Mariza Tavares explora o tema menopausa em seus variados aspectos, desde os ligados à saúde física e emocional, até os de ordem comportamental e de costumes.
por Marinete Veloso em 23/05/22 10:01
Mariza Tavares tem vasta experiência profissional e foi diretora-executiva da rádio CBN durante 14 anos e responsável pela criação do programa 50 Mais CBN. Foto: Reprodução Instagram (Mariza Tavares)
Viver o fim da juventude é enfrentar um luto. Mas ao invés de mirar nas perdas provenientes do envelhecimento, as mulheres devem buscar novos caminhos e ressignificá-los, de forma a encontrar equilíbrio, autoestima e autoconfiança, explica a jornalista Mariza Tavares, em seu recente livro Menopausa. Além disso, diz ela, existe também a necessidade de mais pessoas se aprofundarem neste assunto por ser um tema relevante, como mostram as estatísticas.
Segundo Mariza, haverá em 2025 cerca de 1 bilhão de mulheres no planeta entre a pré-menopausa e o pós-menopausa, o que se traduzirá por um contingente de consumidoras gastando perto de 600 bilhões de dólares em medicamentos, produtos e consultas médicas. No Brasil, a esta perspectiva de consumo soma-se o elemento longevidade: a expectativa de vida das mulheres atingiu 80 anos de idade em 2019, face aos 55 anos registrados em 1960, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Já no início de seu livro, a jornalista enumera alguns dos sintomas da menopausa, período que pode estender-se por até 10 anos: ondas de calor, suor noturno, enxaqueca, pele seca, unhas rachadas, cabelos quebradiços, ressecamento vaginal, aumento de gordura na região do abdômen, redução da libido, fadiga, insônia, ansiedade, irritabilidade e lapsos de memória são os mais perceptíveis.
Doenças cardiovasculares, reumáticas ou neurológicas, como Alzheimer, artrose e osteoporose encabeçam a lista dos males que surgem com o avanço da idade. Nas mulheres, as cardiovasculares -que inclui o Acidente Vascular Cerebral (AVC), causa frequente de óbitos masculinos – aparecem bem à frente do câncer de mama.
“O infarto é mais letal nas mulheres. As artérias femininas têm menor calibre, são mais estreitas. Ao contrário dos homens, nos quais o infarto está sempre associado a uma forte dor no peito, nas mulheres pode apresentar sintomas como náusea, queimação no estômago, cansaço ou dor nas costas”, observa Mariza.
Já a osteoporose, explica, se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea e alterações na arquitetura dos ossos. “A densidade ou massa óssea aumenta progressivamente até os 30 anos, quando os ossos são mais fortes, mas a taxa de perda óssea se acelera após a menopausa. Os ossos ficam mais porosos e menos resistentes”, observa, chamando a atenção para a ocorrência de perda de massa muscular conforme o corpo envelhece.
Para combatê-la, escreve Mariza, é preciso ingerir menos calorias e fazer exercícios físicos. “O sedentarismo alimenta a marcha lenta do metabolismo e a consequência é uma dificuldade maior para se livrar de quilos extras”, adverte, exaltando os benefícios da prática de exercícios físicos: aceleram o metabolismo e queimam o excesso de gordura, reduzem o risco de doenças cardíacas, aumentam a flexibilidade e a força muscular, além de liberarem endorfinas, melhorando a disposição e diminuindo o estresse.
A exposição ao sol também é fundamental, lembra Mariza, porque apenas de 10% a 20% da vitamina D necessária ao organismo provém de dietas. Neste ponto, Mariza traz uma informação surpreendente e desconhecida pela maioria das mulheres. Segundo ela, ao contrário do que antes se supunha, o melhor sol é aquele no período das 10 às 16 horas, pois os raios de sol do começo da manhã ou do fim da tarde são fracos e não têm intensidade necessária para estimular a produção de vitamina D.
Outro ponto destacado por Mariza Tavares diz respeito ao sono. “Apenas o cérebro adormecido é capaz de limpar com eficiência os produtos residuais gerados durante a vigília ativa”, pondera, acrescentando que aspectos comportamentais e condições inadequadas correspondem a 70% dos casos de insônia. Mariza cita uma pesquisa que acompanhou 8 mil pessoas durante 25 anos, realizada no Reino Unido. O resultado mostrou que dormir menos de seis horas por noite aumenta a probabilidade de desenvolver demência perto dos 80 anos.
Com vasta experiência profissional, entre elas a de diretora-executiva da rádio CBN durante 14 anos, responsável pela criação do programa 50 Mais CBN em companhia do médico Alexandre Calache e da jornalista Mara Luquet, Mariza Tavares explora o tema menopausa em seus variados aspectos, desde os ligados à saúde física e emocional, até os de ordem comportamental e de costumes.
Os capítulos do livro são curtos, agrupados didaticamente em grandes temas como Corpo, Emoções, Relações e Sexo, entre outros, o que facilita não apenas a fluidez na leitura, mas a compreensão dos subtemas que deles derivam.
Tópicos que podem suscitar polêmicas de ordem moral ou religiosa, como masturbação e vibradores são explicados pela autora de forma natural e aberta, sem julgamentos, nem preconceitos. Sobre sexo virtual, por exemplo, revela que sua prática vem deixando de ser tabu e o conteúdo erótico on line passou a apimentar os relacionamentos.
Mariza informa, por exemplo, que o mercado de vibradores triplicou de 2019 para 2020: “Durante a pandemia, as vendas cresceram em média 10% com novos consumidores, como os millenials”. Ela sugere que a mulher deve encarar sem reservas a ajuda da indústria farmacêutica e sair do negacionismo no estilo ‘não-vou-precisar-disso’. “Quem ficar com vergonha de avaliar os produtos disponíveis nas farmácias poderá analisá-los na internet”, observa.
Sobre o Alzheimer, Mariza conta que a doença representa de 60% a 70% dos diagnósticos de casos de demência no mundo e que aproximadamente dois terços são em mulheres. Ela divulga o alerta da Conferência da Associação Internacional de Alzheimer de 2021: fatores de risco para o desenvolvimento de demências como altos índices de gordura corporal e açúcar no sangue, além do tabagismo, contribuirão com um aumento de 6,8 milhões de pacientes até 2050, quando a OMS estima que o planeta baterá a marca de 152 milhões de enfermos.
Marisa ressalta que cada pessoa tem um ritmo próprio de envelhecimento, no qual a genética desempenha papel relevante, mas não determinante. Estilo de vida, estresse e traumas emocionais, assim como doenças, interferem na idade biológica. A jornalista se insurge contra a atual ditadura do rejuvenescimento propagandeada em todas as camadas sociais. “Vivemos numa sociedade na qual o mantra é permanecer jovem a qualquer custo, o que dá à menopausa a pecha de defeito a ser ocultado e corrigido.” Para Mariza, menopausa é um estágio da vida, e não uma condição de saúde. “Não se trata de um fecho, e sim de um portal para ser transposto e degustado.”
“Menopausa”, Mariza Tavares, Editora Contexto, São Paulo, 128 páginas, R$ 39,90.
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