Arquivos Ricardo Kotscho - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/ricardo-kotscho/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 24 May 2024 14:36:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 De volta a Brasília, 10 anos depois, um café com Lula e a neta Laura https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/de-volta-a-brasilia-10-anos-depois-um-cafe-com-lula-e-a-neta-laura/ Fri, 05 Apr 2024 23:11:46 +0000 https://localhost:8000/?p=42844 Somos amigos há mais de 40 anos, e o Lula sempre foi desse mesmo jeito, falando com gente humilde ou com os donos do mundo

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Em 2003, quando eu trabalhava no Palácio do Planalto, no primeiro governo Lula, a filha Mariana levou Laura, minha primeira neta, recém-nascida, para tirar uma foto com o presidente.

Vinte e um anos depois, Laura agora já é jornalista também, como a mãe e eu. Voltamos esta semana ao gabinete presidencial para tomar um café e mostrar a foto a Lula, o que o deixou emocionado ao constatar o passar tão rápido do tempo. Faz mais de 10 anos que eu não ia a Brasília, para onde fui a convite de um evento promovido pelo MyNews, a quem agradeço.

Ricardo Stuckert

 

O café se prolongou por mais de uma hora, com Lula contando a Laura as nossas aventuras nas campanhas presidenciais, lembranças de família, as brincadeiras que fazia comigo porque eu estava sempre com fome, comendo qualquer porcaria nos botecos, as muitas viagens pelo Brasil e pelo mundo. Não falamos de política e rimos bastante quando ele mostrou sua meia com a estampa da Frida Kahlo.

Ricardo Stuckert

Ambas as fotos, a antiga e a nova, foram feitas pelo grande artista Ricardo Stuckert, hoje secretário de audiovisual da Secom, que eu levei para trabalhar no primeiro governo, e é o único assessor de Lula que está com ele até hoje. Os dois se tornaram inseparáveis, até mesmo quando o presidente passou 580 dias na prisão em Curitiba.

Ricardo Stuckert

Junto na sala estava também o chefe do gabinete pessoal, Marco Aurélio Ribeiro, o Marcola, dono da agenda e da maçaneta da porta que dá acesso ao presidente, tão boa gente como seu antecessor na função, o velho Gilberto Carvalho, da primeira equipe de assessores na campanha de Lula a governador de São Paulo, em 1982.

Do lado de fora do gabinete, só se falava naquele dia em crises de várias latitudes, mas se enganou quem imaginava encontrar um presidente preocupado com o noticiário. Lula tem essa capacidade de se desligar dos problemas para jogar conversa fora com os amigos, enquanto não encontra uma solução.

Quem o visitava na prisão para o confortar, saía da cela reconfortado com o ânimo do amigo, que sempre se recusou a jogar a toalha nos momentos difíceis, buscando forças na sua própria trajetória de vida. Para quem nasceu onde ele nasceu, na zona rural da pequena Caetés, um antigo distrito de Garanhuns, em Pernambuco, e passou fome na infância, veio para São Paulo aos 7 anos num caminhão pau de arara com a mãe, dona Lindu, e uma penca de irmãos, e está agora no seu terceiro mandato de presidente da República, tudo é lucro.

Aos 78 anos, depois de encarar duas prisões e um câncer, Lula gosta de contar que acorda todos os dias às 5 e meia da manhã, como nos velhos tempos de fábrica, para fazer exercícios na academia montada no Palácio da Alvorada, um dos lugares onde mais tempo morou. Cismou que vai viver até os 120 anos, para espanto da Laurinha, que prestava muita atenção e se divertia com a nossa conversa de boteco.

Lamento frustrar os amigos e leitores que esperavam grandes revelações nesse nosso reencontro depois de tanto tempo. A vida não pode ser feita só de notícias. Somos amigos há mais de 40 anos, e o Lula sempre foi desse mesmo jeito, falando com gente humilde ou com os donos do mundo, sem se importar muito com o que os outros vão falar. Nós não fomos fazer uma entrevista, mas apenas uma visita.

Nos encontramos pela última vez antes desse dia no Sindicato dos Metalúrgicos, na véspera dele ser preso, e me lembro que Lula procurava acalmar os outros que estavam nervosos em volta do então ex-presidente, durante aquelas horas tensas, discutindo o que fazer.

Parece que só ele botava fé que, mais dia, menos dia, voltaria nos braços do povo ao Palácio do Planalto, de onde tinha saído com mais de 80% de aprovação popular. E não é que o nego véio, duro na queda, mais uma vez tinha razão? Aprendi a não duvidar mais dele. Nada parece impossível para esse sertanejo teimoso que virou um homem do mundo.

Vida que segue.

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O repórter e o coronel: é uma grande moleza ser militar no Brasil. Aposenta-se aos 55 anos e ganha R$ 29 mil por mês https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/o-reporter-e-o-coronel-e-uma-grande-moleza-ser-militar-no-brasil-aposenta-se-aos-55-anos-e-ganha-r-29-mil-por-mes/ Tue, 27 Feb 2024 14:55:59 +0000 https://localhost:8000/?p=42527 Granadas, como sabemos, são de uso exclusivo das Forças Armadas e não costumam ser usadas para defesa pessoal, nem em treinamentos no clube de tiro que o coronel Virgílio Parra Dias frequentava nas horas vadias de um aposentado feliz

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Quem mandou ser jornalista? É a pergunta que me fazem quando conto que vou completar 60 anos de jornalismo em maio, com uma aposentadoria do INSS de pouco mais de R$ 4 mil por mês, que não paga nem o plano de saúde.

Lembrei-me disso ao ler a excelente reportagem “Militar que tinha 111 armas em imóvel em SP é encontrado ferido com faca”, do meu colega Herculano Barreto Filho, publicado hoje no UOL, onde também trabalho. Não deixem de ler na integra.

Ali ficamos sabendo que o dono do arsenal mantido num apartamento em condomínio residencial, que explodiu na noite de sábado, em Campinas (SP), Virgílio Parra Dias, coronel da reserva do Exército, tem 69 anos e está aposentado (reformado no jargão militar) desde dezembro de 2010, segundo o portal da transparência do governo federal, com um salário mensal de R$ 29 mil.

Que beleeeeza!!!, diria o narrador Milton Leite, do SporTV.

Também queria essa moleza, mas se eu parar de trabalhar, aos 75 anos, morro de fome. Nada tenho contra o polpudo soldo do coronel, mas tudo contra o que recebo do INSS, ou melhor, não recebo, desde o início do ano passado, quando ganhei um processo na Justiça pedindo revisão da aposentadoria, que era menor. Estão depositando em outras contas que não são minhas e eu tenho que correr atrás com meu advogado.

Só com um rendimento desses, que nós pagamos com nossos impostos, pois vem do Tesouro Nacional, o militar reformado poderia ter no apartamento esse arsenal 111 armas de todo tipo, duas granadas, 25 embalagens de explosivos e 15 carregadores para 3 mil munições.

O incêndio provocado pela explosão atingiu quatro andares e 37 pessoas ficaram feridas. O coronel fugiu e foi encontrado por bombeiros com um ferimento por faca num imóvel no bairro Chapadão, em Campinas. A principal suspeita da polícia é que ele tentou o suicídio, relata o repórter.

Não há risco de morte. Assim, ele poderá um dia esclarecer apor quanto tempo guardava esse arsenal no condomínio e como foi parar lá, colocando em risco a vida dos outros moradores, que saíram correndo do prédio. Antes de fugir, Parra mentiu aos bombeiros, como mostrou vídeo da EPTV, ao se recusar a dizer onde estavam as granadas. “Não tem granada lá!”, garantiu, mas um bombeiro já tinha sido atingido por uma delas.

Granadas, como sabemos, são de uso exclusivo das Forças Armadas e não costumam ser usadas para defesa pessoal, nem em treinamentos no clube de tiro que o coronel frequentava nas horas vadias de um aposentado feliz.

O Brasil, como costumava dizer o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não é um país pobre, é um país injusto. E continuará sendo, porque na Reforma da Previdência foram mantidas todas as regalias e privilégios dos militares ao serem reformados, ao contrário dos paisanos, que irão trabalhar mais tempo para ganhar ainda menos. Recomendo ao colega Herculano pagar logo uma previdência privada para não ter que trabalhar quando a velhice chegar. Quem mandou ser jornalista?

Vida que segue.

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Lula tira Bolsonaro das manchetes e dá munição ao comício golpista de domingo https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/lula-tira-bolsonaro-das-manchetes-e-da-municao-ao-comicio-golpista-de-domingo/ Tue, 20 Feb 2024 17:30:08 +0000 https://localhost:8000/?p=42468 Não seria preciso invocar Adolfo Hitler para defender os palestinos e atacar o governo genocida de Israel

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No momento em que o STF e a Polícia Federal fechavam o cerco a Bolsonaro e sua gangue de golpistas, todos eles convocados a depor nesta quinta-feira gorda em Brasília, Lula lhes fez o favor de tirá-los das manchetes, ocupadas agora pelas desastradas declarações sobre o massacre de Israel contra o povo palestino, comparando-o ao Holocausto que incinerou 6 milhões de judeus nas câmeras de gás.

De quebra, entregou farta munição para o ex-presidente inflamar seu comício marcado para este domingo, na avenida Paulista, em São Paulo, “em defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e da liberdade”, ou seja, tudo o que ele tentou destruir em seus quatro anos de governo.

Agora, esse ato, “sem atacar ninguém”, vai ser também em defesa do Estado de Israel e contra Lula, insuflando os bolsonaristas evangélicos, que ganharam de graça uma bandeira para levar às ruas e um mote para a sua manifestação de protesto contra o cerco ao seu líder deflagrado pela Justiça e pela Polícia Federal.

Claro que Lula se referia ao governo de Benjamim Netanyhau, responsável pela morte de mais de 30 mil palestinos, e não ao povo judeu, espalhado pelo mundo, a quem deveria se dirigir diretamente para explicar melhor o que quis dizer ao fazer essa comparação, sem lastro nos fatos históricos, um grave erro. Comparações são sempre perigosas. Não seria preciso invocar Adolfo Hitler para defender os palestinos e atacar o governo genocida de Israel.

Claro também que a milícia digital bolsonarista, que pegou fogo nos últimos dias, não iria fazer esta distinção. Era tudo que eles queriam para mobilizar os devotos.

Nenhum líder mundial até este momento saiu em defesa de Benjamim Netanyahu nesta batalha de Itararé verbal, mas os prejuízos para Lula e o governo já são grandes aqui dentro, ao ressuscitar e dar um novo embalo à oposição bolsonarista no Congresso e à ala lavajatista na mídia, que caíram matando no presidente. Com tantos problemas ainda para atacar na reconstrução do país, o Brasil não precisava disso agora, bem quando a economia começa a se recuperar.

Lembro-me que Lula respondia com uma pergunta quando algum assessor lhe levava uma ideia de jerico: “E o que nós ganhamos com isso?”.

É o que eu gostaria de perguntar agora a Lula, que arrumou uma grande e desnecessária encrenca multinacional, às vésperas do ato golpista para Bolsonaro se defender, disfarçado de “democrático”, marcado por ele já no desespero, ao se ver cercado por todos os lados, sem defesa, diante de tantas provas dos seus crimes de lesa-pátria, sem discurso e sem bandeiras, e resolveu partir para o tudo ou nada. Agora ninguém sabe o que pode acontecer no domingo. Coisa boa não será, seja qual for o tamanho da manifestação.

Vida que segue.

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Na Quarta-feira de Cinzas, depois do mais belo carnaval, fuga de presos em Mossoró assusta o país https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/na-quarta-feira-de-cinzas-depois-do-mais-belo-carnaval-fuga-de-presos-em-mossoro-assusta-o-pais/ Thu, 15 Feb 2024 21:21:45 +0000 https://localhost:8000/?p=42405 E eu só queria falar do Carnaval… Não é mesmo fácil este ofício de escrever sobre o cotidiano, mas eu não sei fazer outra coisa

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Para os leitores que porventura tenham estranhado minha ausência do Balaio, que escrevo ininterruptamente há mais de 15 anos, explico aqui os motivos.

Não foi por nenhuma razão de força maior ou problema de saúde. Simplesmente, parei por uns dias para repensar este nosso ofício de escrever em tempos de redes sociais, jornalismo online, inteligência artificial, tudo aquilo que não havia quando iniciei minha carreira em 1964, logo após o golpe militar, e que viraram as comunicações humanas de pernas para o ar com o advento da internet.

Para que escrevemos, afinal, se o mundo já está se afogando em informações e opiniões demais?

Sempre achei que a gente só deveria escrever por necessidade: além de receber um salário, deveria ser só quando temos alguma coisa nova e boa para contar, que possa ajudar as pessoas a entender melhor o mundo e o nosso país.

Me preocupo em não desanimar os leitores ao final de um comentário sobre a realidade em que vivemos. Ao contrário, procuro sempre dar um alento, arrancar um sorriso, botar fé de que é possível mudar o rumo das coisas que nos afligem. Quem me acompanha desde que comecei a escrever o blog sabe disso.

Mas, ultimamente, pela primeira vez nestes 15 anos, encontro dificuldades para encontrar temas que me obriguem a abrir o computador de manhã para comentar sobre eles. Por vezes, me parece que tudo já foi dito, noticiado e comentado em todas as plataformas.

Hoje, por exemplo, estava disposto a escrever sobre o Carnaval mais alegre e pacífico dos últimos anos, por sugestão da Alice Rabello, jovem e entusiasmada jornalista que é minha parceira no programa “Pergunte ao Kotscho”, que vai ao ar toda quarta-feira, às 16h30, ao vivo, aqui mesmo no My News.

Depois do sufoco dos últimos anos de pandemia e ameaças golpistas, foi o primeiro Carnaval em que milhões de brasileiros, em todos os cantos do país, soltaram o grito preso na garganta e se esbaldaram a valer, sem pensar no amanhã. Foi bonito, pá…

Bem que eu queria, Alice, mas…
… ao raiar da Quarta-feira de Cinzas, em que multidões ainda pulavam e cantavam por toda parte para encerrar a festa com chave de ouro, dois presos de alta periculosidade fugiram pelo alambrado da penitenciária de segurança máxima de Mossoró (RN), um fato que chocou o país pelo ineditismo, pois isso nunca tinha acontecido antes.

Ainda desconhecemos a gravidade dessa fuga, pois certamente não bastou pagar suborno a um carcereiro para cometer esta ousadia, que afronta o poder público e pode deixar sequelas no combate à criminalidade organizada fora de controle.

Tudo foi muito bem planejado e executado, até o dia escolhido. No momento em que escrevo, 30 horas depois, ainda não há sinais dos fugitivos. Além deles, e das suas facções criminosas, a quem mais interessava gerar insegurança na população, criar um clima de caos e medo no momento de transição do Ministério da Justiça, de Flávio Dino para Ricardo Lewandowski, que ainda estava organizando seu gabinete?

Uma velha amiga me fez essa pergunta hoje de manhã, e eu também já tinha pensado nisso, mas não sei a resposta. A Polícia Federal, a esta altura, deve também estar investigando os mentores e beneficiários desse crime cometido por dois bandidos do Acre, transferidos de Rio Branco para Mossoró, um dos cinco presídios de segurança máxima instalados no país desde 2006, que pareciam inexpugnáveis.

Tem muita gente solta por aí que ainda não se conforma com o ambiente de quase normalidade institucional que vivemos desde o início do ano passado e procura, por todos os meios, legais ou não, impedir o novo governo de governar e pacificar o país. À medida em que o cerco judicial e policial se fecha contra os mentores, financiadores e executores da intentona de 8 de janeiro, pode estar batendo o desespero nessa gente, que já se mostrou capaz de tudo.

Os dois fugitivos de Mossoró podem ser presos a qualquer momento, mas só voltaremos a viver em plena normalidade democrática quando saírem de circulação todos os que atentaram contra o Estado de Direito para permanecer no poder, e a ele querem retornar. Todo cuidado é pouco nesta hora. Uma vez aberta a porteira do precedente, o estouro da boiada pode acontecer de novo.

E eu só queria falar do Carnaval… Não é mesmo fácil este ofício de escrever sobre o cotidiano, mas eu não sei fazer outra coisa.

Vida que segue.

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Com orçamento de R$ 126 bi, militares querem mais R$ 1 milhão por dia para socorrer povo Yanomami https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/com-orcamento-de-r-126-bi-militares-querem-mais-r-1-milhao-por-dia-para-socorrer-povo-yanomami/ Fri, 26 Jan 2024 17:49:19 +0000 https://localhost:8000/?p=42185 No meio de tantos escândalos investigados no governo anterior, a notícia que mais me chocou esta semana saiu na imprensa sem muito destaque e sumiu nos dias seguintes

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Donas de um orçamento de R$ 126 bilhões para 2024, as Forças Armadas tiveram a coragem de cobrar do governo federal mais R$ 1 milhão por dia – por dia! – , para socorrer o povo yanomami, que continua morrendo de fome de malária e envenenado por mercúrio dos garimpos clandestinos em hospitais superlotados e desequipados. Para se ter uma ideia do volume do orçamento da Defesa, para Meio Ambiente e Mudança de Clima foram destinados apenas R$ 3,7 bilhões.

O pedido de mais dinheiro foi feito em setembro, apenas um mês após o governo liberar R$ 275 milhões para essa mesma finalidade, informa o repórter João Gabriel na Folha de quinta-feira. “Ainda assim, os militares teriam capacidade de entregar menos do que metade das cestas básicas necessárias”.

Em nota técnica obtida pela “Folha”, o Ministério da Defesa não faz nenhuma referência à catástrofe humanitária vivida outra vez na maior área indígena do país, com o retorno dos garimpos, e se limita a informar que o dinheiro acabou.

Não é a primeira vez. Sempre que são convocados a cumprir sua missão constitucional na Amazônia – proteger as fronteiras, diariamente invadidas pelas quadrilhas do crime organizado, e as áreas indígenas ameaçadas – pedem a liberação de crédito extraordinário, um dinheiro cobrado por fora do seu robusto orçamento.

Funcionam como uma empresa privada que presta serviços ao governo, e não como funcionários do Estado brasileiro muito bem remunerados. No ano passado, as Forças Armadas consumiram 85% do seu orçamento com salários (altos) e benefícios (muitos), a maior parte com inativos e pensionistas, deixando apenas 10% para custeio e 5% para investimentos.

Se for assim, sairia mais barato o governo contratar empresas de segurança privada e supermercados para proteger e abastecer as aldeias indígenas, que, de janeiro a março deste ano, receberão 14 mil cestas básicas, média de pouco mais de 150 por dia. Mais de 30 mil indígenas sobrevivem na terra Yanomami.

“Não obstante, diante da realidade da operação vigente, o esforço empreendido para a distribuição de cestas básicas mostra-se indissociável das demais atividades desempenhadas, como as operações de desintrusão ao garimpo”, diz a nota do Ministério da Defesa. Defesa de quem?

Acontece que os aviões e barcos clandestinos continuam cruzando os céus e rios da Amazônia para abastecer de suprimentos os garimpos, além de servir o narcotráfico e os contrabandistas de ouro. A Defesa informa que as horas de voo da operação seriam “suficientes para dar 40 voltas na terra”.

E daí? Imagens de crianças morrendo famintas, como em Biafra, e terras destruídas pelo garimpo na terra Yanomami, como em Gaza, continuam circulando pelo mundo. O Brasil está perdendo essa guerra.

Se os militares estão preocupadas em recuperar sua imagem, abalada no período bolsonarista, não precisariam gastar tanto dinheiro com pesquisas: bastaria ler os comentários publicados pelos leitores na matéria da Folha, em que perguntam: “Para que servem, afinal, as Forças Armadas?”. Alguns propõem até a sua extinção, tal é a revolta com o que está acontecendo na Amazônia.

“A omissão e até suspeita de boicote das Forças Armadas na atuação no território Yanomami é vista como fator determinante para a explosão do garimpo ilegal na região durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)”, conclui a reportagem de João Gabriel, que deveria ser lida pelo ministro da Defesa, José Múcio, e pelos assessores do presidente Lula.

Depois de uma ação vigorosa da força-tarefa de ministérios formada no início do terceiro governo Lula, a Amazônia voltou a ser uma terra de ninguém que assusta o mundo civilizado. Por isso, ele voltou a reunir ministros no início do ano para declarar guerra ao garimpo ilegal, e anunciou mais R$ 1,2 bilhão para a missão.

Mas já vimos que só dinheiro não resolve, pois se trata de um saco sem fundo se não houver vontade política de todos os envolvidos. As ordens do presidente da República precisam ser cumpridas e cabe ao ministro José Múcio repassá-las aos comandantes militares, para poder cobrar resultados imediatos. Enquanto isso, os indígenas e a floresta continuam morrendo a cada dia, e o crime organizado avança.

Vida que segue.

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Receita infalível para se tornar um colunista neocon de sucesso https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/receita-infalivel-para-se-tornar-um-colunista-neocon-de-sucesso/ Thu, 18 Jan 2024 17:56:41 +0000 https://localhost:8000/?p=41986 Fundamental é ser contra o governo, principalmente se for de esquerda. Nem o Vaticano deve ser poupado

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Para começar, é preciso ter diploma, qualquer um, para se diferenciar dos simples mortais. Vivemos a época dos especialistas em qualquer assunto. Não há mais lugar para genéricos autodidatas como Cláudio Abramo e Mino Carta.

Você pode ser sociólogo, filósofo, geógrafo, diplomata, médico, advogado, mas tem que ser um “ista” em qualquer área do conhecimento humano. Importante é sempre deixar claro que você não é jornalista, um ofício menor, para não ser obrigado a se ater à verdade factual e poder viajar à vontade nas tuas verdades absolutas.

Fundamental é ser contra o governo, principalmente se for de esquerda. Nem o Vaticano deve ser poupado. É preciso sempre combater o perigo “comunista”. Fazer cara de mau também ajuda, mas se permite um sorriso irônico e um balançar de cabeça vez ou outra, quando você discorda dos menos dotados de saber e inteligência.

Em qualquer plataforma, recomenda-se ser sempre contra o senso comum, duvidar da ciência, colocar minhoca na cabeça da plateia, confundir para depois explicar, criar polêmica, causar. Cancelar e humilhar quem pensa diferente também é recomendável. Gera leitura, cliques e audiência, o combustível do sucesso. É só ver o exemplo do inacreditável Javier Milei, que começou falando abobrinhas como colunista neocon de economia na TV e virou presidente da República, repetindo as mesmas ideias, que agora está colocando em prática.

O primeiro case de sucesso desta fauna foi o “filósofo” Olavo de Carvalho, que hospedou suas colunas em grandes jornais, não esqueçamos, antes de se tornar guru do nascente bolsonarismo, escola que também chegou ao poder. A ele se seguiram várias contrafações, até de jornalistas, mas quem brilhou mais foram os novos filósofos, que fazem cara de inteligência superior até para dar boa noite.

Outra dica infalível é fazer citações eruditas de autores desconhecidos para mostrar como os mortais que debatem com eles são ignorantes. Seja num programa do “mainstream” dos canais de notícias, num podcast ou no Domingão do Huck, repita sempre os mesmos bordões, não importa o assunto.

Faz parte do receituário naturalizar os autocratas mais bizarros e  os crimes contra a humanidade, levantando questões de semântica e semiótica, que ninguém vai entender, mas a plateia do papel ou da telinha achará bonito.

Ser um colunista neocon de sucesso não é para qualquer um. Tem que ter “feeling” para o negócio, pois é disso que se trata, e uma tremenda cara de pau para agradecer os aplausos. O que era um nicho de mercado nos tempos de Paulo Francis, outro precursor, virou tendência no preenchimento de vagas de novos colunistas, com preferência para os neocon.

Rubem Braga, coitado, não teria a menor chance nesse nicho.

Vida que segue.

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14 x 13: Governadores se dividem entre apoio à democracia ou ao Bolsonarismo https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/14-x-13-governadores-se-dividem-entre-apoio-a-democracia-ou-ao-bolsonarismo/ Tue, 09 Jan 2024 19:35:28 +0000 https://localhost:8000/?p=41900 Nada menos que 14 governadores, obedecendo ao comando bolsonarista, deram desculpas esfarrapadas para não participar do evento suprapartidário

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O placar foi apertado, mas os governadores ausentes ganharam dos presentes no ato em defesa da democracia, que reuniu os chefes dos três poderes, na segunda-feira em Brasília, um ano após o golpe fracassado dos bolsonaristas naquele trágico dia 8 de janeiro de 2023, que agora vai ficar tristemente gravado na nossa história.

Nada menos que 14 governadores, obedecendo ao comando bolsonarista, deram desculpas esfarrapadas para não participar  do evento suprapartidário. Além deles, Arthur Lira, do PP, partido que faz parte da base governista, presidente da Câmara e líder do centrão, alegou problemas de saúde na família para ficar em Alagoas, onde tinha se encontrado dias antes com o ex-presidente.

Quem deu o maior vexame foi o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, linha auxiliar do bolsonarismo. Depois de fazer suspense durante vários dias, Zema só confirmou presença em cima da hora, foi a Brasília, mas não apareceu na solenidade marcada para o Salão Negro do Senado.

Para se justificar, gravou um vídeo envergonhando diante do Ministério da Fazenda para dizer que tinha deixado de comparecer porque recebeu informações do seu partido de que o ato tinha um “cunho político”.

Ora, ele é o que como governador de um grande estado da federação, apenas um empresário? Pode existir evento mais político e mais importante institucionalmente do que se reunir para condenar os atos golpistas e defender a democracia e o Estado de Direito?

Esse placar e o mapa dos governadores ausentes e presentes mostra também que o país continua rachado ao meio: o norte e nordeste fechados com o presidente da República e o regime democrático, e o sul e sudeste dominados ainda pelos esbirros  do bolsonarismo, que impedem a união e a pacificação do país, defendidas nos discursos, sem deixar de se cobrar a punição severa dos mentores e principais responsáveis pela intentona golpista.

Desenhou-se assim, precocemente, um cenário beligerante para este ano de 2024, ano de eleições municipais, que mais uma vez colocarão frente a frente a civilização e a barbárie, como nas presidenciais de 2018 e de 2022.

Com o principal líder dos golpistas fora de combate até 2030, condenado pelo Superior Tribunal Eleitoral, os governadores ausentes disputam o seu espólio de votos.

“Força-tarefa contra o golpismo se renova e, e ausentes passam recibo”, resumiu muito bem Bruno Boghossian, em sua brilhante análise do evento publicada hoje na Folha.

Termina assim: “Mesmo que quisessem marcar alguns pontos com Bolsonaro ou apenas evitar que Lula tirasse proveito de suas presenças, aquela pareceu uma péssima hora para marcar uma posição”. De fato, passaram recibo, com medo de serem atacados pelas milícias digitais bolsonaristas que continuam a todo vapor.

Nestas horas, não se admite coluna do meio: ou você está a favor da democracia e das instituições, ou fica do lado do arbítrio e do retrocesso, que levaram à invasão e à destruição das sedes dos três poderes em Brasília, por inconformismo com o resultado das urnas, as mesmas que elegeram também os governadores ausentes.

Vida que segue.

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“O mundo está acabando?” Não, ainda não, minha senhora, mas as notícias não são nada animadoras… https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/o-mundo-esta-acabando-nao-ainda-nao-minha-senhora-mas-as-noticias-nao-sao-nada-animadoras/ Tue, 02 Jan 2024 18:52:55 +0000 https://localhost:8000/?p=41880 Depois de uma certa idade, e só fica velho quem está vivo, as esperanças tornam-se mais frágeis

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Estava eu sossegado num quiosque, logo cedo, tomando um café e lendo meu jornal, quando uma senhorinha de idade com forte sotaque alemão se aproximou, ar de preocupada:

– Com licença… Posso lhe fazer uma pergunta?

– Pois não, se eu souber responder…

– O mundo está acabando?

Passado o susto da pergunta, feita assim de supetão, no segundo dia do novo ano, olhei bem para ela e procurei acalmá-la.

– Não, minha senhora, ainda não, mas as notícias do jornal não são nada animadoras…

Pela nossa idade, nós não vamos ver o mundo acabar, mas parece que os terráqueos estão fazendo o possível para acelerar o processo.

Terremoto no Japão, enchentes em Minas Gerais, seca na Amazônia, as guerras da Ucrânia/Russia e da Palestina/Israel, fora todas as outras, o doido da Coréia do Norte ameaçando soltar armas nucleares, o louco varrido da Argentina anunciando seu plano para acabar com os argentinos, os americanos e o resto do mundo correndo o risco de cair novamente nas mãos sinistras de Donald Trump, Putin cavando o enésimo mandato sem concorrentes, a China comuno-capitalista espalhando seu poder pelo mundo, a CBF sem presidente e a seleção brasileira sem técnico… E o que mais?

A humanidade não está se comportando bem, comentaria o filósofo popular Ronald Golias, aquele grande humorista do século passado. Cada vez mais desumanas, as relações entre países e pessoas em permanente conflito, dentro e fora de suas fronteiras, há tempos flertam com o Apocalipse, o fim dos tempos temido pela minha interlocutora germânica.

Apesar de tudo, sobrevivemos até aqui, e procuro animá-la em seu passeio matinal, empurrando o andador de rodinhas para não cair:

– Olha lá, o sol saiu, as nuvens estão indo embora e nós continuamos respirando por mais um dia… Quem sabe amanhã tenhamos notícias melhores, vindas de não sei onde…

Balançando a cabeça, ela não se convenceu muito. Depois de uma certa idade, e só fica velho quem está vivo, as esperanças tornam-se mais frágeis, mas precisamos preservá-las com muito carinho para não desesperançar de vez.

Basta ver o que aconteceu com o Brasil de um ano para outro. Parece que voltamos a viver num país normal, sem sair daqui, apenas trocando o supremo mandatário. Outro dia escrevi aqui que, pelo menos, saímos do inferno, e as muitas resenhas que li neste final de ano concordaram num ponto: 2023 foi o ano do alívio, pudemos voltar a respirar sem sustos.

A passagem do ano no calendário levou multidões às ruas e praças de todo o país, dançando e cantando, se reencontrando consigo mesmas e a alegria de viver, sem medo de ser feliz amanhã. O réveillon antecipou o Carnaval de fevereiro, mas hoje é dia de pagar os boletos e fazer as contas para o salário chegar no final do mês.

Vida que segue.

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Argentina de Milei está virando o Brasil de ontem, do AI-5 e de Bolsonaro, mas o povo reage https://canalmynews.com.br/politica/argentina-de-milei-esta-virando-o-brasil-de-ontem-do-ai-5-e-de-bolsonaro-mas-o-povo-reage/ Thu, 28 Dec 2023 16:16:22 +0000 https://localhost:8000/?p=41858 Agora é tudo ou nada, mas o povo argentino está reagindo com protestos diários, cada vez maiores

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Em menos de um mês de governo, o anarco-capitalista Javier Milei já virou a Argentina de cabeça para baixo, fazendo lembrar os piores momentos do Brasil do Ato Institucional Nº 5 e da tragédia bolsonarista. É o tal “efeito Orloff” ao contrário.

O aloprado economista de TV está fazendo tudo o que prometeu na campanha, de moto-serra em punho, e muito mais barbnaridades (o nosso capitão fazia arminha com os dedos, lembram?).

O presidente argentino ainda não fechou o Congresso, como fizeram os militares brasileiros em 1968, mas retirou-lhe os poderes para legislar por decretos no atacado, deixando aos parlamentares a tarefa de apenas homologar ou não as suas atrocidades. E já ameaça convocar um plebiscito sobre o seu “decretaço” caso seja contrariado.

Agora é tudo ou nada, (o Congresso só pode aprovar ou rejeitar o pacote completo de insanidades), mas o povo argentino está reagindo com protestos diários, cada vez maiores, apesar das restrições draconianas impostas às manifestações dos trabalhadores.

À frente de uma sigla nanica, Milei simplesmente se recusa a dialogar com os outros partidos e as bancadas no Congresso, enquanto dispara sua metralhadora giratória no ordenamento político, jurídico e social do país, cassando direitos e ameaçando punir os descontentes.

Ao provocar a ira dos sindicatos e dos opositores, o que ele está procurando? Que o povo saia às ruas e quebre tudo, como os alucinados bolsonaristas fizeram aqui na praça dos Três Poderes, em Brasília, no fatídico 8 de Janeiro, para que possa botar as tropas na rua e restabelecer a ordem?

Com o decreto do “Estado de Emergência”, o novo nome do AI-5 platino, que lhe dá plenos poderes por dois anos, vai cassar os mandatos de todos os parlamentares que não votarem a seu favor e mandar prender os líderes sindicais?

Esquece-se que o plebiscito sobre o “decretaço” só pode ser convocado com aprovação do parlamento. Eleito com 55% dos votos, quem garante que ele se saia vencedor no plebiscito, caso aconteça? Esta semana, saiu uma pesquisa na Argentina mostrando que a rejeição ao seu governo já é de 68%, antes dee completar os primeiros 30 dias.

A seguir nesse passo, Milei corre o risco de se tornar o presidente mais breve da história argentina, deixando para trás uma terra arrasada e os seus cachorros. Por enquanto, nada garante que os militares, se forem convocados pelo presidente, embarquem nesta aventura, como Bolsonaro esperava no fracassado golpe de 8 de janeiro.

O novo governo aqui não caiu na armadilha da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que traria os militares de volta ao centro do palco. Em lugar disso, todos os delinquentes foram presos e estão sendo julgados e condenados a penas de até 17 anos de prisão.

Se por acaso acordar dos seus delírios megalomaníacos, Milei poderia se mirar nos maus exemplos brasileiros de ataques à democracia. O que mais me impressiona é o apoio dado ao presidente argentino nas redes sociais brasileiras pelas viúvas do inelegível em busca de um novo líder, nem que seja estrangeiro…

Isso me fez lembrar uma conversa de Silvio Santos com Lula, na campanha presidencial de 1989. O dono do SBT contou que  estava procurando um novo âncora para o seu jornalismo e se encantou com um Willian Bonner argentino. “O problema é que ele não fala português”, lamentou-se.

Vida que segue.

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Fim de ano: Datafolha mostra país ainda polarizado, mas pelo menos já saímos do inferno https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/fim-de-ano-datafolha-mostra-pais-ainda-polarizado-mas-pelo-menos-ja-saimos-do-inferno/ Tue, 19 Dec 2023 16:04:05 +0000 https://localhost:8000/?p=41829 Só de não ver mais aquelas caras feias e amarradas diariamente na TV, ameaçando Deus e o mundo no “cercadinho” do Alvorada, foi um alívio.

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Os novos números do Datafolha divulgados hoje mostram o Brasil ainda polarizado entre petistas (30% do eleitorado) e  bolsonaristas (25%), exatamente como estava em dezembro do ano passado, mas 2023 chega ao fim com a sensação de que pelo menos saímos do inferno bolsonarista.

Só de não ver mais aquelas caras feias e amarradas diariamente na TV, ameaçando Deus e o mundo no “cercadinho” do Alvorada, foi um alívio. Parece até que vivemos agora em outro país, sem ter saído daqui. O ano termina muito melhor do que os quatro anteriores e são boas as perspectivas para o próximo.

Estamos aos poucos voltando à normalidade, que era o maior anseio da população na eleição de outubro. A pacificação ainda está distante, apesar das campanhas publicitárias do novo governo, mas já não se respira aquele ar pesado, que prometia dias sempre piores e mais conflituosos, sem deixar lugar para a esperança numa vida melhor e sem tantos sobressaltos.

É sintomático que a agenda do presidente Lula para esta terça-feira tenha programado um almoço com comandantes militares e um jantar com ministros do Supremo Tribunal Federal.

Ainda esta semana, o presidente fará um balanço do governo em reunião ministerial e tomará café da manhã com jornalistas.

O clima ameno que cerca estes encontros seria inimaginável até pouco tempo atrás. Sem nuvens escuras no horizonte, cada um de nós poderá fazer seus próprios balanços e planos para 2024, sem medo do amanhã. Noto que as pessoas ao meu redor voltaram a sorrir e até a contar piadas, falam em viajar ou abrir novos negócios, de olho no futuro e não no passado, que é melhor apagar, mas não esquecer para que nunca mais esta tragédia se repita. Sem anistia!

Falta agora, para virar a página, a Justiça terminar de cumprir seu papel, julgando os responsáveis pela violência que ainda campeia no país, com o maior índice de homicídios do mundo, após a liberação geral de armas e munições, e o desmonte dos órgãos de controle e fiscalização, fazendo do país uma terra de ninguém, onde passava a boiada da impunidade e do esculacho.

Mensagem publicada hoje no Painel do Leitor da Folha, resume para mim, em poucas palavras, os 12 primeiros meses de Lula 3:

Excelente avaliação deste governo. Surpreendeu mais do que favoravelmente a mim, que nunca havia votado em Lula, a não ser desta vez. Estou muito orgulhosa do presidente. O orgulho de ser brasileira voltou!” (Eliana França Leme – Campinas, SP).

De fato, brasileiros podem novamente viajar ao exterior sem medo de passar vergonha. Temos novamente um país respeitado lá fora e um presidente da República que honra o cargo. Assim fica mais fácil reconstruir e unir o país, atrair investimentos estrangeiros para criar novas oportunidades de trabalho e participar de igual para igual nas discussões dos principais fóruns mundiais.

Não sou só eu que penso assim. Em sua análise do Datafolha, Igor Gielow destaca:

Com 38% de ótimo e bom, está melhor do que Bolsonaro à mesma altura do governo, mas ele era um presidente que trabalhava no diapasão da ruptura desde o começo do mandato. O baixo desemprego e a inflação controlada em que pese a renda ainda em baixa e os preços altos de grupos como o de alimentos, parecem ajudar a manter Lula acima da linha d´água.

O que me deixa mais otimista, achando que daqui pra frente tudo tende a melhorar, é o ânimo sempre renovado do presidente Lula, apesar dos percalços, ao enfrentar um Congresso conservador e hostil, que só quer levar vantagem em tudo. Mesmo assim, o governo conseguiu aprovar seus principais projetos. À medida em que a economia melhora, sob o comando firme do ministro Fernando Haddad, a tendência é o governo ganhar novos apoios no parlamento e na sociedade, isolando a oposição bolsonarista, ainda forte apenas nas redes das milícias digitais e nas colunas de leitores de veículos da velha mídia.

Dias melhores virão!

Bom Natal e Feliz Ano Novo.

Vida que segue.

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Flávio Dino é a vitória da democracia contra o atraso, o arbítrio e a ignorância https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/flavio-dino-e-a-vitoria-da-democracia-contra-o-atraso-o-arbitrio-e-a-ignorancia/ Thu, 14 Dec 2023 16:37:20 +0000 https://localhost:8000/?p=41789 Ficou escancarado o contraste entre as falas serenas do novo ministro do STF e seus opositores, uma gente sem história e sem futuro, ressentidos e raivosos.

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Bem que os senadores bolsonaristas tentaram montar um circo de horrores na sabatina de Flávio Dino no Senado, na quarta-feira. Mas, mais uma vez, saíram derrotados por larga margem.

Deu vergonha alheia ver aqueles tipos estranhos, que mal conseguem concluir uma frase com sentido, incapazes de formular uma pergunta, que foram lá só para se defender e ao seu líder, atacar Dino e lacrar nas redes sociais.

Ficou escancarado o contraste entre as falas serenas do novo ministro do STF e seus opositores, uma gente sem história e sem futuro, ressentidos e raivosos. Seus nomes nem merecem ser citados aqui. São seres insignificantes, medíocres, que logo deverão ser esquecidos, assim como seu mentor.

Eram dois Brasis que estavam ali, frente a frente, em que o Brasil da democracia e da civilidade derrotou novamente o Brasil do atraso, do arbítrio e da ignorância.

Poucas vezes conversei com Flávio Dino, e só por telefone, mas há tempos admiro a sua coragem e lucidez. É uma figura rara no seu meio por não usar as palavras para esconder o que pensa. Ao contrário, é sempre direto, objetivo, sem papas na língua e sem perder o bom humor, uma virtude rara entre políticos nativos.

Seria um ótimo nome para a sucessão de Lula, com quem comunga compromissos, visões de mundo e amor pelo Brasil. Agora no Supremo Tribunal Federal, interrompendo sua brilhante carreira política, Dino será sempre uma voz em defesa dos direitos das minorias, dos deserdados pelo mercado, dos que tem sede de Justiça.

Perdemos um bom candidato a presidente, mas o Judiciário ganhou um cidadão que saberá honrar a toga na defesa da Constituição. Poucos homens públicos como ele têm uma trajetória irreprochável como Flávio Dino, apesar do que os pequenos homens balbuciam sobre ele nas redes sociais.

Pouco importa saber em quem votou Sergio Moro, a grande polêmica do dia, o valente que de repente ficou manso diante do futuro ministro, até lhe dando conselhos. Sabendo que em breve poderá enfrenta-lo novamente, quando o processo a que responde por crimes eleitorais subir ao STF, Moro encolheu ainda mais.

Moro foi rapidamente de herói nacional da mídia, que entrou no governo Bolsonaro para chegar ao STF, rompeu com o chefe, candidatou-se a presidente contra ele, e virou um mero loser na política, fazendo o caminho inverso do nordestino Flávio Dino, um vencedor em todas as batalhas que enfrentou, em especial, a do 8 de Janeiro.

A Justiça tarda, mas não falha. No tempo certo, coloca cada um em seu devido lugar.

A democracia brasileira agradece.

Vida que segue.

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Noite de 13 de dezembro de 1968. https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/noite-de-13-de-dezembro-de-1968/ Wed, 13 Dec 2023 15:21:13 +0000 https://localhost:8000/?p=41763 Há 55 anos, o Brasil entrava no Ato Institucional Nº 5, o golpe dentro do golpe da ditadura militar

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Há 55 anos, o Brasil entrava no Ato Institucional Nº 5, o golpe dentro do golpe da ditadura militar

“O BRASIL ENTRA NO 5º ATO”, assim mesmo, em caixa alta, foi a manchete da antológica edição do Jornal da Tarde, o vespertino do Grupo Estado, como se estivéssemos assistindo a uma ópera macabra. O matutino, hoje centenário, chamado de Estadão, era o maior jornal do país na época, e o que mais combateu e resistiu ao golpe do AI-5.

Iniciei lá minha carreira na grande imprensa, no início de 1967, com 18 anos. Eu estava lá naquela noite. Muita gente já esqueceu, inclusive o Estadão, que hoje não publica nenhum registro sobre a data.

Mais recentemente, o jornalão encolheu fisicamente, ficou mais mirrado e irrelevante na cena política do país. Em 1968, o diretor-responsável ainda era úlio de Mesquita Filho, o dr. Julinho, uma figura altiva, que era venerada por seus colaboradores, mesmo os que não comungavam do seu credo político. Os Mesquita hoje já não comandam a redação, dirigida por Eurípedes Alcântara. Seus nomes aparecem apenas no Conselho de Administração.

Eles podem ter esquecido, mas eu não esqueço o que foi aquela longa noite, que se prolongaria por muitos anos, com dezenas de cassações de mandato de adversários políticos, prisões, torturas e mortes nas masmorras do DOI-CODI, a sinistra sigla da repressão exercida pelos militares.

Para lembrar como tudo começou, recorro mais uma vez ao meu livro de memórias “Do Golpe ao Planalto – Uma Vida de Repórter”, da Companhia das Letras, 2006.

 

“Parem as máquinas!”

O pior ainda estava por acontecer. Na madrugada de 13 de dezembro, dia em que o general Costa e silva editou o Ato Institucional Nº 5, o principal editorial do jornal, na página 3, trazia o premonitório título “Instituições em frangalhos. Informado por algum dos vários colaboradores do regime infiltrados na redação, o delegado Silvio Correia de Andrade, da Polícia Federal, invadiu a oficina, que dava para a rua Martins Fontes, e gritou a ordem: “Parem as máquinas!”

Em seguida, determinou aos policiais que o acompanhavam a apreensão de todos os exemplares já prontos para a distribuição. Pela primeira vez, desde o golpe, o Estadão deixou de circular. Logo cedo, os irmãos Julio Mesquita Neto e Ruy Mesquita foram se queixar ao governador Abreu Sodré, um amigo da família nomeado para o cargo pelos militares. Comunicaram-lhe que o jornal não mudaria sua linha editorial, agora de oposição ao regime. No começo da noite, dois policiais à paisana da Divisão de Diversões Públicas da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo chegaram à redação para “examinar o noticiário político”. Era o início oficial da censura prévia. Enquanto eles se aboletavam em volta da mesa de Oliveiros Ferreira, o secretário de redação, nós nos reuníamos para ouvir o pronunciamento de Costa e Silva num rádio portátil posto sobre a mesa do chefe e editor de reportagem, Clóvis Rossi.

No silêncio do ambiente destacava-se a voz grave do general, que não deixava nenhuma dúvida nas suas palavras: meninos, a brincadeira acabou. O Brasil entrava no 5º ato. Era um golpe dentro do golpe _ a ditadura total, sem disfarces, com mais cassações de mandatos, fechamento do Congresso Nacional e fim das liberdades e dos direitos in individuais, começando pela censura prévia. Ao recordar este episódio, muitos anos depois, Oliveiros me contou que Carlão Mesquita, o nosso amigo diretor, só se zangou quando um contínuo serviu café aos censores. Voltei para a minha mesa e continuei a escrever, como se nada estivesse acontecendo. Sem alternativa, eu e meus colegas da reportagem terminaríamos outra noite num bar. Professor da USP, Oliveiros previu um longo e feroz período de ditadura.

 

E pensar que, até hoje, tem gente com saudades daquele tempo, sonhando com a volta dos militares ao poder. Bem que tentaram, no governo passado, de triste lembrança, mas como já ensinava Karl Marx, “a História se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa”. Ainda bem que, desta vez, foi uma farsa encenada por incompetentes, que acabou no 8 de Janeiro, outra data a ser lembrada para que nunca mais se repita.

Vida que segue.

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O dia em que Tinoco sem Tonico cantou com Roberto Carlos no show “Emoções Sertanejas” https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/o-dia-em-que-tinoco-sem-tonico-cantou-com-roberto-carlos-no-show-emocoes-sertanejas/ Tue, 12 Dec 2023 00:51:36 +0000 https://localhost:8000/?p=41733 Mudando um pouco de assunto: hoje conto histórias do meu convívio com a música sertaneja, a mais tocada no país.

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Março de 2010.

Vi no jornal o anúncio do show de Roberto Carlos com os cantores sertanejos em comemoração aos 50 anos de carreira do Rei. Na hora, me lembrei que naquele ano Tinoco (da lendária dupla com Tinoco, já falecido, completava 75 anos de carreira e 90 de idade, e resolvi dar a dica ao meu amigo Luis Erlanger, então diretor da Globo. Já pensou os dois juntos no mesmo palco comemorando 125 anos de música popular brasileira?

No mesmo dia, Erlanger entrou em contato com o Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos, que adorou a ideia, e pediu ao seu maestro, Eduardo Lage, para convidar Tinoco. Xororó, da dupla com Chitãozinho, também deu a maior força.

Afinal, para quem não sabe, é bom lembrar que Tonico e Tinoco formavam a pioneira e a nossa mais longeva dupla musical. Com suas mais de 1 mil gravações, 83 discos, 60 CDs e mais de 150 milhões de copias vendidas _ um recorde que até aquele dia não foi batido nem por Roberto Carlos, foram eles que abriram o caminho para a música sertaneja.

Deu tudo certo. Roberto teve o descuido de entregar o microfone a Tinoco, que não parou mais de falar e cantar, para delírio do público que lotava o ginásio. E dele também… Muitos ali viam Tinoco ao vivo pela primeira vez. Ao final, todos os cantores voltaram ao palco para cantar “Eu quero ter um milhão de amigos”, um grande sucesso do Rei.

“Amigos”: esse foi o nome dado pela Globo, 20 anos atrás, ao especial de final de ano com Leonardo, Chitãozinho & Xororó, Zezé de Camargo & Luciano. Para comemorar a data, eles se reuniram novamente este ano para uma turnê que termina no próximo domingo, outra vez no Allianz Parque. Foi lá, dias atrás, que eles gravaram também o especial de fim de ano da Globo, que será exibido hoje à noite.

Lembrei-me dessas histórias ao ler o belo texto “É mentira que sertanejos só cantam aos berros”, publicado hoje na Folha, do grande repórter José Hamilton Ribeiro, o maior de todos, autor do antológico livro “Música Caipira _ as 270 Maiores Modas”.

Quando Tonico e Tinoco subiram ao palco pela primeira vez, no dia 15 de agosto de 1935, na Festa da Aparecidinha, em São Manuel, no interior paulista, onde eles nasceram, música caipira era chamada de moda de viola.

Virou moderna música sertaneja quando Chitãozinho e Xororó lançaram o primeiro grande sucesso, “Fio de Cabelo”, com novos arranjos e instrumentos, no início dos anos 80, numa excursão em “ônibus próprio”, que eu acompanhei, viajando pelo sul do país, em que lotavam ginásios esportivos de fãs ensandecidas, fazendo lembrar o velho Teatro Record, dos tempos da “Jovem Guarda”, de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléia.

Meu velho amigo Zuenir Ventura, editor do famoso caderno “B”, do falecido Jornal do Brasil em papel, não queria nem saber dessa história de música caipira num espaço tão nobre. Mas a reportagem acabou saindo na capa do caderno e, tempos depois, Chitãozinho & Xororó estavam se apresentando no Canecão, templo da MPB, para desgosto do Zuenir.

A mesma coisa aconteceu quando fui propor uma reportagem sobre os 50 anos da dupla Tonico e Tinoco para os editores da Ilustrada, quando trabalhava na Folha. Tive que falar até com seu Frias, o dono do jornal, outro velho amigo, que sabia da importância da dupla para a música brasileira. Saiu uma página inteira contando a história.

Música caipira ou sertaneja nunca foi bem vista nas grandes redações de jornal. Em todas elas por onde passei, os colegas me repassavam os discos que ganhavam das gravadoras, e minhas filhas já não aguentavam mais ouvir essas músicas nos fins de semana no nosso sitio.

Mas quando foi fazer o roteiro do filme “Dois Filhos de Francisco”, sobre a vida da família de Zezé de Camargo e Luciano, minha filha caçula, a Carolina, se lembrou deles, e passou dias ouvindo esses velhos discos ou fitas cassete, escolhendo músicas para a trilha sonora. O filme já foi exibido incontáveis vezes pela Globo, que no princípio também resistia a abrir espaço para esse gênero, que conquistaria os centros urbanos e hoje é o mais ouvido no país.

Para quem se interessar pelo assunto, recomendo a reportagem “Aprenderam a dizer adeus”, de Pedro Martins, sobre o show “Amigos”, publicada hoje na capa da Ilustrada, sem provocar nenhum alvoroço na redação. São outros tempos…

  • Vidaque segue.

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Que fizeram de ti, Argentina? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/que-fizeram-de-ti-argentina/ Sat, 09 Dec 2023 21:43:51 +0000 https://localhost:8000/?p=41713 Minha Buenos Aires querida, que saudade...

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Buenos Aires foi o destino da minha primeira viagem a outro país, em 1968, a serviço do Estadão, onde iniciara a carreira na grande imprensa um ano e meio antes. Era um “foca”, um principiante, como se diz na gíria das redações. Tinha 20 anos, e fiquei deslumbrado com esta cidade, então maravilhosa, principalmente à noite, com sua intensa vida cultural e boêmia.

E para lá voltaria inúmeras outras vezes, a trabalho ou a passeio com a família. A pauta era insólita: comprar o máximo de roupas e bugigangas em Buenos Aires e voltar para o Brasil de navio para denunciar os achaques na alfândega de Santos na hora de liberar as bagagens. Para justificar a viagem, fui fazer a cobertura de um torneio internacional de futebol, do qual participava o Santos, no auge de Pelé.

Registro no meu livro de memórias “Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter”, lançado pela Companhia das Letras quando completei 40 anos de profissão (ano que vem, já serão 60…):

“Na mesma noite em que cheguei, andei pela cidade sem rumo, até cansar. Queria sentir como era estar fora do Brasil, ouvir as pessoas falando outra língua. Para mim, naquele momento, Buenos Aires era a metrópole do mundo. Era como se eu estivesse na Europa, que só conhecia de filmes. Comércio aberto e famílias inteiras passeando pelas ruas até altas horas, filas enormes nos teatros, casas de shows superlotados, comida maravilhosa”.

Muito tempo depois, nos anos 80 do século passado, voltaria para lá pela “Folha”, numa das muitas crises do governo de Isabelita Peron, em companhia do meu compadre Clóvis Rossi, um dos mais talentosos jornalistas da sua geração, quando o país já deva os primeiros sinais de decadência nos escombros deixados pela ditadura militar argentina, a mais feroz e longeva do continente.

*

“Depois de um dia de cão, encontrei Rossi no saguão do hotel.

_ Ricardinho, quebrou o pau em Córdoba e você tem que ir para lá agora. Não sei como, se vira.

_ Por que não vai você?, cheguei a lhe perguntar, mas ele alegou que tinha uma importante entrevista já marcada, para o dia seguinte, com o presidente do Senado, que lá também é o vice-presidente da República”.

Fui e voltei na noite seguinte, depois de rodar de táxi pela cidade para ver os estragos da rebelião contra o governo promovida na véspera. O motorista era um verdadeiro repórter, sabia tudo o que tinha acontecido e me levou nos lugares certos, quase não desci do carro, nem precisava. Para fazer certas reportagens, basta olhar e ouvir as pessoas certas, a tempo de voltar para Buenos Aires e transmitir a matéria de lá.

Essas lembranças me voltam à mente agora, na véspera da posse de Javier MIlei, o mais improvável presidente que a Argentina já teve, um “anarco-capitalista”, que se autodefine “libertário”. Até outro dia, era um palhaço na TV, onde falava sobre economia e já defendia a implosão do Banco Central.

Na verdade, trata-se de apenas mais um radical de direita da safra dos Trumps e Bolsonaros, um anti-sistema que promete refundar o país, como aconteceu aqui em 2018. Não por acaso, o capitão Jair Bolsonaro acompanhado de uma grande comitiva, é o convidado de honra para a posse, que por isso mesmo não terá a presença de Lula, o atual presidente brasileiro, atacado por Milei durante a campanha.

“Que fizeram de ti, Argentina?”, me pergunto no título, perplexo com a velocidade da decadência do país, em todos os campos político, econômico, social, cultural e, principalmente na autoestima de um povo que se gabava de ter sido um dos mais ricos do mundo, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Sim, por muito tempo os argentinos tinham motivos para se orgulhar, considerar-se superiores aos vizinhos, prezar pelo garbo nos trajes, a excelência da sua gastronomia, dos vinhos e dos pulôveres de cashmere.

Eles levavam a sério essa história de ser o país “europeu” mais próximo do Brasil, o que me levou tantas vezes para lá. Não mais. A Argentina de Milei e seu parçaBolsonaro é hoje apenas mais um pobre país latino-americano, que vive de recordações, é motivo de chacota, e não mais de admiração.

Agora, já tem também seu maluco de estimação. Podemos prever, por experiência própria, no que isso vai dar. E não é bonito.

Vida que segue.

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Na caça aos cliques e audiência, vale tudo dos lacradores ganha espaço nas mídias https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/na-caca-aos-cliques-e-audiencia-vale-tudo-dos-lacradores-ganha-espaco-nas-midias/ Wed, 06 Dec 2023 19:37:41 +0000 https://localhost:8000/?p=41666 As cenas de virulência verbal e falta de educação que se multiplicam nas sessões do Congresso Nacional durante os debates entre governo e oposição

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As cenas de virulência verbal e falta de educação que se multiplicam nas sessões do Congresso Nacional durante os debates entre governo e oposição, como vimos ainda na segunda feira, no embate do ministro Silvio Almeida com a deputada Bia Kicis, são apenas sintomas de ume doença que grassa na sociedade.

Parlamentares costumam ser um espelho dos eleitores que representam. O ministro estava apenas se defendendo e dando explicações sobre os ataques que vem recebendo de grupos da extrema direita por sua atuação em defesa dos Direitos Humanos. De repente, a deputada interrompeu sua fala e passou a gritar com ele, em nome do regimento interno, seja lá o que isso significa.

A extrema radicalização não atinge apenas parlamentares da oposição em seus ataques a ministros do governo, mas perpassa toda a sociedade, impedindo um debate público civilizado, hoje baseado mais em memes, vídeos editados, hashtags e  lacrações.

Nas mídias, em todas as plataformas, milicianos digitais e até experientes jornalistas, digladiam-se no vale tudo da caça aos cliques e audiência. Já não basta criticar, é preciso desqualificar liminarmente tudo que é feito ou falado pelo “outro lado”, para garantir o emprego ou aumentar o faturamento. Pouco importa o conteúdo, o importante agora é lacrar, caçar manchetes ou seguidores para suas opiniões.

Refleti sobre isso ao ler a excelente coluna de Wilson Gomes, hoje na Folha, sob o título “Extremos, estranhos e na moda – Os últimos sete anos têm deixado os democratas com o coração na mão”. Professor da Universidade Federal da Bahia e autor de “Crônica de uma Tragédia Anunciada”, Gomes é hoje um dos melhores analistas da nossa cena política.

“A este ponto nem sei se a questão é simplesmente o avanço da extrema direita, como parecia tão nítido com as vitórias de Trump e de Bolsonaro. Há outros extremos prosperando, social ou eleitoralmente (..) Do outro lado, os identitários latino-americanos, do Brasil ou do Chile, por exemplo, não têm tirado o pé do acelerador, atropelando o que quer que atravesse o caminho, acumulando radicalização e antipatia social e, assim, alimentando o refluxo que trará de volta o outro extremo”, escreve Wilson Gomes.

Ganha quem grita mais alto, quem ofende mais o adversário, quem usa as palavras certas para caçar cliques. Já não se buscam apenas seguidores, mas devotos que aceitem bovinamente as opiniões e ações de quem está do “seu lado” no combate ao “inimigo comum”. Neste ponto, a extrema direita acaba impondo seus métodos. O fato é que, antes da chegada ao poder de tipos como Trump e Bolsonaro, a guerra verbal nas redes não ameaçavam as democracias.

“Por que o modelo tem funcionando tão bem ultimamente”, pergunta-se o professor. “Isso tem a ver, creio, com um aumento da hostilidade e do antagonismo na vida pública em níveis assustadores”. E eu acrescento: onde faltam argumentos, restam as lacrações neste vale tudo em que se transformou a arena pública virtual e real.

Vida que segue.

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A saga de um idoso em busca da aposentadoria que o INSS mandou para outro banco https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/a-saga-de-um-idoso-em-busca-da-aposentadoria-que-o-inss-mandou-para-outro-banco/ Mon, 04 Dec 2023 23:52:04 +0000 https://localhost:8000/?p=41601 Um cidadão idoso, morador de São Paulo, aposentado desde 1997 por tempo de serviço, há vários anos pediu a revisão do valor do seu benefício.

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Um cidadão idoso, morador de São Paulo, aposentado desde 1997 por tempo de serviço, há vários anos pediu a revisão do valor do seu benefício.

Nem lembrava mais disso quando, no começo deste ano, a Justiça lhe deu ganho de causa em segunda instância.

Para quê?

A partir daí, o INSS simplesmente deixou de pagar o benefício como fazia todos os meses, na mesma conta, do mesmo banco, fazia 27 anos, sem lhe dar nenhuma satisfação (Sim, em breve ele poderia se aposentar pela segunda vez. Poderia, antes, é claro, da Reforma da Previdência, que alargou os prazos e reduziu os benefícios).

O idoso ligava para o banco Itaú para saber o que tinha acontecido. Informavam-lhe apenas que o INSS não estava mais depositando o benefício – nem no valor antigo, nem no novo, determinado pela Justiça.

Ao ligar para o INSS, lhe garantiam que os benefícios estavam sendo pagos corretamente. Mas aonde?

Para descobrir o paradeiro do dinheiro, foi preciso o idoso constituir um advogado e entrar novamente na Justiça para saber aonde tinha ido parar o seu benefício.

Intimado pelo juiz, na semana passada, finalmente, o INSS  informou ao idoso por e-mail que os benefícios foram depositados numa agência do Banco do Brasil, no centro da cidade, onde ele nunca teve conta.

Não se tratava de uma nova aposentadoria, mas apenas de um pequeno reajuste na antiga, ou seja, poderiam continuar depositando o novo valor na mesma conta de sempre.

Ao se apresentar para receber os pagamentos numa agência bancária onde nunca tinha entrado, recebido por seguranças armados, o idoso notou que constavam da lista apenas alguns benefícios atrasados, não todos a que tem direito. O advogado teria que acionar de novo o juiz para que o INSS pague os valores integrais ainda devidos.

Só então o cidadão/contribuinte/beneficiário/cliente tomou conhecimento da palavra “portabilidade”, o que quer dizer, em burocratês castiço, a transferência dos depósitos para o banco certo, onde o idoso tem conta, e não para qualquer outro da grande cidade. Isso levará, por baixo, mais uns 40 dias até que tudo seja resolvido.

Ao trocar a conta, por engano ou negligência, poderiam pelo menos ter avisado o idoso sobre o novo endereço, mas isso só aconteceria depois do juiz intimar o INSS a informar, em 15 dias, o paradeiro dos pagamentos (não) efetuados a quem de direito.

Para receber as diferenças de valores referentes aos 60 meses anteriores à decisão da Justiça que concedeu a revisão, como determina a lei, que serão pagos por precatório, o idoso foi informado pelo advogado que deverá esperar outros dois anos, no mínimo.

Esse idoso, por acaso, sou eu.

Em tempo: se alguma alma caridosa do Ministério da Previdência ler esse texto, agradeceria se informasse o líder trabalhista Carlos Lupi, que comanda a máquina do INSS, sobre o que anda acontecendo lá dentro.

Sei que, como a minha, devem existir nesse momento milhares de outras sagas como essa acontecendo pelo país afora, sem final feliz, sem que ninguém fique sabendo. Mas ainda acho que certas coisas só acontecem comigo e com o Botafogo.

Vida que segue.

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Lula está certo: não tem nada que ligar para Javier Milei, um bufão malcriado e provocador https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/lula-esta-certo-nao-tem-nada-que-ligar-para-javier-milei-um-bufao-malcriado-e-provocador/ Tue, 21 Nov 2023 17:49:38 +0000 https://localhost:8000/?p=41349 No mesmo dia em que foi eleito, Milei fez mais uma provocação, ao fazer de Bolsonaro o primeiro convidado oficial para a sua posse

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Na falta de assunto melhor, comentaristas de TV, que se autonomearam ombudsmen do presidente, agora resolveram cobrar uma ligação de Lula para cumprimentar Javier Milei pela vitória na eleição argentina.

Para quê? Para falar o que com esse tipo esquisito e perigoso que se aconselha com cachorros, promete privatizar tudo, explodir o Banco Central para dolarizar a economia, e que o atacou várias vezes durante a campanha para avisar que não queria conversa com o presidente brasileiro?

No mesmo dia em que foi eleito, Milei fez mais uma provocação, ao fazer do seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, de triste memória, o primeiro convidado oficial para a sua posse no dia 10 de dezembro. É mais ou menos como convidar a vizinha para um churrasco junto com o ex-marido.

Lula faz muito bem em não telefonar, não citar o nome do dito cujo na nota em que saudou a democracia argentina nem ir à sua posse. As relações entre os dois países serão tratadas daqui em diante por diplomatas, enquanto o presidente argentino eleito não se desculpar por suas agressões gratuitas, como bem cobrou o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta.

Respeito é bom e a gente gosta, quaisquer que sejam as divergências pessoais e políticas. Nós hoje tempos boas relações com o mundo inteiro e bem sabemos o que aconteceu aqui durante quatro anos quando elegeram um elemento semelhante, que quase destruiu o país e tornou o Brasil um pária mundial.

Ninguém sabe o que vai acontecer com a Argentina nos próximos dias e meses nas mãos de um ultraliberal celerado, que se diz o primeiro anarco-capitalista eleito no mundo, mas não passa de um extremista de direita mal-ajambrado. Nem sabe o eleito, nem quem votou nele.

Faz muito bem Lula em esperar para ver no que vai dar a alucinação coletiva em que nossos vizinhos embarcaram no último domingo. Ao contrário do que vimos em outras eleições, em que multidões saiam às ruas para comemorar a vitória dos seus candidatos em Buenos Aires, desta vez só havia muita gente em frente ao hotel onde Milei estava hospedado e fez seu primeiro discurso.

O mais animado era ele mesmo, falando frases desconexas de improviso, com jargões da campanha, depois de ler o discurso para seus seguidores dentro do hotel, em que prometeu democracia, direitos e liberdade, palavras vazias repetidas na boca da extrema-direita mundo afora.  

Falar o que com esse cidadão, um bufão malcriado e provocador?

Vida que segue.

Assista:

 

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“Pergunte ao Kotscho”: um novo programa interativo do My News para atender interesse de internautas https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/pergunte-ao-kotscho-um-novo-programa-interativo-do-my-news-para-atender-interesse-de-internautas/ Sun, 12 Nov 2023 16:34:22 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=41193 Aos 75 anos de idade, e prestes a completar 60 de profissão de jornalista, na maior parte do tempo como repórter, já dei muitas voltas pelo Brasil inteiro

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“Você que é repórter me conta aí”, costumo ouvir de amigos e leitores curiosos em saber o que aconteceu ou vai acontecer pelo mundo afora, como se jornalistas soubessem de tudo ou tivessem uma bola de cristal. Coisas do tipo:

“O Botafogo ainda pode ser campeão? Quem foi o responsável pela derrocada?”

“Milei pode ganhar a eleição na Argentina? Como ficariam as relações com o Brasil?”

“Por que está demorando tanto para os brasileiros em Gaza serem liberados? O que a diplomacia brasileira poderia fazer?”

“A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura quase dois anos. Quem está ganhando? Será que nunca vai acabar?”

“Quem é culpado pelo apagão de energia em São Paulo: a Aneel, agência do governo federal, que deveria fiscalizar o serviço privatizado, a prefeitura, que deveria cuidar das árvores, ou a concessionária Enel, que demitiu 35% dos funcionários?”

“Quem está certo sobre o déficit zero nas contas públicas: Lula ou Haddad? O que é mais importante neste momento?”

“Como foi a descoberta de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, que provocou uma corrida de 100 mil homens para a Amazônia no começo dos anos 80 do século passado?”

Jornalistas não sabem nem precisam saber de tudo, mas devem ser honestos com quem pergunta. Se não sabem, digam isso, e procurem se informar sobre aquele assunto.

Como, além desse programa no Youtube, vou continuar com o blog diário “Balaio do Kotscho”, também aqui no MY News, que em setembro completou 15 anos no ar, posso responder depois por escrito e receber perguntas para o programa seguinte.

Um meio complementaria o outro num processo de interação com os leitores para atender diretamente o interesse deles, em vez de tentar adivinhar sobre o que eu deveria falar ou escrever. Acho que isso é inédito na internet: os internautas seriam coparticipantes, ao mesmo tempo emissores e receptores de informações, tanto no blog como no vídeo.

Sei que é preciso ser muito cara de pau para, na minha idade, topar esse desafio que me foi feito pela Mara Luquet, criadora e diretora do canal. Isso é coisa para “xóvens” dirão os descrentes. Mas quem não corre o risco de errar jamais terá a alegria de acertar.

Aos 75 anos de idade, e prestes a completar 60 de profissão de jornalista, na maior parte do tempo como repórter, já dei muitas voltas pelo Brasil inteiro e rodei meio mundo em busca de boas histórias publicadas em quase todos os principais veículos da imprensa brasileira, com exceção da revista Veja. Assim de cabeça, sem consultar arquivos, lembro de algumas sobre as quais poderei falar no programa.

Comecei junto com a ditadura militar, em 1964, e acompanhei de perto a longa transição para a democracia, que teve seu divisor de águas 20 anos depois, na Campanha das Diretas Já, que está comemorando 40 anos. Tenho um livro publicado com as reportagens que escrevi para a “Folha”: “Explode um Novo Brasil – Diário da Campanha das Diretas” (Editora Brasiliense, 1984), com prefácio de Ulysses Guimarães.

Derrotada a Emenda Dante de Oliveira em abril de 1984, logo em seguida começava a campanha de Tancredo Neves, ainda no Colégio Eleitoral, que também acompanhei de perto viajando como um carrapato com o candidato pelo Brasil. Cobri todo o longo processo de agonia do primeiro presidente civil depois da ditadura e estava em São João del Rey, sua cidade natal, quando ele morreu. Vi quando o governador mineiro, Hélio Garcia, quase caiu na cova durante o enterro que não acabava nunca.

Como repórter de jornais, revistas e emissoras de TV, fiz reportagens em todos os estados brasileiros. Em Caraguatatuba, no litoral paulista, logo que entrei no Estadão, o maior jornal do Brasil na época, com 18 anos, em 1967, participei da cobertura da grande tragédia daquela enchente que soterrou parte da cidade sob os escombros da Serra do Mar, deixando mais de 400 mortos.

Estive no Ceará para cobrir a morte do ex-presidente Castello Branco num acidente de avião (levei um dia inteiro para Chegar a Fortaleza num monomotor) e, ainda no Estadão, fiz series de reportagens na Transamazônica, na construção da Usina de Itaipu, sobre o Sindicato do Crime e as grandes secas que assolavam o Nordeste. Fiz parte da equipe que foi à então Alemanha Ocidental para cobrir a Copa de 1974 e, mais tarde, revelei as circunstâncias da morte do operário Manoel Fiel Filho, pouco tempo depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, nas mesmas circunstâncias, no mesmo Doi-Codi de São Paulo, o que provocou a demissão do comandante do 2º Exército, Ednardo D´Ávila Mello. Nessa época, a barra pesou pro meu lado, mas nunca fui preso.

Peguei todo o tempo de censura prévia no Estadão, antes de publicar a série de reportagens sobre as “Mordomias”, os privilégios dos superfuncionários do governo militar, que causou grande repercussão e me deu o primeiro Prêmio Esso de Reportagem, junto com a equipe de sucursais e correspondentes do Estadão, chefiada por Raul Martins Bastos.

*

São apenas alguns exemplos de assuntos sobre os quais poderei conversar com os internautas, de acordo com o interesse e as dúvidas deles. Depois do Estadão, em 1977, a roda girou: fui trabalhar como correspondente do “Jornal do Brasil” na Europa, sediado na Alemanha Ocidental, onde cobri, entre muitos outros temas, a primeira crise do petróleo, o Acordo Nuclear, a explosão do terrorismo, as mortes de dois papas e as eleições de seus sucessores.

De volta ao Brasil, fui trabalhar na IstoÉ e depois no “Jornal da República”, do Mino Carta, quando Lula despontou como grande líder sindical no ABC Paulista, de quem ficaria amigo e depois seria assessor de imprensa, nas campanhas e no seu primeiro governo. Quando o jornal acabou precocemente, fui com uma parte da equipe para a Folha, onde trabalhei a maior parte da minha carreira, com várias passagens. Fui muito amigo de Octavio Frias de Oliveira, o publisher do jornal, que avalizou e bancou a campanha das Diretas Já assumida pelo jornal, que transformou a “Folha” no maior jornal do país, posição que ocupa até hoje.

Lá, voltei a rodar por todas as regiões do país fazendo todo tipo de reportagens de grandes obras, tragédias, secas e enchentes, acidentes, campanhas eleitorais, eleições, crises políticas e a Copa de 1986, no México.

Entre uma campanha e outra, trabalhei também na TV Globo (Globo Rural e CGCom), no SBT (primeira equipe do SBT Repórter), TV Bandeirantes (diretor do Canal 21 e do jornalismo local), CNT/Gazeta (diretor de jornalismo), revista Época, revista Brasileiros, do Hélio Campos Mello, meu velho parceiro de reportagens, e em outras redações que agora não estou lembrando.

É só pra dar uma ideia do cardápio de assuntos que podemos discutir no programa, com estreia prevista para dia 16 agora,  quarta-feira, às 10h30 da manhã no Canal My News do Youtube.

Vamos nos falando e escrevendo. Até lá.

Vida que segue.

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José Trajano: se Fernando Diniz for campeão mundial com o Flu, quem vai tirá-lo da seleção? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/jose-trajano-se-fernando-diniz-for-campeao-mundial-com-o-flu-quem-vai-tira-lo-da-selecao/ Tue, 07 Nov 2023 16:33:01 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=41094 Diniz não perdeu a oportunidade para dar início a uma renovação do elenco, que já vinha capengando faz tempo

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Ser técnico da seleção brasileira é uma barra, sabemos todos; ser técnico interino, sem saber até quando fica, é mais difícil ainda.
Num país onde se espera resultados imediatos, mesmo que o técnico não tenha tempo de treinar o time, o psicólogo Fernando Diniz teve um começo capenga na seleção, mas esta semana já deu bons motivos para a gente voltar a acreditar na seleção brasileira.

Com a contusão de Neymar, que ficará afastado do futebol por um bom tempo, Diniz não perdeu a oportunidade para dar início a uma renovação do elenco, que já vinha capengando faz tempo. Faz 21 anos que não ganhamos um título mundial e nas últimas Copas não chegamos nem às fases decisivas.

Se não é pelos resultados, por que então temos que jogar um futebol tão burocrático, previsível, sem imaginação, sem alegria, sem beleza?

A convocação de Endrick, do Palmeiras, e de Paulinho, do Atlético Mineiro, pela primeira vez na seleção, além de outros novatos chamados para disputar a nova etapa das eliminatórias da Copa, são o primeiro sinal de que o interino Diniz está iniciando uma nova era, sem medo de ser feliz.
E, se de repente, com outros jovens como Vitor Roque, do Athetico, e Marcos Leonardo, do Santos, que ficaram de fora desta vez, a seleção voltar a encantar a torcida, o que a CBF vai fazer? Terá coragem de tirar Diniz para cumprir o misterioso acordo com o italiano Ancelotti para assumir a seleção no meio do ano que vem?

O sempre atilado José Trajano, cronista do futebol e da vida, nosso entrevistado no “Segunda Chamada”, do My News, nesta segunda-feira,  levantou uma intrigante questão em que eu não tinha pensado.

No final do ano, o Fluminense deve disputar pela primeira vez o mundial de clubes, depois de conquistar o inédito título de campeão da Libertadores, provavelmente contra o Real Madri, campeão europeu, o novo time de Endrick no ano que vem.

À primeira vista, trata-se de missão quase impossível derrotar o poderoso time espanhol de Vinicius Jr. e Rodrygo, duas estrelas da seleção de Diniz. Mas no futebol, como estamos vendo agora com o Botafogo correndo o risco perder o título nacional que parecia ganho há duas semanas, depois de ficar na liderança do Brasileirão o ano inteiro, nada é impossível. Que o diga o José Trajano, que torce para o Ameriquinha carioca, time da segunda divisão, que agora foi comprado pelo Romário.

Quem podia prever que o Bragantino fosse disputar o título nacional nas rodadas finais, com boas chances de ganhar?
Sim, e daí? Daí que, se a psicologia de Fernando Diniz, com um time bem mais barato, surpreender o bilionário e poderoso Real Madri, trazendo a taça, quem na CBF terá coragem de demitir o técnico com data marcada tanto tempo antes?

O bonito do futebol é a sua imprevisibilidade, para o bem ou para o mal. Ninguém ganha jogo só com a camisa, antes da bola rolar em campo. Quem não arrisca, não petisca. O elétrico treinador interino, enquanto cuida agora da seleção na data Fifa, que vai parar o Brasileirão, já botou o Fluminense para treinar pensando na decisão do mundial.

Assim como seu êmulo, o espanhol Josep Guardiola, 52, o mineiro Fernando Diniz, 49, não reinventou o futebol, mas devolveu-lhe a beleza, com a bola tocada de pé em pé como num balé, sempre na vertical, em busca do gol. Para esses dois símbolos da nova geração de treinadores, o importante não é só ganhar jogos e títulos, mas dar espetáculo e encantar a torcida até dos adversários, como fazia a antiga seleção brasileira de tantas glórias e tradições, única penta campeã mundial.

O hexa já não será tão impossível assim, como nos tempos de Tite, Neymar e cia. bela. Diniz pode nos devolver a alegria de vestir a camisa amarela e voltar a vibrar com a seleção brasileira. Como o Trajano, eu também sou otimista.

Vida que segue.

Assista:

 

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Terra Indígena Apyterewa arde em chamas e sofre com demora na expulsão dos invasores https://canalmynews.com.br/sem-categoria/terra-indigena-apyterewa-arde-em-chamas-e-sofre-com-demora-na-expulsao-dos-invasores/ Sun, 05 Nov 2023 16:43:58 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=41026 O clima aqui é sufocante, não só por causa do calor e da seca que assolam a Amazônia nesta época do ano, mas pela demora do poder público em cumprir a ordem do Supremo Tribunal Federal para a de desintrusão (expulsão dos invasores) na Terra Indígena Apyterewa, no Sul do Pará, a área mais desmatada na Amazônia durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro. 

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Com base em relatos de colegas que estiveram lá e de fontes da Funai (eu não tenho mais condições físicas para ir à região, como já fiz tantas vezes), tomei conhecimento esta semana da gravidade da situação em que se encontram os indígenas, mesmo após as várias operações do governo federal deflagradas este ano para proteger a floresta e os povos originários. O cenário é preocupante. 

Uma nova operação estava marcada para o dia 1º de novembro para retirar os invasores que resistem em sair voluntariamente da área, mas ainda não tinha começado até hoje. 

Enquanto isso, os 350 agentes da Funai, Ibama, PF, PRF, Exército. e Força Nacional de Segurança, sob o comando da Secretaria Geral da Presidência, continuam aquartelados, à espera que o Ministério da Justiça autorize a Força Nacional a agir no apoio à retirada dos invasores, Sem isso, a desintrusão pelos agentes federais fica mais perigosa, fazendo com que os invasores ganhem força e comecem a acreditar, cada vez mais, que a operação não ocorrerá, como garantem as fake news divulgadas pela  rede formada por 250 madeireiros conhecidos como “Máfia da Tora”, que agora discutem a compra de armas pesadas nos
Estados Unidos para resistir à expulsão.

O motivo da suspensão da operação foi um óbito para lá de suspeito de um invasor, que tinha passagens pela polícia por furto e roubo e que, numa das operações dos agentes de segurança, sacou a arma de um policial. Houve uma disputa, um tiro acidental e a morte de um indivíduo. Conseguiram um cadáver. O caso está sob investigação da Polícia Federal.

Em pouco mais de 30 dias, os agentes já tinham conseguido retirar uma leva de “fazendeiros-invasores” e grande quantidade de gado. O desmatamento da área já caiu 95% desde que a operação começou. 

A Vila Renascer, onde moram cerca de 300 pessoas, é o grande foco de resistência, estimulada pelos donos do gado e dos garimpos, que todo dia oferecem um generoso churrasco aos moradores. Pelas redes sociais, transmitem uma narrativa de pessoas humildes, que garantem não estar invadindo a terra indígena, só querem trabalhar. Eles contam com o apoio da bancada da bala e do boi do Pará, em nível estadual e federal.

A disputa aqui é, antes de tudo, de narrativa midiática, algo que a direita sabe fazer muito bem. Os invasores publicam diariamente todo tipo de mentira contra os agentes da operação, batem pesado no governo Lula e em nenhum momento mencionam o drama dos índios. Será que fazem isso com recursos próprios? Quem financia?

Muitos desses invasores são reincidentes que escaparam da desintrusão de 2011 . Apesar do calor, vive-se um clima de “guerra fria” entre os agentes federais e os invasores. Na noite do dia 31, véspera do prazo final para a desocupação voluntária, a placa que identifica a TI Apyterewa, instalada há poucos dias, foi alverjada por tiros e depois arrancada numa tentativa de intimidação do processo de desintrusão.

As queimadas continuam, não se vê o céu limpo um dia sequer.  Além disso, prosseguem o desrespeito ao meio ambiente e aos indígenas, a dominância dos garimpos clandestinos, dos posseiros, das igrejas neopentecostais, da pistolagem e dos políticos populistas da direita. Para eles, não faz sentido perder uma reserva de mão de obra barata, que manobram facilmente.

Daqui a 15 dias, devem começar as chuvas, tornando mis difícil o prosseguimento do processo de desintrusão. Todo esforço poderá ser perdido, bem como todo o discurso político de defesa dos Povos Originários e do Meio Ambiente.

Vida que segue.  

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A batalha de Lula para desarmar o Brasil que Bolsonaro armou até os dentes e deixou sequelas https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/a-batalha-de-lula-para-desarmar-o-brasil-que-bolsonaro-armou-ate-os-dentes-e-deixou-sequelas/ Thu, 02 Nov 2023 17:20:44 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=41020 Já estava na hora mesmo do Estado brasileiro reagir ao desmonte que suas instituições sofreram nos quatro anos do governo Bolsonaro

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Todos hoje sabem que, desde seu primeiro dia de governo, ou antes até, o capitão Jair Bolsonaro só pensou em dar um golpe contra a democracia que o elegeu.

Para isso, liberou geral a legislação para a compra e uso de armas e munições, com mais de 40 decretos, alegando que “povo armado jamais será escravizado”, como disse com todas as letras na célebre reunião ministerial de abril de 2020.

Outro dia, em entrevista ao nosso programa “Segunda Chamada”, aqui no MyNews, o meu amigo Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça e da Defesa, defendeu a ideia de que precisamos parar de falar em Bolsonaro porque é isso que ele quer para não ser esquecido. Fiquei pensando se isso era possível e recomendável.

Hoje, lendo a coluna “Jamais esquecer Bolsonaro”, de outro velho amigo, o Rui Castro, na Folha, fui convencido de que ainda não podemos deixar de falar e escrever sobre os imensos estragos que esse cidadão causou ao país, e deixou sequelas por toda parte.

“É obrigatório  lembrar como ele tentou armar a maior teia antidemocrática da história da República. (…) Quando as outras nove investigações a seu respeito (8 de Janeiro, jóias, etc) se completarem (e a delação de Mauro Cid não para de revelar crimes), então Bolsonaro poderá ser esquecido – num longínquo e acolhedor presídio federal”.

Em seu esforço para a reconstrução do país, o presidente Lula assinou esta semana dois decretos que visam exatamente desarmar o país, uma das prioridades do seu Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino.

Primeiro, Lula assinou um decreto nesta quarta-feira, dobrando a taxação para a compra de armas e munições, que agora será de 55%; em seguida, no mesmo dia, com o objetivo de reforçar o combate ao crime organizado, por meio de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), convocou as Forças Armadas para atuar nos portos e aeroportos do Rio e de São Paulo.

Assim Lula justificou a medida:

“A violência a que nós temos assistido tem se agravado a cada dia que passa e nós resolvemos tomar uma decisão fazendo com que o Governo Federal participe ativamente, com todo o potencial que ele tem, para que a gente possa ajudar os governos dos estados e ajudar o próprio Brasil a se livrar do crime organizado”.

Já estava na hora mesmo do Estado brasileiro reagir ao desmonte que suas instituições sofreram nos quatro anos do governo Bolsonaro, em especial nos fundões da Amazônia, com as quadrilhas de contrabandistas, narcotraficantes, madeireiros e pecuaristas passando a boiada nas terras indígenas, como o ex-ministro Ricardo Salles preconizou na mesma reunião ministerial em que o seu chefe pregou o armamento da população.

No começo do governo, a região chegou a ser entregue aos cuidados de um vice-rei, o general  Hamilton Mourão, que logo sumiria de cena e nunca se soube o que realmente suas tropas fizeram para preservar a floresta amazônica e as terras indígenas, atacadas como nunca antes.

Em reportagem no Uol desta quinta-feira, Leonardo Sakamoto publica matéria com relato de que esta guerra continua: “Áudios obtidos pela Repórter Brasil e atribuídos a um grupo de WhatsApp chamado “Máfia da Tora” revelam dois homens conversando sobre a compra de armas de fogo nos Estados Unidos contra agentes da Força Nacional e de outros órgãos federais envolvidos na desintrusão (retirada dos invasores) da Terra Indígena Apyterewa, no Sul do Pará”.

Invadida por madeireiros e pecuaristas, a Apyterewa foi o território indígena mais desmatado do país durante o governo anterior. Por isso, a expulsão dos ocupantes ilegais e as 60 mil cabeças de gado, desde 2 de utubro, vem gerando reações de lideranças políticas e econômicas locais, ligadas à bancada ruralista na Câmara, a mais poderosa do parlamento, que agora se mobiliza para derrubar a decisão do STF e do governo federal sobre o Marco Temporal.

Num dos áudios do grupo de 225 integrantes da “Máfia da Tora” dá para ouvir de um deles: “A vontade que dá é estar bem localizado com uma arma 357, entendeu?, catar um por um e dar na cabeça, um satanás desse aí”. Satanás no caso, são os agentes federais convocados pelo governo para proteger o que restou da floresta e das terras indígenas. Santos são os agrotrogloditas, na perfeita expressão de Elio Gaspari.

No Brasil destes dias, o passado, o presente e o futuro se cruzam a cada esquina e a luta contra o arbítrio e o atraso tem que ser permanente, sem tréguas, em todo o território nacional. Ainda são muitas as sequelas e as bombas de efeito retardado deixadas pelo governo golpista.  A reconstrução vai demorar, mas já começou.

Vida que segue.

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Explosão da violência: diante de tanto horror ao vivo, ainda vale a pena escrever? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/explosao-da-violencia-diante-de-tanto-horror-ao-vivo-ainda-vale-a-pena-escrever/ Tue, 24 Oct 2023 16:43:20 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40835 Tenho refletido muito nestes últimos dias sobre o ofício de escrever, o meu ganha pão nos últimos 60 anos

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Só se deveria escrever pela necessidade de dizer alguma coisa nova, uma visão original, uma revelação sobre os acontecimentos. Não pode ser apenas uma obrigação de atualizar a coluna todos os dias, faça sol ou chuva, guerra ou paz, repetindo tudo o que outros já disseram antes.

Tenho refletido muito nestes últimos dias sobre o ofício de escrever, o meu ganha pão nos últimos 60 anos. Fora de combate por conta da covid temporã que me confinou entre quatro paredes, passei duas semanas vendo a vida e a morte passar na televisão, online e full time, absolutamente perplexo, sem saber o que dizer, pela primeira vez na vida.

Na segunda feira, para escapar do onipresente tema da guerra e mudar um pouco de assunto, convidamos para participar do programa de entrevistas  “Segunda Chamada”, do My News, meu atual endereço, o jornalista, dramaturgo e escritor Mario Prata, que está lançando um novo livro e é um grande contador de histórias bem humoradas. Mas foi em vão.

No final da tarde, fomos atropelados pelas imagens dos ônibus queimando no Rio, em mais um violento ataque das milícias que tomaram a cidade de assalto. Como não falar daquilo que todos estavam vendo e comentando naquele momento? Em questão de minutos, uma desgraça acaba sempre superando a outra, da faixa de Gaza à Barra da Tijuca.

O próprio entrevistado estava indignado com o que acabara de ver na TV, a extrema ousadia dos milicianos, em contraste com o lero-lero de autoridades querendo mostrar valentia na terra arrasada e garantir que o dia seguinte seria tranquilo.

Lá como cá, faltam lideranças com credibilidade para dar uma esperança aos cidadãos de que amanhã será diferente. Leio agora que dos 12 milicianos detidos durante os ataques aos ônibus, 6 já foram soltos pela Justiça. Desse jeito, como acreditar que as instituições estão funcionando?

Gostaria de comentar aqui alguma coisa boa que esteja acontecendo em algum canto do mundo, mas está difícil. A violência descontrolada invadiu até as escolas e, na mesma segunda-feira, tivemos mais um tiroteio com morte em sala de aula aqui em São Paulo.

Tem muita gente até deixando der ver televisão e acompanhar o noticiário para manter um mínimo de saúde mental. Para esses, recomendo o livro de memórias do Pratinha, “Pelo Buraco da Fechadura” (Editora Geração), que fala de outros tempos e outros personagens, bem mais amigáveis e engraçados. Quando terminei de ler o livro, tive alta da covid… Serve até como remédio…

Mudar de cidade ou de país também não resolve porque o mundo inteiro parece inóspito para os seres humanos, só crises por todo lado, para onde se olha. Que foi que fizemos com o nosso mundinho, onde foi que a coisa desandou? Meio século atrás, o Ronald Golias já comentava na “Família Trapo” que “a humanidade não está se comportando bem…”

Não me lembro de outra época de tanto desencanto nem durante a ditadura militar no Brasil, quando a gente ainda acreditava que “amanhã vai ser outro dia”.
Apesar de tudo, escrever ainda vale a pena porque, pelo menos, dividimos nossas aflições com os outros. Mas isso eu sei que também não muda nada.

Vida que segue.

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Mundo perigoso: a guerra distante e a nossa, onde a violência mata quase 50 mil por ano https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/mundo-perigoso-a-guerra-distante-e-a-nossa-onde-a-violencia-mata-quase-50-mil-por-ano/ Sun, 15 Oct 2023 14:15:35 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40535 Com a vista embaçada e dificuldades para ler e escrever, passei a semana ligado nos canais de TV

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Para quem estranhou minha ausência no Balaio nos últimos dias, algo raro de acontecer, justamente em meio a mais uma guerra no Oriente Médio, informo que estou de quarentena, derrubado pela covid pela primeira vez, quando a pandemia já tinha saído de moda.

Com a vista embaçada e dificuldades para ler e escrever, passei a semana ligado nos canais de TV, vez mais aflito com o que está acontecendo, e não podendo atualizar a coluna.

Hoje, no 9º dia dos conflitos, acordei um pouco melhor. A contabilidade do morticínio até agora registra 1.300 mortos do lado de Israel e 2.300 do lado palestino, o que já é uma enormidade, mas bem menos do que a violência fora de controle mata a cada ano na nossa guerra interna.

Não podemos esquecer dos nosso mortos _ entre eles, também grande número de crianças e mulheres, como estamos vendo no Oriente Médio, um massacre covarde contra inocentes, que nada têm a ver com o confronto entre forças israelenses de Netanyahu e palestinas do Hamas.

As nossas faixas de Gaza se espalham pelo país, dos morros cariocas aos confins da Amazônia, onde as milícias e o crime organizado ocuparam o lugar do Estado.

Segundo os últimos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em julho, o Brasil registrou 47,5 mil mortes violentas em 2022, uma queda de 2,4% em relação ao ano anterior. E esse número já chegou a passar de 60 mil na década passada.

Enquanto a TV mostra os horrores da guerra lá fora em tempo real, 24 horas por dia, assustando o mundo, na guerra aqui dentro só ficamos sabendo depois o que aconteceu, pelos frios boletins de ocorrência das estatísticas policiais. Ninguém se choca mais com esses números da grande tragédia social brasileira que já faz parte da paisagem. O que os olhos não veem, o coração não sente. Não dá ibope.

Nos últimos quatro anos, com o liberou geral de armas e munições para a população civil e a licença para matar das forças de segurança, passamos a andar com medo nas ruas das grandes e pequenas cidades, sem saber se as balas perdidas são da polícia ou da bandidagem, que cada vez mais se confundem em seu modus-operandi.

É tão difícil reconquistar a paz aqui como no milenar conflito entre palestinos e israelenses, que disputam o mesmo pequeno espaço de terra, com a diferença de que no Brasil temos imensos latifúndios ociosos ou ocupados apenas por bois e plantações de soja, que agora avançam pela Amazônia.

 

Ao massacre humano desses últimos dias, some-se o massacre informativo, com comentaristas e especialistas em geral se revezando nos estúdios para defender suas teses sobre quem está certo ou errado nesta guerra que só tem derrotados, dos dois lados. Ou alguém imagina que a vida vai melhorar depois, seja qual for o resultado, para os povos envolvidos neste morticínio alucinado sem dia marcado para acabar?

A única boa notícia é que agora temos um governo para tirar e repatriar os brasileiros que estão na zona de conflito, mas levou vários dias para o noticiário reconhecer os esforços do presidente Lula e seus ministros em busca de uma solução negociada de paz, agora que o país preside o Conselho de Segurança da ONU, um cargo rotativo.

A covid uma hora passa, a guerra um dia acaba, só a luta pela vida é permanente num mundo cada vez mais perigoso.

Bom domingo.

Vida que segue.

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Caro presidente Lula https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/caro-presidente-lula/ Tue, 10 Oct 2023 21:21:23 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40481 STF: Não, não se trata de apenas de uma causa identitária como muitos criticam, mas de uma questão democrática

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Caro presidente Lula,

Sei que você não gosta que deem palpites nas tuas escolhas como presidente da República, mas depois de entrevistar a promotora Lívia Sant´Anna, na segunda feira, no programa Segunda Chamada, do My News, me sinto no dever de te escrever sobre o que está em jogo na indicação para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal.

Fiquei muito impressionado com o conhecimento e a lucidez da dra. Lívia sobre os principais problemas nacionais. Mulher, jovem, baiana e negra, ativista dos Direitos Humanos, o seu nome vem sendo defendido para o STF por mais de uma centena de entidades da sociedade civil, e agora entendo os motivos. Ela merece pelo menos ser ouvida. Você irá se surpreender, como aconteceu comigo e com quem assistiu ao programa.

Não, não se trata de apenas de uma causa identitária como muitos criticam, mas de uma questão democrática, para promover a diversidade e diminuir a desigualdade que ainda grassa nos centros de decisão dos poderes do país, em que a população mais vulnerável das regiões mais carentes é miseravelmente sub-representada.

A nomeação de Lívia, a primeira mulher negra no STF, seria por si só um fato histórico no nosso Judiciário, mas representa muito mais do que isso: uma vitória de todos nós, do Brasil democrático, que comemoramos a tua vitória nas eleições de outubro, representado naquela inesquecível imagem na subida da rampa no dia da posse, contra o Brasil do atraso civilizatório, racista, homofóbico, xenofóbico e autoritário.

Não se trata de apenas mais um preenchimento de cadeira vaga na Suprema Corte, como tantos que você já fez em seus governos, mas uma oportunidade única de resgatar a autoestima e a confiança da nossa população, majoritariamente pobre, feminina e negra, para mostrar ao mundo que teremos aqui, finalmente, oportunidades iguais para todos.

Filha da Cidade Baixa de Salvador, Lívia se parece com você quando fala com alma de suas origens: não é por ter lido ou ouvido dizer, mas por ter sentido na pele o preconceito secular das elites brancas contra os pobres, nordestinos e pretos, ou seja, a maioria dos teus eleitores.

A promotora baiana jamais trairá estas origens, nem será chamada de negra de alma branca. Basta olhar nos seus olhos serenos e altivos quando ela discorre sobre as chagas da nossa sociedade e as formas de combate-las, em respeito à Constituição, uma das tarefas magnas de quem senta naquelas 11 cadeiras do STF. Se tiver um tempinho, vale a pena dar uma olhada nesta entrevista para conferir o que estou dizendo, caro presidente. Ou convida ela para um papo sem compromisso no Alvorada.

Lívia Sant´Anna Vaz, 43 anos, é uma legítima representante da geração que se formou nos governos do PT e conquistou seu espaço no Ministério Público por competência, sem pedir licença nem favor a ninguém, a afirmação dos que vieram de baixo. Tenho certeza que você irá se identificar com esta mulher. Boa sorte na escolha para o STF. Forte abraço, Ricardo Kotscho.

Confira entrevista com Lívia Sant’Anna Vaz no Segunda Chamada:

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Tempos explosivos: temos três guerras em andamento, sem prazo para acabar https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/tempos-explosivos-temos-tres-regras-em-andamento-sem-prazo-para-acabar/ Mon, 09 Oct 2023 20:01:20 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40418 Aqui dentro, segue a interminável guerra de Brasileiros X Brasileiros

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Lá fora, são agora duas guerras simultâneas: Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina, ambas por disputa de territórios. Aqui dentro, segue a interminável guerra de Brasileiros X Brasileiros, com 50 mil mortos por ano nos choques entre facções do crime organizado e milícias, e destas com a polícia.

Nos três casos, as maiores vítimas são as mesmas: os civis indefesos que só querem um pouco de paz para viver. Se você pegar o mapa-mundi da ONU, para onde olhar vai encontrar algum conflito em andamento e levas de refugiados procurando escapar da fome e da violência, dois dramas multinacionais neste século 21.

Como escreveu o brilhante Alberto Villas, da Newsletter “O Sol”, uma guerra engole a outra no noticiário e ninguém sabe quando isso vai parar. Depois das chacinas da semana passada, no Rio e na Bahia, a nossa guerra interna deu uma breve trégua nos últimos dias, mas não há sinais de armistício.

Nove meses após o ataque golpista a Brasília, completados hoje, o Brasil continua rachado na política, com a disputa de hegemonia entre poderes, e nas ruas, onde os moradores temem tanto os fardados como a bandidagem e ninguém mais se sente seguro nas grandes cidades.

Mesmo nas cidades pequenas e médias, não se tem mais sossego nem dentro de casa. Até tomar uma cervejinha num quiosque de praia virou risco de morte e se trancar dentro de casa à noite, não evitou o assassinato de uma família inteira em Jequié (BA).

“Aqui, pelo menos, não temos guerras”, comentou comigo uma senhora onde moro, logo após os primeiros ataques dos palestinos contra Israel no sábado. Temos, sim, senhora, várias. Esqueceu-se ela que aqui temos uma guerra civil não declarada, que é permanente, com pobres matando pobres e jovens matando jovens, em sua maioria negros, também os principais alvos das polícias.

Da guerra entre russos e ucranianos quase não se fala mais, deixou de ser notícia após a explosão do conflito que pode se alastrar por todo o Oriente Médio, colocando as grandes potências em lados opostos.

No meio do fogo cruzado, o Brasil está agora na presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, missão ingrata em tempos de guerra. Se a nossa guerra interna continuar do jeito que está, em breve poderemos pedir a ajuda de uma missão de paz da ONU, que anda com muito serviço, mundo afora. Vida que segue.

 

 

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Estado Miliciano: a quem interessa a violência fora de controle que grassa pelo país? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/estado-miliciano-a-quem-interessa-a-violencia-fora-de-controle-que-grassa-pelo-pais/ Fri, 06 Oct 2023 16:00:42 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40373 Tivemos o ápice desta violência no dia 8 de Janeiro quando terroristas invadiram Brasília para tomar o poder na marra

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O bolsonarismo não inventou as milícias, mas permitiu que elas se alastrassem e se ramificassem pelo país como nunca antes, a ponto de formar em algumas regiões um verdadeiro Estado Miliciano, onde o Estado Democrático de Direito não entra. Tivemos o ápice desta violência no dia 8 de Janeiro quando terroristas invadiram Brasília para tomar o poder na marra, uma semana depois da posse do presidente eleito Lula.

O golpe fracassou, mas seus devotos mais fiéis nunca desistiram da violência como forma de luta política, desde o tempo em que Bolsonaro era um tenente do Exército que planejava jogar bombas nos quarteis e na adutora do Guandu para conseguir melhores salários.

No poder, o ex-tenente, promovido a capitão ao passar para a reserva, queria concentrar mais poder em suas mãos e passou quatro anos desafiando as instituições democráticas, a começar pelo Supremo Tribunal Federal, deixando claro que só perderia as eleições se fosse roubado pelas urnas eletrônicas.

Derrotado, passou dois meses em obsequioso silêncio enfurnado no Alvorada, preparando a vingança, antes de fugir para os Estados Unidos dois dias antes do fim do mandato.

Hoje, Bolsonaro está cercado pela Justiça e pela Polícia, que investigam uma penca de crimes do ex-presidente. Enquanto isso, as milícias, os traficantes e o crime organizado em geral tocam o terror na população, seja na Barra da Tijuca, no Rio, ou em Jequié no interior da Bahia, onde ocorreram as chacinas desta semana, atingindo médicos e uma família inteira. Embora até o momento não se possa afirmar nada sobre os possíveis criminosos, a polícia sempre costuma perguntar quando inicia uma investigação: a quem esse crime interessa?

Até o general Braga Netto, ex-interventor militar na segurança do Rio, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro, saiu do seu conforto com os dois pés sobre o ministro da Justiça, Flávio Dino, responsabilizando-o pela violência fora de controle no país, como se ele e o governo a que serviu não tivessem nada com isso.

A curto prazo, o clima generalizado de violência interessa às oposições na disputa municipal do ano que vem, já que a segurança pública é uma das suas poucas bandeiras, e o calcanhar de Aquiles do governo e das esquerdas. Vamos ouvir muito “bandido bom é bandido morto”, “armai-vos uns aos outros”, “atira primeiro, depois pergunta”, “direitos humanos é coisa de vagabundo”. O discurso está pronto.

Essa eleição de 2024 será o primeiro passo, uma espécie de teste  drive para a volta da extrema direita ao poder _ dois anos depois, pelo voto; ou, a qualquer momento, quando tentarem novo golpe. Nunca se sabe. Vai depender do desfecho das centenas de processos contra os golpistas que correm na Justiça.

Empoderada pelo governo anterior, a extrema-direita ocupou as redes com suas milícias digitais para reavivar o anticomunismo e temas da pauta de costumes que lhe são caros como casamento entre pessoas do mesmo sexto, descriminalização das drogas e do aborto, demarcação de terras indígenas, etc. Nada de novo.

Outra aposta é jogar um poder contra o outro, com o Congresso dominado pela direita fisiológica do Centrão armando pautas- bomba contra o Supremo Tribunal Federal. O verdadeiro objetivo é impedir a governabilidade, atravancar as reformas, criar uma crise institucional.

Em último caso, se a violência continuar assombrando o país, não faltará quem peça logo uma GLO, a famigerada sigla da Lei e da Ordem, para botar as tropas na rua, como tentaram fazer no dia 8 de Janeiro, quando o golpe flopou.

A dimensão que ganhou o Estado Miliciano, ou o Estado Paralelo, como escreveu hoje o Otávio Guedes, da Globo News, é uma tragédia humana, social e econômica, que pode desaguar numa tragédia política, se o Estado Democrático de Direito não demonstrar forças para reagir a tempo. Ainda é tempo.
Vida que segue.

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Ainda não li, mas o novo livro de Mario Prata, “uma quase autobiografia”, promete ser o lançamento do ano https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/ainda-nao-li-mas-o-novo-livro-de-mario-prata-uma-quase-autobiografia-promete-ser-o-lancamento-do-ano/ Sat, 30 Sep 2023 16:13:34 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40155 Vem aí um livrão, com certeza.

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Vem aí um livrão, com certeza. Criador de 687 personagens em seus 23 livros, 10 peças de teatro, 6 telenovelas, 5 séries e mais de três mil crônicas, o jornalista, escritor e noveleiro Mario Prata é ele próprio o melhor personagem criado em sua já longeva carreira de contador de histórias.

“Pelo Buraco da Fechadura – Eu vi um Baile de Debutantes – Uma quase autobiografia” (Geração Editorial, 400 páginas) tem lançamento marcado para o dia 26 de outubro, com debate entre o autor e o escritor Fernando Morais, meus companheiros de divertidas temporadas no Spa São Pedro, em Sorocaba (SP). Como Pratinha é um gozador nato, melhor seria chamar o livro de “antibiografia”, pois ele é capaz de rir dele mesmo.

Tive o privilégio de conviver com os dois em algumas destas temporadas no Spa do doutor Chico, que ficou nosso velho amigo. Até fizemos lançamentos de livros lá. Eles eram como Gordo e o Magro, cada um levado para lá por razões diferentes. O Gordo, Morais, estava gordo mesmo e precisava emagrecer. Mas o que fazia lá o magérrimo Pratinha? Ia pra lá para… escrever e “fazer um detox”. Boêmio profissional, vrava um monge abstêmio. Parecia debochar dos outros pacientes com a simples presença naquele lugar, tamanho era o contraste de barrigas, que inspiraram dois livros seus de sucesso: “O Diário de um Magro I e II”. 

Faz muito tempo que Pratinha foi morar em Santa Catarina, na beira do mar de Florianópolis, um doce exílio para quem vive de escrever, mas nem sabia que ele trabalhava num novo livro que está chegando agora às livrarias, vendido a algo em torno de 80 reais, um preço módico para o que a mercadoria promete. 

“Com toques de incrível humor e comovente ternura, Mário Prata conta suas memórias de um jeito absolutamente extraordinário. Um resgate muito pessoal de um período rico da nossa vida cultural. É como se estivesse nos contando sua história e a do Brasil numa mesa de bar”, escreveu sobre o livro o editor Luiz Fernando Emediato, também jornalista e meu amigo. 

Fiquei sabendo da boa novidade pelo O Sol, o excelente jornal pessoal do Alberto Villas, outro amigo, uma newsletter político-cultural que nos traz os principais fatos do dia comentados logo cedo. Sou bom de amigos… Villas ficou encantado com o livro:  

“São historinhas, uma mais deliciosa que a outra. Ele conta suas aventuras de infancia, na rua, na mesa do jantar, nas redações por onde andou, nas escolas por onde passou, além dos 687 personagens, com detalhes preciosos e muito humor”.  

É um livro bem familiar, como show do Gilberto Gil, revela a filha Maria Prata, autora da orelha, também jornalista e consultora de moda da Globo, onde o irmão Antonio ficou com a vaga do pai nas novelas, depois de auxiliá-lo em “Bang-Bang”.

A orelha de Maria Prata:

“Com esta orelha aqui, somam-se nove na criação deste livro: um par do meu pai, o autor, outro do Pedro, meu irmão que assina a foto dele, mais um do Antonio, o irmão do prefácio, as minhas duas, claro, e essa, de papel mesmo, que você tem em mãos. Estou aqui contando orelhas porque é a primeira vez que meu pai junta os filhos para estarem com ele em um livro. E faz todo o sentido, uma vez que o livro são as memórias dele. E que memórias! Meu pai, assim como grande parte da família Prata é um exímio contador de histórias. Passei parte da vida, portanto, ouvindo muitas das que estão aqui – e outra parte vivendo algumas delas. Desde que me entendo por gente, quando estou com meu pai, uma cena se repete: ele sentado, falando, falando, e um tanto de gente em volta, atenta. E gargalhadas. Este livro é como ter meu pai nas mãos. Ele aqui comigo, com você, contando suas histórias. Mas agora, além de fazer você gargalhar, também vai surpreende-lo, relembrar, aprender, e até mesmo faze-lo chorar, quem sabe? O livro tem histórias incríveis, que falam com todo mundo – a da batalha da Maria Antonia e outros momentos da ditadura, por exemplo. Mas muitas outras, bastante pessoais, que não interessariam a ninguém, não fosse o faro fino que o autor tem para o que nasce para ser contado – se bem contado., claro. E isso ele faz como ninguém. Poder ter Mario Prata te contando histórias assim, ao pé da(ih, mais uma) orelha, é privilégio. Boa leitura!”.

É verdade, Maria. Sou testemunha disso. 

Vida que segue. 

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Taxa de desemprego cai para níveis de 2015, antes do golpe contra Dilma Rousseff https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/taxa-de-desemprego-cai-para-niveis-de-2015-antes-do-golpe-contra-dilma-rousseff/ Fri, 29 Sep 2023 19:55:46 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40152 Total de trabalhadores desempregados registrado este ano foi de 8,4 milhões, o menor contingente desde o trimestre móvel encerrado em junho de 2025, sob o governo Dilma, quando era de 8,5 milhões

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No noticiário sobre a nova queda da taxa de desemprego, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, faltou registrar um pequeno detalhe. Segundo os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Continua), a taxa recuou para 7,8% no trimestre encerrado em agosto, a mais baixa desde 2015 _ por coincidência, o último ano do governo de Dilma Rousseff, antes do golpe parlamentar que derrubou o seu governo. No mesmo período de 2022 a taxa estava em 8,9%.

O total de trabalhadores desempregados registrado este ano foi de 8,4 milhões, o menor contingente desde o trimestre móvel encerrado em junho de 2025, sob o governo Dilma, quando era de 8,5 milhões.

A situação econômica do país, recorde-se, foi um dos motivos apontados na época para a abertura de impeachment contra a presidente, acusada de praticar “pedalas fiscais”, algo que nunca conseguiram explicar direito para justificar o processo.

Ou seja, após o golpe, a situação dos trabalhadores só fez piorar nos governos seguintes de Michel Temer e Jair Bolsonaro, elevados à condição de “salvadores da Pátria” contra os malfeitores do PT, situação agravada pela reforma trabalhista do ex-vice de Dilma, que deveria combater o desemprego.

A população ocupada chegou este ano a 99,7 milhões, um acréscimo de 1,3 milhão de trabalhadores em comparação com o trimestre encerrado em maio.

A renda média real dos trabalhadores chegou a R$ 2.947 no trimestre pesquisado, uma alta de 4,60% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa notícia só foi manchete na Veja online.

Nada como o tempo e a fria estatística para desmascarar farsantes que, em nome da democracia e do progresso, se unem para derrubar uma presidente progressista, eleita democraticamente, hoje presidente do banco dos Brics. E o presidente Lula, seu antecessor, está de volta ao Palácio do Planalto para seu terceiro governo.

Quem agora vai pedir desculpas para Dilma, que não cometeu crime nenhum e mantem os seus direitos políticos, e para Lula, que passou 580 dias na cadeia num processo viciado depois anulado pelo Supremo Tribunal Federal? Quem vai pagar pelos prejuízos impostos ao país?

Eduardo Cunha? Aécio Neves? Sergio Moro? Deltan Dallagnol? A Justiça Federal de Curitiba? Colunistas da mídia grande? O mercado sempre nervoso? Militares golpistas de ontem e de  hoje?

Melhor rezar pela saúde de Dilma e Lula para que eles possam continuar enfrentando e desmascarando seus detratores, um a um.

Vida que segue.

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A marcha do atraso: bancadas temáticas bolsonaristas se unem no Congresso contra governo e STF https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/a-marcha-do-atraso-bancadas-tematicas-bolsonaristas-se-unem-no-congresso-contra-governo-e-stf/ Wed, 27 Sep 2023 16:42:34 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=40065 Essas bancadas reúnem parlamentares conservadores e fisiológicos, em sua maioria de partidos do Centrão

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A grande tragédia bolsonarista ainda não terminou. Deixou sequelas em todas as instituições nacionais. No Congresso, pontificam as chamadas bancadas temáticas fortalecidas por Bolsonaro – da bíblia, do boi e da bala _ que agora se uniram contra decisões recentes do STF e constituem hoje a principal oposição ao governo de Lula 3.

O objetivo não declarado é criar confusão e jogar um poder contra o outro para abalar a governabilidade. Essas bancadas reúnem parlamentares conservadores e fisiológicos, em sua maioria de partidos do Centrão, os mesmos que pleiteiam ministérios e verbas no governo e se vendem caro a cada nova votação.

A mais poderosa é a bancada do boi, chamada de Frente Parlamentar Agropecuária (FPA)., que simplesmente não aceitou a derrubada, por 9 votos a 2, do marco temporal das áreas indígenas pelo Supremo Tribunal Federal e, com o apoio das outras, iniciou essa semana um processo de obstrução na Câmara. As bancadas temáticas planejam não marcar presença no plenário e em nenhuma comissão para impedir a formação de quórum e barrar votações em qualquer instância da Câmara, informa o Estadão desta quarta-feira.

Eles estão com pressa. Para restituir o marco temporal, está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado um projeto de lei que deve ser votado ainda hoje, dia 27, no colegiado, para depois ir a plenário.

O deputado Pedro Lupion, presidente da FPA, promete dias difíceis para o governo e o STF: “Precisamos fazer um movimento político que demonstra a insatisfação do Legislativo”. Foi isso que restou para a oposição bolsonarista que até hoje não conseguiu se unir a em torno de qualquer projeto que não seja de retrocesso institucional.

É o caso também da pauta sobre o reconhecimento jurídico da união entre pessoas do mesmo sexo, que já havia sido aprovada, por unanimidade, pelo STF, em 2011, e voltou a ser discutida na semana passada na Comissão de Previdência e Família na Câmara dos Deputados.

O projeto original foi apresentado em 2007 pelo então deputado Clodovil Hernandes, já falecido, a favor da união civil, mas agora foi entregue ao relator Pastor Eurico (Pl-PE) que, como toda bancada evangélica, quer simplesmente proibir casamentos homoafetivos em cartórios.

Na marcha batida dessas bancadas, contra a civilização e a favor do retrocesso institucional, daqui a pouco algum parlamentar do grupo vai apresentar um projeto para revogar a Lei Áurea, de 1888, e liberar a compra e venda de escravos.

Os mesmos que são a favor do marco temporal para liberar as áreas indígenas são também contra a fiscalização do Ministério e da PF para coibir o trabalho análogo à escravidão que viceja novamente no campo, com novas denúncias a cada semana.

Se depender desse Congresso das bancas temáticas empoderadas, a vida dos brasileiros será uma eterna batalha entre a civilização e a barbárie, como foi nas últimas duas eleições presidenciais.
Vida que segue.

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Copa do Brasil: São Paulo agora pode dizer que é “campeão de tudo”; o grande herói desta jornada foi a torcida https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/copa-do-brasil-sao-paulo-agora-pode-dizer-que-e-campeao-de-tudo-o-grande-heroi-desta-jornada-foi-a-torcida/ Mon, 25 Sep 2023 17:58:43 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39999 Mais do que do técnico, dos jogadores e da diretoria, esta foi uma vitória da torcida são-paulina

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Agora não falta mais nada na galeria de troféus do Morumbi. Com a conquista da Copa do Brasil no domingo, único clube brasileiro tricampeão mundial, tricampeão da Libertadores, tricampeão brasileiro consecutivo, aquele mesmo São Paulo, com a mesma equipe que vinha caindo pelas tabelas no início do ano, ressuscitou nas mãos de Dorival Jr., empurrado por sua fantástica torcida que nunca o abandonou. Somos agora, de fato, “campeões de tudo”, ninguém tira…

Mais do que do técnico, dos jogadores e da diretoria, esta foi uma vitória da torcida são-paulina, que bateu recorde sobrerecorde de renda e público a cada jogo, lotando as velhas arquibancadas no Morumbi, como se fosse o último.

E a grande festa na final da Copa do Brasil, com o empate o empate por 1 a 1 contra o Flamengo, teria sido completa, se não fosse a incompetência e a violência da Polícia Militar do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que avançou sobre a torcida tricolor com a cavalaria, bombas e balas de borracha.

Em vez de cercar com antecedência a área em frente ao portão principal do estádio por onde deveria sair o ônibus dos visitantes, como em todos os jogos desde que o Morumbi foi inaugurado _ e eu estava lá, em 1960 _ a PM só chegou quando a imensa torcida em festa já tinha tomado toda a praça em frente ao estádio na comemoração do título inédito.

Sem aviso prévio, para “consertar” sua incúria, a PM resolveu partir para a ignorância e limpar a área na porrada, em que não faltaram nem as espadas empunhadas pelos garbosos cavaleiros, para dispersar a multidão. Por sorte, não morreu ninguém, mas muita gente ficou ferida.

Será que o comandante da tropa era algum flamenguista, como o carioca governador Tarcísio de Freitas, que resolveu se vingar contra os campeões? O ônibus do Flamengo partiu são e salvo levando na bagagem seus craques envergonhados após perder mais um título.

Foi a vitória da humildade e do trabalho contra a soberba e a arrogância dos flamenguistas, que dispensaram Dorival Jr, após as conquistas do ano passado pelo clube carioca. Preferiram contratar o histriônico andante Jorge Sampaoli,domador de feras imaginárias.

Tudo podia ser simbolizado no longo abraço entre Dorival e Muricy Ramalho, o discreto coordenador de futebol que tinha levado o São Paulo ao tricampeonato brasileiro, última grande conquista do clube antes do jogo de domingo.

Os dois bateram o pé e não deixaram a diretoria vender nenhum jogador na janela de transferência no meio do ano, o que permitiu ao São Paulo ir até a final com o mesmo time, ao contrário dos anos anteriores, em que vendia barato os jovens talentos de Cotia, antes mesmo de se firmarem no time principal e comprava jogadores gringos em fim de carreira.

O coroamento deste trabalho veio no gol de placa marcado por Rodrigo Nestor, mais um que veio das equipes de base formadas em Cotia, junto com Lucas, Beraldo, Diego Costa, Wellington, Pablo Maia e tantos outros.

Mesmo que não tivesse grandes craques e a técnica do milionário time de Sampaoli (o elenco tricolor, antes da conquista, só valia a metade daquele do Flamengo, mas agora está valorizado), a garra tricolor se sobrepôs nos dois jogos e, desta vez, o futebol fez justiça ao melhor.

Nem a PM conseguiu impedir a bela festa que entrou pela madrugada em várias cidades e estradas de São Paulo.

Paulistano e são-paulino é como costumo me apresentar, como se pode ver no perfil do blog.

Não, não sou um comentarista esportivo isento. Ninguém é, mas eu assumo com muito orgulho minha camisa tricolor.

Valeu, São Paulo Futebol Clube.

Vida que segue.

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Supremo Tribunal Federal é nossa última barreira contra retrocesso bolsonarista https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/supremo-tribunal-federal-e-nossa-ultima-barreira-contra-retrocesso-bolsonarista/ Fri, 22 Sep 2023 23:05:32 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39956 Ainda bem que temos o STF e o TSE para proteger a nossa democracia

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A oposição bolsonarista, em minoria até no Centrão, montou trincheira em torno de uma retrógada pauta de costumes no Congresso. Sem projetos para o país, o objetivo é fazer a única coisa que lhe resta: atrapalhar o governo, criar uma crise entre poderes, e estrebuchar. 

Os derrotados em 30 de outubro, nas urnas, e em 8 de janeiro, no golpe fracassado,  acusam O Supremo Tribunal Federal de praticar ativismo judicial e de perseguir o seu líder, que já foi colocado fora de combate pelo Tribunal Superior Eleitoral e declarado inelegível até 2030, por um dos muitos crimes de que é acusado.

Pois, amigos, ainda bem que temos o STF e o TSE para proteger a nossa democracia, como a útima barreira contra o retrocesso bolsonarista até aqui fracassado, depois que a tentativa de golpe militar foi abortada pelos três poderes, incluindo aí parte das Forças Armadas, como ficamos sabendo pela delação do ajudante de ordens, Mauro Cid. Bolsonaro conseguiu rachar até as Forças Armadas, pois é…

Ainda esta semana tivemos vários exemplos do que estou falando. A começar, pela derrubada no STF, por 9 votos a 2 (sempre aqueles…) do Marco Temporal das Áreas Indígenas, uma jabuticaba do atraso plantada pelo ramo mais reacionário do agronegócio e da mineração clandestina. Foi uma bela vitória não só do STF, mas de todos nós, do Brasil civilizado. 

No Senado, os bolsonaristas ainda tentam aprovar um PL na contramão do que o Judiciário já decidiu, apenas para fazer barulho, já que o Executivo pode vetar a medida e, como se trata de matéria constitucional, a última palavra, de qualquer forma, será do STF, que já a proclamou por larga maioria. 

Na Câmara, os arautos do retrocesso tentam proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, matéria já pacificada há tempos, e a descriminalização do aborto, que também está em discussão no STF. A ministra relatora, Rosa Weber, que este mês deixa a presidência do STF, já deu o primeiro voto a favor da medida. Nessa toada, só está faltando que a oposição queira revogar a Lei Áurea para deixar o campo livre aos escravagistas do século 21. 

Já disse aqui, e repito, que mais dia, menos dia, o ex-presidente Jair Bolsonaro será tirado de circulação pela Justiça, pelo conjunto da obra, mas o bolsonarismo ainda permanecerá por um bom tempo azucrinando o país, tantas são as sequelas e armadilhas deixadas na sociedade civil e até nas Forças Armadas. Duas delas estão no STF, algumas dezenas no parlamento e milhões de devotos na internet continuam alimentando a seita nas redes sociais, com uma enxurrada cada vez mais alucinante de fake news e conspirações. 

A cada nova pesquisa, o bolsonarismo gradativamente diminui de tamanho. Representava quase metade do país, em outubro de 2022; hoje, não passa de um terço, se tanto, o que ainda é muita gente para atravancar os rumos do país. Como permitimos que isso acontecesse? Já imaginaram o que seria do Brasil com mais 4 anos de Bolsonaro & Cia.?

Bendito STF! 

Vida que segue. 

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Lula faz discurso de estadista, é aplaudido 7 vezes e lava a alma do Brasil na tribuna da ONU https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/lula-faz-discurso-de-estadista-e-aplaudido-7-vezes-e-lava-a-alma-do-brasil-na-tribuna-da-onu/ Tue, 19 Sep 2023 18:23:25 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39830 Foi mesmo de lavar a alma dos brasileiros, depois dos vexames dos anos bolsonaristas na ONU

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As coisas precisam ser ditas como as coisas são, sem medo de errar nem de incomodar ninguém.

Que me perdoem os coleguinhas da imprensa isenta, mas deu orgulho de ver Lula hoje na tribuna da ONU, tecendo um discurso histórico, ao denunciar asdesigualdades, de todos os gêneros, em todas as latitudes, ainda o grande mal da humanidade neste início de século 21.

Foi mesmo de lavar a alma dos brasileiros, depois dos vexames dos anos bolsonaristas na ONU. Quem ouviu os discursos de Bolsonaro, em 2022, e o de Lula, nesta terça-feira, 19 de setembro de 2023, nem pode acreditar que os dois são originários do mesmo país.

Lula fez um discurso de estadista, com começo, meio e fim, falando para o mundo, enquanto o outro se dirigia apenas aos seus devotos no Brasil, em permanente campanha eleitoral, espancando os fatos e a realidade factual, sem conseguir falar mais do que 7 minutos para uma plateia esvaziada que não prestava a menor atenção.

Para quem acha exagero, pergunto quem são os outros estadistas respeitados fora de seus países no mundo de hoje, além do papa Francisco?

Lula falou em nome do Sul Global, uma nova força geopolítica formada por países da América do Sul, da África e da Ásia que procuram se unir exatamente para enfrentar as desigualdades provocadas nas relações desiguais de comércio até hoje existentes pelo domínio do velho Norte Global.  

Mais do que as 7 vezes em que Lula foi aplaudido em cena aberta, ao longo dos 21 minutos de discurso na abertura da assembleia-geral, em que não falou uma palavra a mais, nem a menos, impressionou-me o silêncio da plateia, acompanhando atentamente sua fala com fones no ouvido e acenos de concordância com a cabeça.  

Em seguida, foi a vez de Joe Biden falar, e surpreender os jornalistas brasileiros, que esperavam um duro embate entre os dois, com visões de mundo tão diferentes.

Ao contrário, como se tivesse lido o discurso de Lula antes de escrever o dele, Biden concordou com quase tudo o que Lula falou, a começar pela cobrança de mais ajuda dos países ricos e dos organismos multilaterais para o Terceiro Mundo. Os dois têm um encontro marcado hoje em Nova York para discutir um plano de combate ao trabalho precarizado, uma das pontas soltas da desigualdade econômica e social entre os países e dentro de cada um deles.

Transcrevo abaixo alguns trechos do discurso de Lula que foram mais aplaudidos.

“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema direita, que negam a política e vendem soluções tãofáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir o neoliberalismo por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”.

Em tempo: o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi citado nenhuma vez.

“ Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo. Se hoje eu retorno à honrosa condição de presidente do Brasil, é graças à vitória da democracia em meu país. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo ao nosso redor.
“Não haverá sustentabilidade sem paz. Conhecemos os horrores e os sofrimentos produzidos por todas as guerras. É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças. Bem o demonstra a dificuldade para garantir a criação de um Estado para o povo palestino.

Em tempo: Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, sua pauta mais delicada no cenário internacional, Lula disse que o Brasil tem pregado a paz e criticou os países da Otan (Organização dos Países do Atlântico Norte) por continuaram fornecendo armas para o país invadido. Hoje, Lula tem encontro finalmente marcado com Volodomyr Zelenski e também deverá tratar da guerra com Joe Biden. Agenda de estadista, como se vê (Lula também tem reuniões bilaterais marcadas com Alemanha, Noruega, para tratar do Fundo Amazônia, e uma dezena de outros países).

“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão cormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual. Os dez maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. “

Desde o seu primeiro discurso, como candidato a presidente, em 1989, Lula nunca deixou de tratar a questão da fome como uma prioridade dos seus programas de governo. “Três refeições por dia para todos”, era o lema dele _ e continua sendo. Faz isso, não porque ouviu falar que se trata de um grave problema no Brasil e no mundo, ou leu a vasta bibliografia existente sobre o assunto, mas porque viveu na pele o que é ir dormir sem saber se terá comida amanhã.

Valeu, presidente Lula.

Vida que segue.

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Muricy Ramalho e o São Paulo F.C., um caso de amor à camisa: isso ainda existe no futebol? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/muricy-e-o-sao-paulo-f-c-um-caso-de-amor-a-camisa-isso-ainda-existe-no-futebol/ Mon, 18 Sep 2023 18:05:13 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39779 Quatro anos depois, voltou ao São Paulo F.C., onde já tinha sido tricampeão brasileiro consecutivo, agora como coordenador do departamento de futebol, seu clube do coração

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Ninguém o viu no Maracanã domingo, nem antes nem depois da bela vitória do São Paulo por 1 a 0 contra o Flamengo no primeiro jogo das finais da Copa do Brasil.

Tem sido assim, desde que se aposentou da carreira de técnico, quando estava exatamente no Flamengo, em 2016, por causa de um problema no coração, quando se tornou comentarista dos bons no SporTV.

Quatro anos depois, voltou ao São Paulo F.C., onde já tinha sido tricampeão brasileiro consecutivo, agora como coordenador do departamento de futebol, seu clube do coração. Virou um cartola profissional remunerado, exatamente o que faz falta no Flamengo, cuidando do vestiário e da relação entre elenco e direção do clube.

Discreto até em demasia, Muricy Ramalho, 67, paulistano e são-paulino, filho de um feirante, que já rodou meio mundo jogando bola e treinando times até na China, não dá mais entrevistas e prefere ficar longe dos holofotes, mas ele é um dos principais responsáveis, junto com o técnico Dorival Júnior, que ele ajudou a contratar, pela ressureição do clube do Morumbi nesta reta final da Copa do Brasil, que o clube nunca venceu, depois de várias temporadas fracassadas.

Muricy abriu uma exceção neste final de semana para os repórteres Alexandre Araújo, Bruno Braz e Luiza Sá, do UOL, e falou longamente da vida do futebol agora fora dos gramados.

“Muricy vai da aposentadoria no Fla à chance de taça inédita no São Paulo”, é o título da matéria em que ele conta que foi convidado por Tite para ajudá-lo na seleção na Copa de 2022, mas preferiu ficar no clube. “Tive outras propostas, mas fiquei no São Paulo, porque o São Paulo é a minha vida, a minha paixão”.

Trata-se de um caso cada vez mais raro de amor à camisa no futebol brasileiro, um esporte que virou negócio de bilhões. É a antítese do que vimos domingo no Maracanã, com o milionário Flamengo se arrastando em campo, enquanto o técnico Sampaoli corria de um lado para outro como um alucinado à beira do gramado.

“Por causa da saúde não sou mais técnico, mas ainda tenho essa paixão e sei que posso ajudar. Eu trabalho muito, só que eu não apareço, né? Aí pode parecer que não sou importante. Trabalho mais do que quando era técnico e não tenho férias, porque quando jogadores tiram férias, dirigente trabalha mais”.

Antes disso, Muricy tinha sido o único técnico a recusar um convite da CBF para ser técnico da seleção brasileira, quando treinava o Fluminense e também preferiu cumprir seu contrato com o clube. Outra raridade: o ex-jogador e ex-técnico é um homem de palavra, daqueles de antigamente.

Uma conjuminação de astros permitiu a Muricy promover o casamento perfeito entre técnico e elenco, um confiando no outro e se superando em campo contra times tecnicamente superiores.

Mas a astrologia nada tem a ver com isso, na visão de Muricy, para quem essa confiança só veio com muito trabalho, muitos treinos, muita conversa. Para quem iniciou a carreira com seis anos de idade, no time mirim do São Paulo, nunca existe jogo nem campeonato perdido. A vida de Muricy é um jogo para ser jogado até o fim, com o coração na ponta da chuteira.

“Se eu quisesse fazer nada, poderia me aposentar e ficar na praia em Riviera (litoral norte de São Paulo), ter uma rotina mais tranquila como comentarista no SporTV entrando ao vivo da minha varanda”.

A última vez que o encontrei foi na famosa pizza da casa do Faustão, seu grande amigo, onde Muricy gostava de contar suas histórias engraçadas do tempo em que foi treinador na China e anunciava com orgulho os novos craques que estavam surgindo no inesgotável celeiro do Centro de Treinamento de Cotia. No domingo, seis deles estavam em campo no time que derrotou o poderoso Flamengo.

É ali que está o segredo. Discípulo do grande Telê Santana, Muricy Ramalho ajudou a formar uma nova geração à sua imagem e semelhança, ensinando o amor à camisa. Isso ainda existe no nosso futebol, acredite.

Vida que segue.

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Pangaré de Tróia levado para o Planalto pelos generais abalou a imagem do Exército https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/pangare-de-troia-levado-para-o-planalto-pelos-generais-abalou-a-imagem-do-exercito/ Sat, 16 Sep 2023 16:50:08 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39739 A derrocada da confiança: Como Bolsonaro afetou a imagem das Forças Armadas no Brasil

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Obscuro suboficial do Exército reformado como capitão aos 33 anos, após responder a processos disciplinares, que depois passou a vida de parlamentar no fundão do baixo clero na Câmara, foi o Cavalo de Tróia escolhido pelo Alto Comando para a volta dos militares ao poder pelo voto direto, em 2018.

Não por acaso, “Cavalo” era o seu apelido nos quarteis, onde ameaçou jogar bombas para conseguir melhores soldos para os companheiros de farda.

Os oficiais do Alto Comando que o bancaram e prometeram controlar (aconteceu exatamente o contrário), logo descobririam que se tratava, na verdade, de um pangaré indomável, que queria derrubar as cercas da Constituição para assumir o poder absoluto, com o apoio dos militares, um golpe de Estado fracassado graças à barreira erguida pelo Supremo Tribunal Federal e da resistência da sociedade civil organizada, mas o estrago na imagem das Forças Armadas já estava precificado.

Recorro à figura do grande cavalo de madeira oco por dentro, que levou soldados gregos para derrotar os troianos no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, para ilustrar o que aconteceu no Brasil nos quatro anos de Jair Bolsonaro, que arrastou os militares para o mar de lama do seu governo.

Na mais recente pesquisa Datafolha divulgada esta semana, apenas 34% dos brasileiros responderam ainda confiar nas Forças Armadas, o menor índice da série histórica. Mesmo assim, ainda é o maior entre as 10 instituições pesquisadas. Foi uma queda de 11 pontos percentuais desde a posse do capitão, em 2019.

Generais como Eduardo Villas Boas e Hamilton Mourão, que combateram a presidente eleita Dilma Rousseff, por temerem os resultados da Comissão da Verdade sobre os crimes da ditadura e simplesmente não aceitarem o PT no governo, não podiam imaginar que a grande derrocada na confiança da população viria justamente durante o governo paramilitar de um antigo companheiro de armas.

Outro dado da pesquisa mostra que a população não acredita na versão do Alto Comando de que apenas alguns “lobos solitários” fardados teriam participado do 8 de Janeiro, tentando preservar a instituição (até hoje, nenhum nome foi identificado no inquérito aberto pelo Exército).

Para 61% dos brasileiros, oficiais das Forças Armadas estiveram envolvidos em irregularidades no governo Bolsonaro, a principal razão do estrago causado na imagem da instituição.

Enquanto não for passada a limpo esta questão do papel dos militares nos preparativos em frente aos quartéis do Exército e no próprio dia dos atentados aos Três Poderes em Brasília, além do escândalo das joias das Arábias, continuará erodindo a imagem duramente recuperada na redemocratização do país, após 21 anos de regime militar, que os terroristas do 8 de Janeiro queriam ressuscitar.

Golpe Nunca Mais!: esta é a nova jurisprudência criada pelo STF na histórica semana que passou, quando foram condenados os primeiros réus a penas de até 17 anos de prisão, e enterrada de vez a grande farsa da Operação Lava Jato, com a anulação de provas imprestáveis.

Vida que segue.

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Após anulação dos processos, quando Moro & Dallagnol pagarão pelos 580 dias de prisão de Lula? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/apos-anulacao-dos-processos-quanto-moro-dallagnol-pagarao-pelos-580-dias-de-prisao-de-lula/ Wed, 13 Sep 2023 17:04:16 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39613 Além dos óbvios Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que se associaram para condenar e prender Lula, quem mais pode responder por esta farsa da Justiça desmontada posteriormente pelo STF?

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Passado o furor da imprensa contra as decisões do ministro Dias Toffoli, que na semana passada anulou as provas do caso Odebrecht e enterrou a Lava Jato, cabe a pergunta: quem, afinal, vai pagar pelos 580 dias que Lula passou injustamente na prisão por crimes que não foram provados?

Além dos óbvios Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que se associaram para condenar e prender Lula, quem mais pode responder por esta farsa da Justiça desmontada posteriormente pelo STF? Na área da Justiça, lembremos, vários juízes de cortes superiores confirmaram e coonestaram as sentenças de Moro & Dallagnol.

Como ficam agora? E no campo da imprensa, tão prestativa para divulgar e defender todas as ações da Lava Jato, como ficam os profissionais que recebiam os pratos feitos de Curitiba, com vazamentos, delações e gravações, e publicavam tudo sem checar nem apurar nada? Ninguém ficou sabendo do conluio com autoridades americanas e suíças? Quem entregou a quem as gravações ilegais dos grampos das conversas entre Lula e a Dilma Rousseff que impediram o ex-presidente de assumir a Casa Civil da sucessora?

Ainda tem muita pergunta sem resposta nesta história. Os responsáveis por essa grande “armação” para prender Lula e tirá-lo da disputa de 2018, como definiu o ministro Toffoli, até agora conseguiram escapar das leis, mas uma hora a conta chegará, por mais que estrebuchem viúvas e viúvos da Lava Jato.

Vida que segue.

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De Lula 2 a Lula 3, Balaio completa 15 anos ininterruptos no ar https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/balaio-completa-15-anos-de-jornalismo-online-ininterruptos-no-ar/ Sun, 10 Sep 2023 15:03:08 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39480 Balaio do Kotscho completa 15 anos ininterruptos no ar, desde sua estreia em 2008 durante o segundo mandato de Lula. Com independência jornalística, o blog de Ricardo Kotscho segue firme, agora aqui no MyNews. Um testemunho das mudanças no jornalismo online ao longo dos anos.

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Em 2008, o presidente da República era Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato.

A 11 de setembro daquele ano, ia para o ar pela primeira vez o Balaio do Kotscho, um blog jornalístico de política e assuntos gerais publicado no portal Ig dos bons tempos de Nizan Guanaes. Não tinha a menor ideia de como seria, mas vi o tamanho da encrenca pela quantidade de comentários a favor e contra que entraram logo em seguida. No jornal impresso, de onde eu vinha, não havia disso. Raramente algum leitor se manifestava por carta ou telefone.

Agora, em 2023, 15 anos depois, com todas as voltas que o mundo deu, Lula é novamente presidente num inédito terceiro
mandato, e o Balaio continua aqui firme, com a mesma independência, princípios e propósitos do primeiro dia. O único
compromisso é com o leitor, agora chamado de internauta. Depois de passar 7 anos no R7, do Grupo Record, nos últimos quatro anos o Balaio estava abrigado no UOL, o grande portal do Grupo Folha.

Faz um mês, depois de sair do UOL contra a minha vontade, logo recebi um convite da amiga Mara Luquet, jornalista e
empreendedora de primeira, para trazer o Balaio para o seu MyNews, e cá estou com meu Balaio e como comentarista do canal
no Youtube. Continuo também como colaborador do UOL, para onde voltei uma semana depois, na TV e em artigos quinzenais.
Não posso me queixar da vida. Aos 75 anos, com quase 60 de profissão, é quase um milagre ainda estar vivo profissionalmente. Ainda bem, pois continuo vivendo disso.

Jornalismo Independente

Programa Segunda Chamada do Canal MyNews

11 de setembro é uma data fácil de lembrar porque foi o dia do golpe do Pinochet no Chile e do ataque às torres gêmeas em
Nova York. Para mim, foi o início de uma segunda vida profissional, agora na internet¸ que começou com um convite
que o Cassio Tulio Costa me fez para trabalhar com ele no Ig, quando eu estava em Fernando de Noronha, único recanto do
país que ainda não tinha visitado. Estava comemorando meus 60 anos e pensando em me aposentar, mas comecei tudo de novo.
No início, a concorrência era pouca, mas agora que todo mundo virou “jornalista”, pois todos são emissores e receptores de
informação nas redes e nas nuvens, não está fácil para ninguém. A concorrência pelos cliques é cruel. Lembro-me bem do Blog do Noblat, a quem rendo minhas homenagens. Acho que ele foi o pioneiro na cobertura política online e é considerado o decano da nossa categoria.

Temos hoje uma geração de jornalistas formados na internet que abriu novos horizontes para quem está na faculdade, como
minha neta Laura. Os jovens já não pensam só em ir para as grandes redações, aparecer na TV, mas sonham tocar seus
próprios projetos independentes, sem lenço, sem documento e sem patrão. Mudou o mercado de trabalho, evoluíram as tecnologias, multiplicaram-se as plataformas, só uma coisa não mudou neste período: a natureza do nosso ofício, que deve estar sempre a serviço da sociedade, em especial dos que não têm vez nem voz, para denunciar o que está errado e louvar o que bem merece, como diz a canção.

Cabe a nós contar as novas histórias do nosso tempo e fazer um rascunho para os historiadores do futuro. Esta continua sendo a
melhor profissão do mundo, como ensina Gabriel Garcia Marques, pois nos permite não só testemunhar os acontecimentos, mas neles também influir, para o bem ou para o mal.

Agradeço a todos os amigos, leitores, internautas, chefes, patrocinadores e até aos inimigos que acompanharam as andanças do Balaio nestes 15 anos.

Vida que segue.

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Toffoli já fez o mea culpa do Judiciário. Falta agora a mídia lavajatista fazer sua autocrítica https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/toffoli-ja-fez-o-mea-culpa-do-judiciario-falta-agora-a-midia-lavajatista-fazer-sua-autocritica/ Sat, 09 Sep 2023 17:22:48 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39457 A Operação Lava Jato e todas as suas consequências, até a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, não teriam existido sem a cumplicidade das instâncias superiores do Judiciário e da grande mídia brasileira.

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A Operação Lava Jato e todas as suas consequências, até a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, não teriam existido sem a cumplicidade das instâncias superiores do Judiciário e da grande mídia brasileira.

Esta semana, o ministro Dias Toffoli, do STF, já fez o mea culpa do Judiciário, ao enterrar definitivamente a Lava Jato, condenada numa longa sentença por agir, durante anos, fora e acima das leis, numa grande armação para atingir os objetivos políticos dos seus mentores, Moro & Dallagnol, cavalos de Tróia da extrema direta nativa a serviço de interesses externos. 

“Foi tudo ilusão na Lava Jato?”, pergunta candidamente o colunista Carlos Alberto Sardenberg no Globo deste domingo. 

Não, meu caro, não foi tudo ilusão, foi uma grande armação da qual você e muitos dos seus colegas participaram alegremente, mesmo sabendo de tudo que se passava em Curitiba. 

Serdenberg pergunta também “O que fazer com o dinheiro?”, referindo-se aos R$ 6,28 bilhões arrecadados pelas Petrobras nos acordos de leniência com a Odebrecht e outras empresas, que agora foram todos anulados pelo STF por utilizarem provas imprestáveis.  

Para quem vive de salário, pode parecer muito dinheiro, mas o que o colunista não diz é que isso representa apenas 1% dos R$ 600 bilhões de prejuízos causados ao país pela Lava Jato, segundo cálculos de 2022 do site Consultor Jurídico, com base num levantamento feito pelo Poder 360 no ano anterior. 

“Somente entre as 11 maiores construtoras, a queda de receita foi de 89% em quatro anos”, causando a perda de milhões de empregos, o fechamento de empresas fornecedoras, e um abalo inédito nas estruturas política e econômica do país e na imagem do Brasil no exterior, sem falar nas sequelas do bolsonarismo, que ainda levarão décadas para serem extirpadas de parte da nossa sociedade.  

Nada disso foi capaz até agora de fazer a chamada grande imprensa e seus porta-vozes mudarem de opinião, muito menos de fazer uma autocrítica. Em colunas, editoriais e reportagens, o ministro Dias Toffoli foi duramente atacado, acusado de partidarismo, enquanto defendiam ainda as “conquistas da Lava Jato”, como se a corrupção tivesse acabado no país. “O último prego no caixão”, lamenta a revista Veja, que foi um baluarte na defesa e propaganda da Lava Jato. Na televisão de notícias, os comentaristas pareciam mesmo ter saído de um velório.  

Foi bom só para certos jornalistas que subiram na carreira na onda do lavajatismo e para o ex-juiz Sergio Moro, eleito senador, que garantiu um contrato de R$ 3,7 milhões com a consultoria Alvarez & Marçal, dos Estados Unidos, responsável pela recuperação judicial de empresas julgadas por ele, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, eleito deputado federal, já cassado. Moro corre o mesmo risco, em julgamento marcado para o final do ano, sobre as suas mal explicadas contas eleitorais, suprema ironia, para quem fez fama combatendo o “caixa dois” dos partidos. 

Passou para a história do jornalismo brasileiro a célebre foto dos seis repórteres “heróis” da Lava Jato comemorando a condenação de Lula. “Enquanto isso, companhias, trabalhadores e o próprio Estado sofrem com os impactos econômicos causados pelas ações da autodenominada força-tarefa”, escreve o Conjur, publicação muito respeitada no meio jurídico. 

A respeito da pergunta sobre “o que fazer com o dinheiro?” dos acordos de leniência, lembro apenas que na época Moro & Dallagnol tentaram usar parte do arrecadado na criação de uma fundação destinada aos estudos de “combate à corrupção”, maracutaia que foi abortada pelo STF. São uns pândegos, para dizer o mínimo.

Vida que segue.  

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Democracia rima com alegria: um 7 de Setembro para resgatar a autoestima e o orgulho dos brasileiros https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/democracia-rima-com-alegria-um-7-de-setembro-para-resgatar-a-autoestima-e-o-orgulho-dos-brasileiros/ Tue, 05 Sep 2023 18:47:20 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39363 O desfile de quinta-feira marcará também o início da desbolsonarização das Forças Armadas e o resgate dos símbolos e das datas nacionais sequestrados pelo governo passado

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Chegou a hora de deixar a tristeza de lado, não confundir mais cara feia com seriedade, abraçar desconhecidos, cantar e dançar, deixar de acreditar em fake news, vestir uma camisa verde amarela ou de qualquer outra cor, e sair por aí em paz sem medo, dar uma banana para as ameaças de araque. 

Não, pessoal, ainda não chegou o Carnaval. Nesta quinta-feira, 7 de setembro de 2023, vamos comemorar o Dia da Independência com a volta da democracia, depois de quatro anos de pesadelos, em que um bando de usurpadores ensandecidos instalados no Palácio do Planalto tentaram sequestrar os símbolos e as datas nacionais. 

No 7 de setembro da democracia vamos resgatar não só os símbolos e as datas, mas também a autoestima e o orgulho de sermos brasileiros nesta terra abençoada por Deus e bonita por natureza, como cantava Jorge Bem Jor em “País Tropical”. 

Fazem muito bem os fanáticos da seita “patriótica” em atender aos apelos de seu líder, o ex-Jair Bolsonaro, para ficarem em casa neste 7 de setembro, deixando as ruas livres para quem só quer fazer uma festa com alegria, não uma guerra. 

Curioso é que, no auge da pandemia, os bolsonaristas blasfemavam contra o “fique em casa” para contrariar as normas dos governos estaduais que queriam preservar vidas. Mas é bom mesmo que fiquem em casa, até porque, ainda sofremos as sequelas da grande tragédia bolsonarista, que hoje ocupam as páginas policiais da imprensa. 

Só não entendi por que também estão pedindo também que os bolsominions doem sangue desta data. O que tem a ver uma coisa com outra? Será para disseminar o sangue “patriótico” nas veias da nação e, mais adiante, toma-la de novo de assalto? Vade retro!

Por via das dúvidas, já que não dá para facilitar com essa gente traiçoeira, que se fingiu de morta para atacar Brasília desguarnecida no 8 de Janeiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou hoje a atuação das Força Nacional de Segurança Pública nas comemorações do Dia da Independência, em Brasília. 

Por ordem do ministro, “as tropas federais irão ser empregadas no apoio ao Governo do Distrito Federal para auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado, da União e do Distrito Federal, em atuação conjunta e articulada com a Secretaria de Segurança Pública”.  

O desfile cívico-militar, que começa às 9 horas na Esplanada dos Ministérios, com a presença do presidente Lula e outras autoridades dos três poderes, faz parte do processo de desbolsonarização das Forças Armadas, com a volta do país à normalidade democrática.

Já podemos respirar e sorrir novamente, sem pedir licença para ninguém. Viva o Brasil! Viva a vida! Viva o 7 de Setembro!

Vida que segue. 

 

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Em apenas 8 meses, o “sortudo” Lula tirou o país do buraco e antibolsonarismo cresce https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/em-apenas-8-meses-o-sortudo-lula-tirou-o-pais-do-buraco-e-antibolsonarismo-cresce/ Sat, 02 Sep 2023 14:10:29 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39289 Os números da semana na economia e nas pesquisas favoráveis ao governo Lula 3, que mostram também o crescimento do antibolsonarismo em São Paulo

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Primeiro, desdenharam dos feitos de Lula nos primeiros meses do terceiro governo, dizendo que os bons números da economia se deviam ao fato de o presidente ser um “homem de sorte”.

Agora, que saíram os números consolidados do crescimento do PIB do 2º trimestre de 2023 (0,9%, três vezes mais do que o previsto pelo mercado), falaram em “grande surpresa”. 

Sorte a nossa de ter um presidente surpreendente como Lula, que em apenas 8 meses de governo resgatou a autoestima e devolveu a confiança ao povo brasileiro e aos investidores nos rumos do país. Sim, temos futuro, a era Bolsonaro não conseguiu acabar com o país. 

O título da matéria do Estadão online resume tudo: “PIB: Brasil é o 7º em crescimento e pode voltar ao top 10 das maiorias economias em 2023”. A previsão é da agência de classificação de risco Austin Rating, que não ganhou manchete em nenhum veículo nativo. A recuperação foi mais rápida do que se esperava.

Para mim, não foi nenhuma surpresa porque já vinha escrevendo isso faz tempo, a partir dos resultados das últimas pesquisas de avaliação de governo, em que crescia a curva de aprovação e caia a de desaprovação. Sabemos que o juízo dos eleitores sempre é baseado nos resultados econômicos que ele sente no bolso e na barriga, e não nas análises “isentas” dos comentaristas da mídia. Dava até pena ver o Demétrio Magnoli na Globo News tentando minimizar o resultado do PIB.

Esta não foi a única boa notícia da semana para o governo, que vive seu melhor momento desde a posse. A mesma pesquisa Datafolha que registra 45% de aprovação e 25% de rejeição do governo Lula em São Paulo, mostra o declínio do antipetismo e o crescimento do antibolsonarismo na cidade.

Enquanto 68% dos paulistanos afirmam que não votariam de forma alguma num candidato indicado por Bolsonaro nas próximas eleições municipais, apenas 37% não votariam num candidato apoiado por Lula.  

Como esta campanha está novamente polarizada entre o PT e o anti-PT, representado por Ricardo Nunes (MDB), o atual prefeito, sem maiores chances para os demais candidatos, o apoio tóxico de Bolsonaro pode lhe tirar mais votos do que dar, ao contrário do que acontece com Boulos e Lula. 

36% dos eleitores de Boulos aprovariam a indicação de Lula, 48% talvez votassem e apenas 13% rejeitariam a ideia. Com o PSDB, que elegeu Bruno Covas, falecido no início do segundo mandato, tendo Nunes de vice, em estado de coma, onde o prefeito vai caçar votos se não for no que restou do bolsonarismo paulista? 

Lula está surfando no momento na economia, comandada com muita competência e lucidez por Fernando Haddad, contrariando todas as previsões pessimistas do mercado e da mídia, e não pode dar sopa para o azar na política, como está ameaçando fazer com essa história de reforma ministerial só para abrigar o Centrão de Arthur Lira. Aí que está o perigo. 

Tudo bem que é necessário negociar cargos para garantir a governabilidade no Congresso, mas tudo tem limites. Principal instrumento financeiro para a implantação de todas as políticas sociais, o pau da barraca da popularidade do governo, a Caixa Econômica Federal, por exemplo, não pode ser entregue de “porteira fechada” ao PP de Lira, Ciro Nogueira e seus Fufuquinhas, como eles querem. É muita raposa para pouco galinheiro. Já basta o Juscelino Codevasf Filho (União Brasil) no Ministério das Comunicações. 

Lembrem-se do que aconteceu no mensalão, quando diretorias de estatais foram entregues a partidos como o PP, e deu no que deu. Todo cuidado é pouco. 

Vida que segue. 

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O problema da reforma que não sai é que o Centrão vende apoio, mas não garante entrega https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/o-problema-da-reforma-que-nao-sai-e-que-o-centrao-vende-apoio-mas-nao-garante-entrega/ Wed, 30 Aug 2023 18:26:06 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39231 No comando do Centrão, Arthur Lira quer ser sócio majoritário do governo na base do “dá ou desce”

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Nos tempos de antigamente, diziam que ninguém governava sem o apoio do MDB ou do PMDB que depois virou MDB novamente. Sem chances nas eleições presidenciais, o partido de oposição criado durante a ditadura militar, se aliava ao PSDB ou ao PT, quem estivesse no governo. Eram tempos de Ulysses Guimarães. Hoje, esse fiel da balança nas votações da Câmara atende pelo apelido de Centrão sob o comando do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Lula está há várias semanas quebrando a cabeça para acomodar no governo essa geringonça de partidos conservadores e terrivelmente fisiológicos, mas sem nenhuma garantia até agora que de que os cargos e verbas lhe darão os votos necessários no plenário.

Esse é o grande nó da “reforma ministerial”, que se arrasta há semanas, que nem reforma é. Trata-se, na verdade, apenas de mais uma gambiarra para acomodar na Esplanada figuras como o deputado Fufuquinha, do PP do Maranhão, aliado do todo poderoso Arthur Lira, para não ter que abrir os cofres a cada votação importante para o governo na Câmara.

Quantos votos garantirá Fufuquinha? Ninguém sabe, nem ele. Sabe-se que ganhará um ministério, mas ainda não se sabe qual. Tanto faz.

Já em seu terceiro mandato de presidente, era de se esperar que Lula tenha aprendido a lidar com um esquema parlamentar baseado na chantagem juntando o que a política brasileira tem de pior desde a democratização do país. Mas as dificuldades que vem encontrando mostram que agora tudo está custando mais caro. Haja emendas parlamentares, orçamento secreto, vagas nos ministérios, verbas para os feudos eleitorais.

Ulysses sempre dizia, quando criticavam a composição do Congresso: “Espera para ver o próximo”. E tem sido assim. O próximo sempre é muito pior, ainda mais após a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, que levou o Centrão do baixo clero para o poder central junto com o Centrão dos militares.

O presidente anterior terceirizou o governo para esses dois Centrões e passou quatro anos fazendo campanha pela reeleição, ameaçando dar o autogolpe se perdesse. Querem fazer o mesmo agora com Lula, mas o país não aguenta mais essa novela sem fim que poderia se chamar o Direito de Mamar (nas tetas do governo).

Apesar de tudo, o governo conseguiu aprovar, aos trancos e barrancos, o marco fiscal, e está perto de concluir a reforma tributária, o que lhe permite apresentar bons números na economia, com melhora em todas as áreas na comparação com a gestão anterior.

O desemprego vem declinando, salários sobem acima da inflação, o preço dos alimentos e dos combustíveis cai, o país recupera seu prestígio internacional, e é isso o que realmente importa para os brasileiros massacrados por quatro anos de desgoverno, incúria e destruição.

Empresas e cidadãos podem novamente fazer planos para o próximo ano, sem medo do amanhã. Que Lula tenha paciência e saúde para tourear esse Centrão insaciável, que não tem nenhum compromisso com o país. A única ideologia deles é o dinheiro (de preferência, vivo). Sei que não é fácil. Eu não gostaria de estar no lugar do presidente, mas quem mandou ser candidato?

Vida que segue.

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“Lobos solitários” do Exército não são tão solitários assim. https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/lobos-solitarios-do-exercito/ Mon, 28 Aug 2023 18:38:37 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39159 Exploração dos eventos de janeiro e alegações de "lobos solitários" no contexto militar, levantando questionamentos sobre hierarquia e acusações.

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E como fica a hierarquia?

Chamados pelas Forças Armadas de “lobos solitários”, para preservar a instituição, os generais e outros oficiais envolvidos no 8 de Janeiro vão servir na verdade de “bois de piranha”, pois é impossível que seus superiores e subordinados não tivessem conhecimento da armação golpista tramada antes mesmo da derrota de Bolsonaro.

Trata-se, na verdade, de mais uma conversa para “boi dormir” com o objetivo de desviar o assunto, enquanto a CPMI, o STF e a PF fecham o cerco a Jair Bolsonaro e outros militares da ativa e da reserva, envolvidos nos ataques às instituições, que começaram com o fechamento das estradas, passaram para a ocupação das frentes dos quarteis e desaguaram na invasão de Brasília.

Só falta agora a defesa de Bolsonaro alegar que ele foi obrigado por esses “lobos solitários”, que frequentaram o celular do Mauro Cid, a aderir ao golpe, em que o ex-presidente seria o único beneficiado, e que só não teria dado certo porque alguns parças roeram a corda ou descobriram que não havia as mínimas condições para se dar um golpe militar com tanques e canhões em pleno ano de 2023.

O ataque às democracias agora se dá por dentro, com o lento enfraquecimento das instituições pouco a pouco, como aconteceu na Polonia, na Hungria, na Venezuela e até nos Estados Unidos. Sim, a maior democracia do mundo também foi ameaçada quando Donald Trump convocou seus apoiadores a invadir o Capitólio e melar as eleições de 2020. Não é exatamente disso que ele está sendo acusado na Justiça?

O erro dos militares é achar que são superiores em tudo, e que civil é tudo besta, acredita em qualquer lorota. Como seria possível a ação de “lobos solitários” numa corporação tão hierarquizada, que se baseia na disciplina e no respeito aos superiores, por mais de três meses, sem que os órgãos de informação e inteligência das próprias Forças Armadas de nada desconfiassem? Sabiam todos que as frentes dos quarteis eram ocupadas também por integrantes da chamada “família militar”, motivo alegado para que não fossem todos presos ao voltar para o QG do Exército naquela noite de 8 de Janeiro.

Ao entrar e sair dos quarteis, durante todo esse tempo com a frente ocupada por celerados que se embrulhavam na Bandeira Nacional e passavam o tempo entoando o nosso Hino, debaixo de chuva e de sol, clamando todos os dias por intervenção militar, será que ninguém desconfiou de nada? Esses militares que se omitiram também serão punidos?

Estamos assistindo a mais uma tentativa de abafar as graves acusações feitas às Forças Armadas, durante e depois do governo Bolsonaro, que vão desde a sua omissão na defesa das fronteiras da Amazônia tomadas pelo crime organizado que invadiu as áreas indígenas, à corrupção nas milionárias licitações para abastecer os quarteis, até chegar ao 8 de janeiro.

Uma hora os três poderes terão que discutir abertamente a questão militar e o papel das Forças Armadas em tempos de paz, antes que estoure alguma guerra interna ou externa detonada por um “lobo solitário”.

Vida que segue.

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Zanin vira a Geni da esquerda, ao votar sempre contra posições do PT no STF https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/zanin-vira-a-geni-da-esquerda/ Sun, 27 Aug 2023 14:44:12 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39142 Zanin tornou-se a nova Geni (aquela da música do Chico em todo mundo jogava pedras) da esquerda identitária logo em sua estreia no STF

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Antes da nomeação de Cristiano Zanin, as votações no STF costumavam terminar em 8 a 2 (sempre Nunes Marques e André Mendonça, nomeados por Bolsonaro). Não mais. Na maioria das votações feitas com ele no tribunal até agora, Zanin votou com a bancada bolsonarista contra pautas identitárias do PT.

Na descriminalização da maconha, por exemplo, foi dele o único voto contrário a uma antiga bandeira de esquerda, “porque a mudança poderia agravar o problema de saúde pública causado pelos entorpecentes”, na contra-mão do que dizem estudiosos do partido no assunto.

Ou seja, até agora, o advogado de Lula fez “strike” ao contrário: não votou uma única vez de acordo com o programa do governo que o nomeou. Nunca tinha visto tamanha demonstração de independência.  Zanin também não reconheceu a insignificância em furto de itens com valor de até R$ 100,00, mantendo presos dois réus pés-de-chinelo que até já tinham devolvido o fruto de um pequeno furto.

Zanin tornou-se a nova Geni (aquela da música do Chico em todo mundo jogava pedras) da esquerda identitária logo em sua  estreia no STF, dando voto contrário à equiparação de ofensas à comunidade LGBTQIA+ com injúria racial. Choveu praga contra o magistrado nas redes sociais.

A mais recente dele, mas não a última, porque ainda falta votar, antes da aposentadoria da ministra Rosa Weber, em outubro, a demarcação das terras indígenas e a descriminalização do aborto (em que ele já se manifestou contra as posições do PT), foi votar pela rejeição de uma ação protocolada pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) que relata violência física sofrida por integrantes das etnias Guarani e Kaiowá pela PM de Mato Grosso do Sul a serviço de latifundiários.

Lhano no trato pessoal, nunca escondeu de ninguém suas convicções sobre a pauta de religião e costumes, com posições marcadamente conservadoras, desde os seus tempos de aluno de Direito da PUC. Advogados ligados ao PT, como os do grupo Prerrogativas, não podem alegar agora que foram surpreendidos. Deveriam ter informado Lula antes da nomeação, se é que não o fizeram.

Zanin tem o “fisique de role” conservador até no modo de falar, no trajar e no penteado cuidadosamente gomalinado. É o que antigamente chamavam de “almofadinha”. Agora, só tem um jeito de consertar o erro de pessoa (na visão da esquerda): nomear para a vaga de Rosa a antítese de Zanin: uma mulher, preta e progressista. Não faltam candidatas. A esperança é que Lula costuma dar uma no cravo e noutra na ferradura em suas decisões políticas, para equilibrar forças no PT e na frente ampla, mas isso já é outra novela.

Vida que segue.

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A vez de Jair Renan Bolsonaro: de pai para filho, trambiques já são uma tradição de família https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/a-vez-de-jair-renan-bolsonaro/ Thu, 24 Aug 2023 19:30:52 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39105 De pai para filho, os zeros mais velhos mantiveram a tradição e  chegou a vez do “04”, Jair Renan, o caçula dos homens, também já algum tempo às voltas com problemas na Justiça, agora investigado pela Polícia Civil do DF

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Desde que foi saído do Exército e se elegeu vereador no Rio, na década de 1980, o ex-capitão Jair Bolsonaro aprimorou um  “modus operandi” de pequenos e grandes trambiques contra o patrimônio público para aumentar a renda da família.

Em seus 30 anos no parlamento brasileiro, não fez nem apresentou nada que preste para o país, mas o patrimônio familiar não parou de crescer, com a compra de dezenas de imóveis com dinheiro vivo, graças à multiplicação de funcionários fantasmas nos gabinetes dele e dos filhos que recebiam a famosa “rachadinha”.

Mas esses ainda eram tempos românticos. Ao assumir a Presidência da República, em nome do combate à corrupção e com o apoio de amplos setores das Forças Armadas, a trambicagem se profissionalizou, com a ajuda do seu staff militar, até chegar aos colares de diamantes e outras joias árabes, que ele surrupiou do patrimônio público e tentou vender nos Estados Unidos, mobilizando para isso até um general, o pai do seu ajudante de ordens, um tenente coronel.

De pai para filho, os zeros mais velhos mantiveram a tradição e  chegou a vez do “04”, Jair Renan, o caçula dos homens, também já algum tempo às voltas com problemas na Justiça, agora investigado pela Polícia Civil do DF por suspeita de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro, nada que seja surpresa para a família.

O instrutor de tiro de Jair Renan, Maciel Carvalho, suspeito de ser o mentor do esquema, coleciona vários registros criminais que incluem corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo. Imóveis de Jair Renan em Brasília e no Balneário Camboriú, em Santa Catarina, foram alvos de busca e apreensão.

Nesta mesma quinta-feira, ficamos sabendo que o patriarca de família encontrou uma nova forma de se defender no escândalo das jóias árabes: a defesa do ex-presidente resolveu pedir o tesouro de volta, alegando que Bolsonaro é o legítimo dono da muamba que não foi declarada até hoje ao imposto de renda.

É muito cinismo e deboche para quem está encalacrado até as orelhas em dezenas de inquéritos cíveis, eleitorais e criminais no STF, no TSE e em outras instâncias da Justiça. A manobra da defesa para livrar a cara de Jair pai, revelada pela colunista Mônica Bergamo, na Folha, serve apenas para gerar dúvidas na cabeça dos devotos sobre quem é o dono do tesouro, se o ex-presidente ou o patrimônio público, enquanto ele se prepara para depor sobre o caso das joias na Polícia Federal, no próximo dia 31,  juntamente com Michelle, Mauro Cid, Frederic Wasseff e outros patriotas.

Para a defesa, “os objetos pertencem ao ex-presidente e, por isso, devem ser devolvidas”. Ponto final. Então tá bom… Recomendo ao advogado Paulo Cunha Bueno, que acredita nisso, para esperar sentado. Nem os bolsonaristas mais fanáticos acreditam no sucesso da manobra, feita só para desviar o assunto, e transformar o réu em vítima.

Até quando vamos ficar falando nessa novela das joias? Não tem nada de mais importante acontecendo no país? Tem, mas acho que agora todo mundo quer saber como essa história vai acabar.

Bolsonaro vai ser preso ou não vai? Quando?

Vida que segue.

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Um Domingão com o Faustão que poucos conhecem: ele merece um novo coração https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/um-domingao-com-o-faustao/ Tue, 22 Aug 2023 17:47:28 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39023 Bem que os velhos amigos, que ele nunca abandonou, poderiam agora fazer uma corrente de oração para o velho Faustão.

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Na volta do Balaio ao ar, na semana passada, agora aqui no MyNews, pedi aos leitores sugestões de pauta para tratar aqui. Não aguentava mais escrever sobre os mesmos assuntos todos os dias.Uma das ideias que me deram é falar de velhas reportagens produzidas ao longo das últimas seis décadas. Ao ver o amigo Faustão no vídeo em que ele pede orações para conseguir um novo coração, agora ainda mais magro, abatido, quase suplicando uma segunda chance, me lembrei de um domingo que passei com ele, em 2001, durante a gravação do seu programa na Globo, que lá ficou mais de 30 anos no ar.

Fazia parte de uma série intermitente de reportagens que escrevi na Folha sobre “Um dia na vida de…”, que podiam ser pessoas famosas ou anônimas, do presidente da República a um professor, artista ou médico, mostrando o cotidiano delas em suas atividades.

Mais longevo apresentador da TV brasileira, depois de Silvio Santos, é claro, Faustão vivia uma crise de audiência e relutou em me dar uma entrevista, algo que detestava (ele sempre preservou muito sua vida pessoal), mas aceitou que o acompanhasse na viagem ao Projac, o centro de produções da Globo em Jacarepaguá, de onde transmitia seu programa. Até me deu carona no jatinho fretado e no helicóptero.

Faustão tem a mesma idade que eu (75 anos), o mesmo tempo de carreira (quase 60) e começamos juntos na grande imprensa no velho Estadão da rua Major Quedinho, no centro de São Paulo, quando ele fazia graça de graça para os colegas de redação.

Nunca fomos amigos próximos, mas nos cruzamos muitas vezes em empregos, eventos, na famosa pizza que oferecia na sua casa no Morumbi e em viagens, e temos muitos amigos em comum. Foram eles que me contaram, já faz tempo, um lado da vida do Faustão que poucos conhecem: o cara que ajuda muitos amigos (geralmente, do futebol, dos tempos em que era repórter esportivo, e da televisão) que enfrentam dificuldades financeiras.

Sei que muita gente com recursos também faz isso, mas no caso dele tem um detalhe que mostra bem seu caráter: muitas vezes, nem o próprio beneficiado deve saber quem lhe prestou ajuda, para que não se sinta humilhado. Para fazer isso anonimamente, ele conta com assessores e, ao ficar sabendo de alguém necessitado, os mobiliza e manda entregar os recursos necessários.

Não contei isso na reportagem “A liturgia de Fausto Silva”, publicada na Ilustrada da Folha do dia 19 de junho de 2001, quando muitos de vocês leitores ainda não haviam nascido, porque ele me pediu. Ameaçava até romper relações.

Mas hoje, que esse grande coração do Faustão está doente, onde sempre cabe mais um, precisando de um transplante urgente, achei que devia contar esse segredo. Vamos rezar por ele, para que o amigo possa continuar ajudando os outros, mas ninguém deve saber disso…

“Vocês só veem as pingas que eu tomo, mas não os tombos que eu levo”, costumava brincar Faustão nos áureos tempos, quando tinha o maior faturamento da TV brasileira, com um detalhe: Faustão é um jornalista/artista que nunca bebeu e não comia a pizza que oferecia na sua casa para não engordar.

(*)

Abaixo, alguns trechos da reportagem da Folha, que pode ser encontrada, na integra, no arquivo digital do jornal no Google:

 

“Domingo, seis e meia da tarde. Está terminando o programa da Xuxa. A 25 quilômetros do centro do Rio de Janeiro, em Jacarepaguá, 300 homens estão mobilizados no front do Projac, a central de produção da Rede Globo, para mais uma batalha da guerra dos domingos na TV.

Vai entrar no ar o programa número 639 do “Domingão” do Faustão, que estreou em março de 1989 com a missão de ganhar do até então imbatível Silvio Santos e ultimamente vem sendo batido pelo programa do Gugu em São Paulo, embora continue liderando no resto do país.

O mais tranquilo é o próprio Fausto Corrêa Silva, 51, que não se abala com o corre-corre de diretores, produtores e técnicos, nem com os boatos que nas últimas semanas colocaram o seu programa no centro de uma inédita crise de audiência enfrentada pela maior rede de TV do país.

Aconteça o que acontecer, Faustão está decidido a cumprir até o fim seu contrato com a Globo, que só termina em março de 2003. “Sou profissional e cumpro meus compromissos. Não estou brincando de trabalhar. Tenho filha pequena para criar (Lara, 3 anos) e uma pilha de carnês para pagar”.

Na pracinha da cidade cenográfica de “A Padroeira”, a nova novela das seis que estreou ontem, ele passeia entre vacas e cavalos, conversa com figurantes e só pergunta quanto tempo falta para o programa começar. O resto ele improvisa.

Domingo é dia de alegria”, resume, lembrando mais um velho pároco do interior, preparando-se para a missa semanal, do que um general em dificuldades no campo de batalha.

Podem variar o sermão e a freguesia de fiéis, mas a liturgia é a mesma há mais de 12 anos, e ele não pretende muda-la. Quando a direção tentou fazê-lo, não deu certo. Até hoje, Faustão está traumatizado com as duas derrapadas seguidas do programa, quando tentaram enfrentar Gugu no campo dele, no início dessa guerra (os célebres episódios do “sushi erótico” e do Latininho).

Nos últimos quatro anos, o programa já trocou de diretor cinco vezes, mas o apresentador resiste ao processo de popularização a qualquer preço da televisão brasileira.

“Dramalhão e baixaria eu não faço”, diz ele, indiferente ao estresse da equipe na sala do “switcher”, que coloca o programa no ar com um olho nos monitores e outro nos números do Ibope. Faustão faz questão de não ser informado sobre as oscilações do eletrocardiograma da audiência durante o programa. “Se eu não me divirto, como é que posso divertir os outros?”, justifica.

(*)

Nos últimos tempos, Faustão já não vinha se divertindo no programa diário, depois de trocar a Globo e o Domingão pela Bandeirantes, que só ficou um ano no ar. Nem a audiência se divertia. Foi uma ousadia que não deu certo. Para mim, esse pode ter sido um dos problemas do coração dele. “Mais do que o trabalho, o que mata a pessoa é a tristeza, é não fazer o que você gosta e ser obrigado a fazer o que você não gosta”, já ensinava o grande cardiologista Adib Jatene, que morreu do coração, trabalhando.

Bem que os velhos amigos, que ele nunca abandonou, poderiam agora fazer uma corrente de oração para o velho Faustão conseguir logo um coração novo. Rezar não custa nada.

Vida que segue.

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Militares usam imprensa para fazer ameaças, escondendo-se atrás do “off” https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/militares-usam-imprensa-para-fazer-ameacas-escondendo-se-atras-do-off/ Sun, 20 Aug 2023 20:44:42 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38969 A questão do papel das Forças Armadas em tempos de paz numa democracia

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A prática não é nova, mas ultimamente chama a atenção a frequência como os militares brasileiros, sob o manto do anonimato, usam a imprensa nativa para fazer veladas ameaças à população civil e suas instituições. Dá-se a isso no jargão jornalístico o nome de “declarações em off”, sem a identificação do autor, o que não passa de uma grande covardia.

Levadas ao opróbio pelo governo Bolsonaro, as Forças Armadas foram tragadas para o centro do picadeiro pela esbórnia das jóias das arábias e agora querem fingir que não tiveram nada com isso, apesar da participação já comprovada de militares de diversas patentes neste esquema e também nos atentados de 8 de janeiro. 

“Militares veem Justiça esticando a corda e gerando instabilidade e insegurança nas Forças Armadas”, informa a coluna da minha amiga Monica Gugliano, publicada no Estadão neste fim de semana. “Figuras graduadas do Exército citam caso da prisão de integrantes da PM do DF e apontam que há limite a partir do qual seria difícil acalmar oficialato e militares abaixo da linha de comando”. 

Ah é, que limite é esse? Quem o estabelece? Se for ultrapassado o que eles vão fazer? Colocar os tanques nas ruas para impedir as investigações do STF, da PF e da PGR sobre a “organização criminosa” que se instalou no governo passado? Quem são essas “figuras graduadas”, nunca iremos saber, mas que elas existem, existem. 

Se a Monica Gugliano, uma repórter séria, que não é de ver fantasmas, escreveu isso é porque ouviu esta ameaça nos quartéis. 

“É uma corda bastante fina essa que a Justiça está esticando com as prisões de militares, como as que a Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou nesta sexta-feira, 18, e que atingiram os integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal, entre eles, o atual comandante, Klepter Rosa Gonçalves. A opinião generalizada entre militares graduados do Exército é que essas prisões estão criando instabilidade e insegurança nas Forças Armadas”, relata a repórter na abertura do seu texto.  

Esses militares sabem que o cerco a Bolsonaro está se fechando e que, depois da PM do DF, chegará a vez deles também prestarem contas à Justiça. Por ação ou omissão, não há inocentes nesta história. 

A cúpula da PM, agora na cadeia, não teria ido tão longe no seu envolvimento na preparação e no apoio ostensivo ao ataque de 8 de janeiro, se o comando golpista não lhe tivesse garantido proteção e impunidade. Chegar a esse comando é agora o grande desafio das investigações

Em sua defesa, os militares do Exército ouvidos por Gugliano afirmam que “a Força não embarcou em nenhuma tgentativa de golpe ou suposto golpe. Pelo contrário, o Alto Comando tem reafirmado que assumiu uma forte posição em defesa da democracia e da posse do presidente eleito Luiz Inácio lula da Silva. Portanto, não existiriam razões para a Força continuar sendo envolvida em supostos ilícitos praticados por alguns dos seus integrantes”. 

Há controvérsias. A invasão e depredação das sedes dos três poderes em Brasília e a maracutaia da venda de jóias não foram “supostos ilícitos”, mas claros atentados contra a democracia e o patrimônio público. Quando falam em “alguns dos seus integrantes”, até hoje o Exército não foi capaz de apresenta-los ao distinto público, mantendo suas investigações em sigilo. Quem são eles?

Enquanto isso perdurar, as suspeitas continuarão pairando sobre todos os que tinham poder de comando naquele dia fatídico que passará à história como o “Domingo da Infâmia”, apenas 8 dias após a posse do novo governo, numa grande festa popular, que os golpistas bem que tentaram impedir. 

O Brasil não terá paz nem democracia plena enquanto os militares continuarem se achando intocáveis, cheios de “não-me-toques” e privilégios, acima das leis que regem a República, e os principais responsáveis pela insurreição de 8 de janeiro não forem julgados e, se condenados, presos. 

Vida que segue.

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O único risco que Bolsonaro corre é ser preso. A única opção é a fuga https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/o-unico-risco-que-bolsonaro-corre-e-ser-preso-a-unica-opcao-e-a-fuga/ Sat, 19 Aug 2023 17:49:19 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38959 Um alentado resumo da semana que passou, que não foi muito favorável para o Bolsonaro

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As apostas do momento sobre o destino de Bolsonaro variam entre ir para a cadeia ou fugir do país, como já fez no final do governo. 

Na noite de sexta-feira, ao ser homenageado pela Assembleia Legislativa de Goiás, o próprio ex-presidente admitiu, sem entrar em maiores detalhes: “Eu sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder”. 

Ceder o que a quem? Como de costume, Bolsonaro nada explica, só faz aumentar a confusão em torno do seu destino. Fazendo-se agora de vítima, diz que “estamos vivendo momentos difíceis”. Nós quem, cara pálida? Sim, ele realmente está, mas o que nós temos a ver com isso?

Temos tudo a ver. O problema é que o país parece paralisado, enquanto aguarda o desfecho das intermináveis investigações sobre a era Bolsonaro, aquele  ex-presidente que custa a desencarnar no noticiário. 

Mais uma semana chega ao fim sem que nada de importante tenha sido votado no Congresso. As reformas tributária, fiscal e ministerial continuam empacadas; Lira e o seu centrão vão ficando cada vez mais indóceis, enquanto o presidente Lula viaja novamente no final de semana, desta vez, para a África, e deixa tudo para resolver na volta.  

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Só retórica não absolve Exército dos desvios de Bolsonaro

Até o anúncio do Novo PAC, em pomposa cerimonia montada pelo governo no Rio, com investimentos de R$ 1,7 trilhão em mais de 2 mil obras, acabou ofuscado pelas novas operações e revelações da Polícia Federal sobre as muambas presidenciais e outros trambiques. Advogados dos envolvidos assumem o protagonismo midiático e manipulam o noticiário na defesa dos seus clientes. 

À medida em que a PF, a PGR e o STF apertam o cerco em torno da “organização criminosa” que ocupou os palácios no governo passado, as apostas já não são se o ex-presidente será preso, mas apenas quando isso deve acontecer. E se ele fugir outra vez, para onde será? 

Por isso, cada vez mais gente séria no país pede a prisão preventiva dos chefes da gangue, para que não destruam provas nem assediem testemunhas. Ou que, pelo menos, devolvam seus passaportes para impedir a fuga. 

Com tantas lambanças e bandalheiras sem fim já provadas e comprovadas, o que falta acontecer ainda para tirar essa gente de cena e permitir que o país volte a viver em paz, de olho no futuro, na reconstrução nacional, e não mais no passado?

O maior problema do Brasil hoje não é mais nem Bolsonaro e seu entorno tóxico, mas o bolsonarismo resiliente, como mostrou a última pesquisa da Quaest, com o país ainda dividido ao meio: 43% são contra a prisão de Bolsonaro e 41%, a favor, apesar de todas as denúncias de crimes praticados pelo grupo nos últimos quatro anos. 

Até agora, somadas as penas previstas para estes crimes já investigados e comprovados, chega-se a algo próximo de 20 anos de cadeia, mas esta pena poderá ser bem maior quando for julgado o conjunto da obra. 

Discute-se agora qual seria o poder de reação destes bolsonaristas caso seu líder vá mesmo parar atrás das grades. 

A prisão de toda a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal na sexta-feira, não só por omissão, mas por terem claramente atuado a favor dos golpistas de 8 de janeiro, mostra até que ponto chegou a lavagem cerebral promovida por Bolsonaro em amplos setores da vida brasileira, desde quando lançou sua candidatura presidencial nas redes sociais, em 2014, quando os brasileiros ainda davam risada dele e de suas ameaças de metralhar os adversários. 

Tinha prometido mudar de assunto para tratar aqui de outros temas, mas os fatos não deixam. E repórter não pode brigar com a notícia. 

Espero que a próxima semana seja mais amena para que possamos falar da vida real. O que realmente interessa? Mandem suas sugestões de pauta. 

Bom fim de semana.

Vida que segue

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Por onde andará Eliana Toscano, a “mãe da cracolândia”? https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/por-onde-andara-eliana-toscano-a-mae-da-cracolandia/ Thu, 17 Aug 2023 18:43:07 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38902 Como perdemos o contato, gostaria muito de saber o destino desta mulher que cuidava de pessoas da região

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A quarta vez em que fui convidado a trabalhar na Folha, em março de 2018, minha primeira pauta foi contar a história de Eliana Toscano, a “mãe da Cracolândia”. 

Nestes dias de 2023 em que a imprensa volta a falar diariamente do drama da cracolândia, na região central de São Paulo, lembrei-me dela. 

Como perdemos o contato, gostaria muito de saber o destino desta mulher que cuidava de pessoas da região por conta própria e pretendia abrir uma casa de acolhida. Por onde andará? 

Será que ainda circula pela cracolândia para saber como estão os “conviventes”, como ela chama aqueles caminhantes do interminável fluxo de dependentes químicos em seu constante confronto com a polícia.

Seis meses depois da publicação da reportagem, Eliana e eu fomos convidados a contar esta história no programa do amigo Pedro Bial, que já fez de tudo na vida, mas nunca deixou de ser repórter. 

Era justamente um programa em homenagem aos repórteres, em que dividi o palco com Marcelo Canellas, o grande craque da Globo, que já não está mais lá. Bial abriu o programa com um emocionante mini-doc da produção dele sobre Eliana e a cracolândia e eu contei como foi que a descobri. Foi ao ar no dia 27/6/2018 e pode ser visto no Globoplay. 

Foi assim que cheguei a essa mulher incrível, como narro na abertura da matéria publicada na Folha do dia 18/3/2018 (tem no Google) com o título “Mãe da cracolândia, ex-viciada se dedica a ajudar dependentes em São Paulo”:

“De: Julia Teresa

Para: Painel do Leitor

Assunto: Minha mãe é a mãe da Cracolândia 

O e-mail chegou à Folha às 10h12 de quinta-feira (8), por coincidência Dia Internacional da Mulher. 

“O incrível é o poder que ela tem de acolher, desenvolver e conseguir mudar o destino de algumas pessoas”, escreveu a filha Julia.

O nome da mãe da cracolândia é Eliana Toscano, 46, paulistana formada em letras, que já chega ao nosso encontro no dia seguinte dando um forte abraço em todos e falando bastante, sem parar. 

Já estavam à sua espera três “conviventes”, como se tratam entre si os dependentes químicos do chamado fluxo da cracolândia, legião de deserdados da cidade que perambulam em bandos pelas ruas centrais de São Paulo.

Sem ninguém pedir, Eliana abre a bolsa e vai mostrando as “lembrancinhas” que recebeu do povo da rua, que ela trata como se fossem todos de sua família. 

Entre as prebendas, meia dúzia de cachimbinhos de fumar crack, a única droga que ela afirma nunca ter usado. “Tenho ciúmes deles, não dou para ninguém. Ganhei de quem parou de se drogar”, conta, enquanto exibe seus troféus. 

Na praça Princesa Isabel, aos pés da estátua do Duque de Caxias, Eliana conversava longamente com um deles na tarde de sexta-feira (9). Atendendo a seu pedido, empresta a Bolívar Rafael, 50, cadeirante, negro e homossexual, lápis de olho e batom para ele retocar a maquiagem. 

“Meu nome de rua é Ramon”, diz ele, sempre de chapéu preto sobre as longas tranças rastafári, elegante em suas roupas velhas em tons de cinza, enquanto espera um amigo para empurrá-lo de volta ao albergue provisório que se tornou permanente. 

“É para falar a verdade ou você prefere que eu conte mentiras?”, pergunta ao repórter, antes de falar da vida. Bolivar não conheceu o pai, a mãe é doméstica e há tempos não vê a única irmã, Rosinéia. Parou de trabalhar faz dez anos, impossibilitado por uma doença grave, a polineuropatia periférica. Antes, fez de tudo no ramo da hotelaria: pizzaiolo, barman, ajudante de cozinha, copeiro e também cabeleireiro.

Eliana o ajuda a se maquiar e presta muita atenção na conversa como se fosse a primeira vez que ouvisse a história. Dar atenção é a principal arma dessa voluntária social para cativar os dependentes”. 

E assim fui entrando aos pouquinhos no mundo de Eliana, conhecendo seus personagens e suas histórias, que costumam ter um traço comum: antes da grande tragédia de cair na rua das drogas, esses brasileiros enfrentaram outras tragédias pessoais ou familiares. 

Assim foi com a própria Eliana, filha de empresário do setor automotivo casado com funcionária pública, nascida numa maternidade dos Jardins, que morava numa boa casa em Cidade Ademar e veio parar aqui depois que sua irmã, Rita de Cássia, foi  brutalmente assassinada. 

“Meus pais tiveram revezes na vida e foram trabalhar como zeladores de uma escola pública. Mudamos para lá. Minha vida muito louca começou quando minha irmã Rita de Cássia, aos 22 anos, foi brutalmente assassinada por um ex-noivo, que era traficante de cocaína. Foi o meu primeiro contato com drogas”. 

O que os une nas ruas é a dependência química, a solidão, a depressão, a busca de um lugar melhor no mundo. Ajudá-los, como conseguiu, é a profissão de vida e de fé de Eliana. 

Nos primeiros dias de seu governo, em 2017, o ex-prefeito João Doria, anunciou que a “cracolândia acabou” após uma megaoperação de limpeza da área e desobstrução de vias, além da prisão de traficantes, exatamente como vem acontecendo nas últimas semanas, com os mesmos resultados. 

Reportagens não mudam a realidade. 

A cracolândia só viu crescer o número de drogados e a violência policial, afugentando moradores e comerciantes. É um dos grandes problemas nacionais que parecem insolúveis. 

Mas reportagens podem inspirar outras pessoas a seguir o exemplo de Eliana Toscano para levar ajuda aonde é mais necessário, sem pedir nada em troca, e minorar o sofrimento destes refugiados em seu próprio país, que, encurralados, não têm mais para onde correr. 

Em tempo: esta coluna foi inspirada em sugestões de pauta  enviadas por vários leitores que me pediram para contar histórias de reportagens antigas. 

Vida que segue. 

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Em novo endereço, mas com os mesmos compromissos desde 2008 https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/balaio-em-novo-endereco-mas-com-os-mesmos-compromissos-desde-2008/ Wed, 16 Aug 2023 11:32:54 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38866 O Balaio do Kotscho está agora no Canal MyNews!

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Antes de mais nada, preciso agradecer aos milhares de leitores que me enviaram mensagens de apoio e carinho por todas as plataformas, tantas que eu e minha neta Laurinha perdemos as contas. Não sabia que o Balaio tinha tantos e tão fiéis leitores. Muito obrigado de alma e de coração a todos, e a cada um.

Como eu ia dizendo na última coluna quando me despedi do UOL, em breve estaria publicando o Balaio do Kotscho em novo endereço. Eu gosto muito de escrever, de dizer o que penso e sou teimoso. Faz apenas duas semanas.

E cá estou, graças ao convite da amiga Mara Luquet, jornalista de muito prestígio, para continuar publicando a coluna aqui no MyNews, novo espaço do jornalismo independente, inaugurado faz apenas cinco anos e que teve 9,7 milhões de views e 65.272 mil compartilhamentos em julho.

O Balaio é mais antigo. Já vai completar 15 anos no próximo dia 11 de setembro (vale uma festinha…), passando por outros endereços, mas mantém até hoje os mesmos compromissos desde a estreia: ser absolutamente fiel aos fatos e aos leitores, a sua razão de ser, e nunca brigar com a notícia, mesmo que ela me desagrade.

Foto: divulgação

Bem-vindos, novos e antigos leitores, alguns que me acompanham desde os tempos do velho Estadão, na rua Major Quedinho, na década de 1960, onde iniciei minha carreira na grande imprensa, vindo de jornais de bairro de Santo Amaro.

Pelo Balaio já passaram 5 presidentes (Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro e Lula de novo) e aconteceu de um tudo de bom e de ruim nesse período, chegando a colocar em risco nossa jovem democracia no governo passado.

Mas o Brasil venceu, e vivemos novamente um tempo de paz e normalidade institucional, embora os perigos ainda não tenham acabado e a cada dia surjam novos esqueletos insepultos do bolsonarismo, cada vez mais cercado pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal em dezenas de inquéritos.

Apesar de declarado inelegível até 2030 pelo TSE, novas revelações diárias sobre a organização criminosa que se instalou nos palácios de Brasília, na definição da PF e do STF, continuam assombrando os brasileiros e impedindo que o país volte à plena normalidade.

Ainda ontem ficamos sabendo do caso do blogueiro e influenciador bolsonarista Welligton Macedo, um dos três réus acusados de planejar o atentado a bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do último Natal, que estava foragido no Paraguai e tentou se credenciar para cobrir a posse do novo presidente daquele país, Santiago Peña, em cerimônia com a presença do presidente Lula.

Ex-assessor da ministra Damares Alves, foi Macedo quem dirigiu o carro que levava os terroristas para colocar a bomba na traseira de um caminhão estacionado próximo ao aeroporto. Avisado pelo governo brasileiro, o cerimonial paraguaio negou-lhe a credencial, mas estranhamente não o prendeu.

Mas não era disso que eu queria falar hoje na nossa primeira conversa na nova casa, neste reencontro do Balaio com seus leitores. Era justamente para dizer que precisamos mudar de assunto, tratar de coisas da vida real e deixar o que sobrou do bolsonarismo em frangalhos aos cuidados da Justiça. Isso virou uma praga, um encosto.

Sete meses e meio após a posse, o governo de Lula 3 já colocou na mesa e apresentou ao país seus planos econômicos e programas para a reconstrução nacional. E é para isso que precisamos voltar nossas atenções, discutindo como essas medidas podem afetar nosso dia a dia e olhando para o futuro, deixando o passado para trás, mas sem anistia.

Nada é para sempre e sempre devemos procurar novos caminhos nos encontros e reencontros da vida. Nessa nova etapa do Balaio, gostaria de estabelecer uma relação mais interativa e afetiva com os leitores, não só na área de comentários, mas antes de escrever a coluna.

Conto com a participação dos leitores na escolha da pauta. Nos assuntos que serão tratados na coluna, preciso saber o que realmente os preocupa e interessa ler, quais são as suas opiniões e estabelecer um debate de ideias, de reflexões sobre a nossa vida e o nosso país.

A vida não é feita só de política e economia, não se resume apenas a fatos. Envolve sentimentos, desejos, sonhos, ollhares diferentes sobre o sentido das coisas.

Vamos nessa? Serão bem-vindas críticas e sugestões de pauta sobre qualquer assunto que possa interessar aos leitores. Não custa tentar. Eu já estava achando repetitivas minhas últimas colunas, tratando sempre dos mesmos personagens, e esquecendo da vida real que pulsa novamente neste país e pede passagem. Basta abrir os olhos e as janelas e deixar o sol entrar, como diz a canção.

Vida que segue.

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