Lula, nessa altura da vida, não merecia passar por isso. Não precisaria fazer tantas e amplas alianças para se reeleger e resumir suas propostas para seduzir eleitores ao antibolsonarismo. O governo de Lula teve méritos. Goste-se ou não, o modelo econômico por ele implantado trouxe prosperidade e inclusão social. Eu diria que foi a melhor […]
Em 21/08/22 11:47
por Mara Luquet
Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.
Lula, nessa altura da vida, não merecia passar por isso. Não precisaria fazer tantas e amplas alianças para se reeleger e resumir suas propostas para seduzir eleitores ao antibolsonarismo.
O governo de Lula teve méritos. Goste-se ou não, o modelo econômico por ele implantado trouxe prosperidade e inclusão social. Eu diria que foi a melhor fase econômica vivida por este País desde a redemocratização. Há que se reconhecer que recebeu como herança uma economia organizada do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Mas isto não diminui seu mérito. Muitos eram muito felizes.
Numa campanha eleitoral sangrenta como esta, todos pecados cometidos por Lula serão cobrados, e, na minha opinião, o maior deles foi não ter criado alicerces fortes que garantissem a continuidade da inclusão social. Até hoje, nem mesmo seus aliados entendem por que Lula não se candidatou para impedir o segundo mandato de Dilma Rousseff. Mesmo sabendo que ela não daria conta do recado. E ele sabia. Como muitos petistas, ele também tinha certeza de que Dilma dificilmente teria condições de reverter a rota de deterioração para qual já se dirigia a economia brasileira.
Lula conhece a economia real, os mecanismo do Congresso, o Brasil, como poucos. É reconhecido internacionalmente. Não é nenhum santo, afinal não existem santos na política. Mas tem uma história, estatura política, que deve sair enxovalhada nesta disputa com Bolsonaro.
Ao estilo da Geringonça Portuguesa, coalização de partidos de esquerda em Portugal, Lula criou sua própria geringonça para derrotar Bolsonaro. Mas com uma amplitude bem maior que coloca no mesmo balaio gente com pensamento econômico antagônico (veja comentário do ex-senador petista Cristovam Buarque no video abaixo).
As pesquisa mostram que ele é quem tem maior chance de derrotar Bolsonaro. E, em certo sentido isso entristece. Nas eleições de 2018, o sentimento que reinava era do antipetismo. Agora, nas de 2022, o sentimento é de antibolsonarismo. Sinto-me como o personagem do filme “O Feitiço do Tempo”, voltando sempre ao Dia da Marmota.
Seguindo os exemplos de Clinton, Obama, FHC, Lula deveria usufruir do seu legado, ainda mais, agora, que teve os processos contra si anulados e ser um conselheiro no Panteão dos ex-presidentes que têm boas histórias para contar dos serviços prestados à Nação.
O argumento central da campanha de Lula que sanciona a criação de sua geriongonça eleitoral é de que se não for formada a frente há chances reais de reeleição de Bolsonaro.
Por isso, repito: isso diz mais dos eleitores brasileiros do que sobre nossos políticos. Como um presidente que empurrou o país ladeira abaixo ainda consegue uma fatia tão expressiva de votos?
Lula volta como alternativa para “salvar” o País de um governo antidemocrático. Não é pouca coisa.
No fim, fica essa incomoda sensação de que a maioria dos eleitores brasileiros não se cansa de procurar um salvador da Pátria.
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