntura os danos são inescapáveis. A realidade se impõe e se vinga, em momento que o país precisa manter mercados abertos às exportações – nos EUA, na Europa, na América do Sul e na Ásia – e na hora de navegar no mar revolto da geopolítica das vacinas. Nesse caso, a vergonha e o constrangimento moral de uma Diplomacia sectária é um problema menor diante da perda de influência, poder e por consequência, capacidade de garantir a prosperidade, a saúde e o futuro de nossos cidadãos.

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Política externa brasileira coloca em risco plano de imunização contra Covid-19 https://canalmynews.com.br/politica/politica-externa-brasileira-coloca-em-risco-plano-de-imunizacao-contra-covid-19/ Thu, 21 Jan 2021 15:09:47 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/politica-externa-brasileira-coloca-em-risco-plano-de-imunizacao-contra-covid-19/ Relações desgastadas com China e Índia, fornecedores de insumos médicos, já impactam na produção das vacinas

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O clima de euforia gerado com o início da imunização contra a Covid-19 no Brasil durou pouco. O alívio gerado pela aprovação junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) das vacinas a serem produzidas no país pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz deu lugar à apreensão e ao risco de falta desses imunizantes. E o motivo recai sobre a política externa do governo de Jair Bolsonaro.

No dia seguinte à homologação dos antivirais, os projetos de vacinação começaram a enfrentar sérios entraves. A razão principal, em termos materiais, diz respeito às poucas doses disponíveis no Brasil: 6 milhões para mais de 210 milhões de habitantes — todas da Coronavac, vacina produzida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

O governo contava com 2 milhões de vacinas vindas da Índia, bem como de materiais chineses para produção de imunizantes no Brasil, impactando tanto as doses do Instituto Butantan quanto da Fiocruz.

Teste com voluntário para vacina contra a Covid-19
Teste com voluntário para vacina contra a Covid-19.
(Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Diplomacia contra plano de imunização

A Fiocruz afirmou que a falta de previsão para a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) pode atrasar a fabricação das primeiras remessas da vacina Oxford/AstraZeneca, previstas para a segunda semana de fevereiro. O Butantan confirmou que desde domingo (17) não consegue produzir novas doses da Coronavac por falta de insumos, parados na China.

Esse cenário de desabastecimento tem como uma de suas origens as estratégias de política externa dos países asiáticos, termos burocráticos e, sobretudo, contrariedades diplomáticas resultantes da postura federal brasileira.

Críticos ávidos do sistema político chinês, os integrantes da família Bolsonaro, acrescidos por ações de assessores e do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, geraram verdadeiros incômodos a Pequim, que foram compreendidos como erros sistêmicos pela comunidade internacional.

Nesta semana, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que “a China não tem dado celeridade aos documentos de exportação necessários para que o IFA saia e venha para o Brasil”, e completou: “Estamos fazendo movimentos fortes no nível diplomático para encontrar onde está essa resistência e resolver o problema”.

Quanto à Índia, o não apoio brasileiro à proposta indiana de quebra de patente temporária de produtos relacionados ao combate da mundial da Covid-19, apresentada no ano passado à Organização Mundial do Comércio (OMC), é apontado como motivo principal para o entrave – o Governo Federal aguarda o carregamento de 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca fabricadas no país.

O chanceler Ernesto Araújo, por sua vez, atribuiu o atraso na liberação de 2 milhões de doses prontas da AstraZeneca e dos insumos da Sinovac, já adquiridos pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz na China e na Índia, a adversidades burocráticas e à elevada demanda internacional pelos materiais. Mas admitiu que não há prazo para que as vacinas cheguem ao Brasil, embora o governo tenha inclusive preparado um avião especialmente para buscar os imunizantes.

“Todo o processo está avançando e queremos acelerar justamente para que possamos manter o cronograma de vacinação. O comércio com a China cresceu expressivamente nos dois anos do nosso governo. Em 2020, cresceu 30% em comparação com 2019. Estamos juntos no Brics e tenho certeza que isso se refletirá também neste caso. Não é um assunto político, é um assunto de demanda por um produto”, declarou.

Segundo Araújo, o Brasil mantém uma “relação madura e construtiva” com ambas as nações asiáticas.

Saídas?

Diante desse quadro, outros atores têm atuado para tentar retomar o fornecimento externo de insumos para as vacinas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que participou no último dia 20 de uma reunião virtual com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.

“O governo chinês vai trabalhar para acelerar a chegada desses insumos. O diálogo com o governo de São Paulo e o Instituto Butantan vai fazer com que a gente consiga avançar o mais rapidamente possível. A decisão do governo chinês é atender a população brasileira”, declarou o parlamentar.

Maia confirmou a inação federal, tendo em vista “uma falta de diálogo incrível. A questão ideológica tem prevalecido sobre a questão de salvar vidas”, criticou. Até o momento, o governo brasileiro não realizou esforços para contatar a embaixada chinesa, a fim de debater possíveis soluções para a questão.

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Macron insinua boicote à soja brasileira: entenda o que isso significa https://canalmynews.com.br/economia/macron-insinua-boicote-a-soja-brasileira-entenda-o-que-isso-significa/ Wed, 13 Jan 2021 19:19:23 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/macron-insinua-boicote-a-soja-brasileira-entenda-o-que-isso-significa/ Fala do presidente francês mistura protecionismo e pressão contra a política ambiental do governo Bolsonaro

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Nesta terça-feira (12), o presidente da França, Emmanuel Macron, em mensagem nas redes sociais, afirmou que “continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia”.

Respaldando-se em ambições ecológicas, o mandatário alegou que é coerente ao ambientalismo fomentado no país, e que está lutando para “produzir soja europeia ou equivalente”.

Para analistas políticos e profissionais jurídicos, a declaração do francês externa interesses comerciais protecionistas, mas não deixam de refletir uma conjuntura diplomática que pressiona o Brasil acerca da postura federal frente à devastação florestal e o agronegócio.

Em entrevista para o Almoço do MyNews, o advogado e ex-deputado federal Airton Soares caracterizou a investida de Macron como metodologia de defesa, considerando as distintas condições naturais para a exploração de soja no Brasil, em detrimento da realidade agrária.

Colheita de soja em fazenda no Brasil
Colheita de soja em fazenda no Brasil. Política ambiental brasileira pode atrapalhar o agronegócio nacional.
(Foto: Pixabay)

“A soja é um pretexto. Na verdade, o Macron defende a agropecuária e os produtores de alimentos da França. Aí, então, entra a questão do frango que chega até lá, das laranjas, abacaxis, legumes… todos produzidos aqui no Brasil, afetando a produção francesa, além de concorrer, segundo ele, de maneira desleal”, explicou.

O vice-presidente Hamilton Mourão, na manhã desta quarta-feira, criticou o posicionamento do dirigente francês: “Macron desconhece a produção de soja do Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado ou no sul do país […] Então, eu acho que nada mais, nada menos, ele externou aí aqueles interesses protecionistas dos agricultores franceses. Faz parte do jogo político”, completou.

De acordo com Soares, Macron se utilizou da preservação ambiental, de fato concebida como uma das principais agendas dos líderes europeus, para, indiretamente, potencializar o mercado doméstico. “É válida a primeira parte, ele tem mesmo que encampar – não é só o Macron que não tolera conviver com políticos como o Bolsonaro, mas também toda a realidade europeia e todos os democratas que estão no poder ao redor do mundo”, esclareceu.

Uma questão diplomática

Participando também da entrevista, o cientista político e professor da UERJ Christian Lynch rememorou o acordo de livre comércio engendrado entre os países do Mercosul e da União Europeia. Para ele, a resolução celebrada recentemente “foi muito difícil, sujeita ainda à ratificação, e que aqueles dados como vencidos certamente têm interesse de criar empecilhos para valorizar os próprios produtos”.

Em uma economia cada vez mais globalizada e interdependente, pautas progressistas ganham forças políticas por meio da adesão popular, delineando novos valores a práticas comerciais, principalmente àquelas atreladas às transformações e reformas sociais.

“Estamos em um ambiente de competição internacional, somos os únicos produtores de soja no mundo. O risco que a gente corre é que aconteça com a soja o mesmo que aconteceu com a borracha no começo do século XX: se você não se aplica a tentar vender bem o seu produto, a concorrência vai superá-lo”, elucidou Lynch.

Macron e Biden

Como toda nação, o Brasil também está sujeito às fiscalizações e regulamentações por parte da comunidade internacional. Além desse policiamento e das dificuldades naturais das transações, ainda “temos um presidente da república que dá todos os pretextos para boicotarem e imporem sanções econômicas. Temos que entender que o Macron está olhando o lado dele, mas nós, infelizmente, não estamos olhando o nosso. Quer dizer, a sociedade civil vê, mas quem deveria olhar por nós, na defesa dos interesses brasileiros em ambiente internacional, não está fazendo sua parte”, acrescentou.

A vitória de Joe Biden nos Estados Unidos estreita ainda mais o cerco contra o Brasil. Durante a campanha eleitoral, o democrata fez um alerta ao governo brasileiro: “Parem de destruir a floresta. Se vocês não pararem, sofrerão significativas consequências econômicas”. A questão diplomática, no entanto, ainda parece estar longe de ser definida.

“Diplomacia a gente tem, mas ela não está podendo falar nem agir. Esse governo tenta se impor por meio dos cargos de direção, colocando pessoas que não têm liberdade para fazerem o que querem mesmo sendo simpatizantes do próprio Bolsonaro. Em casos específicos, como o da pasta do Meio Ambiente, os ministros compram o pacote completo desse populismo reacionário radical. Diplomacia a gente tem, mas ela está impedida de atuar por causa dessa diretriz, existindo apenas para servir aos interesses da família presidencial. Os interesses do Brasil, como Estado, não importam, o que importa, na verdade, é tudo aquilo que se pode cacifar para esse projeto”, concluiu.   

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Sob Bolsonaro, Brasil quer se colocar como referência mundial ultraconservadora https://canalmynews.com.br/mais/sob-bolsonaro-brasil-quer-se-colocar-como-referencia-mundial-ultraconservadora/ Tue, 05 Jan 2021 21:22:53 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/sob-bolsonaro-brasil-quer-se-colocar-como-referencia-mundial-ultraconservadora/ Sem a sombra de Trump, Bolsonaro tenta colocar o Brasil como exemplo mundial de conservadorismo e “família tradicional”

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Como fica a diplomacia brasileira sob o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída dessa referência a partir da posse de Joe Biden? Para o jornalista Jamil Chade, especializado em acompanhar a política externa brasileira, a troca de comando na Casa Branca não deve gerar, pelo menos de imediato, uma mudança nesse posicionamento global.

Pelo contrário, o Brasil, sob a administração de Bolsonaro, vem buscando a consolidação como o novo arauto do ultraconservadorismo global.

“A política externa brasileira hoje é um braço extremamente atuante de uma política doméstica ultraconservadora”, resume Chade durante participação no Almoço do MyNews desta terça-feira (5).

Essa tendência é facilmente notada nos últimos anos, com o governo brasileiro atuando de maneira muito coordenada com outros países para evitar a aprovação de textos na ONU, OMS (Organização Mundial de Saúde) e em outras instituições, que falam de direitos reprodutivos, acesso à educação sexual, entre outros assuntos.

“Isso tudo tem um objetivo: não dar nenhuma brecha para que o aborto, eventualmente, seja reconhecido como prática legítima”, exemplifica

Brasil da ‘família tradicional’

A recente legalização do aborto na Argentina, bem como as reações diplomáticas do governo brasileiro, exemplificam a conjuntura mundial de politização das mais variadas estruturas sociais.

“A agenda religiosa, conservadora, no debate mundial, não vai desaparecer com a saída de Trump. Nos últimos anos, governos trouxeram de volta para as negociações internacionais temas que compreendem essa agenda, abrangendo temas como religião, cultura e uma espécie de freio à expansão de direitos, especificamente dos direitos das mulheres”.

A religião, orientada dentro dos valores morais de ‘família tradicional’, caracteriza-se, segundo o jornalista, como uma das principais representantes do ocidentalismo: “defender o cristianismo, defender os valores ocidentais, tudo isso significa, na versão desses governos, endurecer regras e leis em questões sociais, na saúde e na educação”.

Chade ressalta ainda que esse tipo de atuação encontra respaldo não só político, mas financeiro mundo afora. “A agenda é sólida, porque tem o apoio de muitas entidades religiosas pelo mundo, e essas entidades têm muito dinheiro e muita influência para manter essas pautas no centro do debate”.

Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília
Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília
(Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Brasil e o meio ambiente

Questionado sobre a postura federal frente aos programas ambientais e a relutância internacional em preservar a Amazônia, o jornalista aponta que o meio ambiente é um tema no centro da agenda global e que não há como fugir dele.

“O Brasil de certa forma se escondida na sombra do Trump frente ao mundo. Biden vai assumir uma postura diferente, complicando a história para o Brasil, que certamente será pressionado”, comenta Chade, que no entanto descarta a possibilidade de boicotes financeiros – ações que podem ser, “tranquilamente”, contornadas judicialmente.

“A derrota que o Brasil já sofreu, e que não será revertida no curto prazo, foi na batalha pelos corações e mentes dos consumidores. Na Europa, entre os jovens, há a mentalidade ‘meu voto é meu euro’, na qual o consumo é direcionado para empresas que não violem determinados princípios, e hoje a questão ambiental está no centro.”

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