Para o sociólogo Rodrigo Prando, a partir do momento em que a instituição se mistura com ideologia política, os pilares que a sustentam se quebram
por Sofia Pilagallo em 17/12/24 14:36
O então presidente, Jair Bolsonaro, e os comandantes das Forças Armadas saúdam comboio com veículos blindados e armamentos que passa pela Esplanada dos Ministérios | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 10.08.2021
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez das Forças Armadas uma extensão de seu governo. Foi o que afirmou o sociólogo Rodrigo Prando, colunista do site do MyNews, que participou do Segunda Chamada de segunda-feira (16). Não por acaso, Bolsonaro e militares do alto escalão do Exército se uniram para tentar dar um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Para Prando, a partir do momento em que as Forças Armadas se misturam com ideologia política, quebram-se os pilares que sustentam a instituição, que são hierarquia, disciplina e obediência à Constituição Federal. Em 2021, um projeto de lei alterou o Estatuto dos Militares para deixar claro que a instituição é rigorosamente apartidária.
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“[O historiador e sociólogo brasileiro] Sérgio Buarque de Holanda diz que o Estado não é uma ampliação do círculo familiar. Ao contrário, Estado e família são elementos antagônicos”, afirmou Prando. “O Estado não pode ser uma ampliação do círculo familiar. Bolsonaro fez das Forças Armadas uma extensão de seu governo — e as Forças Armadas se deixaram encantar por isso.”
Um relatório de 2021 do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que, sob a presidência de Bolsonaro, o governo federal mais que dobrou a presença de militares em cargos até então ocupados por civis. Segundo levantamento do órgão, em 2020, 6.175 membros das Forças Armadas ocupavam esses postos. Em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, esse número era de 3,5 mil.
A auditoria partiu do ministro Bruno Dantas, que, em 2020, pediu para a Corte de Contas apurar o que chamou de uma “possível militarização excessiva do serviço público civil”. Anteriormente, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (PT), havia criticado a “militarização” do governo federal.
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