Para Graham Stock, um dos investidores que vem pressionando o governo de Bolsonaro, falta de recursos não é o problema do meio ambiente
por Juliana Braga em 22/04/21 11:39
O Brasil chega hoje à Cúpula do Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pressionado por diversos atores. No setor financeiro, investidores estrangeiros voltaram a cobrar o presidente Jair Bolsonaro por mudanças em suas políticas. Graham Stock, co-presidente do Diálogo de Política de Investidores sobre Desmatamento (IPDD na sigla em inglês), critica a prioridade dada à obtenção de mais recursos no estrangeiro. Segundo ele, não falta dinheiro e, sim, ações concretas.
“[O problema] é a falta de políticas concretas para combater o desmatamento. Perseguindo os criminosos e implementando o Código Florestal no Brasil, que é uma regulamentação muito boa”, avalia. Ele reconhece que faltam recursos no Brasil “para tudo”, sobretudo em função da pandemia de covid-19, e saúda Bolsonaro por ter reafirmado em carta o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Mas, segundo ele, é preciso desvincular esse compromisso do esforço para conseguir recursos estrangeiros. “O Brasil, sim, tem políticas, sim, tem capacidade para combater o desmatamento”, defende.
Stock é sócio do BlueBay Asset Management, um fundo europeu que investe em empresas brasileiras. Ele explica que a pressão de investidores estrangeiros está atrelada à pressão dos próprios clientes, preocupados com prejuízos financeiros que podem ter caso não haja mudanças na política climática. “Se há mais desmatamentos, se há mais incêndios, pode haver mais aquecimento do clima, menos água potável nas cidades. É um risco para o futuro econômico, não é só uma política ambiental. É um risco financeiro para os portfólios que administramos para os nossos clientes. Os nossos clientes estão demandando mais pressão neste campo”, explica.
E, de acordo com Stock, essa pressão não é só estrangeira. Entre os sócios do IPDD, há também empresas brasileiras. Os bancos Santander e Itaú integram essa iniciativa. O risco de uma retirada total de investimentos não está no horizonte a curto prazo. Mas ele vê aumentar o custo Brasil e dificultar a obtenção de crédito estrangeiro.
Esses investidores também veem com preocupação iniciativas legislativas que possam vir a legalizar o desmatamento. O PL 191, que regulamenta atividades econômicas em terras indígenas, e a regularização fundiária são propostas que geram atenção. Para Stock, é importante não patrocinar mudanças legislativas que possam gerar expectativas de regularização de terras já desmatadas.
Stock explica que os investidores estão de olho na Cúpula do Clima, que se inicia hoje. A expectativa é de ver as nações demonstrarem quais ações concretas serão tomadas para se alcançar os objetivos já estabelecidos. “Já vimos compromissos mais duros por parte de vários países. O importante vai ser o seguimento desses compromissos, as ações concretas para implementar esses compromissos. Sobretudo no Brasil, mas em outros países também”, justifica.
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