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jornalismo independente

Juliana Braga

Moro é elogiado por ex-ministro ideológico de Bolsonaro

Ex-titular do MEC, Ricardo Vélez exaltou candidatura de Moro e fez críticas à forma como Bolsonaro conduz o combate à corrupção

por em 17/11/21 11:47

O ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, fez elogios ontem à candidatura do ex-juiz Sergio Moro em seu blog. Na publicação, Vélez destaca o período no qual trabalhou com Moro e faz críticas veladas ao presidente Jair Bolsonaro e à forma como lida com o combate à corrupção.

Ricardo Vélez foi um dos principais ministros da chamada ala ideológica do governo, quando ela ainda tinha bastante força na gestão Bolsonaro. Ficou no comando do Ministério da Educação (MEC) por três meses e acabou substituído pelo ex-ministro Abraham Weintraub. Em sua curta passagem, Vélez se envolveu em diversas polêmicas. Chegou a dizer que promoveria uma revisão nos livros didáticos sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar para trazer uma “versão mais ampla” da História. Em outra ocasião, disse que a universidade não é para todos e deveria ser reservada para uma elite intelectual.

Em sua publicação na internet, Vélez critica os períodos autoritários, contrastando com sua posição durante sua passagem pelo governo. “Infelizmente, na nossa história republicana, temos tido vários períodos autoritários que são responsáveis pela pouca valorização dos debates, ao ensejo da tentativa de alguns espíritos absolutistas de querer impor os seus pontos de vista e os seus candidatos. Contra esse clima de intolerância e de falta de lucidez é necessário reagir com força”, escreveu.

Ex-ministros da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, e da Justiça, Sergio Moro. Foto: Diego Dubard/MEC
Ex-ministros da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, e da Justiça, Sergio Moro. Foto: Diego Dubard/MEC

Ele se declara um liberal conservador por convicção e diz que para as eleições do ano que vem quer conhecer os programas de diversos candidatos antes de tomar sua decisão. Ou seja, não dá de barato o voto no seu ex-chefe.

Ele ainda destaca em outro trecho que teve a oportunidade de conviver com Moro ao longo da transição de governo e, posteriormente, durante os três meses nos quais permaneceu no MEC. A partir daí passa a analisar fragmentos do discurso de do ex-juiz no ato de filiação dele ao Podemos, fazendo seus comentários sobre as passagens que julgou mais importantes. 

No trecho em que Moro faz sua crítica mais contundente a Bolsonaro, Vélez  não sai em defesa do ex-chefe e ainda corrobora o posicionamento crítico.

Quando o ex-ministro viu que não contava com o apoio do chefe do Executivo no seu combate ao crime organizado, deixou o Ministério para não coonestar com uma farsa. E frisou, determinado: ‘Nenhum cargo vale a sua alma’. Infelizmente, destaca o ex-ministro, ‘os avanços no combate à corrupção perderam a força. Foram aprovadas medidas que dificultam o trabalho da polícia, de juízes e de procuradores. É um engano dizer que acabou a corrupção quando na verdade enfraqueceram as ferramentas para combatê-la’”, justificou.

Moro anuncia ex-BC da ditadura em equipe de economistas

O ex-juiz Sergio Moro anunciou nesta terça-feira (16) o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastores como um dos integrantes da sua equipe de economistas. A revelação foi feita em entrevista ao programa Conversa com Bial. Moro também voltou a reafirmar sua intenção de “liderar um projeto nacional”, mas não descartou abrir mão da cabeça de chapa.

“Estou pronto para liderar esse projeto consistente com o povo brasileiro. Se o povo brasileiro tiver essa confiança, o projeto segue adiante”, pontuou.

Ao ser questionado sobre como está sendo articulada sua candidatura nos bastidores, Moro afirmou que as conversas estão voltadas principalmente para o setor econômico, e anunciou Affonso Celso Pastore como seu conselheiro. Pastore é doutor em economia, colunista do Estadão e foi presidente do Banco Central de 1983 até 1985, período da ditadura militar, durante o governo do ex-presidente João Figueiredo.

Sergio Moro também disse que aceitaria abrir mão de ser cabeça de chapa, pois nunca teve ambição de cargo político. E que quando disse em 2016 que jamais seria candidato, estava focado no seu trabalho e acreditava que o Brasil estava vencendo a corrupção. Em 2018, quando foi ministro da Justiça, afirmou ter recebido uma missão, e essa missão teria sido boicotada pelo atual governo.

Filiação de Moro é ponta-pé de candidatura

Em seu ato de filiação no último dia 10, com forte tom eleitoral, o ex-juiz Sergio Moro afirmou que não fugirá da liderança de um projeto presidencial e que jamais colocará filhos ou partido político acima do interesse do povo brasileiro. 

No discurso, Moro ainda criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, culpou o presidente Jair Bolsonaro por um boicote à sua gestão no Ministério da Justiça e elegeu o combate à pobreza como o desafio do seu projeto.

“O Brasil poderá confiar que este filho teu não fugirá à luta e que jamais deixará o seu interesse pessoal, ou de seus filhos ou de sua família, ou mesmo de seus amigos ou de seu partido político, acima do interesse do povo brasileiro”, declarou.

A bandeira do combate à corrupção, pela qual Moro se notabilizou, não ficou de fora. Afirmou ter sido aconselhado a não tocar no assunto, mas, mesmo assim, fez referência a escândalos nos quais estiveram envolvidos Lula e Bolsonaro. “Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar a população”, disse.

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